sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A ABERTURA DE UMA LOJA NO PRIMEIRO GRAU

Uma das características do Ritual maçônico que mais surpreende aos homens pensadores e imaginativos é que as frases tão simples e claras, que quase parecem familiares, despertem como por magia idéias na alma e a aguilhoem para que busquem seu caminho às apalpadelas entre as palavras, como se essas fossem portas que conduzissem a outro mundo longínquo, mundo espaçoso, cheio de maravilhas, mistério e realidade.
Dissipou-se mais engenho em inventar interpretações das sentenças pronunciadas na cerimônia da abertura do que em nenhuma outra parte do Ritual. Estas perguntas e respostas produzem a impressão – impressão que a familiarização contribui para tornar mais profunda - de que se trata de grandes coisas em preparação, de que se chama à existência poderosas forças e que se vão revelando segredos ocultos e empreendendo momentânea ação. Já a primeira frase: - que consiste de sete palavras (coisa bastante notável) - nos chama a atenção, imediatamente, como toque de clarim que revela o esquema introdutório dos fundamentos da Franco-Maçonaria. "Irmãos, uní-vos a mim para abrir a Loja". Esta é a chamada do V.'.M.'., o Chefe eleito e aceito, o representante do Altíssimo. Por meio dela se afirma a Fraternidade, convida-se à cooperação, anuncia que vai realizar-se um ato e que vai se levar a cabo a Abertura de uma Loja, isto é, desse corpo integral de que cada Ir.'. constitui uma parte. 
Entre as diversas interpretações que se tem dado à abertura da Loja, nos propomos que se eleja uma só: a de "microcosmos" do homem individual ou maçom. Trataremos de relacionar a cada Of.'. e  Ir.'. com algum elemento claramente definido da estrutura psicológica humana, e de dar a cada frase da cerimônia de abertura, uma significação apropriada à disciplina de cada poder e faculdade do homem, a fim de que este possa preparar-se para empreender qualquer ação.
Se realizarmos o nosso propósito com finalidade, não só veremos que existe uma relação fácil de descobrir entre cada Of.'. da Loja e os elementos que constituem a natureza complexa do homem (que consta de corpo, alma e espírito), senão que cada palavra da cerimônia pode ser aplicada de maneira a que o maçom há de encontrar-se em si mesmo, antes de levar a cabo uma empresa e chamar suas forças à existência, para estar em condições de realizar seu trabalho com  são  juízo, com força inteligente e com a beleza de um hábil obreiro.
Tão perfeito é o sistema bosquejado que se pode aplicar a todos os grandes e pequenos atos individuais, por  exemplo: ao governo de um reino ou à redação de uma carta; para ajudar a amigo, ou para resolver um problema, para dar uma conferência, ou sustentar uma conversação, ou para formar um plano de trabalho a realizar um dia, em uma hora ou em um momento.
Em algumas Lojas se observam certas cerimônias preliminares, como a de entrar no Templo em procissão e acender as luzes. Esta cerimônia significa nosso afastamento das lutas do  mundo externo, a situação de cada faculdade em seu lugar adequado e a entrada de uma atitude ou atmosfera espiritual, da qual exclui o ar vulgar das ocupações mundanas. Elas nos recordam o inesgotável depósito de poder espiritual do qual podemos deduzir, se quisermos. Sabedoria infinita, Força onipresente e Beleza que resplandece pelo Universo inteiro.
