sexta-feira, 30 de março de 2012

O homem que mais defendeu as mulheres

As mulheres frequentemente foram silenciadas, controladas, diminuídas e tratadas como subumanas nas mais diversas sociedades humanas. Todavia, houve um homem que lutou sozinho contra o império do preconceito. Ele foi incompreendido, rejeitado, excluído, mas não desistiu dos seus idéias. Ninguém apostou tanto nas mulheres como ele. Fez das prostitutas rainhas, e das desprezadas, princesas. Muitos dizem que ele é o homem mais famoso da história, mas poucos sabem que foi ele quem mais defendeu as mulheres. Seu nome é Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres na arte de viver. Esse texto não fala de uma religião, mas da filosofia e da psicologia do homem mais complexo e ousado de que se teve noticia.

Nos tempos de Jesus os homens adúlteros não sofriam punição severa. Todavia, a mulher adultera era arrastada em praça pública, suas vestes rasgadas e, com os seios à mostra, eram apedrejadas sem piedade. Enquanto sangravam e agonizavam, pediam compaixão, mas ninguém as ouvia. A cena, inesquecível, ficava gravada na mente e perturbava a alma para sempre.

Certa vez, uma mulher foi pega em adultério. Arrancaram-na da cama e a arrastaram centenas de metros até o lugar em que Jesus se encontrava. A mulher gritava “Piedade! Compaixão!”, enquanto era arrastada; suas vestes iam sendo rasgadas e sua pele sangrava esfolando-se na terra.

Jesus estava dando uma aula tranqüila na frente do templo. Havia uma multidão ouvindo-o atentamente. Ele lhes ensinava que cada ser humano tem um inestimável valor, que a arte da tolerância é a força dos fortes, que a capacidade de perdoar está diretamente relacionada à maturidade das pessoas. Suas idéias revolucionavam o pensamento humano, por isso começou a ter muitos inimigos. Na época, os judeus constituíam um povo fascinante, mas havia um pequeno grupo de radicais que passou a odiar as idéias do Mestre. Quando trouxeram a mulher adultera até ele, a intenção era apedreja-lo juntamente com ela, usa-la como isca para destruí-lo.

Ao chegarem com a mulher diante dele, a multidão ficou perplexa. Destilando ódio, comentaram que ela fora pega em flagrante adultério. E perguntaram qual era a sentença dele. Se dissesse “Que seja apedrejada”, ele livraria a sua pele, mas destruiria seu projeto transcendental, seu discurso e principalmente seu amor pelo ser humano, em especial pelas mulheres. Se dissesse “Não a matem!”, ele e a mulher seriam imediatamente apedrejados, pois estariam indo contra a tradição daqueles radicais. Se os fariseus tivessem feito a mesma pergunta aos discípulos de Jesus, estes provavelmente teriam dito para mata-la. Assim se livrariam do risco de morrer.

Qual foi a primeira resposta do Mestre diante desse grave incidente? Se você pensou: “Quem não tem peado atire a primeira pedra!” , errou, essa foi a segunda resposta. A primeira foi não da resposta, foi o silencio. Só o silencio pode conter a sabedoria quando a vida está em risco. Nos primeiros 30 segundos de tensão cometemos os maiores erros de nossas vidas, ferimos quem mais amamos. Por isso, o silencio é a oração dos sábios. Para o Mestre dos Mestres, aquela mulher, ainda que desconhecida, pobre, esfolada, rejeitada publicamente e adultera, era mais importante do que todo o ouro do mundo, tão valiosa como a mais pura das mulheres. Era uma jóia raríssima, que tinha sonhos, expectativas, lágrimas, golpes de ousadia, recuos, enfim, uma historia fascinante, tão importante como a de qualquer mulher. Valia a pena correr riscos para resgata-la.

Para o Mestre dos Mestres não havia um padrão para classificar as mulheres. Todas eram igualmente belas, não importando a anatomia do seu corpo, não importando nem mesmo se erravam muito ou pouco. Jesus precisava mudar a mente dos acusadores, mas nunca ninguém conseguiu mudar a mente de linchadores. O “eu” deles era vítima das janelas do ódios, não eram autores da sua história, queria ver sangue. O que fazer, então?

Ao optar pelo silencio, Jesus optou por pensar antes de reagir. Ele escrevia na areia, porque escrevia no teatro da sua mente. Talvez dissesse para si mesmo: “Que homens são esses que não enxergam a riqueza dessa mulher? Por que querem que eu a julgue, se eu quero amá-la? Por que, em vez de olhar para os erros dela, não olham para seus próprios erros?”

