sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O FALSO DISCÍPULO

  
Disse Jesus que o verdadeiro discípulo seria reconhecido pelo amor que praticasse, por amar seus semelhantes INCONDICIONALMENTE.
O falso discípulo decorou as escrituras, é um hermeneuta intelectual intolerante, armadilha do ego para fazer-se superior. O verdadeiro discípulo abraça incondicionalmente e fala de coração a coração;
O falso discípulo sacrifica simbolicamente Jesus e com o seu sangue purifica os “impuros”, esconjurando-os às chamas infernais. O verdadeiro discípulo limpa as “chagas” morais dos caídos sem a presunção de pureza;
O falso discípulo julga-se direitista e salvo. O verdadeiro discípulo não se presume evangelizado;
O falso discípulo exalta Jesus ensaguentado numa coroa de espinhos. O verdadeiro discípulo lembra-o misericordioso e consolador curando nas copas da àrvores e instruindo no sermão da montanha;
O falso discípulo, se vegetariano, com acidez menospreza os carnívoros e por vezes prefere conviver com os animais do que com as humanas criaturas. O verdadeiro discípulo senta com todos à mesa e não impõe radicalmente sua escolha, assim como Jesus comungava à mesa dos coletores de impostos;
O falso discípulo aguarda ansiosamente a purificação da humanidade através de proféticas catástrofes. O verdadeiro discípulo compreende que somos espíritos imortais e elege à si mesmo consolar as “chagas” morais de seus irmãos caídos nos escombros da vida;
O falso discípulo se esconde em fakes e perfis nas redes sociais não assumindo sua identidade. O verdadeiro discípulo não teme se mostrar, assim como Jesus o fez entrando em Jerusalém num burrico;
O falso discípulo é fanático pelo guru espiritual ou o seu santo de fé. O verdadeiro discípulo compreendeu a universalidade do Mestre e entende que todos são seres divinos, chispas de uma mesma chama sagrada que é nosso Criador;
Os verdadeiros discípulos estão em todas as religiões e em nenhuma ao mesmo tempo, eis que são o caráter e o amor os fatores eletivos ao Mestre e não a pseudo perfeição doutrinária.
 
Fonte: http://www.triangulodafraternidade.com/2016/02/o-falso-discipul.html

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

CONTRADIÇÃO FUNDAMENTAL

A Maçonaria regular só admite no seu seio crentes. Deixa, porém, ao critério de cada um a crença concreta que cada um professa, nada lhe importando a forma como cada um vive a sua crença. as obrigações que respeita (ou infringe...), a forma como se organiza (ou não) a estrutura que porventura enquadre a prática da religião professada, nem sequer a designação que cada um atribui à divindade que concebe e em que crê. Por isso, adotou uma forma de se referir à Divindade por cada um venerada, que é independente da designação utilizada em qualquer religião e que pretende seja reconhecida por cada crente como referindo-se à Divindade da crença que professa: Grande Arquiteto do Universo.

Assim, para a Maçonaria, um maçom pode perfeitamente, sem problemas ou reservas, ser católico, batista, anabatista, mormon, pentecostal, evangélico, luterano, calvinista, testemunha de Jeová, muculmano, judeu, hindu, ou o que quer que seja. A sua crença é do seu foro íntimo e é com ela que se junta aos demais maçons para que, em auxílio mútuo, cada um se aperfeiçoe pessoal, ética, moral e espiritualmente.

No sentido inverso, no entanto, as coisas não se processam de forma tão simples e clara. 

No âmbito da religião católica, é conhecido que repetidas vezes vários Papas emitiram documentos de condenação da Maçonaria, tendo mesmo, durante largo tempo, o Código de Direito Canónico punido com a excomunhão o católico que a ela aderisse. Hoje, não é já assim, mas o último documento proveniente da Cúria Romana continua a não ser particularmente simpático para a Maçonaria: 

Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas.  Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.

(excerto da Declaração sobre a Maçonaria de 26 de novembro de 1983 do então Prefeito da Congregação Para a Doutrina da Fé, Cardeal Ratzinger).

No âmbito da religião islâmica, também se conhecem posições de responsáveis nada lisongeiras para a Maçonaria:

Dado que a Maçonaria se envolve em atividades perigosas e é um grande perigo, com objetivos perversos, o Sínodo Jurisdicional determina que a Maçonaria é uma organização perigosa e destrutiva. Todo o muçulmano, que se filiar nela, conhecendo a verdade dos seus objetivos, é um infiel ao Islão.

(excerto final do parecer de 15 de julho de 1978 do Colégio Islâmico Jurisdicional).

No campo das crenças cristãs resultantes da Reforma, também não é difícil encontrar posições contrárias à maçonaria:

A COMISSÃO FAZ A SEGUINTE PROPOSTA:
1) - QUE SEJA REAFIRMADA A POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO CONTRÁRIA A MAÇONARIA E OUTRAS SOCIEDADES SECRETAS;
(...)
4) - QUE A AIBRB FAÇA UM APELO COM BASE NO AMOR CRISTÃO, AOS CRENTES FILIADOS À MAÇONARIA, PARA QUE, POR AMOR A CRISTO E AO TRABALHO DE DEUS QUE NOS FOI CONFIADO, AFASTEM-SE DE TAL SOCIEDADE.

(excertos de proposta aprovada na 12.ª Assembleia da Associação das Igrejas Batistas Regulares do Brasil).

Não é de estranhar que existam posições antimaçónicas em vários setores ou hierarquias - normalmente os mais integristas, ortodoxos ou fundamentalistas - de várias confissões religiosas, se tivermos em atenção a contradição fundamental entre a Maçonaria e as religiões.

Cada religião, e particularmente nas religiões monoteístas, considera que o seu caminho, a sua doutrina, a observância dos seus preceitos é que conduz à Salvação. Portanto todos os que se posicionam no exterior do seu caminho, da sua doutrina, dos seus preceitos, estão destinados à Perdição.  

Já para a Maçonaria, a questão não se põe nestes termos. Cada um é livre de seguir o seu caminho, de professar a sua religião, de seguir os preceitos dela e todos são considerados iguais e aptos para serem bons e se tornarem melhores. A Maçonaria (o maçom) não concebe que o mesmo Criador, chame-se-Lhe Deus, Allah, Jeovah, Krishna, Manitu, ou o que se Lhe chamar, conceba, admita, queira, que os que O veneram por um nome sejam salvos e os que O conhecem por outro se percam, que os que seguem preceitos de uma Tradição religiosa recebam eterna recompensa e os que tiveram a desdita de nascer e viver num ambiente com diversa Tradição religiosa eternamente sejam punidos. 

Para a Maçonaria, o que importa é o comportamento, a postura ética, o reconhecimento do Transcendente e do Divino, não o cumprimento específico de normas, de práticas, de posturas, quantas vezes decorrentes de diversos ambientes, de diferentes culturas, de separações feitas pelos homens daquilo que o Criador fez igual.

Para a Maçonaria não há caminhos certos nem errados. O caminho de cada um é o certo para ele, se estiver de boa-fé e for perseverante nos seus propósitos.

A contradição fundamental entre a Maçonaria e as diferentes hierarquias religiosas está na Tolerância, que é inerente à Maçonaria e que os integristas, os ortodoxos e os fundamentalistas não aceitam. Tão simples como isto!

Rui Bandeira
http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/

Grande Rui Bandeira. Grande Irmão. Apesar da nossa "irregularidade", comungamos dos mesmos valores.