Para poder fazer uma apresentação mais completa de nossa tese, vemo-nos obrigados a recorrer à Ciência psicológica do Oriente, porque esta é a analise mais completa e aperfeiçoada do caráter psicológico do ser humano; embora a psicologia Ocidental vá se aproximando rapidamente da antiga e primorosa classificação Oriental, não está bastante definida para servir...alheia a nosso propósito. E...conhecer as análises budistas e hinduístas...usadas no Ocidente, dando também os termos sânscritos em benefício dos estudantes habituados a seu emprego. Podemos fazer o seguinte quadro de nossas correspondências:           



Observe-se a principal diferença existente entre o P.'.M.'.I.'. e os demais OOf .'. da Loja; ela consiste em que o primeiro representa o   atual, o realizado e completo, e os demais o que existe potencialmente. O P.'.M.'.I.'. representa o que o homem fez e os demais OOf.'. o que eles podem fazer. Passemos agora a examinar cada uma das perguntas e respostas da cerimônia de Abertura:
Vimos já que as palavras de abertura pronunciadas pelo V.'.M.'., “IIr.'., uní-vos a mim para abrir a Loja”, constituem uma invocação do Mestre de Sabedoria, a todos os poderes e faculdades que possui o homem, para que o ajudem no trabalho que vai realizar. Depois o Mestre volta-se para a Mente criadora, projetadora ou geradora ou imaginadora de formas e de linhas de conduta, e lhe pergunta: - “Qual é o primeiro de vossos deveres em L.'.?”, o qual responde aquela, que consiste em - ”assegurar-se de que o T.'. está a coberto de profanos”. O  M.'. instrui a Mente para que cumpra seu dever; a Mente transmite a ordem ao Cérebro e este  último, após certificar-se de que o Corpo físico se "encontra no lugar que lhe corresponde", manifesta que o T.'. está a coberto de profanos.
Poderiam escrever-se muitos volumes acerca do trabalho da porta da Loja, que se descreve como o primeiro e constante dever de toda Loja pertencente à Franco-Maçonaria. Um dos aspectos deste trabalho consiste no segredo, porém deixemos isso de lado e limitemo-nos à FUNÇÃO do Guarda Externo do Templo, como representante do Corpo físico.
Enumeremos, para começar, os fatores externos dos deveres do Porteiro:

1º - permanece na parte exterior da porta do Templo;

2º - vai armado com uma e.'.;
  
3º - há de impedir a entrada de intrusos e profanos;

4º - cuidará de que os CCand.'. entrem convenientemente preparados.

Representando o Porteiro, o Corpo físico, que é o elemento mais exterior da personalidade, não cremos que seja difícil compreender o motivo de sua permanência fora do Templo, posto que, não se possa permitir a entrada no recinto do Templo nada que pertença à personalidade, nem os apetites e desejos do corpo. Tem se dito acertadamente que, assim como as vestes exteriores e os chapéus devem ser retirados e, deixados fora da Loja, assim também, deve cada Ir.'. abandonar seus sentimentos pessoais à porta do Templo.
Não devemos, porém, nos satisfazer unicamente com excluir do Templo as influências indesejáveis, já que o  Guarda  Externo é um Ir.'. M.'.M.'. e um Of.'. da Loja. Ainda que pareça desterrado de seus IIr.'. que se encontram no interior do T, nenhuma L.'. está completa se carece dele, uma vez que o primeiro dever de todo G.'. I.'. do T.'. é procurar que ele se encontre em seu posto. Sem ele não se pode abrir a L.'. e, se ele deixa de cumprir o seu dever, o trabalho daquela sessão perde sua efetividade. O Porteiro não deve abandonar, nem por um só instante, seu posto, há de estar sempre alerta e pronto para ação. Jamais embainhará sua e.'.. Para manejar esta com eficiência, deverá possuir qualidades genuínas: vigilância, prontidão, força, habilidade, decisão instantânea, valor e infatigabilidade.
Cremos que a significação de tudo isso é bem evidente em nossa análise psicológica. Em todo o trabalho que empreendermos, nosso primeiro dever constituirá em vemos se possuímos as condições físicas que a obra requer. As boas intenções, os elevados propósitos e as nobres resoluções não têm utilidade alguma, a menos que se possuam os meios materiais para se poder efetivá-los. A pedra de toque da vida aplicar-se-á sempre no plano físico. A Maçonaria não consiste tão só em alta filosofia e exaltada ética, senão que, além disso, é essencialmente prática. Os fundamentos espirituais do Amor fraternal, da Caridade e da Verdade, hão de ter suas contrapartes físicas no plano material.
O cuidado aplicado ao setor individual constitui  um aspecto importante do labor do Guarda Externo do T.'.. A deficiência da saúde do corpo pode ser não só uma influência indesejável, como, além disso, que a obra das demais faculdades percam sua efetividade. A debilidade corporal, a negligência, a preguiça, a lentidão, a covardia e a falta de destreza podem tornar ineficaz a vigilância ou diminuir a eficiência da obra. Bem disse um grande Instrutor oriental: “o primeiro  passo que se há de dar no caminho que conduz ao NIRVANA é o de possuir uma perfeita saúde física”.