O silencio inquietante de Jesus deixou os acusadores perplexos, levando-os a diminuir a temperatura da raiva, da tensão, oxigenando a racionalidade deles. Num segundo momento, eles voltaram a perguntar o veredicto do Mestre. Então, finalmente, ele se levantou. Fitou os fariseus nos olhos, como se dissesse: “Matem a mulher! Todavia, antes de apedreja-la, mudem a base do julgamento, tenham a coragem de ser transparentes em enxergar as suas falhas, erros e contradições”. Esse era o sentido de suas palavras. “Quem não tem pecado atire a primeira pedra!”

Os fariseus receberam um choque de lucidez com as palavras de Jesus. Saíram do cárcere das janelas killer e começaram a abrir as janelas light. Deixaram de ser vítimas do instinto de agressividade e passaram a gerenciar suas reações. O homo sapiens prevaleceu sobre o homo bios, a racionalidade voltou. O resultado é que eles saíram de cena. Os mais velhos saíram primeiro porque tinham acumulado mais falhas ao longo da vida ou porque eram mais conscientes delas.

Jesus olhou para a mulher e fez uma delicada pergunta: “Mulher, onde estão seus acusadores?” O que ele quis dizer com essa pergunta e por que a fez? Em primeiro lugar, ele chamou a adultera de “mulher”, deu-lhe o status mais nobre, o de um ser humano. Ele não perguntou com quantos homens ela dormira. Para o Mestre dos Mestres, a pessoa que erra é mais importante do que seus próprios erros. Aquela mulher não era uma pecadora, mas um ser humano maravilhoso. Em segundo lugar, perguntou: “Onde estão os seus acusadores? Ninguém a acusou?” Ela respondeu: “Ninguém”. Ele reagiu: “Nem eu”. Talvez ele fosse a única pessoa que tivesse condições de julga-la, mas não o fez. O homem que mais defendeu as mulheres não a julgou, mas compreendeu, não a excluiu, mas a abraçou. As sociedades ocidentais são cristãs apenas no nome, pois desrespeitam os princípios fundamentais vividos por Jesus. Um deles é o respeito incondicional pelas mulheres!
O homem que mais defendeu as mulheres não parou por aí. Sua ultima frase indica o apogeu da sua humanidade, o patamar mais sublime da solidariedade. Ele disse para a mulher: “Vá e refaça seus caminhos”. Essa frase abala os alicerces da psiquiatria, da psicologia e da filosofia. Jesus tinha todos os motivos para dizer: “De hoje em diante, sua vida me pertence, você deve ser minha discípula”. Os políticos e autoridades usam seu poder para que as pessoas os aplaudam e gravitem em sua órbita. Mas Jesus, apesar do seu descomunal poder sobre a mulher, foi desprendido de qualquer interesse. “Vá e revise a sua historia, cuide-se. Mulher, você não me deve nada. Você é livre!”

Jesus a despediu, mas ela não foi embora. E por que? Porque o amou. E, por ama-lo, o seguiu para sempre, inclusive até os pés da cruz, quando ele agonizava. Talvez essa mulher tenha sido Maria Madalena. A base fundamental da liberdade é a capacidade de escolha, e a capacidade de escolha só é plena quando temos liberdade de escolher o que amamos. Todavia, estamos vivendo em uma sociedade em que não conseguimos sequer amar a nós mesmos. Estamos nos tornando mais um numero de cartão de crédito, mais um consumidor potencial. Isso é inaceitável.

(Texto adaptado do livro: A ditadura da Beleza e a revolução das mulheres.)
Augusto Cury
"Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência."
Arthur Schopenhauer

"Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe."
Marquês de Maricá

segunda-feira, 19 de março de 2012

TEMPLO DE DEUS


O que Entendes por Templo de Deus? 

No mundo profano, na maior parte das vezes, tem-se como Templo de Deus o local onde as pessoas que acreditam em Deus se reúnem para entrar em contato com Ele, mediante orações e entrega espiritual. Entre os cristãos, por exemplo, tem-se a Igreja como sendo o Templo de Deus.

Entre os maçons, existe a Loja (Logus), que é um lugar santo e que se presta para a reunião dos maçons. Ela é considerada um templo. No entanto, o maçom precisa estar atento ao fato de que, ao ser iniciado, torna-se “filho da luz” e que quando tocado pela voz interior deve voltar-se aos braços do Pai, transformando seu corpo no verdadeiro Templo de Deus. Este templo é de propriedade do espírito, que é a essência do homem. É um lugar muito especial, pois ali se pode “entrar”, “fechar a porta” e abandonar qualquer escola, religião ou sistema esotérico e apenas ouvir a voz do Pai que simbolicamente nos revela as verdades espirituais. O nosso corpo físico representa, alegoricamente, o Templo de Deus. No interior deste templo existe uma câmara onde estudamos as obras de Deus. É a chamada câmara interna, é o sol do templo, o lugar santo, o Logus, a loja onde habita a presença do G\A\D\U\.
É fundamental que o maçom saiba cultivar a sanidade física e espiritual de seu corpo. Da mesma forma, deve saber manter a sua consciência sã. O adequado preparo do Templo de Deus é condição imprescindível ao êxito da caminhada do maçom.

