quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

SOBRE O INTOLERÁVEL


MARCOS ROLIM
Jornalista e sociólogo
Todo projeto para uma vida que valha a pena ser vivida envolve um limite para o convívio social. Aquilo que, por diferentes razões, nos parece intolerável _ e que, por isso, excluímos do respeito à diferença _ é conformado culturalmente. Nos Estados laicos, o intolerável é fixado pela lei penal. Nas teocracias, entretanto, este limite é definido pela fé. A separação entre Estado e religião _ a laicidade _ é fenômeno moderno que pressupõe a convivência entre crenças e descrenças. Entre nós, o intolerável é matéria terrena, portanto, circunscrita às disputas políticas cuja substância é o debate público. Neste espaço criado pelos humanos, e só por eles, os argumentos devem transitar livremente e até mesmo a recusa ao pensamento tem seus direitos. O que importa reter é que nada é mais estranho às democracias modernas que a ideia de “verdade”. Pela simples razão de que a verdade a que podemos chegar é sempre a expressão de um compromisso que se sabe provisório, porque modificado na história _ não raro, radicalmente. O que define, aliás, não apenas o espaço da pólis, mas o percurso mais importante do conhecimento, aquele construído pela ciência. A verdade científica, afinal, é aquela que existe “na temperatura de sua própria destruição” (Morin).
Nos fundamentalismos (em todos eles, bem entendido), a verdade é concebida como “revelação”. Entre os muçulmanos, o pressuposto aparece em estado puro na “inlibração”, palavra que designa a incorporação de Deus em livro incriado; que existiria desde a eternidade. No Alcorão está a palavra de Deus (em árabe, claro). “Islã”, não casualmente, significa “submissão”. Nessa circunstância, criar é ato imprudente e uma charge pode ser ofensa a tratar com fuzis. Os que “não são Charlie” e pedem “respeito” às religiões não se dão conta de que o respeito em falta é exatamente aquele desconhecido pelos fundamentalistas. Em nossa ordem jurídica, assim como na França, a blasfêmia é um direito. Ainda bem. Não fosse isso, estaríamos queimando bruxas e torturando hereges até hoje. Os jihadistas escolheram o intolerável, mesmo sem vinganças clamando dos céus como na Nigéria. Por isso, não se trata de “politizar” o fenômeno do terrorismo, estigmatizando os muçulmanos (como o faz a extrema-direita europeia), ou apresentando-o como um resultado da opressão (como o repete determinada esquerda). O desafio é o de efetivar o pacto dos direitos fundamentais, para sociedades mais justas, reconhecendo o intolerável como um limite para além do qual as democracias reservam vagas em suas prisões.
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/01/17/artigo-sobre-o-intoleravel/

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O TEMOR E O HUMOR


PERCIVAL PUGGINA
Escritor
O ataque à revista Charlie Hebdo foi mais uma entre milhares de ações violentas praticadas por fanáticos muçulmanos contra “infiéis” de outros credos e, principalmente, por muçulmanos contra muçulmanos. No momento em que escrevo, a contagem de tais atos, iniciada depois do ataque às Torres Gêmeas, registra 24,8 mil eventos. À chacina do Charlie, já se somam outros seis atentados no Paquistão, na Nigéria, no Líbano, no Afeganistão, no Egito e, novamente, na França, no dia 9.
Obviamente, entre 1,5 bilhão de muçulmanos, é pequena a parcela de fanáticos violentos, jihadistas, dispostos a passar o resto do mundo na espada. No entanto, o mundo está apreensivo. A numerosa concentração de chefes de Estado e de governo nas manifestações de Paris mostra que estamos diante de algo alarmante. Por isso, quero lembrar que, antes de ser um problema mundial, o terrorismo e o fanatismo islâmico violentos são, sobretudo, um tema para o islamismo, tanto quanto o nazismo foi tema para os alemães, antes de se tornar problema internacional. Religião alguma deve se prestar a uma cultura de intolerância e violência! Não é de causar surpresa, portanto, diante dos fatos que estão em pleno desenvolvimento e motivando insistentes matérias jornalísticas, que já se possa identificar a existência de um temor ao Islã. Não é inteligente nem sensato negar o óbvio. O mundo sabe. O terrorismo é o mal do século. E o medo cria reações irrefletidas ou insanas. Quem pranteia ou desfila pelos milhares de vítimas silenciosas do Boko Haram?
Reflitamos, agora, sobre a criminosa e repugnante execução dos jornalistas, artistas e humoristas da Charlie Hebdo. Seres humanos foram friamente fuzilados para “vingar a honra do Profeta”. Diante do ocorrido, uniram-se, com razão, as vozes do mundo num coro multilíngue, ecumênico e pluriétnico em favor da vida e da liberdade de imprensa, destacados valores da civilização ocidental. Não esqueçamos, porém, que o humorismo da revista, com frequência, é grosseiro, desrespeitoso e de mau gosto. Comete injúria religiosa, como quando representou graficamente o Pai, o Filho e o Espírito Santo em atos de sodomia. Há diferença entre a blasfêmia privada, para ofender a Deus, e a blasfêmia publicada para ofender a sensibilidade religiosa das pessoas. O ataque à revista tornou oportuno exaltarmos a liberdade de criação e de imprensa como apreciadíssimo valor da nossa cultura. Mas é bom lembrarmos _ sem relação nem proporção entre causa e efeito _ que o respeito aos demais, a seus valores, crenças e etnias é, também, um valor da civilização ocidental.
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/01/17/artigo-o-temor-e-o-humor/

