terça-feira, 22 de dezembro de 2015

NOSSA GRANDE FAMÍLIA

A reencarnação nos oportuniza incontáveis vivências nas diversas regiões do nosso planeta. Se hoje estamos vivendo no Brasil, os nossos “ontens” poderão ter sido em alguma localidade no Oriente, como também na Europa, África ou, quem sabe, na América. Viajantes do mundo em algum momento na escala do tempo, deixamos a nossa marca, ou no mínimo, um túmulo onde estão os restos de um dos nossos paletós de carne.
Neste ir e vir no plano físico, experimentamos diferentes culturas, raças, religiões. Fomos formadores de tribos, reinos, nações, e tudo o que vivenciamos de bom ou de ruim ficou gravado no arquivo cósmico.
“Sob o céu, uma só família”, afirmou Confúcio.
A Terra é a nossa casa e a humanidade a nossa grande família.
A partir desta grande família, formam-se pequenos e médios grupos, que por afinidade energética ou cármica, se unem, criando pequenas células que também designamos de família.
Então, temos a família carnal ou de sangue, a família constituída por funcionários de uma empresa, a família da nacionalidade, a família de amigos, a família espiritual que podemos chamar de família de santo ou de terreiro, família evangélica, dependendo da religião e tantas outras denominações de famílias.  O conjunto destas pequenas células familiares formará a grande família: a HUMANIDADE.
A diversidade é a característica que impera em todas as famílias, inclusive na humanidade, e se apresenta como caminho libertador. Só poderemos alcançar este caminho quando olharmos para o outro com sentimento de aceitação. Para cada vivência, cada momento ou relacionamento, eis a oportunidade para atingirmos o aperfeiçoamento moral, através da tolerância, do amor ao próximo, do altruísmo e tantos outros sentimentos nobres.
Somos todos irmãos, pois somos filhos do mesmo Pai. Este mesmo Pai que possui diversas designações, próprias da diversidade. Sendo irmãos, devemos agir como tal. Portanto, a prática de valores que resultarão em cooperação, compartilhamento, responsabilidade e serviço ao bem comum. Agindo assim: aceitando a diversidade - como irmãos e não como inimigos.
O meu entendimento, a minha verdade é superior da tua? A intolerância toma força e homens e mulheres de boa vontade serão fatores decisivos para que uma nova postura de humanidade possa nascer.

O Natal está chegando juntamente com a passagem de um novo ciclo marcado pelo calendário. Que chegue 2016, vibração de Oxalá e Iemanjá! A paz, a condescendência, a união entre as diversas famílias. Desejo que a pomba da paz, a pomba de Oxalá esteja vibrando em cada Ori de quem lê este post.
Daisy Mutti Teixeira, MM.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O DEVER, CAMINHO PARA A REALIZAÇÃO

Os maçons falam muito de Dever. É natural. O aperfeiçoamento individual a que se dedicam implica, inevitavelmente, que identifiquem o que têm a corrigir e definam como fazer a correção, isto é, o que se deve fazer para melhorar.


O caminho do maçom não é uma avenida de direitos, é uma vereda de deveres a cumprir. Mais: um conjunto de deveres que o maçom escolhe cumprir.

Na ética maçónica, em primeiro lugar vem a obrigação, o cumprimento dos deveres - só depois se atenta nos direitos. Porque o caminho é este, não há constrangimentos nem vergonhas na reclamação ou no exercício dos direitos, porque se interiorizou que estes são o reverso correspondente aos deveres que se cumprem. Assim, o cumprimento do dever é preâmbulo do exercício do direito - nunca o oposto.

Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comummente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas, é, no entanto, a mais consistente com as caraterísticas da espécie humana - as caraterísticas que nos permitiram evoluir, descer das árvores, deixar de ser meros caçadores-recoletores, nos possibilitaram aprender a produzir o que necessitamos para consumir e até mais do que aquilo que necessitamos, enfim, o que nos fez chegar, como espécie, ao estádio atual (no melhor e no pior...) e nos fará, creio-o firmemente, evoluir sempre mais e mais.

Ao contrário do que se possa levemente pensar, desde a mais tenra infância que o bicho-homem valoriza mais o que deve fazer, o que esforçadamente conquista, o que trabalhosamente obtém, do que aquilo que recebe sem esforço, fonte porventura de prazer imediato, mas arbusto sem raiz sólida para segurar o interesse por muito tempo. Todos aqueles que educam crianças verificam que, ao contrário do que as próprias julgam, elas não apreciam tanto assim - e, no fundo, temem - a liberdade total, a possibilidade de fazerem o que querem, quando querem, como querem. Se isso lhes for temporariamente possibilitado, poderão extasiar-se perante a ausência de limites, mas não tarda muito que procurem o aconchego, a segurança, a certeza das fronteiras, dos limites, das restrições - contra as quais tanto refilam, mas que tão securizantes são. Afinal de contas, quando não há limites, como se pode transgredir? Como se pode forçar barreira inexistente para ir além dela? E o crescimento, a evolução humana, da criança como da espécie, é feito de transgressões, de ultrapassagens de barreiras, de partidas para o incerto apenas possíveis porque se sabe que, se e quando necessário, se pode recuar e voltar para o certo e seguro...

dever é, pois, essencial para a espécie humana. Para o cumprir e, por vezes, para o transgredir, aceitando os riscos e as consequências, mas também buscando o além para lá do horizonte...

Os direitos possibilitam-nos satisfação e conforto, mas são redutores, limitadores, meras pausas agradáveis, obviamente necessárias, mas afinal fatores de simples manutenção, não de conquista ou avanço. Os direitos gozam-se e, ao gozarem-se, fica-se - não se vai, nem se avança. É no cumprimento do dever, com o esforço e o custo que isso necessariamente implica, que se avança, se conquista, se constrói, se vai além.

Gozar os direitos é obviamente bom e agradável. Mas, bem vistas as coisas, cumprir os deveres, ainda que  tal implicando trabalho, custo, esforço, é melhor. Porque no fim do cumprimento do dever acaba por estar sempre um prémio. Por vezes de simples, mas saborosa, satisfação. Outras vezes com vitórias, com prazeres, com ganhos que não se teria se se tivesse mantido no simples gozo dos direitos que já se tinha, sem mais nada fazer. A áurea mediocridade pode ter brilho - mas não deixa de continuar a ser mediocridade...

Os maçons falam muito do Dever, dão atenção aos seus deveres, cumprem os seus deveres. Não por serem masoquistas. Pelo contrário: por entenderem que é assim que conseguem realizar-se. E a realização pessoal é mais do que meio caminho andado para a felicidade...


Rui Bandeira
Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2013/11/o-dever-caminho-para-realizacao.html

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

NINGUÉM É MAÇOM, SOMOS RECONHECIDOS COMO TAL...