Um Ir.'. da Loja ALDEBARAN nº  10
Porto Alegre, 06 de agosto de 2003

terça-feira, 13 de março de 2012


Saudações estimado Irmão,
não podemos confundir
LOJA E TEMPLO.
Com uma pequena frase já da explicar a diferença entre uma Loja e um Templo, porém Maçonaria não é como matemática onde 2 mais 2 são 4, e o resultado é apenas uma resposta. Nada se faz na Maçonaria que não tenha um propósito maior de fomentar o aprendizado e extrapolar o concreto. Por isto somos Maçons Especulativos. Há uma técnica de ensino chamada Técnica Expositiva que corresponde à aplicação do Método Dedutivo lógico, verbalizado ou uso de audiovisuais. Façamos então um exercício, vou escrever sete frases e os Irmãos vão especulando:
  • O Templo é um caderno, a Loja um lápis.
  • No Templo estamos parados, na Loja em movimento.
  • Do Templo falamos, da Loja ouvimos.
  • O Templo é pequeno, a Loja é grande.
  • O Templo tem um nível, a Loja um prumo.
  • O Templo tem forma limitada, a Loja ilimitada.
  • O Templo protegemos, a Loja nos protege.
Quais pensamentos o Irmão formulou? Como reagirá a frase abaixo?
O Templo é profano e a Loja sagrada.
Imagino o arrepio que alguns Irmãos tiveram. PORÉM atenção meus Irmãos, não se deve aplicar o conceito comum aos labores maçônicos. TEMPLO (do latim templum, "local sagrado") é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso. Cinco perguntas:
  • Já presenciaram profanos em nossos Templos?
  • Algum não iniciado freqüenta as Lojas?
  • Existe a frase: - Em Templo meus Irmãos?
  • Templos tem graus?
  • O que são abertos/fechados Lojas ou Templo?
Nossos Templos são lugares que merecem respeito, é o que chamamos de Kadosh (sacro e puro) O TEMPLO MAÇÔNICO é o resumo do macrocosmo e também a imagem do microcosmo. Mas não podemos prestar cultos em seu interior. Assim sendo posso então encerrar com três afirmações?
  • O Templo é o externo, a Loja o interno.
  • O Templo é o físico, a Loja o mental.
  • O TEMPLO é a MATÉRIA, a LOJA o ESPÍRITO.
Reflitam sobre esta frase: Combatemos os Vícios nos Templos e aprendemos a Virtude nas Lojas.
A intenção deste pequeno artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o tema, pesquisar e fazer uma Prancha de Arquitetura para apresentá-la em sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se que todos nós, independente do Grau ou do Cargo, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

Grato pela atenção
TFA
Quirino
Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt 025
Segundas-feiras, Templo 801
Palácio Maçônico - Grande Loja
Belo Horizonte - Minas Gerais
0 xx 8853-2969
Ano 06 - artigo 11 - número sequencial 345
Sinto muito. Me perdoe. Te amo. Sou grato. Quatro frases que transformam qualquer realidade negativa. Pratique!