domingo, 18 de janeiro de 2015

SOU CHARLIE TAMBÉM AQUI


FLÁVIO  TAVARES
Jornalista e escritor
A engrenagem do fanatismo mórbido é simples e linear, por isto se propaga como chama em palha seca e chega ao que chegou nas tragédias do Charlie Hebdo e do mercado judaico de Paris. Surge da cegueira deformante do “pensamento único” e mata como se a matança fosse festim divino. É o oposto do humanismo. Em vez de criar ou fazer nascer (para que todos usufruam do novo), destrói, como se o ódio estivesse acima da própria vida. Por isto, os tais “fundamentalistas islâmicos” soterram os fundamentos de todas as filosofias ou religiões, incluído o Islã. Depois de matar, se entregam eles próprios à morte, na ilusão fanática de que serão “mártires” e, no Paraíso, usufruirão do hímen de 70 mil Virgens, como diz o Corão.
O fanatismo esconde, também, a repressão amorosa e erótica do mundo islâmico. Numa sociedade machista, de casamentos arranjados e sem amor, a beleza do erotismo e do desejo fica inconscientemente confinada à “vida após a morte”, numa interpretação cega da metáfora do livro sagrado. E matar leva a ser morto para se tornar “mártir” e, logo, reviver desnudo num motel eterno no céu…
Na França e toda Europa, milhões de muçulmanos imigrados do mundo árabe sofreram um choque cultural profundo. Desconheciam o direito a dissentir e a opinar livremente. Imigraram em busca de trabalho e no trabalho são europeus. Mas na rua, as mulheres usam véu ou escondem o rosto na “burka”. De fato, não se adaptaram à Europa. Ao contrário, a Europa adaptou-se a eles. E, agora, são eles que buscam mudar o estilo de vida da sociedade que os acolheu.
O choque de culturas torna agudos os conflitos, atropela e embrutece ainda mais o fanatismo religioso fundado na “verdade única”. E sair de um labirinto é mil vezes mais difícil do que entrar. Nisto consiste a tragédia e o desafio.

***
No Brasil, nossos fanáticos mórbidos são de outro tipo. Não invocam a Alá, mas continuam a viver na cegueira do “pensamento único”, saudosos dos tempos da ditadura direitista.
Nesta semana, completaram-se 30 anos da escolha de Tancredo Neves à presidência da República, que abriu caminho à retomada da liberdade na sociedade brasileira, esboçada (ou iniciada) no governo do general João Figueiredo. Sabemos o que veio depois, de bem e de mal, e não o repetirei. A verdade, porém, é que o golpe de 1964 nos levou a um labirinto do qual levamos 21 anos para achar a saída. E, ao encontrá-la, estávamos tão desabituados à luz do sol que a claridade do livre debate cegou a muitos. Quando se está no escuro ou de olhos fechados, a luz feérica nos faz cegos e voltamos a ver com dificuldade. Assim, nestes 30 anos nos salvamos da cegueira mas ficamos míopes.
Enxergamos pela metade, por exemplo, ao ver e ouvir aqueles torturadores dos tempos da ditadura contando à Comissão Nacional da Verdade como seviciavam, matavam e, logo, faziam desaparecer os corpos dos opositores em fornos de usinas ou em alto mar. Orgulhosos, diziam “cumprir ordens”, repetindo palavras do nazista Eichmann ao tribunal que o julgou pelo Holocausto.