Um dos grandes dilemas maçônicos é saber se podemos nos intitular maçons (sou maçom!) ou se essa afirmativa não nos pertence e só pode ser feita por outro maçom.
De fato, temos uma visão míope de nós mesmos. Tendemos a uma hipervalorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro… Explico melhor, fomos educados em um sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro. Tendemos ao comparativo e, assim, nos sentimos mais ricos quando vemos mais pobres, sentimo-nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.
Ocorre que, por vezes, nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos nossa imagem refletida em um espelho. Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…
Mas, por vezes, forçamos a barra e influímos na imagem do espelho, ou pelo menos no que ela está nos revelando. O feio se torna belo e assim por diante.
Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.
Claro, sempre se pode invocar o formalismo. Sou maçom porque fui iniciado. Sou maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. … Mas isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?
O que é ser maçom? É somente ter sido iniciado? Não implica mais nada?
Desde meus tempos de aprendiz escuto um trocadilho muito usual em nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades em um não iniciado: “é um maçom sem avental”…
Por certo, ser maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.
Também reverbera em meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos agora que, assim como você entrou para a Maçonaria, deixe que ela entre em você, em seu coração e atitudes…”
Minha angústia, que motiva essa reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia de nossos métodos “maçônicos” em muitos de nós. Não raro vemos Irmãos colados no grau de mestre, mestres instalados e, até no grau 33º, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagônicas ao que se desprende de nossas alegorias e símbolos.
Bem sei que deveria estar preocupado, acima de tudo, com a minha pedra bruta, evitando reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isso está se tornando impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não dá para “tapar o sol com a peneira”. Empresto aqui voz há muitos que têm se chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.
Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume de seus progressos na Maçonaria são os graus colados… ser grau 33º em seu rito, ser mestre “instalado”, estar autoridade maçônica e assim por diante, deixando a humildade, a fraternidade, o carinho e as virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.
Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.
Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem em suas esposas, filhos e familiares.
Abatem-me as disputas para saber quem é mais maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.
Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior de suas práticas profissionais para o seio das Lojas. Estive em Lojas onde me senti como em um tribunal de justiça, onde se fazia de tudo menos aquela egrégora gostosa de estar entre Irmãos. Todas as palavras eram medidas com cuidado, os pronunciamentos eram cheios de erudição jurídica, menos maçônica. A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”…
E o que falar dos Irmãos entendidos em política. Raro é os ver apresentando um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçônico… a tônica é uma só: política.
Voltemos então ao fulcro desta reflexão: sou maçom ou sou reconhecido como tal? O que significa ser reconhecido como maçom?
O que ou quem é o maçom? Há algo que o diferencia de outro ente?
Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçônica teremos uma visão superidealizada do SER MAÇOM. Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários. Mas no convívio, no dia a dia, se desfaz essa visão do super-homem. Eu, pelo menos, nunca o encontrei entre nós, não na forma idealizada. Muito menos em mim mesmo…
Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano. De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direção ao autêntico “ser maçom”. Está na hora de sermos maçons.
Reconheça que você não é o centro do universo!
Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!
Reconheça que graus de nada servem se seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau 1 (pedra bruta)!
Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima de seus Irmãos!
Reconheça que tem pesquisado, estudado e refletido muito pouco em nossos símbolos, alegorias e ritualística!
Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que estão sempre lá, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.
Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria! É na Loja que exercitamos o “submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria”. Não se iluda.
Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal de sua casa, terraço de seu apartamento, sala de seu trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.
Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.
Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma em seu interior e se manifestem em suas atitudes, não em meras palavras.
Deixe que o movimento da egrégora maçônica lhe tome a mente, o coração.
Deixe que a humildade aflore em suas palavras e ações. Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.
Por fim, receba seu prêmio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de MI ou 33º, mas, tão somente, uma ação: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!
"Somos todos luz, não é preciso tentar apagar a dos outros"
Publicado na Revista Universo Maçônico.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A “HIPÓTESE DEUS”

Não faz muito tempo que os cosmologistas começaram a aceitar a possibilidade de que o universo pode ser uma estrutura perfeitamente planejada e que ele está sendo construído de certo modo. A crença de que ele era estático e igual em toda parte passou a ser substituída pela ideia de um “ser” em constante evolução, onde as leis naturais funcionam como uma espécie de “constituição” reguladora desse processo. 
Nesse sentido, esses cientistas começaram até a considerar a possibilidade da chamada ‘Hipótese Deus”, admitindo finalmente a existência de uma Mente Universal na origem desse planejamento. Essas constatações tem sido facilitada pelos próprios métodos científicos utilizados por esses estudiosos em suas investigações, que mostram, na organização estrutural da matéria física, uma perturbadora semelhança com a organização do próprio universo em sua estrutura cósmica. Com essas coincidências, perfeitamente prováveis por medições científicas, já não é mais possível admitir, de pleno, que o universo seja regido unicamente por leis mecânicas, sem uma Vontade a organizar esse processo, como antes se admitia no meio científico. Laplace, por exemplo, dizia que Deus era uma hipótese perfeitamente desnecessária. Mas quando se olha a estrutura de um átomo e a estrutura de um sistema planetário, não se pode deixar de perceber a estreita semelhança entre as duas. É nesse sentido que a pesquisa da estrutura da íntimo da matéria tem revelado aos cientistas o segredo da constituição do universo, e nele cada vez mais se nota a presença de uma “Vontade” que o governa. 
Hoje se sabe que o universo é constituído de tal modo que é difícil, se não impossível, não pensar em uma ordem natural a gerir o processo da sua formação. Essa constatação é feita pelo fato de que se pode reconhecer, no processo de geração da matéria universal, a existência de três funções que seriam impossíveis de ser encontradas em uma ordem puramente mecanicista: a complexidade, que permite aos elementos componentes da matéria física se organizar em graus de complexidade cada vez maiores; a mutabilidade, que permite a mudança gradativa de suas composições e a perenidade, que admite a mudança de sua estrutura sem, no entanto, eliminar as propriedades particulares de seus componentes. Tudo isso só é possível na existência de um Sistema perfeitamente planejado, como bem o definiu Mallowe.[1]
Em um de seus mais interessantes trabalhos, o físico Stephen Hawking situa o início do tempo no momento de nascimento do universo conhecido, momento esse chamado de big-bang.[2] Assim, o tempo, para os cientistas, começou junto com o espaço, e por isso ele sempre é representado por duas linhas que começam em um ponto zero e se alongam na mesma proporção, em setas orientadas em duas dimensões: a dimensão do tempo, que nos faz pensar em eternidade e a dimensão do espaço, que nos faz pensar em infinidade.
       