domingo, 11 de março de 2012

A MAÇONARIA NÃO É FEITA À MEDIDA DAS ILUSÕES DO NEÓFITO

Conta-se que perguntaram a Pitágoras, após ter sido Iniciado nos mistérios, o que tinha visto no Templo, tendo ele respondido simplesmente: NADA. Porém, Pitágoras era Pitágoras, Se ao sair do Templo egípcio não tinha visto "nada", não se limitou a sair decepcionado, senão buscando a origem deste "nada", descobriu que era em si mesmo que não tinha visto "nada mais" que desejos e ilusões. Foi então que começou seu caminho para a sabedoria.
Muitos Irmãos recém-iniciados se afastam da Ordem porque em nossas Lojas não encontram "nada", porque o nosso simbolismo não lhes significa "nada", porque na Maçonaria não se faz "nada", outros se queixam que nas Lojas se fala muito de simbolismo e "nada"; que a Maçonaria é uma instituição para se fazer amigos e "nada mais"; que só comparecem aos trabalhos da Loja para perder tempo e "nada mais".
Propomos perguntar-nos: o que significa esse "nada" com respeito à Maçonaria? "Fulano" não vai mais à sua Loja porque "não encontrou nada...". E como é que não encontrou "nada"? Não encontrou o Templo com seu Altar, as Colunas, os móveis e a decoração? Não encontrou os Irmãos reunidos na Loja? E como é que diz que não encontrou "nada" e que o Simbolismo não lhe significa "nada"? Encontrou então pelo menos o Simbolismo... E como é que pode dizer na Maçonaria não se faz "nada" e que na Loja se fala muito e "nada" mais? Então, se faz algo, ainda que seja nada mais que falar...
Parece que o "nada" que se encontra na Maçonaria não deve ser tomado ao pé da letra. O Neófito que entra no Templo encontra algo, porem não encontra o que busca; isto dá margem a várias perguntas:
1º O "que busca" o profano que solicita ser Iniciado?
2º O que a Maçonaria "não pode oferecer"?
3º O que a Maçonaria "pode oferecer"?
4º "O que encontra" o Neófito ao dizer que "não tem nada"?
Procuramos responder estas perguntas de um ponto de vista estritamente pessoal.
1º O "que busca" o profano que solicita ser iniciado?
Pode solicitar seu ingresso pôr vários motivos, desde o mais grosseiros materialismo, o desejo de encontrar protetores para seus negócios de qualquer espécie, até o motivo de mais elevado sentimento de humanitarismo. Em regra geral, é mistura de tudo, acrescido de curiosidade; e freqüentemente haverá um sentimento da própria imperfeição acrescido do desejo de melhorar-se e de aperfeiçoar-se.
Não é raro também que se espere encontrar na Maçonaria um estímulo à ação para compensar a própria falta de atividade; idéias extraordinárias e originais que ponham em funcionamento o pensamento e a imaginação própria.
É um dos problemas da Maçonaria que, pelo segredo e discrição que devem guardar seus integrantes, o profano chega geralmente a nossas portas, desconhecendo realmente o que o espera, vindo em contrapartida cheio de esperanças e ilusões que vão do inadequado até o absurdo.
2º O que a Maçonaria "não poder oferecer"?
A Maçonaria não é feita à medida das ilusões do neófito. Se este esperou uma renovação completa de sua personalidade pôr meio de um remédio amostra grátis e que se oferece a todo aquele que entra na Ordem, equivocou-se, Damo-lhes a Luz, as ferramentas para trabalhar, mostrando-lhes a Pedra Bruta e o modo de trabalhar nela. O resto é assunto do Neófito. Tem que trabalhar para receber o "seu salário" e este lhe é dado segundo a quantidade e a qualidade do seu trabalho. Não poderá exigir que se lhe dê tudo de uma vez sem fazer o menor esforço. Então acontece que o Neófito não acha o que buscava.
Ele buscava um meio cômodo para tornar sua vida mais fácil e agradável, para sentir-se importante sem esforço algum, para viver em paz consigo mesmo. E como não acha o que buscava, diz simplesmente: "Não encontrei nada". Com isto, expressa que tudo o mais que encontra não tem importância para ele; e que, aquilo que "não" encontra é o que ele queria e nada mais. Dizer que a Maçonaria não faz nada é outra maneira de revelar que se quer conseguir satisfações de amor próprio a baixo custo. Se na Maçonaria estivesse se cristalizando uma obra de autentico humanismo, poderíamos participar da glória de sua realização sem que tivéssemos o trabalho de planejar e organizar sua execução. Se a Maçonaria fosse aquilo que querem aqueles que se queixam de não encontrar nada nela, ela seria idêntica às sociedades múltiplas de beneficência e clubes de serviço. cujos principais objetivos parecem ser que seus membros apareçam na imprensa escrita e falada a qualquer