Assim, pois, o Porteiro (Corpo  físico) fisicamente considerado, representa a atividade física, a qual depende em grande parte da saúde do corpo. Como o Porteiro não deve intrometer-se, nem ser obstáculo, esta função se cumpre melhor quando se goza de perfeita saúde. O corpo, fiel servidor de seu dono - a Mente, atua tanto mais perfeitamente quanto menos consciência de sua existência tem o homem.
Porém, ainda temos de levar a coisa mais adiante e considerar que o Porteiro representa todos os aspectos físicos de nossas empresas. Em toda a parte da obra, o primeiro e constante cuidado deverá se concentrar nos materiais e aplicações físicas. O artesão precisa de materiais para seu comércio e de instrumentos de trabalho, e não existe prova melhor de ser um bom trabalhador do que a de ter em  ordem seus instrumentos, dos quais, o mais importante é seu próprio corpo.
Portanto, todo o verdadeiro M.'. deve providenciar para que as ferramentas, sistemas, projetos e aparatos físicos dos quais vá necessitar, sejam os mais perfeitos possíveis e estejam bem cuidados. E só quando haja cumprido estes requisitos, é quando estará em condições de empregar suas faculdades, proveitosamente, na obra maçônica que há de realizar.
Permita-se-nos que saiamos um pouco do tema do Guarda Externo do T.'. ou Porteiro externo, para dizer que o dever imediato do V.'.M.'. é o de assegurar-se de que todos os IIr.'. que se achem no T.'. sejam MM.'., coisa que se comprova imediatamente.
A aplicação psicológica disso é evidente. É necessário que nos começos de toda empresa provemos, nos compenetremos e nos demos conta de quais sejam nossos sentimentos, motivos e pensamentos, com o objetivo de constatar se são dignos de quem é  maçom, se obedecem à reta lei do e.'. e se são puros e imaculados os distintivos dos Franco-Maçons.
Depois o V.'.M.'. pergunta quais são os três  OOf.'. principais, como se chamasse à existência as forças que lhe correspondem, e que são: a Vontade que procura, a Força impulsionadora, a Mente que concebe os planos de ação e a Sabedoria que guia. Estes três OOf .'. ocupam cadeiras de presidência e representam os princípios estáticos do homem, mananciais do poder e não os veículos que transformam a energia em ação.Para este último propósito, cada um deles tem um Of.'. auxiliar que é móvel e dinâmico, tem liberdade para mover-se pelo assoalho da L.'. e obedece aos mandatos das Presidências: a Sabedoria dirige a razão (1º Diác.'.); a Verdade dá energia ao desejo (2º  Diác.'.) e a Mente estimula o cérebro (Cob.'. I.'.) à ação.
Voltando novamente a tratar do Porteiro, e havendo já falado da primeira parte de seu dever, quiçá nos seja proveitoso examinar a função que exerce quando cuida de que os ”CCand.'. estejam convenientemente preparados”. Ao mesmo tempo em que mantém afastados os intrusos, há de conservar alertas as avenidas dos sentidos, de tal forma que as novas impressões e o novo conhecimento ou experiência, entrem, quando estejam “convenientemente preparados”. Em relação a isto, é interessante saber que podemos aplicar cada um dos detalhes da preparação do Cand.'. à maneira de como deveríamos receber os novos fatores e considerações, depois de um detido exame, e pô-los à prova e aplicá-los ao trabalho maçônico.
Portanto, devemos despojá-los de toda a idéia de lucro pessoal; devemos cegá-los, para que, em vez deles nos dirigirem e nos torcerem, sejamos nós que o façamos. Uma vez que separemos todas as traves e obstáculos, devemos preparar-nos para aplicá-los, potentemente, à ação. Com o coração puro, temos de nos preparar a aplicá-los ao serviço dos que tenham necessidade de simpatia ou ajuda, ainda que com o risco de que nossos esforços encontrem como resposta, a ingratidão, a hostilidade ou a incompreensão. Devemos ansiar por oferecer tudo quanto possuímos, dobrando os joelhos para reverenciar ou para fazer humildes serviços, e mantendo-nos todo o tempo em contato com a Mãe Terra, duro leito rochoso da ação prática; devemos nos preparar para aplicar todo o nosso poder ao objetivo que tenhamos em vista, desafiando todos os perigos, até mesmo a morte.