Quando se começa a especular sobre esse tema, surge a intrigante pergunta: Se foi Deus que fez o universo, o que Ele era e o que fazia antes de começar a fazê-lo? Ele já existia antes disso? Ou Ele “nasceu” junto com o universo? 
     “Há cerca de 15 bilhões de anos”, escreve Hawking, “ todas (as galáxias) teriam estado umas sobre as outras, e a densidade teria sido enorme. Esse estado foi denominado átomo primordial pelo sacerdote católico Georges Lemaiter, o primeiro a investigar a origem do universo que agora chamamos de big-bang.” A partir desse momento, segundo essa tese, o universo, que estava contido nessa região extremamente carregada de energia, tornou-se uma imensa bolha de gás que nunca mais deixou de se expandir.[3]                                            
A Bíblia, ao registrar esse fato não é menos metafórica e misteriosa do que os compêndios científicos que procuram explicar como o universo nasceu. Ela fala que “no início Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia e as trevas cobriam a face do abismo.” E então, do meio ás trevas Deus fez sair a luz. E Deus viu que a luz era boa e por isso a separou das trevas.[4]
O texto bíblico parece sugerir que Deus já existia antes de começar a fazer o universo. Assim, Ele não pode ser o universo, como sustentam os adeptos do panteísmo, que identificam Deus com a sua própria criação, como se esta fosse algo capaz de existir por si própria.[5]
A Bíblia identifica Deus como “o Espírito que movia-se sobre as águas.” Expressão enigmática que nunca pode ser explicada a contento dentro da lógica comum, já que, se o mundo ainda era pura trevas e a terra era informe e vazia, que “águas” eram essas sobre as quais o Espírito de Deus se movia? Pois, ao que parece, elas já existiam antes de Deus separar a luz das trevas. Assim, a Bíblia nos dá uma identificação e uma ideia do que era Deus antes de começar o mundo: Ele era “Espírito”, seja qual for o significado que o cronista bíblico quisesse dar á essa expressão. Mas não responde á segunda pergunta: O que Ele fazia antes de começar o mundo?
Essas especulações se tornaram tão intrigantes que os próprios rabinos israelenses, produtores e comentadores da Bíblia, tiveram que quebrar a cabeça para responder á multiplicidade de perguntas que surgiram a esse respeito. Foi então que nasceu, entre os mestres cabalistas, a chamadaGrande Assembleia Sagrada, que se refere a um grupo de rabinos dedicados ao estudo da personalidade do Ser Supremo, sua natureza e seus atributos. Das especulações produzidas por esse grupo surgiu a chamadaSiphra Dtzenioutha, conhecido como o “Livro do Mistério Oculto”, parte mais misteriosa do Sepher há Zhoar, a bíblia cabalista. [6]

Para responder á intrigante pergunta de quem era Deus e o que fazia antes de começar a fazer o universo físico, esses estudiosos criaram os conceitos de “Existência Negativa” e “Existência Positiva” termos utilizados pelos cultores da Kabbalah mística para designar Deus “antes” e “depois” de fazer o mundo. Nesse sistema, Deus (Ain em hebraico), é visto como uma forma de "energia" que em dado momento expandiu-se para fora de si mesmo, tornando-se o universo material (Ain Sof Aur- אין סוף). Esse termo, na Kabbalah, significa Luz Ilimitada. É a luz que se espalhou pelo nada cósmico, dando origem a tudo que existe. Essa visão mística do nascimento do universo, expressa no Livro do Mistério Oculto (Siphra Dtzenioutha), é definida com a misteriosa frase “antes que o equilíbrio se consolidasse, o semblante não tinha semblante[7].
Aqui está inserta a estranha idéia de que antes de fazer o mundo, ou seja, antes de Deus manifestar-se como existência no mundo das realidades sensíveis, Ele já existia como potência, que embora não manifesta, já continha todos os atributos do universo manifestado. Ele já era todas as coisas, que viviam uma “existência negativa”, na qual a mente humana não pode penetrar justamente porque ela só pode conceber um plano de existência positiva, onde as ações podem ser identificadas e suas causas recenseadas.
Agora, como capturar uma realidade que está além da nossa capacidade de mentalização? Sabemos que ela existe porque suas manifestações emanam para o plano da realidade sensível e é causa de fenômenos observáveis e mensuráveis. Quem sabe definir o que é a eletricidade, por exemplo? Sabemos como ela se manifesta, como atua e até já aprendemos a usá-la para as nossas finalidades, mas o que ela é nenhum cientista, ou filósofo, até agora, ousou afirmar.
“Antes que o equilíbrio se manifestasse, o semblante não tinha semblante” é uma forma metafórica de explicar aquilo que a nossa linguagem não consegue articular num discurso lógico. Então os cabalistas recorrem á metáfora, ou ao símbolo, para dizer que a criação divina já existia antes de existir. Ou seja, antes que o universo adquirisse uma forma, ele já estava na Mente de Deus, como presença sem forma, sem nome, impossível de ser pensado pela mente humana. Era o próprio Caos primordial, no dizer dos filósofos gnósticos, que ao “vazar” para além de si mesmo adquiriu uma organização.  
Deus já era antes de ser o universo. Ou como diz Rosenroth “o universo inteiro é a vestimenta da Divindade: Ele não apenas contém tudo, mas também Ele mesmo é tudo e existe em tudo”. Essa é outra maneira de dizer que Deus, em sua Existência Negativa, é o “Espírito que se move sobre as águas” e na sua “Existência Positiva”, ele é o próprio universo.[8]
Outra visão dessa realidade pode ser posta em forma de analogia, seguida de um símbolo mediato. Os cultores da Kabbalah mística dizem que “Deus é pressão”, e que sua manifestação no mundo das realidades fenomênicas tem a forma de um círculo cujo centro está em toda parte e cuja circunferência está em parte alguma. Sabemos que todo círculo tem um centro e uma circunferência. O centro é o ponto de onde ele emana e a circunferência uma corda que o limita. Dizer que o centro do círculo está em toda parte e que sua circunferência está em parte alguma é falar de um espaço que não começa em ponto algum e não acaba em lugar nenhum, uma dimensão sem início nem fim. Ou como diz MacGregor Mathers, “ O oceano sem limites da luz negativa não procede de um centro, pois não o possui. Ao contrário, é essa luz negativa que concentra um centro, a qual é a primeira das sefiroths, manifestas, Kether, a Coroa.”  [9]

Assim, essa idéia da divindade supre a necessidade que a mente humana tem de situar um início para o universo e imaginar, não um fim para ele, mas uma finalidade. Destarte, a dimensão da Existência Negativa é um momento anterior á qualquer manifestação da Divindade no terreno das realidades positivas, ou seja, um estado latente de potência concentrada em si mesma, que em dado momento cedeu á “pressão” interna da sua própria potencialidade e “gerou a si mesmo”. Figurativamente, o big-bang seria o “parto de Deus”, o qual, simbolicamente poderia ser representado por um ponto dentro do círculo, como o faz Madame Blavatsky em sua cosmogonia da Criação.
Em analogia ao conceito bíblico de criação, poderíamos dizer que o big-bang dos cientistas equivale ao momento em que Deus “separou a luz das trevas”, ou seja, o momento em que o Grande Arquiteto do Universo “pensou” o universo, na tradição maçônica.
Essa é a base da formidável arquitetura universal que a inteligência dos sábios rabinos de Israel conceberam e que a sensibilidade mística dos espíritos que não se contentam em viver no estreito território que a linguagem lógica nos obriga a permanecer adotou. Entre estes estão os maçons espiritualistas, que veem na sua Arte muito mais do uma mera prática social derivada de uma tradição que incorpora ideias esotéricas.
 O conceito de que Deus é o Grande Arquiteto do Universo tem sido empregado em muitos sistemas de pensamento e o cristianismo místico o tem adotado em várias de suas manifestações. Ilustrações de Deus como o arquiteto do universo podem ser encontradas nas nossas Bíblias desde os primeiros séculos da Idade Média e tem sido regularmente empregadas pelos doutrinadores cristãos de todas as tendências.