pretexto. Todas estas satisfações de amor próprio, todas estas ilusões e esperanças vazias, é que a Maçonaria não oferece. Pôr isto é que, aqueles que buscam isto, não encontram "nada".
3º O que a Maçonaria "pode oferecer"?
Do ponto de vista das pessoas mencionadas anteriormente, "nada", pois para elas o trabalho, o estudo, não são nada, e se não tiverem a paciência necessária, se afastarão.
Quanto mais irreais, fantásticas forem suas esperanças, mais necessitarão para encontrar o que oferece a Maçonaria, e que é: trabalho, ferramentas para executá-lo, o "salário" que somente se obtém trabalhando. O Neófito tem que aprender que na Maçonaria não encontrará satisfação alguma senão em razão do seu próprio trabalho.
Através do seu aprendizado se dará conta de que se a maçonaria lhe der, sem sacrifício, as satisfações que estava procurando, então sim, poderá dizer "que não é nada". O que acontece é que o homem moderno tem do trabalho um conceito muito diferente que tinha as corporações de construtores da antigüidade. Para a maioria, hoje, o trabalho é escravidão, atividade mecânica, impessoal, algo que se faz porque tem que se viver e comer, e sem trabalho, não há comida; algo que se faz sem grande satisfação, esperando que o relógio marque a hora da saída.
Dali então partimos para o descanso, a diversão, as comodidades. São poucos aos quais a sorte reservou um trabalho construtivo e menos ainda existem pessoas capazes de buscar e achar o descanso em uma atividade de tipo superior, uma atividade criadora. O construtor medieval não se preocupava em apressar o tempo para terminar a catedral, mas sim se detinha nos detalhes da construção, acrescentando uma grande variedades de enfeites e esculturas tão belas como indispensáveis para a arquitetura, simplesmente porque sentia o gosto de criar algo belo e bonito.
Nós já não compreendemos mais facilmente este prazer pelo trabalho, Queremos que o trabalho termine o mais depressa possível, para que possamos nos dedicar a outras atividades nas quais encontramos mais prazer.
Necessitamos voltar a descobrir a vocação artística do homem - a única que lhe dá plena satisfação - é de não servir unicamente de apêndice pensante da maquina, e sim de procurar realizar um trabalho criador.
4º "O que encontra" o Neófito ao dizer que "não tem nada"?
Bate à porta do Templo, se abre a mesma para ele e não encontra nada. O que é este "nada"? Já dissemos, tomar a palavra em sentido estrito é um absurdo. Algo ele encontra e se nós o pressionarmos um pouco, ele nos dirá "Não há nada, somente palavras, somente Ritualística, somente Símbolos, somente idéias antiquadas". Algo portanto encontra, porem não "o que buscava". E como o que ele encontra não é nada em comparação com o que buscava, diz simplesmente que não há nada. Porém, este "nada" não é somente um fenômeno negativo. Este "nada" e como um gérmen, algo novo e grande.
O Irmão que se afasta da Loja queixando-se de "não haver encontrado nada", não se limita somente a isto. Afasta-se desgostoso, decepcionado. O encontro com o "nada" o afetou no mais profundo do seu ser. Não achou o que buscava, porém achou precisamente seu próprio desgosto, sua própria decepção.
Ainda que se vá de nosso convívio, sua decepção o segue. E ainda que não o confesse, não deixará de pensar, de vez em quando, que, para encontrar algo, se necessitam duas coisas: algo que existe e alguém que saiba procurar. Ao lado do seu orgulho, porque ele não se deixou enganar", estará a constante inquietude acerca do que terão encontrado os que ficaram e que ele não soube encontrar. Se vê, assim, posto frente a frente, com sua própria insuficiência. Com seu próprio NADA.
Se for sincero consigo mesmo, reconhecerá que onde não encontrou nada, foi em si mesmo. Este é o ponto onde começa a germinar a idéia Maçônica. Se o Irmão chegar a este ponto, começará a ser MAÇOM.
Autor desconhecido