***
O fanatismo é cego e se nutre da simulação. Os nostálgicos do horror não veem que a ditadura simulava tudo. Num tempo em que os abismos sociais cresciam, o “crescimento do país” era o crescimento do tumor da dívida pública. Lá começou o gigantesco endividamento externo e interno do qual não nos livramos até hoje. Neste 2015, o Orçamento Federal reservará 1 trilhão e 400 milhões de reais tão só para juros e amortizações da dívida pública. A soma corresponde a 47% de tudo o que os escorchantes impostos arrecadarão.
Os grandes bancos tornaram-se novo deus da “verdade única”, decidindo quem pode ou não pode entrar ao Paraíso e lá desfrutar das 70 mil Virgens. Depois, é claro, de matar na Terra todos os infiéis!
Por tudo isto, sou Charlie. Mas sou Charlie também aqui.
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/01/17/artigo-sou-charlie-tambem-aqui/

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SOBRE O "MÉTODO MAÇÔNICO" II

 (imagem proveniente de Google Images)

Um pouco por todas as correntes do pensamento humano, a “dúvida” sempre esteve presente e como tal foi precursora de Conhecimento. Se nos casos dos Racionalistas e Existencialistas, a dúvida foi a “catalisadora” do ato de pensar, nas correntes Positivistas, Cepticistas e Empiristas da Filosofia foi mesmo a base do próprio pensamento. E se “pensar” é a base do Método Maçónico, a “dúvida” é um dos instrumentos pelos quais este método pode ser aplicado. 
Não apenas duvidando por duvidar, ou questionando apenas por questionar. A dúvida ou a questão, terão sempre um motivo, um“porquê?”. 

Aliás, já o maçom e livre-pensador Voltaire (François Marie Arouet de seu nome e que viveu entre 21/11/1694 a 30/05/1778) afirmou que “a dúvida foi transformada num método de conhecimento”. 
E foi de certa forma, aplicando esta premissa, que o Homem foi impulsionado a evoluir. 
Ao se duvidar (de algo), cria-se a vontade ou necessidade de se agir, de procurar, de pensar. Não bastará aquilo que nos é apresentado, mas pretender-se-á mais qualquer coisa, nem que seja para complementar, cimentar ou até negar aquilo que já existe.

O Homem ao longo da história tendo a dúvida e o desconhecido como ponto de partida, levou-o a que inúmeras vezes fosse obrigado a sair da sua “zona de conforto” para obter o conhecimento ou as respostas que ambicionava ter. Ter este tipo de atitude permitiu aos pensadores do período iluminista da nossa história, questionarem os ideais e dogmas da sua época e fomentarem então o livre-pensamento.

Nesses tempos, o Homem sentia-se refém dos dogmas  que lhe eram apresentados e que os mesmos  quando aplicados ortodoxamente lhe cerceavam a sua liberdade pessoal. E na sequência de um período renascentista, em que floresceram novas ideias que tornavam o Homem no centro de tudo (a figura do “Homem de Vitrúvio” de Leonardo da Vinci é um bom exemplo disso) e também no seguimento de um período inquisitorial que deixou várias baixas nas mentalidades que se consideravam mais avant-garde ou fora do status quo contemporâneo, houve quem sentisse que o mundo necessitava de mudar, e mudar para algo de diferente daquilo que existia.

Já não bastava ao Homem olhar para cima, para Deus, e crer que tudo ocorreria mediante intervenção divina, mas que esse olhar deveria se virar para dentro, para o seu interior
O Homem sentiu que deveria ser ele a base de tudo, a “origem”, o “ponto no meio do círculo”, e essa sensação, essa necessidade de mudar,  criou novas formas de pensamento, novas formas de olhar as coisas, algumas das quais muito diferentes das que existiam nesses tempos, nomeadamente no que toca a direitos e garantias do Ser Humano. 

Hoje em dia, temos a certeza que após os “ventos iluministas” que passaram e que criaram algumas “tempestades” por esse mundo fora, a sociedade como se conhecia mudou e evoluiu bastante e para melhor. Hoje o Homem pode fazer quase tudo aquilo que anteriormente lhe estava vetado, quer fosse por lei quer fosse pelo modus vivendi da época. 
O Homem atualmente é detentor de vários direitos e garantias no que toca à sua liberdade pessoal. Na generalidade dos países (falo assim, porque em pleno século XXI a liberdade ainda é limitada em alguns locais) o Homem pode falar abertamente e expor as suas ideias, pode reunir para debater e também lhe é possível se manifestar pelo que considere válido e que seja mais útil à sociedade em que está inserido. E isso tudo apenas foi possível porque existiu gente que pensasse, que questionasse e principalmente que duvidasse. E no meio dessa gente, encontravam-se os maçons.