São Tomás de Aquino, um dos mais respeitados filósofos da Igreja Católica, sustentou a existência de um Grande Arquiteto do Universo, que seria a Primeira Causa de todas as coisas. Por seu turno, João Calvino, um dos mais influentes divulgadores da Reforma Protestante, também se refere á Deus como sendo uma espécie de Arquiteto, pois seu trabalho de construção do universo material, o cosmo, e do universo espiritual (a humanidade em sua história moral) assemelha-se á construção de um grande edifício.[10]
Na Maçonaria, o termo Grande Arquiteto do Universo é uma metáfora que, na sua origem, tem inspiração cabalística. Era um termo aplicado á divindade pelos maçons operativos, construtores de catedrais e grandes obras públicas, que viam em Deus o autor dos planos estruturais do edifício cósmico e por analogia, da humanidade. Nesse sentido, o mundo físico e mundo espiritual eram construídos a partir de uma estratégia desenvolvida por Deus, que como se fosse um arquiteto, pensava os planos do universo e seus mestres (os anjos) e pedreiros (os homens) o construíam.
Essa era uma idéia extraída da interpretação cabalística da Bíblia, pois a Kabbalah vê o universo como se fosse um edifício sendo construído em dez etapas de manifestação da potência divina, que é simbolizada na chamada Árvore da Vida, ou Árvore Sefirótica, símbolo de extraordinário conteúdo esotérico, que se presta às mais diversas analogias e ilações, unindo a mística das antigas religiões do oriente com as modernas descobertas da física atômica.
O termo “Grande Arquiteto do Universo” também foi apropriado pela filosofia gnóstica, sistema de pensamento onde o Criador “gera” um casal real (Cristo e Sofia, o primeiro par de eons), a partir do qual a sabedoria (gnosis) é trazida para o mundo. Através da atuação desse “casal cósmico”, nascem os “eons” (anjos, para uns, arquétipos para outros) que orientam os homens em suas ações. Constrói-se assim, o mundo e o homem, com o Grande Arquiteto traçando os planos estruturais e seus agentes trabalhando para executá-los. 
Assim, o Grande Arquiteto do Universo, que os maçons, em sua linguagem simbólica, abreviam para G. '. A.' .D. '. U. '. , é o termo utilizado para representar Deus em seu trabalho de arquitetura cósmica. Os anjos são seus mestres supervisores e os homens seus pedreiros. Fecha-se, dessa forma, o círculo místico que explica a forma maçônica de pensar um começo do universo e abre-se, para todos os temas do seu catecismo, uma justificativa do porque a Arte Real os trata desse modo.
O G.‘.
 A.’. D.’. U.’., portanto, é um símbolo que representa a “Hipótese Deus” dos cientistas, pois somente através dessa ferramenta linguística a mente humana pode conceber realidades que estão fora do alcance da seu alcance lógico.  
Qualquer coisa, para ser entendida, precisa ter um começo. Deus é o começo. Não satisfaz ao maçom pensar nele como um ancião de barbas brancas, semelhante a um velho patriarca bíblico, que procura criar e manter sua família confinada ás tradições de um clã, nem se comunga, na Maçonaria, com a visão – por muitos chamada de científica – que vê a Divindade orientando um processo de criação que se assemelha ao trabalho de um pecuarista selecionando crias para melhorar a sua espécie. Ao contrário, aqui a idéia é a de que aqui estamos como funcionários Dele, construindo alguma coisa que Ele arquitetou. Por isso o maçom é o pedreiro da obra universal e Deus é o Grande Arquiteto do Universo. 
Destarte, para a Maçonaria, a Hipótese Deus já está suficientemente provada. 
 



[1] Eugene Franklin Mallove (1947 – 2004) The Quickening Universe  –St Martins Pr; 1º edition, 1987.
[2] Stephen Hawking- Uma Breve Históriado Tempo- Círculo do Livro, 1988
[3] O universo em uma casca de nóz, citado, pg. 22
[4] Gênesis, 1: 3
[5] O panteísmo é a crença de que Deus é a própria natureza e não se distingue dela como entidade. Nesse sentido, Deus(theos) é o “tudo”(pan), e só existe como um princípio, uma energia, que dá geração a tudo que existe, mas não existe independente desse tudo. Nesse sentido, Deus seria o próprio universo, com suas leis físicas e morais.
[6] Knor Von Rosenroth-  A Kabbalah Revelada- Madras, 2010
[7] Idem, pg. 65                                                                    
[8]  A Kabbalah Revelada, op citado, pg 63
[9] Citado por Dion Fortune- Cabala Mística, pg 36
[10] Institutos da Religião Cristã , 1536.

DO LIVRO KABBALAH PARA MAÇONS- NO PRELO
 

João Anatalino
Publicado neste blogue no uso da licença Creative Commons, constante no sítio da publicação original deste texto, http://www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=5439823.
Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

FÓRUM


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

VAIDADE


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

LOJA ABERTA


Nesta próxima quarta-feira, dia 30 de setembro, teremos a segunda Loja Aberta do ano. Os visitantes serão convidados a entrar no templo por volta das 20 horas. Chegue um pouco antes. Onde? Rua Barão de Tramandaí, 23, Passo D'Areia, Porto Alegre. Apareça!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

IGUALDADE, DIVERSIDADE E TOLERÂNCIA


Os maçons prezam a Igualdade. Esta está na matriz genética do que é a Maçonaria. Na Loja, todos são essencialmente iguais, mesmo que alguém dirija, alguém assista quem dirige, alguém ensine e alguém aprenda. Porque todos foram e potencialmente serão tudo, todos fizeram e potencialmente farão tudo em Loja. A dignidade da condição humana é exatamente igual em todos e cada um, quaisquer que sejam as suas habilitações, as suas aptidões, as suas realizações. Cada maçom está entre iguais quando está entre os seus Irmãos. Mais: cada maçom reconhece e preza a essencial Igualdade entre todos os membros da  espécie humana, independentemente de cores de pele, de nacionalidades, de crenças, de lugares ou de estilos de vida.

Os maçons prezam, também, e em igual medida, a Diversidade e o corolário desta, a diferença. Em Loja, é patente a riqueza advinda do confronto e da cooperação de diferentes experiências, capacidades, opiniões, formações. Por isso, não tiveram nem têm normalmente êxito avulsas experiências de criação de Lojas "monocolores", de médicos ou de músicos ou do que quer que seja, acumulação de experiências semelhantes que, por regra mais cedo do que tarde, se revela entediante e pouco apelativa. Os maçons aprendem e praticam o inestimável valor da diversidade, aprofundam o estimulante potencial da diferença. Cada um contribui com as suas valências, os seus saberes, os seus gostos, as suas experiências, em suma, com a sua individualidade, para enriquecer o grupo e os demais. E cada uzm aprende, enriquece-se, com o que depara de diferente, com diversos pontos de vista que lhe aguçam e estimulam o intelecto e o espírito crítico.