domingo, 4 de março de 2012

A TROLHA


Saudações estimado Irmão,
realmente compreendemos o significado da
TROLHA ?
Já repararam que nos nossos labores e expressões maçônicas usamos constantemente o “Templo”, o “Avental”, o “Justo”, o “Perfeito”, o “cinzel”, o “malho”, estar de “P e a O”, “em ambas” e os campioníssimos: “esquadro e compasso”. Mas é a Trolha? A resposta simplista que normalmente encontramos, é a seguinte: O Aprendiz por não ter ainda muitos conhecimentos e cujo labor é quebrar as pedras deve trabalhar apenas com o cinzel e o malho. O Companheiro já detem um pouco mais de conhecimento e ao trabalhar com a pedra bruta para transformá-la em cúbica, além do malho e do cinzel necessita do esquadro e do compasso, já o Mestre usará o malho, o cinzel, o esquadro, o compasso, o prumo, o nível e por fim a Trolha. Alguns ritos relacionam a Trolha somente ao “Mestre de Acabamento”, que seria o Mestre Instalado. A questão é que está se trocando o significado simbólico pela função operativa. Representar um cargo ou grau é uma coisa, mas privar a instrução que este elemento representa dentro do conhecimento maçônico é outra coisa. O simples fato da vinculação da Trolha com o Grau 3 não pode ser empecilho para que mostremos aos Aprendizes e Companheiro a simbologia desta ferramenta de edificação moral. A Trolha é um instrumento MUITO PARECIDO com a colher de pedreiro, porém ela é menor, pois sua função é de acabamento. Todo Maçom deveria ter sempre por perto uma Régua de 24 Polegadas (para aprender a dividir tempo e obrigações) e uma Trolha. Imagine que a Maçonaria é um prédio e que cada Irmão um bloco de pedra que da forma a edificação. Todos nós temos nossos defeitos, que na pedra seriam as irregularidades, é preciso então ser BENEVOLENTE, TOLERANTE e INDULGENTE para com as arestas e falhas na estrutura dos Irmãos/Pedras. Com movimentos suaves, afetivos, bondosos todo maçom deve manipular a Trolha quebrando as arestas e preenchendo as frestas com o cimento do amor. A edificação maçônica deve ser um monólito, nenhuma pedra deve se destacar das demais, seja por suas imperfeições ou por sua beleza. Em alguns países de língua portuguesa, Trolha tem o mesmo significado que pedreiro, não importa se esteja aprendendo, acompanhado ou ensinando. Pergunto então aos Irmãos: Posso dizer que o Esquadro e o Compasso representam a Maçonaria e a Trolha o Maçom?. A melhor instrução que já encontrei sobre a Trolha foi em um dicionário profano: “Na Maçonaria é o símbolo que ensina a propagar os sentimentos de afeto e bondade que unem a todos os membros da família maçônica numa sólida fraternidade, a trolha tornou-se um emblema de benevolência para todos, de conciliação e de silêncio. Recorda, portanto, que se devem perdoar os defeitos dos irmãos, transformando em doçura as suas palavras, por amargas que sejam. A trolha, segundo Plantagenet, «é o símbolo do amor fraternal que deve unir a todos os maçons, único cimento que os obreiros podem empregar para edificação do templo». Passar a trolha significa, pois, esquecer as injúrias ou as injustiças, perdoar um agravo, dissimular um ressentimento, desculpar uma falta.”.
Grato pela atenção
TFA
Quirino
Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt 025
Segundas-feiras, Templo 801
Palácio Maçônico - Grande Loja
Belo Horizonte - Minas Gerais
0 xx 8853-2969
Ano 06 - artigo 10- número sequencial 344
Sinto muito. Me perdoe. Te amo. Sou grato. Quatro frases que transformam qualquer realidade negativa. Pratique!

quinta-feira, 1 de março de 2012

O SÍMBOLO E O RITO MAÇÔNICO DA CADEIA DE UNIÃO(FRANCISCO ARIZA)