O passo seguinte dado na cerimônia de Abertura, em relação ao Cob.'. I.'. ou cérebro, consiste em descrever a função do cérebro que é a vida do corpo, isto é, em admitir princípios conhecidos e dispensar os que sejam desnecessários, assim como em dar as boas vindas, com as devidas precauções, a novas idéias e flamantes conhecimentos. O Cobridor Interno vem a ser o servente da mente (2º Vig.'.), segundo diz o Ritual; lição bastante fácil de compreender, embora nem sempre se possa aplicar com facilidade. Nem todos os Maçons podem converter seu cérebro em servo obediente à mente, porque, às vezes, aquele se rebela contra esta, arrastando-a consigo. Observe-se de passagem que, segundo o sistema oriental, a Mente Superior governa o fluxo do Prana ou Vitalidade, com que se quer dar a entender que a direção da saúde corporal se radica na Mente, como muitas escolas do pensamento proclamam atualmente, quiçá errando em algo.
Os deveres do 1º Diác.'. e do 2º Diác.'. que se descrevem em suas respostas um pouco desconcertantes, e que seja dito de passagem, não parece que se cumprem nas cerimônias atuais, têm um alto interesse psicológico. Cremos conveniente estudá-las juntas.
O  1º Diác.'., que representa o intelecto ativo e raciocinador, a consciência normal em estado de vigília, há de levar as mensagens e comunicações da Sabedoria à Vontade. Esta última representada pelo 1º Vig.'., é quem procura a Força impulsionadora para a realização da obra, energiza o seu servente ou mensageiro (2º Diác.'.) ou o Desejo, que, por sua vez, transmite a ordem ao 2º Vig.'. (ou a Mente Criadora), que é quem recebe os planos de realização da empresa.
A manifestação que o 2º Diác.'.  há de ver se “cumpriram as ordens pontualmente”, refere-se ao fato de que o Desejo é insistente e se mantém ativo - poderíamos dizer quase agressivo - até que a Mente tenha aceitado a ordem e formulado um plano para executá-la.
Similarmente a Mente inferior, a Razão, representada pelo 1º Diác.'., “espera a volta do 2º Diác.'.”, isto é, que a consciência normal vigílica permaneça em estado de espera, na expectativa, até que o Desejo se satisfaça e cesse sua atividade, ao haver alcançado o seu propósito.
Uma vez definido desta torna os fatores inferiores, dinâmicos ou ativos, verifica-se uma notável  mudança na fraseologia, pois o V.'. M.'. dirige-se aos elementos estáticos superiores, representados pelos VVig.'. e lhes pede uma explicação raciocinada.
No Ritual descreve-se o lugar que ocupa o 2º Vig.'. ou Mente Criadora, dizendo que assinala o Sol em seu  meridiano, ou seja, o ponto mais elevado que este astro ocupa no céu. Isto parece indicar que o nível superior de consciência a que pode chegar o homem no primeiro grau é o da Mente Superior. Mais ainda, que a Inteligência Suprema há de dirigir o homem como o Sol ao dia; e assim como os movimentos deste astro servem para chamar os homens ao trabalho e ao descanso e vice-versa, do mesmo modo, a Inteligência Suprema determina o momento em que os homens hão de atuar e quando devem abandonar  a ação, quando hão de trabalhar e quando podem jogar. Só quando a Inteligência e não o Desejo ou a Vontade dirige e governa, é quando se tira proveito e prazer, isto é, e quando o  homem pode ser, ao mesmo tempo eficiente e feliz.
E passando a tratar do  1º Vig.'. - a Vontade - que representa o término do dia, o Sol poente, saiba-se que quando o  V.'. M.'. - ou a Sabedoria, o Ego reinante da consciência íntegra - ordena, a Vontade extrai da L.'. a força motriz e desta forma dá fim à empresa. Porém isto não se realiza senão quando cada Ir.'. ”tenha cumprido seu dever”, ou seja, depois de haver exercitado plenamente todas as faculdades e poderes e de haver feito todo o possível.