A  Igualdade não pressupõe, não se faz, de similitude. A Igualdade aceita, resulta, da multitude de diferenças que existem na Diversidade.

A Tolerância é a ferramenta que harmoniza a Igualdade e a Diversidade. Entender que os nossos iguais não deixam de o ser porque pensam diferente de nós, aceitar que as diferenças de aspeto, de cor de pele, de experiências, de culturas, não afetam a essencial Igualdade da natureza humana, expressa na individualidade de cada um, é a natural postura que permite, mais do que possibilitar, mais do que meramente compatibilizar, efetivamente rentabilizar a Diversidade existente na Igualdade. Por isso a Tolerância não emerge de qualquer sentimento de pretensa superioridade do que tolera em relação ao tolerado; pelo contrário, a Tolerância pressupõe, enraíza-se, cresce a partir da noção de que o outro é essencialmente igual a mim e acessória e inevitavelmente apresenta diferenças em relação a mim. Diferenças que é estulto julgar, catalogar ou, pior, ridicularizar ou ostracizar; pelo contrário, diferenças que me enriquecem na medida em que as considerar, com elas aprender, integrar nos meus saberes, nas minhas posturas, na minha individualidade - que, por natureza, é diferente de todas as demais... 

A Igualdade é o campo que cada ser humano tem em comum, o solo que todos pisamos, a terra que a todos nós molda. A Diversidade são as diferentes culturas que sobre essa terra comum se semeiam, granjeiam  e, a seu tempo, se colhem, todas diferentes, todas importantes, apesar das suas diferenças, afinal devido às suas diferenças. A mesma terra dá o cereal de que se faz o pão, cria o fruto de que se fabrica o vinho, desenvolve o algodão de que se faz tecido. A Tolerância é a alfaia que trabalha a terra e semeia, granjeia e colhe as culturas.

A essencial Igualdade de todos os seres humanos é uma indispensável base com um inestimável potencial, concretizado numa miríade de diferenças que constituem a formidável riqueza da Diversidade. A Tolerância é o meio pelo qual se aproveita o potencial e se cria a riqueza, a forma como, assumindo a comum base de partida, se propicia a inestimável infinidade de caminhos que podem ser traçados, cruzados, percorridos por iguais com diferentes anseios e diversas caraterísticas, sementes diversas lançadas à mesma terra produzindo inumerável variedade de frutos.

Compreender que todos somos essencialmente iguais, valorizar as diferenças inerentes à nossa individualidade, articular o que é comum com o que é diverso com a harmonia da Tolerância, são caraterísticas imanentes da Maçonaria, presentes desde sempre na sua matriz formadora. Para os maçons, reconhecer a Igualdade e Tolerar, isto é, aceitar, valorizar e aproveitar a Diferença, é pura rotina, algo tão natural como respirar.

No dia em que todos em toda a Humanidade conseguirem compreender e praticar que o ser humano, sendo essencialmente Igual aos seus semelhantes só se valoriza. se potencia, se realiza pelo exercício e aproveitamento das suas diferenças, constituindo o conjunto de todas elas a enriquecedora Diversidade da espécie humana, tão mais enriquecedora e propiciadora do progresso e do bem comum quanto mais bem Tolerada, aceite, fomentada for por todos e cada um, nesse dia finalmente as trevas do obscurantismo serão vencidas pela Luz da razão.

Para que esse dia chegue trabalham, dia a dia, incansáveis formiguinhas obreiras, os maçons. Esta a Grande Conspiração Maçónica! Esta a Nova Ordem Mundial por que anseiam! Os maçons e todas as pessoas de bem e livres de preconceitos!

Rui Bandeira

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2013/06/igualdade-diversidade-e-tolerancia.html

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A VIAGEM DO APRENDIZ MAÇOM


É intitulado assim este trabalho, pois, com a Iniciação, realmente se empreende uma viagem, uma aventura, a mais assombrosa que existe para um ser humano, a viagem para o interior de si mesmo, para nosso verdadeiro Ser, nossa pátria da qual, um dia, saímos somente de forma ilusória.

E, para voltar a ela, sendo conscientes do mistério que somos, vamos de mãos dadas com os Mistérios da Maçonaria, reconhecendo em nós mesmos a energia que veiculam os símbolos. Assim, começamos pelos mistérios que correspondem ao aprendiz maçom, iniciando nosso andar pelas águas de nossa psique. Escutando em silêncio, vemos tudo mudando de cor, cada vez mais escuro, até que aparece o "negro mais negro que o negro", capaz de dissolver todas as estruturas do "homem velho", fazendo assim possível que, graças à Luz, nasça o "homem novo", ordenado segundo o sagrado. Que da Pedra Bruta que éramos ao partir, se vá polindo os cantos e se possa ir intuindo as seis faces e o centro da Pedra Cúbica que todos portamos em nosso interior.

Para isso, já no dia da Iniciação, o Irmão Experto nos apresenta o Maço e o Cinzel; com tais ferramentas damos três golpes simbólicos na Pedra Bruta, pois esta não se pode polir de qualquer maneira, necessita da vontade que empunha o Maço, bem dirigida pela inteligência do Cinzel, já que, tendo presente a verticalidade que nos une ao GADU e sob seu influxo e direção, é a maneira como nossa vontade se encontra com a Sua que é possível talhar a Pedra, para tomar parte consciente de Sua Grande Obra.

Também a terceira das ferramentas do aprendiz, a Régua de 24 polegadas, nos vem a recordar que todas e cada uma das horas do dia são sagradas. Que não é possível polir a Pedra apenas por momentos ou metades. Para uma verdadeira transmutação tudo que fazemos tem que estar incluído no Trabalho.

E assim, somente na penumbra do Setentrião, onde se acha o aprendiz e em relação com a Lua (passiva, que não brilha por ela mesma, senão que sua luz é reflexo do astro solar), em silêncio, escutando e aprendendo, é que é possível discernir o que ele é. 

Começando a construção do Templo interior e de seu Altar, despertando o ouvido do coração, invocando as Três Luzes: a Sabedoria, que concebe; a Força que executa, quando realiza segundo a Sabedoria do GADU, e que sua expressão é a Harmonia, é a Beleza, então o Templo que somos poderá ser receptáculo e nosso coração poderá despertar o mistério do homem, o que ele mesmo simboliza, ou seja, a união do Céu e da Terra, e que o Altar do nosso Templo nos recorda as Três Grandes Luzes: o Compasso (o Céu), o Esquadro (a Terra) e a expressão escrita dessa dita união, o Livro da Lei Sagrada.

Assim, podemos caminhar para a dimensão universal do homem, simbolizada em Loja por suas seis direções (Oriente, Ocidente, Norte, Sul, Zênite e Nadir), e tendo sempre presente este ponto imóvel manifestado pela Estrela Polar (Flamígera), de onde descem na forma de prumada as influências espirituais, verdadeiro alimento ao redor do qual gira todo o firmamento.