E os maçons ao absorverem os ideais renascentistas e posteriormente os ideais iluministas, sentiram também que a “dúvida” poderia ser o ponto de partida para que pudessem evoluir também. Uma vez que se o homem era o “centro” de tudo, o que existiria para lá do seu “corpo”, das suas “fronteiras”, seria de certa maneira, desconhecido ou por descobrir. E foi nesse momento, em que os maçons passaram a especular (duvidar/questionar), que se criaram as condições para serem constituidas as “fundações” da Maçonaria atual, designada por Maçonaria Especulativa.

Desse modo, os maçons deixaram de construir fisicamente para passarem a construir filosoficamente tendo como utensílios principais do seu trabalho o seu pensamento, os seus novos ideais, o debate de ideias, partindo das suas dúvidas e ansiando por mais conhecimento. E isso foi concretizado, porque gradualmente através da incorporação dos pensamentos racionalistas e positivistas na doutrina maçónica, foi possível alcançar aquilo que atualmente ainda é dado a vivenciar nas lojas maçónicas. Refletindo, analisando e debatendo nas sua lojas maçónicas, os maçons de antanho propiciaram - e de que maneira!- o progresso da sociedade de então, não obstante ainda o continuarem a fazer nos dias de hoje.

Tanto que o facto de os maçons estarem entre aqueles que decidiram “pensar” e  que não ficaram retidos a dogmas ou ao receio da possibilidade de poderem perder a sua vida por usufruírem desse direito natural (pensar por si), tornou-os personas non gratas para algumas instituições que existem ainda atualmente, sejam elas corporativistas, religiosas ou políticas. Pensar diferente ou criar um ambiente propício ao livre-pensamento e ao debate de ideias ainda hoje causa alguns “amargos de boca” aos maçons. O livre-pensar tem essas consequências. Uma vez que os defensores de totalitarismos e de ditaduras sejam elas de que tipo forem ou até mesmo os apologistas da anarquia em si, nunca poderão “ver com bons olhos” uma fraternidade constituida por quem assume que pensa e que principalmente duvida daquilo que lhe é apresentado de qualquer forma, sem justificação prévia e sem que tenha interesse para a generalidade dos povos.

Por isso é que nada é pior para o ser humano do que ter uma “atitude de carneiro”, uma atitude seguidista, de agir apenas somente porque sim ou porque os outros assim o fazem, sem se analisar os “porquês?” e os “comos?” deste mundo, assumindo desta forma as consequências de uma atitude que uma grande parte das vezes pouco lhe será a mais favorável ou a que melhor o servirá.
- Não pensar acarreta sempre custos - . 
E por mais “doloroso” ou difícil que esse processo possa aparentar ou por maior prejuízo que se possa assacar ao modo de pensar, será sempre mais relevante para a humanidade o Homem usar a sua “cabecinha” e pensar por si do que deixar que outrem o faça por ele. 
E mesmo que se pense de forma diferente da generalidade, tal não será importante porque por vezes na diferença e/ou valorizando esta diferença, está o caminho para o conhecimento. 
- Quantas vezes não estivemos certos de algo e depois acabámos por constatar que aquilo que era diferente ou que divergia do nosso raciocínio era na realidade o que estaria correto?!-

Assim, é possível considerar-se na prática, que o método maçónico é um método de questionamento que apesar de poder ser usado de um modo muito amplo na Maçonaria, se for aplicado de uma forma mais estrita, será sempre no sentido de uma auto-análise e busca interior que o maçom fará per si e que o levará através de uma senda espiritual que lhe proporcionará em última instância uma redescoberta de si mesmo.

Questionando(-se), debatendo, aprendendo, compreendendo, modificando(-se) e partilhando o que se sabe; em suma, aplicando o método maçónico, será para os maçons mais uma forma de poderem trabalhar no seu auto-aperfeiçoamento. E mesmo que não o consigam executar na sua plenitude, pois pode sempre supor-se tal como utópico, quem viver desta forma sentir-se-á sempre realizado e grato pelas conquistas que vier a alcançar ao longo da sua vida, pois as mesmas foram conseguidas com o seu esforço, com o seu sacrifício, com a sua dedicação, mas que principalmente foram obtidas com ou através do seu “pensamento”!

Autor: Nuno Raimundo
Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

MÉTODO MAÇÔNICO

(imagem proveniente de Google Images)

Muito se fala e especula sobre o que é e o que será o tão propalado “método maçónico”.
Ele não é mais que um método de busca, estudo e aprendizagem que auxilia o maçom ao longo da sua vida.
Tal como outros métodos de estudo ou de vida, ele não é melhor nem pior, mas é o que o maçom utiliza.