A cadeia de união é, sem dúvida alguma, um dos símbolos mais significativos de entre todos os que decoram a Loja maçônica. Trata-se de um cordão que rodeia todo o templo em sua parte superior. Esta situação no "alto" lhe dá uma conotação celeste, confirmada pelos doze nós que aparecem de trecho em trecho ao longo de todo o cordão, os quais simbolizam os doze signos do zodíaco. Esses nós correspondem, além disso, às doze colunas que exceto pelo lado de Oriente também rodeiam o recinto da Loja. Cinco dessas colunas estão situadas no lado do Setentrião, outras tantas ao Meio-dia, e as duas restantes –as colunas J e B– no Ocidente.
Para compreender esta simbólica teríamos que ter em conta que a Loja é, antes de tudo, uma imagem do mundo, e como tal deve existir nela uma representação do que constitui o próprio "marco" do cosmos, que é propriamente o zodíaco. Muitos recintos ou santuários sagrados - do mesmo modo que as cidades edificadas segundo as regras da arquitetura tradicional -, sendo a projeção na terra da ordem celeste, estão de uma ou outra maneira "marcados" pelas constelações zodiacais. É o caso, por exemplo, do Ming-Tang chinês, do Templo de Jerusalém (e seu arquétipo, a Jerusalém Celeste), de muitas fortalezas templárias, e de construções tão antigas como é o crómlech megalítico de Stonehenge. Dessa forma, os maçons operativos, e em geral os artesãos construtores de qualquer sociedade tradicional, se serviam de um cordão para determinar a posição correta dos templos ou catedrais, que sempre, e de forma invariável, estavam orientados segundo as direções do espaço assinaladas pelos quatro pontos cardeais, exatamente igual à Loja. Pois bem, como menciona René Guénon "... entre as funções de um 'marco' quem sabe a principal seja manter em seu lugar os diversos elementos que contém ou encerra em seu interior de modo a formar com eles um todo ordenado, o qual, como se sabe, é a própria significação da palavra 'cosmos'. Esse 'marco' deve pois, de certa maneira, 'ligar' ou 'unir' esses elementos entre si, o que está formalmente expresso pelo nome de 'cadeia de união', e inclusive disso resulta, no que se refere a ela, seu significado mais profundo, pois como todos os símbolos que se apresentam em forma de cadeia, cordão ou fio (todos eles símbolos do eixo) se referem definitivamente ao sûtrâtmâ".1 Por conseguinte, a cadeia de união maçônica viria a significar, considerada do ponto de vista metafísico, exatamente o mesmo que a "cadeia dos mundos": um símbolo que resume o conjunto de todos os estados, seres e mundos que formam a manifestação universal, os quais subsistem e estão ligados entre si pelo "fio de Atmâ" (sûtrâtmâ), ou seja por seu hálito ou espírito vivificador.
Por outro lado, a cadeia de união é também a corda com nós (ou houppe dentelée) que aparece figurada nos "quadros de Loja" maçônicos, mais concretamente nos pertencentes aos graus de aprendiz e de companheiro. A significação simbólica de tal corda é idêntica à da cadeia de união, mas, ao mesmo tempo, e vinculado especificamente com o simbolismo do quadro de Loja, haveria que se considerar também outro aspecto importante dela: o que tem como função "proteger", além de "unir" e de "ligar", os símbolos e emblemas que aparecem desenhados no quadro, o que é considerado como um espaço sacralizado, e por tanto inviolável. Neste sentido, a idéia de "proteção" está incluída no simbolismo dos nós e das ligaduras, que por suas respectivas formas relembram o traçado dos dédalos e labirintos iniciáticos. Na simbólica universal, o labirinto, além de estar relacionado com as "viagens" e as provas iniciáticas, também tem como função a defesa e proteção dos lugares sagrados ou centros espirituais, impedindo o acesso aos mesmos pelos profanos que não estão qualificados para recebir a iniciação. Porém a defesa se estende igualmente (e poderíamos dizer que principalmente) a impedir o acesso às influências sutis do psiquismo inferior, que por seu caráter especialmente dissolvente representam um claro perigo que deve ser controlado e evitado a todo custo, pois por meio dessas influências se introduzem determinadas energias maléficas e caóticas destinadas a destruir, ou no melhor dos casos a debilitar, os próprios centros espirituais e as organizações tradicionais ligadas a eles, e conseqüentemente a impedir dentro do possível a comunicação com as influências verdadeiramente superiores, das quais esses centros e organizações foram - e são - precisamente, o suporte. E ao fio desta última reflexão, quem sabe seria demais assinalar os perigos de dissolução (ou de petrificação, pois no caso dá no mesmo) que na atualidade espreitam a Maçonaria, já que é a todas luzes evidente que esta organização tradicional se tem visto submetida a uma paulatina extirpação da dimensão iniciática e esotérica de seus símbolos e seus ritos. E o que é talvez mais lamentável é que essa ação foi levada a cabo muitas vezes por maçons que não compreenderam que é precisamente graças a esses símbolos e ritos (revelados na origem e transmitidos ao longo do tempo) que a Ordem maçônica adquire seu pleno sentido, pois eles constituem suas senhas de identidade, o que tal Ordem é em si própria, e não poderia deixar de ser, a menos de seja para ficar totalmente desvirtuada e vazia de conteúdo essencial. Para que essa situação não chegue a ser irreversível, pensamos que se faz necessário que os maçons de espírito tradicional (isto é, aqueles que consideram que a Maçonaria pertence e é uma ramificação da Tradição Primordial e portanto uma via de realização do Conhecimento) restituam de novo o sentido cosmogônico e metafísico de seu legado simbólico-ritual, começando por considerar que a cadeia de união é, efetivamente, o "marco" celeste que delimita, separa e protege o "mundo da luz" do "mundo das trevas", o sagrado de o profano.