São, pois, estes símbolos, e todos os demais, que junto a eles conformam um universo onde nem sobra, nem falta ninguém, verdadeiros tesouros na viagem do aprendiz maçom, que por este caminhar recebe o salário que lhe corresponde, já que é morrendo para o que não é real, é que vai tomando Vida e Força nossa verdadeira identidade.

SETE MESTRES MAÇONS 

Or.'. de Porto Alegre, 20 de Agosto de 2015, E.'. V.'. 


Traduzido do espanhol pelo Ir.'. José C. M. Bonato - MM

domingo, 9 de agosto de 2015

DIA DOS PAIS


DEVERÍAMOS SER FELIZES TODOS OS DIAS DE NOSSAS VIDAS COM NOSSOS PAIS E FILHOS.
Um ato de amor encobre um turbilhão de pecados. Um abraço afetuoso vale mais que mil presentes...

domingo, 26 de julho de 2015

DISCRIMINAÇÂO

Muito embora a Maçonaria não seja uma religião, da mesma forma sofre a discriminação. Principalmente a Maçonaria Mista, onde mulheres e homens compartilham o mesmo espaço sagrado. E a discriminação é fruto de um péssimo companheiro, ou de mais de um ao mesmo tempo: a ignorância, o fanatismo e a ambição nos acompanham de perto em nossa jornada.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

O MESTRE

Sem saber o que fazer, vagava o Mestre despreocupado por entre a obra quando se deparou com um Aprendiz que, concentrado, examinava uma pedra ainda não totalmente desbastada. Querendo mostrar sua força e sua autoridade, dirigiu-se ao obreiro:
- Aprendiz, a tua pedra não está devidamente desbastada. Acaso pensas em dá-la como acabada?
- Mas, Mestre esta pedra...
- Não será negligenciando nas tuas tarefas que um dia pretendes chegar onde hoje estou. Não penses que o mestrado é conseguido sem sacrifícios e pouco trabalho.
- Mas, Mestre, eu...
- Não me parece que os ensinamentos tenham sido por ti bem assimilados. Vede o estado em que se encontra esta pedra. Toda disforme e cheia de imperfeições. Já imaginastes as conseqüências que acarretaria o seu assentamento na obra? Por certo não iria se encaixar convenientemente e, além disso, colocaria em risco o próprio andamento da construção
- Mas, Mestre, eu gostaria de...
- Não me interrompas enquanto falo. Um aprendiz deve saber comportar-se diante de seu Mestre. Não estou gostando do teu comportamento nem de teu jeito desleixado de trabalhar. Olha só esse avental, todo sujo, e essas ferramentas em péssimo estado de conservação. Agora olha para mim. Vê meus paramentos, imaculados, e meus utensílios de trabalho perfeitamente conservados, como novos. Não te serve de lição ver tão gritante comparação? Acaso não te sirvo de exemplo? E vamos deixar de conversa; trata de trabalhar que o tempo é curto. Como castigo, para que não sejas tão negligente, deverás terminar o desbaste desta pedra, mesmo no teu horário de descanso.
- Mas, Mestre, eu gostaria de explicar que...
- Não irei perder mais meu tempo contigo! Faze o que determinei e estamos conversados!
Afastando-se, o Mestre sai satisfeito e orgulhoso por ter sido severo e demonstrado sua autoridade, deixando o aprendiz matutando:

- Puxa vida! Eu queria explicar ao Mestre que esta pedra está aqui desde quando ELE ERA APRENDIZ E, NA PRESSA DE AUMENTAR O SEU SALÁRIO, NÃO A DESBASTOU CONVENIENTEMENTE.
Todas as minhas pedras foram aproveitadas na obra, razão pela qual meu avental está sujo e minhas ferramentas desgastadas pelo uso. Além disso, estou no meu horário de descanso e aproveitava o tempo para concluir o desbaste desta pedra que está aqui desde a promoção do Mestre.
O Mestre deve ter razão e deve estar muito preocupado com seus afazeres para se importar com uma simples pedra bruta. O melhor mesmo é terminar esta pedra e deixá-la pronta para o polimento.
Pensando melhor, não seria mais conveniente eu deixar esta pedra, que não é minha, de lado e preocupar-me em aumentar meu salário e ser igual ao Meu Mestre?

segunda-feira, 25 de maio de 2015

LOJA ABERTA


Nesta próxima quarta-feira, dia 27 de maio, teremos a primeira Loja Aberta do ano. Na pauta uma conversa sobre maçonaria. Os visitantes serão convidados a entrar no templo por volta das 20 horas. Chegue um pouco antes. Onde? Rua Barão de Tramandaí, 23, Passo D'Areia, Porto Alegre. Apareça!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

ÉTICA? ÉTICA... ÉTICA!


O tema comum do nosso encontro de hoje é ÉTICA. Mas será que todos temos a mesma noção deste termo? Não arriscarei muito se afirmar que, se fizéssemos um rápido inquérito entre todas e todos os presentes, obteríamos respostas diversas... Acho portanto útil maçar-vos alguns minutos com uma referência ao que os Mestre da filosofia entenderam, ao longo do tempo, sobre o significado de Ética.

Para Sócrates, a Ética consistia no conhecimento, de forma a vislumbrar, através da felicidade, o fim, o objetivo, dos nossos atos. A Ética tinha como propósito preparar o homem para se conhecer a si próprio, uma vez que, precisamente, é o Conhecimento a base do ato ético. Essencial era o Conhecimento da Lei, das normas sociais vigentes, porquanto, para Sócrates, a obediência à Lei era o limite entre a civilização e a barbárie. Em suma, para Sócrates, o Conhecimento que subjazia à Ética não se limitava à mensagem do Oráculo de Delfos, o conhecido aforismo do “Conhece-te a ti mesmo” – ainda hoje um dos pressupostos ideológicos da Maçonaria especulativa -, mas abrangia necessariamente o conhecimento, a obediência e a atuação respeitadora das leis vigentes na Sociedade, condição essencial para a existência e manutenção do corpo social.

Já para Aristóteles, a Ética podia ser definida como uma busca da felicidade dentro do âmbito do ser humano, se o Homem se esforçar a atingir a sua excelência. A Felicidade como objetivo era central no conceito aristotélico de Ética e consistia na realização humana e no sucesso que o Homem pretendia obter, para tal agindo no seu mais alto grau de excelência, através do desenvolvimento das suas qualidades de caráter. Esta noção de aperfeiçoamento, de aprimoramento das nossas caraterísticas, em busca da maior aproximação possível da Perfeição também é cara ao ideário maçónico.