E por último, o Ritual diz que o V.'. M.'. - ou a Sabedoria - representa o Sol nascente, o manancial da Luz, a origem da consciência. Em cada um de nós existe um  M.'., ainda que não tenhamos consciência disto; o M.'. que é o Ego da consciência, o Governador e o verdadeiro mandatário de nossas vidas e de nossas ações. Este Ego supremo é quem abre a Loja e quem nos põe a trabalhar "empregando e instruindo os IIr.'. na Franco-Maçonaria", isto é, dirigindo e empregando nossas faculdades no Ofício da vida.
O V.'. M.'. - ou a Sabedoria - já chamou à existência a todas as suas faculdades subordinadas e definiu a tarefa que corresponde a cada uma delas; porém, antes de dar começo aos trabalhos, a consciência se dirige ao Supremo Arquiteto, para reconhecer que unicamente d’Ele é de onde procede toda a Sabedoria, toda a Força e toda a Beleza. E por isto recita uma prece, pela qual pede que a obra iniciada com método e ordem se encaminhe harmoniosamente para sua pacífica conclusão. Na conhecidíssima fórmula "todas as faculdades apóiam esta prece e determinam que assim seja".
O V.'. M.'. declara agora aberta a L.'. em nome do G.'.A.'.D.'.U.'., dando a entender com isto, que todas as suas faculdades e poderes estão alertas e prontos à ação, presteza que se indica por meio do sinal que fazem todos os IIr.'. neste momento.
A descida do último P.'.M.'. ou do Orad.'. para abertura do L.'. da  L.'.(Bíblia) e a exposição especial do e.'. e do c.'. significam que todo o conhecimento passado e toda a experiência se transportam ao campo da ação, para seu futuro emprego; que a Sabedoria acumulada dos séculos, tal como se encontra escrita na Bíblia, está depositada na L.'. e que os eternos símbolos do e.'. e do c.'. se encontram ante nossos olhos para regular nossas ações e, manter-nos dentro dos devidos limites para com todos os homens. Também  se nos recorda que tudo quanto somos e conhecemos procede unicamente de Deus, única origem da luz e da vida, e que toda a ação não é senão manifestada pelo Verbo de Deus.
Esta é uma interpretação simples e elementar da abertura da L.'. dos Franco-Maçons no primeiro Grau, a qual se verifica de tal forma que sua majestade, sua dignidade, sua invocação ao Supremo e o melhor que há em cada um de nós, é seu estímulo para que tratemos de divisar por detrás do externo véu das palavras e das formas, esse secreto mundo interno de coisas, do qual não são senão transitórios e fugazes efeitos, todos estes elementos de nossa vida externa não se percam nem desmereçam, apesar de que a cerimônia se repita continuamente.
Em conclusão, resumamos brevemente a abertura em termos da presente interpretação psicológica. Antes de empreender uma obra, seja qual for a sua magnitude, o maçom concentra suas forças e se coloca na devida atitude e ambiente, recordando a infinita Beleza, Força e Sabedoria, donde pode extrair, se quiser, os  materiais que necessite para integrar-se a si mesmo. Logo, aperfeiçoa dentro do possível, todas as condições físicas necessárias à empresa; examina e prova seus motivos para ver se são puros e imaculados. Ao eliminar cuidadosamente todas as influências indesejáveis e indignas, abre a porta de sua natureza para dar entrada, depois de detido exame, a todos os materiais ou conhecimentos novos que lhe possam servir para realizar a obra.
O Ego Supremo emite o seu mandato, o qual por meio da consciência normal de vigília se transmite à Vontade, a qual lhe dá seu impulso que, por sua vez, se converte em urgente desejo; em continuação a Mente imaginativa concebe um plano de Beleza que translada ao cérebro e ao corpo para que o levem a cabo.
De maneira que todos esses atos são dirigidos pela Vontade e seu impulso se deriva dela; porém, emanam do Ego Supremo ou Sabedoria. No entanto, o maçom deve sempre ter presente que tudo quanto ele é procede unicamente de Deus, seu Senhor, porque, como as Escrituras cristãs citadas no Ritual dizem com palavras que não se podem parafrasear sem destruir sua beleza, em Deus radica a única inspiração. "Suas são a primeira e a última palavra e o princípio e o fim de toda a ação é com Deus, é a ação do mesmo Deus".
In "A Magia da Maçonaria" - Arthur Powell

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