O maçom através da sua busca incessante de informação/conhecimento, a procura da dita “Luz”,o leva a questionar os motivos, as razões, os porquês….
“O que é?”, “O que será?”,“O porquê?” e “Para que serve?” são para os maçons, tal como para os profanos, a base do caminho de suplantação das suas dúvidas, sejam elas mundanas ou mais elevadas
Ele nunca se irá prender a sofismas e dogmas irrisíveis ou inclusive a cepticismos vãos que o levarão a um caminho de busca sem fim ou qualquer retorno palpável. 
Ele mesmo, através do seu empenho e trabalho, combate os dogmas instalados sem que tenham razão aparente para existirem. Ele debate, questiona, aprende, e principalmente procura as razões para tal… Nunca se ficando com “é assim porque tem de ser…”. Tal afirmação e suas semelhantes não lhe servem como respostas para as suas dúvidas. Ele quer mais… E por isso procura! E faz!

Tal como as três afirmações bíblicas, muito usadas por várias correntes esotéricas (a Maçonaria é uma delas) “ Bate e ela se abrirá… Procura e acharás… Pede e receberás…”, é através dessa busca e desejo de conhecimento que o maçom até ao fim dos seus dias será impelido a trabalhar e estudar de forma empenhada, nunca ficando contente ou satisfeito com o que vai obtendo. Ele quer mais e procura/faz por isso! E é essa atitude de não resignação, de “nunca baixar os braços”, que é fundamental para o método maçónico.

“Se tens dúvidas, trabalha para as combater”… Este podia ser um mote de incentivo ao maçom, tal como tantos outros que existem e que guiam ou incentivam o maçom ao longo da sua vida.
-Por isso, sempre que alguém ouvir falar de um eventual método maçónico, saberá à partida que se trata de um método de trabalho e não algo de conspirativo como algumas mentes mais “conspurcadas” ou menorescomo eu as considero, tentam fazer acreditar.-

O maçom ao longo da sua caminhada, tem uma atitude pró-ativa. Isto é, ele não é uma pessoa de se encolher, de ficar de braços cruzados sem nada fazer. Ele estuda, trabalha, debate, ensina. Nunca se ficando pelo que obtém nem o tomando como garantido. 
Tudo na vida é transitório, uma espécie de devir. E como tal, apenas tendo atitudes que visem obter evolução pessoal, progressão cultural, entre outras…, é que o maçom se poderá afirmar entre os demais.

 Hoje em dia já não basta ao maçom ser reconhecido pelos seus irmãos como tal, ele deve ser reconhecido pelos outros como tal. Um Homem Livre e de Bons Costumes!
E para se ser um Homem Livre e de Bons Costumes, ao maçom não lhe servirá apenas ser alguém com uma moralidade acima da média, ou que apenas pratique a caridade e a solidariedade com o próximo. 
É através do conjunto destas e de outras qualidades, que o maçom desenvolve o seu método pessoal de vida. O Método Maçónico é também isso. Uma forma de viver
E é também partilhando essa forma de estar com os demais, que ele aprende, se cultiva e se informa. Tudo o que ele adquirir no percurso dessa caminhada, não será apenas dele, será também de quem o rodeia. Pois apesar de o maçom trabalhar a suapedra bruta, ele não o faz de forma solitária. Ao seu lado estarão sempre os seus irmãos, que lhe servirão de amparo e o conduzirão no rumo certo, e que ele por sua vez, também ensinará e amparará quando assim tiver de o fazer.

Por isso, não só na sua Loja Maçónica, no seu Templo, deve o maçom trabalhar tanto para ele bem como para os demais, mas acima de tudo, deve ele no mundo profano manter essa conduta. Pois os ganhos adquiridos, os tão profanos “lucros” serão para a comunidade, porque o Maçom não busca distinções no que faz. Faz e assim continua a fazer… Para o bem comum!
E quanto mais rápido ele interiorizar essa ideia na sua mente, mais facilmente progredirá como pessoa, o tal “aperfeiçoamento moral”, tão caro à filosofia maçónica.

E se o Homem não deseja progredir, anda cá na Terra a fazer o quê, realmente?
A ver os dias a passar?!
E porque não tornar esses dias mais agradáveis para a generalidade?

Essa é também uma das obrigações do maçons; e para tal, como pode alguém contribuir para um mundo melhor, se não partir de si, a vontade de se tornar em algo melhor…
O método maçónico serve para isso, exclusivamente!

Autor: Nuno Raimundo
Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/