Platão construiu o seu conceito de Ética em torno da finalidade da condução do Homem ao Bem, um dos valores arquetipicamente existentes no mundo ideal, no plano dos Deuses, que os homens apenas podiam aspirar a emular. Em face deste arquétipo do Bem, a vida humana não se poderia resumir apenas à busca do prazer, mas dever-se-ia dedicar a atingir o valor mais alto do Bem. Para tal, era essencial a ideia da Ordem, ou da Justa Proporção, que consistia no equilíbrio de diversos elementos desembocando no mesmo e justo fim. Designadamente, o Bem atingia-se através da atuação na justa medida, do equilíbrio, entre o Prazer e a Inteligência. Tal Bem, evidentemente – falamos do fundador do Idealismo... – não consistia nas coisas materiais, mas em tudo aquilo que permitia o engrandecimento da alma, ou seja, a ética platónica ensinava que acima dos prazeres, riquezas ou honras estava a prática das Virtudes – outro conceito que indubitavelmente integra o cerne do pensamento maçónico. 

Voltando agora a atenção para a Idade Média, verificamos que Santo Agostinho – talvez o melhor exemplo do pensamento dominante em dez séculos de História do Pensamento Ocidental – tinha, não surpreendentemente, uma noção completamente diferente do conceito de Ética. No paradigma agostiniano, a Ética Humana dependia de dois polos: por um lado, Deus, o Supremo Bem; por outro, o Pecado Original, afetando toda a Humanidade. Por via deste, o Homem não era intrinsecamente Bom e necessariamente que seria levado ao Mal e aos vícios da carne, a não ser que lograsse seguir uma vida virtuosa, em Deus. Para Agostinho, a atuação ética pressupunha o domínio da natureza humana, conspurcada pelo Pecado original, mediante uma vida virtuosa, através da qual seria possível aceder à Salvação. Para ele, a verdadeira Felicidade está na esperança da Salvação e, portanto, depende da Vida Eterna. Assim, embora Agostinho partilhasse com Aristóteles a noção da essencialidade da prática das virtudes e do aprimoramento individual, porque para ele Deus é o princípio e o fim de todas as coisas, a Felicidade é inatingível no decorrer da vida humana, só sendo alcançada junto de Deus na Vida Eterna, para tal sendo indispensável a conduta ética, isto é, a vida virtuosa.

Oposto à visão agostiniana da Ética é o conceito que dela teve Nicolau Maquiavel. Refletindo na esfera do Poder, sua obtenção, manutenção e exercício, mas facilmente se extrapolando o seu pensamento para a conduta humana em geral, Maquiavel define como valores essenciais a manutenção da pátria e o bem geral da comunidade, tudo se subordinando a eles, custe o que custar. Assim, uma ação só numa perspetiva histórica pode vir a ser considerada boa ou má, consoante o resultado com ela obtido em prol dos ditos valores essenciais. Esta crua visão facilmente pode ser considerada como anética, pois põe o acento tónico nos fins, nos objetivos, cuja obtenção ou não justificaria ou não a ação realizada. Mas a simples recusa desta noção é, a meu ver, insuficiente. Importa ainda anotar o primeiro aparecimento da prioridade absoluta do coletivo sobre o individual. O indivíduo pode ser sacrificado, sem qualquer limite, em prol do interesse coletivo, considerando Maquiavel ser tal perfeitamente ético... se resultar! Esta noção veio a ser desenvolvida amplamente, designadamente pela corrente materialista, nos séculos XIX e XX e, neste último século, temos visto várias consequências da sua aplicação. Adiante, que a companhia não é das melhores...

Descartes retoma o conceito de que a Ética constitui a realização da Sabedoria, suficiente para a Felicidade, a qual é por ele considerada “a melhor existência que um ser humano pode ter esperança de alcançar”. Para ele, a Ética assenta em dois pilares essenciais: a Virtude e a Felicidade, aquela entendida como uma disposição da vontade para efetuar escolhas de acordo com o juízo da Razão sobre o Bem, esta singelamente entendida como a tranquilidade. A noção cartesiana da ética redunda assim na compatibilização das visões socrática, aristotélica e platónica sobre o tema. O Renascimento na sua mais evidente expressão…  

A obra-prima de Baruch de Spinoza tem para nós, maçons, o sugestivo título de A Ética demonstrada à maneira dos geómetras. Está dividida em cinco partes, nas quais trata sucessivamente do Ser, do Homem, dos Afetos, da Servidão humana e da Liberdade. Para Spinoza, a razão e os afetos não se opõem. A própria razão é um afeto, um desejo de encontrar ou criar as oportunidades de alegria na vida e evitar ou terminar as circunstâncias causadoras de tristeza. Em suma, a Razão é ela mesma um afeto tendente à Felicidade. A ética de Spinoza é a ética da alegria, só ela nos conduz ao amor e à felicidade. Para ele, a Ética não resulta do altruísmo, bondade ou solidariedade, mas da própria condição natural. Está mais próximo dos clássicos gregos do que de Santo Agostinho. Tal como aqueles, para Spinoza a Felicidade é o objetivo último da ação humana.  

Locke acreditava que a Ética tem que ser demonstrada racionalmente, pois nenhuma regra de conduta moral é válida se a sua necessidade não for fundamentada através da Razão. Para ele, os principais fundamentos (racionais, obviamente) das regras morais são a busca da Felicidade e o propósito de evitar a deterioração da Sociedade.

A propósito de Razão, o teórico da Razão Pura, Immanuel Kant, relativamente ao conceito de Ética não estabelece nenhum bem ou fim que tenha de ser alcançado e não se pronuncia sobre o que temos de fazer, apenas sobre como devemos atuar. Para ele, o que importa é a intenção, a coerência entre a Lei e a ação, não o fim. Situa-se claramente nos antípodas do florentino Maquiavel. Se alguma aproximação lhe detetamos é ao pensamento de Sócrates.

Nietsche rejeita uma visão moralista do mundo e atribui os valores éticos ao campo das emoções, não da Razão. Para ele, o Homem Ético é aquele que não reprime os seus instintos, desejos e emoções, concretizando-os em atos libertários. Dificilmente se poderia conceber um conceito mais individualista do que este!   

Habermas considera que a Ética depende da valorização da Diferença e da Liberdade Humana, impondo que a Diferença seja equiparada à normalidade. A Ética projeta-se em valores como a Vida, a Solidariedade, a Cooperação, a Amizade. 

Finalizo esta excursão por vários Mestres da filosofia com a referência a Peter Singer, filósofo australiano da Ética Prática. Para Singer, em termos de aplicação prática, Ética e Moral são sinónimos e enfaticamente ele chama a atenção para algo de que pudemos aperceber-nos ao longo do enunciado de pensamentos com que os venho maçando: a Ética NÃO É um conjunto de proibições. Como ele cristalinamente ilustra, mentir em circunstâncias normais é um mal – mas no caso de uma pessoa vivendo na Alemanha nazi a quem a Gestapo batesse à porta à procura de judeus, mentir negando a existência de judeus escondidos nas águas-furtadas da casa era o eticamente adequado...

Para Singer, Ética é uma perspetiva que concede à Razão um papel importante nas decisões e os juízos éticos devem ser formulados de um ponto de vista universal, isto é, os interesses individuais ou de grupo não valem mais do que os outros interesses de outros indivíduos ou de outros grupos. O juízo ético é aquele que procura, em relação a cada problema, determinar a solução ou a conduta que possibilite o maior bem, entendido como a maior e melhor satisfação das necessidades possível – ou seja, a maior Felicidade!