Além da corda com nós que rodeia a Loja e o quadro, existe um rito na Maçonaria que também recebe o nome de cadeia de união. Trata-se daquele que está constituído pelo entrelaçamento que formam as mãos, com os braços entrecruzados, de todos os integrantes da oficina, o qual, precisamente, tem lugar ao redor do quadro da Loja e dos três pilares da Sabedoria, a Força e a Beleza momentos antes de encerrar os trabalhos. Em primeiro lugar, há que se dizer que e a cadeia de união é um dos ritos maçônicos que mais diretamente aludem à fraternidade maçônica, a qual, de fato, está sustentada nos laços de harmonia e concórdia que ligam todos os maçons entre si. Daí o porquê de se denominar os nós da corda também de "laços de amor", pois o amor, entendido na sua mais mais alta significação, é a força que concilia os contrários e resolve todas as oposições na unidade do Princípio. Tal fraternidade representa, portanto, o próprio fundamento sobre o qual se apóia a própria organização iniciática e tradicional. Neste sentido, o entrelaçamento de mãos e braços configura uma trama cruciforme que evoca a imagem de uma estrutura fortemente coesa e organizada.
Mas este rito se realiza, fundamentalmente, para dirigir uma prece ou invocação ao grande Arquiteto, sendo nessa invocação onde reside seu sentido profundo e sua razão de ser. Por isso, prescindir da prece como sucede em muitas lojas atuais, pelo mero fato de ignorá-la ou por considerá-la um ultrapassado anacronismo, provoca inevitavelmente o empobrecimento do próprio rito, ficando este, como conseqüência, reduzido praticamente a quase nada. Não obstante, na antiga Maçonaria operativa, a prece e as invocações dos nomes divinos formava parte constitutiva do rito e dos trabalhos simbólicos; e precisamente ela se realizava na cadeia de união e ao redor do quadro da Loja, com o qual se confirma o papel verdadeiramente "central" que este último sempre desempenhou na Maçonaria.
De modo geral, a cadeia de união começa e termina no Venerável Mestre, e é ele, como a máxima autoridade da Loja, o que dirige a invocação ao grande Arquiteto. Vejamos a seguir um exemplo desta segundo é de uso ainda entre alguns Ritos maçônicos que seguiram conservando parte do legado operativo: "Arquiteto Supremo do Universo!; Fonte única de todo bem e de toda perfeição!; Oh Tú! Que sempre obrastes para a felicidade do homem e de todas Tuas criaturas; te damos graças por Teus paternais beneplácitos, e te conjuramos para que os concedas a cada um de nós, segundo Tuas considerações e segundo nossas necessidades. Espalhe sobre nós e sobre todos nossos Irmãos Tua celeste Luz. Fortifica em nossos corações o amor pelas nossas obrigações, a fim de observá-las fielmente. Que possam nossas reuniões estar sempre fortalecidas em sua união pelo desejo de Teu prazer e para fazer-nos úteis a nossos semelhantes. Que elas sejam para sempre a morada da paz e da virtude, e que a cadeia de uma amizade perfeita e fraterna seja sempre tão sólida entre nós que nada possa alterá-la. Assim seja".
Por conseguinte, e segundo se depreende desta oração maçônica, a união encadeada e fraterna se converte no suporte horizontal e psicossomático (terrestre), sobre o qual "descerão" - estimulados pela prece - os beneplácitos (bendições) da influência espiritual ou supra-individual -"Tua celeste Luz"-, possibilitando assim uma via de comunicação axial entre o céu e a terra, ou como se diz em linguagem maçônica, entre a Loja do Alto e a Loja de Baixo. Quer dizer que através da invocação o que se pretende essencialmente é a comunicação com as energias celestes (as Idéias ou atributos criadores do Arquiteto universal) cuja ação espiritual conformou - e conforma permanentemente - a realidade simbólica, ritual e m&ítica (ou seja, cosmogônica e metafísica) da organização iniciática. Ao mesmo tempo, no rito da cadeia de união se concentra a entidade coletiva constituída por todos os antepassados que realmente participaram na Tradição e seu conhecimento, e dos que se diz que moram no "Oriente Eterno" (a Loja celeste). Tal entidade se faz una em comunhão com seus herdeiros atuais, isto é, com os maçons que, havendo recebido e compreendido (na medida que for) a mensagem de seu legado tradicional, contribuem hoje em dia para mantê-lo vivo e atuante. Neste sentido, a cadeia de união também está simbolizando a cadeia iniciática da tradição maçônica (e por analogia a de todas as tradições), cuja origem é imemorial, como o é da mesma forma a mensagem que ela foi transmitindo ao longo do tempo e da história.
As individualidades, ou melhor, a idéia do individual e do particular que cada componente da cadeia pudesse ter de si mesmo, desaparece como tal para formar um só corpo que vibra e respira a uma própria cadencia rítmica. A cadeia de união cria assim um círculo mágico e sagrado onde se concentra e flui uma força cósmica e teúrgica que assimilada por todos os integrantes lhes permite participar do verdadeiro espírito maçônico e de sua energia salutar e regeneradora.
Não é então de se estranhar que durante o transcurso do rito da iniciação, o neófito receba simbolicamente a "luz" integrado na cadeia de união, o que é perfeitamente coerente em uma tradição na qual o rito e o trabalho coletivo desempenham uma função eminente como veículos de transmissão da influência espiritual. Tradução: Sérgio K. Jerez