Feita esta resenha do pensamento de vários Mestres, verificamos que, na diversidade dos seus pensamentos, podemos detetar uma linha comum, talvez um pouco surpreendente: a Ética tem essencialmente a ver com a busca e o anseio humanos pela Felicidade! As normas, as imposições ou proibições de condutas que normalmente associamos à Ética não são o cerne do conceito, mas as condições, para a viabilização dessa busca humana da Felicidade.

Entendemos assim facilmente porque há em diferentes épocas e latitudes tão diferentes conceitos de Ética: porque as condições de vida e de enquadramento social de cada época e latitude tornaram diferentes as formas de busca e de tentativa de concretização do humano anseio pela Felicidade.

Sendo assim, compreende-se que é normal a primeira afirmação que hoje fiz: cada um dos presentes terá uma diferente noção de Ética porque, embora de forma porventura subtil, a Felicidade que cada um busca é diferente da dos demais, é própria, pessoal e intransmissível.

Mas, sendo assim, que denominador comum poderei eu sugerir hoje, aqui e agora, sobre Ética, de forma que seja aceitável para os apressados espíritos de hoje, inundados de informação tão abundante que nem sequer logramos, por vezes, sobre ela incidir um juízo verdadeiramente crítico? 

Sem grande preocupação de rigor científico – por evidente e confessada falta de capacidade para tal -, mas procurando ilustrar o conceito de uma forma sugestiva, gostaria de vos propor um entendimento de Ética que julgo ser uma noção completa, isto é, com princípios, meios e fins: 

ÉTICA É O CONJUNTO DE PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A DETERMINAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS MEIOS À NOSSA DISPOSIÇÃO PARA ATINGIRMOS OS FINS A QUE NOS PROPOMOS. 

Atenção que Ética não é uma declaração de princípios. Ética é a utilização dos princípios por cada um adotados. Um solene conjunto de princípios, por muito bonitos ou consensuais que sejam, que serve apenas para eles serem invocados, declarados, apregoados, mas que na realidade não são utilizados, é como a coleção de porcelanas da minha tia-avó: só serve para estar exposta na sala e ser exibida às visitas! Não passa de bacoca manifestação de vaidade e fútil exibição de pretensas preciosidades, alegadamente valiosas, mas realmente inúteis! Em nada e para nada releva ou interessa apregoar ou invocar ou proclamar solenes princípios se estes não passarem de palavras soltas em ocasiões julgadas oportunas e não forem efetivamente praticados.

A Ética não está nos princípios declarados, está nos princípios praticados. Não está nas palavras, está nos atos. Não está nos consensos formados, está nas cooperações levadas a cabo. Não está nas intenções, está nas concretizações. Não está nas justificações, está nas consequências. Não está dentro de cada um de nós, está no que cada um de nós projeta para o exterior de si.

A Ética não é um conceito estático, é uma aplicação dinâmica. O Homem não É ético.  O Homem sempre, em cada momento, renova-se e FAZ-SE Ético, em cada decisão, em cada escolha, em cada ato.

Só temos verdadeiramente Valores, ou seja, Princípios, se os utilizamos SEMPRE para conformarmos os nossos atos na concretização dos nossos objetivos (e sempre é sempre: quando nos convém e principalmente quando não nos convém).

PRINCÍPIOS que determinam os nossos MEIOS para atingirmos os nossos FINS – esta a noção de Ética que considero adequada para todos. 

E esta noção de Ética, bem vistas as coisas, não é limitadora, é construtora. Construtora da nossa personalidade e da nossa conduta. Construtora da nossa imagem de nós perante nós próprios. Construtora do conceito que granjeamos dos outros em relação a nós. Construtora do que somos, do que fazemos, do que conseguimos. Construtora do sentido das nossas vidas. Construtora das nossas vitórias, mas também construtora da superação dos nossos desaires. Construtora da nossa Vida, do nosso lugar na Vida e da nossa legítima fruição da Vida. Construtora, em suma, da nossa FELICIDADE.

Afinal os Mestres tinham razão! Por isso os reconhecemos como tal!


Rui Bandeira
9/5/2015
Colóquio da GLFP A Maçonaria no século XXI
Painel Desafios éticos no Mundo atual


Bibliografia:

https://jfariaadvogados.wordpress.com/2010/01/27/a-etica-de-socrates/, consultado em 8/4/2015.
http://www.webartigos.com/artigos/a-etica-em-aristoteles/23318/ , consultado em 8/4/2015.
http://www.webartigos.com/artigos/a-etica-platonica-e-aristotelica/87414/ , consultado em 8/4/2015.
https://sentadonalua.wordpress.com/2012/07/12/a-etica-de-santo-agostinho-frente-a-etica-aristotelica/, consultado em 11/4/2015.
http://descartesfilosofia.blogspot.pt/p/etica.html, consultado em 11/4/2015.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel , consultado em 11/420/15.
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=79 , consultado em 11/4/2015.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_%28livro%29 , consultado em 11/4/2015.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Baruch_Espinoza , consultado em 11/4/2015.
http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/A%20%C3%89TICA%20DEESPINOSA.pdf , consultado em 11/4/2015.
http://www.efdeportes.com/efd129/a-etica-revisitada-olhares-atraves-da-historia.htm , consultado em 11/4/15
http://afilosofiadaintegracao.blogspot.pt/2009/03/etica-de-kant.html , consultado em 11/4/2015. 

Peter Singer, Ética Prática, consultada em 11/4/2015, em http://docente.ifrn.edu.br/edneysilva/etica-pratica 

domingo, 5 de abril de 2015

A SABEDORIA DO TAO


Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu Chi (energia). Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.
Nunca faça promessas  que não possa cumprir. Não se queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor  tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.
Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor  não dizer nada. Aprenda a ser como um espelho:  observe e reflita a energia. O Universo é o melhor exemplo de um espelho  que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições,  os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos  o reflexo da nossa própria energia  através das diferentes circunstâncias  que se apresentam nas nossas vidas. Se se identifica com o êxito, terá êxito. Se se identifica com o fracasso, terá fracasso.
Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna.
Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia  sem emoções densas e sem preconceitos. Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluida.
Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões. Seja discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o TAO.
Não entre em competição com os demais, a terra que nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas  próprias virtudes  e qualidades , a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros.
Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação. Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão. Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria.
Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato. Não saber é muito incomodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.
Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade. Cada vez que julga  alguém, a única coisa que faz  é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas. O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra.
Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo. Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda.
Quando tenta defender-se,  está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles. Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de convencê-los para ser feliz.
O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo. Pratique a arte de não falar. Tome algumas horas para  abster-se  de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO.
Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá  a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio. Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa  libertação.
Porém, tem que ter cuidado  para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando  o ego se mantém tranquilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.
Fique em silêncio,  cultive o seu próprio poder interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo. Não force, manipule ou controle o próximo.
Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser.