sábado, 29 de março de 2014

MITO E MAÇONARIA - UMA NECESSIDADE BEM ATUAL

A maçonaria, como toda instituição normativa, faz largo uso em seu processo pedagógico dos mitos.
O mito, a exemplo da parábola, é instrumento eficaz na transmissão de idéias e valores considerados importantes e eram ambos, na Antigüidade, quase que exclusivos como estratégias discursivas de edificação moral.
Na maçonaria, o mito central é o da morte de Hiram Abif, sendo que a história da construção do Templo de Salomão serve-lhe, ao mesmo tempo, de preâmbulo e de contexto. Por isso, à evolução gradual do maçom correspondem as sucessivas transformações do mito, num processo dialético de crescimento onde o mesmo mito engendra novas e sucessivas visões de mundo, formando uma espiral ascendente.
Desde os primórdios da humanidade, o ser humano atém-se menos aos fatos e mais aos “significados” a ele associados. Essa tendência tem duas funções importantes num mundo que é um estranho desafio à compreensão humana: apazigua as emoções e dá sentido às ações.
Enquanto que o conhecimento científico se baseia em argumentos calcados em fatos e provas que pouco se importam com o sentimento humano, apelando para a razão, o mito tem sua veracidade baseada apenas na “aceitação” e na “coerência”. Daí resultarem essas duas formas de conhecer o mundo: a científica, denominada paradigmática, e a segunda, denominada narrativa*.
Embora diferentes, as duas formas de compreender o mundo são complementares, pois enquanto a primeira busca “a verdade”, a segunda busca uma explicação coerente e satisfatória às pessoas. A ciência pode criar critérios que distingam o bem do mal, a vida da morte; só a lenda e o mito podem nos inclinar a um ou a outro, pois organizam em torno de uma idéia toda uma constelação de crenças, sentimentos e imagens que induzem atitudes e comportamentos.
Algumas histórias que narram a origem do Universo, da vida e do homem, tornaram-se mitos coletivos e representam já o conjunto de verdades metafísicas das sociedades. A ênfase maior da educação ocidental, tanto formal quanto informal, é na valorização do conhecimento científico, donde se compreende porque todo cartomante quer ser “professor” e toda doutrina esotérica se diz “ciência” do ocultismo. Em nossa sociedade, o que não é “científico” não é digno de crédito.
Mas como a visão científica de mundo não dá sentido aos desejos, nem explica os dramas e sofrimentos humanos, atende ao lado racional do homem, mas deixa em completa carência seu lado emocional. E esse é tão importante quanto o outro no equilíbrio psíquico (...senão mais!).
Na vã esperança de encontrar significado para sua vida pelo uso e abuso da linguagem racional, o homem moderno vive conflitos cada vez mais insuportáveis. Esse fato, se não é causa eficiente, é importante variável interveniente na explicação do surto de movimentos e seitas “irracionais” que se multiplicam ad-infinito nos dias de hoje; também, no outro extremo, ajuda a explicar o niilismo e ceticismo exacerbados do homem moderno.
Neste último século, muitos e importantes estudiosos do homem, como Karl Jung, Mircea Eliade, Joseph Campbell, vêm alertando para a importância de integrar a visão científica, racional, linear, com o modo narrativo, mítico, para que se possibilite uma nova harmonização da consciência humana.
Que o espírito humano não evoluiu no ritmo e velocidade da ciência e da tecnologia, é fato indiscutível. Numa época onde os sintomas de intoxicação da racionalidade são tão visíveis; onde os critérios da inteligência emocional já são considerados mais importantes que o quociente intelectual da racionalidade; temos que repensar os valores relativos que atribuímos às formas de percepção do mundo e da realidade.
Por isso, há algum tempo, por razões pessoais e profissionais, venho pensando a questão do mito. Além de ser instrumento pedagógico fundamental na Maçonaria, se constitui tema instigante em nossa época, tão orgulhosa de seu racionalismo e de sua tecnicidade.
A teoria de Max Weber do "desencanto" da sociedade moderna – no sentido da secularização e racionalidade crescentes – vem tendo hoje sua contraprova na descoberta dos mitos modernos – que, por fazerem parte de nosso caldo cultural são mais difíceis de serem percebidos –, que modelam idéias e comportamentos de indivíduos, grupos e inclusive organizações econômicas(16).
A resistência ainda encontrada em relação aos mitos, fruto de uma sociedade que fez o corte cartesiano(17) entre as coisas do espírito (emoções, intuição, transcendentalidade) e as coisas da matéria (racionalidade científica, praticidade, fruição), desvaloriza o mito no "mercado das idéias".
Esse meu interesse pelo tema foi recentemente reativado por um excelente artigo da psicóloga Alessandra F. Carreira(18), que, conquanto tenha por objeto o "mito individual" numa abordagem psicanalítica, renovou minha vontade de voltar ao tema com um tratamento novo e enriquecido por citações que reforçam a linha de raciocínio que venho há tempos perseguindo quanto à função do mito na Maçonaria.
Lévi-Strauss(19) afirma que o mito é um sistema que se relaciona concomitantemente com o passado, o presente o futuro, pois, apesar de descrever um fato que ocorre num momento definido do tempo, é como se transmitisse não esse fato, mas uma estrutura. Essa estrutura, que é a lógica dominante da narrativa, é que se repete continuamente no mito.
Dessa forma, o mito é uma "história" que tem simultaneamente tanto uma função sincrônica (não-histórica, relacionando elementos de forma a transmitir uma mensagem) quanto diacrônica (histórica, inserida num período de tempo determinado).
Por nos colocar simultaneamente diante de uma narrativa que nos apresenta uma descrição
de um fato aparentemente histórico e de uma lógica ("mensagem") que o ultrapassa, Rocha(20) coloca que o mito não é passível de interpretação, mas exige uma interpretação.
Os estruturalistas já haviam apontado nos fenômenos sociais essa possibilidade de mudança
contínua dentro da permanência da mesma estrutura (algo como "as coisas mudam para que permaneçam sempre como estão").
O mito permite, por essa sua condição de temporalidade-atemporalidade, uma sucessão de interpretações que produzem uma evolução em espiral, isto é, variando-se a narrativa sempre em torno do mesmo eixo se vai evoluindo no sentido de níveis de percepção cada vez mais amplos.
Enfatizando a "estrutura" e não os "fatos" narrados, Campbell(21) nos diz que o mito é a verdadeira história, pois ele não pretende descrever um fato histórico verdadeiro, mas deseja fazer alusão a uma verdade que, de outra forma, seria inenarrável, pois pareceria apenas "um mito" no sentido usual de "uma mentira". É a mesma opinião de Boyer(22), que, citando Lacan, nos diz que "(...) essa ficção mantém uma relação singular com alguma coisa que está sempre por trás dela e da qual ela porta, realmente, a mensagem formalmente indicada, a saber, a verdade. (...)
A verdade tem uma estrutura, se podemos dizer, de ficção".
II
Essa "defesa" teórica do mito, como portador de uma mensagem significativa, não nos exime, contudo (talvez até nos obrigue a), de enfrentarmos uma questão extremamente importante, que a esta altura já deve estar na mente do leitor: mas em função de que o mito, uma narrativa de fatos históricos visivelmente inconsistentes, é aceita por uma coletividade de homens que se pretendem "racionais" e "modernos"?
Para compreender esse aparente paradoxo, temos que tratar separadamente os dois substantivos envolvidos na questão: "homens" e "coletividade".
A essência do Homem (ser humano) é sua dialeticidade, seu caráter eminentemente histórico.
O ser humano não é um "Ser", mas um "Vir a Ser". O ser humano está em constante construção, e se define mais pelo caminho que pelos objetivos (os quais, diga-se de passagem, estão sempre além). Dado isso, sua estrutura existencial e a do mito são isomórficas: seu "Ser" é simultaneamente definido pelo passado, pelo presente e pelo futuro (e, acrescentaríamos, pelo transcendente), apresentando tanto um aspecto de permanência quanto de mudança. Se a descrição dos fatos históricos concretos, acontecidos, realizados, falam dos feitos humanos, de seus produtos, o mito, com sua intangibilidade, fala da e à própria essência do humano.
Falar de coletividade, por seu turno, implica uma abordagem sociológica, do ser humano enquanto ser gregário, parte de uma História que é coletiva e que contorna sua história individual assim como as margens de um rio contornam suas águas, orientando seu fluxo.
A História do Ocidente é a História da evolução social do modo de produção capitalista, que, para resumir ao que nos interessa, tem acentuado dois processos que, aparentemente distintos, se produzem, reproduzem e reforçam mutuamente: a ideologia da individualização (ilustrada pelo incentivo ao consumo individual e ao narcisismo, pela valorização individual no trabalho, pela política de diferenciação salarial, pelo enfraquecimento das organizações sindicais, etc.) e pela separação entre o trabalhador e o produto final de seu trabalho, que faz com que não nos reconheçamos mais naquilo que produzimos (ao contrário dos mestres artesãos, por exemplo).
A resultante desses dois processos é um sentimento de separação da coletividade, de não pertinência, de isolamento, um sentimento de que o social não é uma responsabilidade nossa.
Como ser essencialmente social, contudo, o ser humano, pela necessidade de pertencer à comunidade, fica com um "furo" existencial, um vazio, um profundo sentimento de solidão, que gera uma necessidade profunda de re-ligar-se ao coletivo, de re-pertencer à comunidade. Aliás, re-ligação é a origem etimológica da palavra religião.
Não é essa a base de onde a propaganda consumista tira sua força: "Torne-se diferente. Compre o que todo mundo compra"?.
Pertencer à Ordem, satisfaz uma série dessas carências psicossociais criadas pela evolução
histórica do capitalismo: nosso sentimento de solidão; nosso sentimento de des-pertinência; a secularização de nossos valores, que nos separou da fonte transcendente de explicação de nossas existências; nosso sentimento de pequenez, por nos sentirmos indivíduos isolados frente a organizações econômicas, sociais e culturais cada vez mais poderosas; e outras razões mais pessoais que podem ser acrescentadas ad infinitum.
Essa necessidade psicossocial de religar-se, de tornar a pertencer, é satisfeita pela adesão
ao grupo - à Loja, como instância concreta de participação, e à Ordem, como instância simbólica de Poder. Mas isso, por si só, não explica o porquê de, entre tantas ofertas, optarmos por essa ligação específica. Aí aparece a importante função desse duplo caráter (imanente e transcendente, histórico e a-histórico) do mito. O mito que com-partilhamos, no nível narrativo, por ser também "um segredo", tanto nos identifica (nos dá uma identidade) quanto nos distingue (nos faz diferentes e - se isso não ofender ninguém - nos dá um certo sentimento de superioridade).
No nível da Verdade que ele contém - verdade efetivamente misteriosa, pois que nos introduz, pela Iniciação, numa senda que nos compromete com uma busca que envolverá nossa vida toda, em níveis cada vez mais profundos, dos quais os três Graus simbólicos são apenas pálidas representações - ele atende à nossa necessidade de transcendência, pois "explica" o porquê do sentimento de perda que experimentamos, a "perda da sabedoria ancestral", a "nossa" perda do paraíso.
Nesse sentido, o mito que nos une torna-se nosso "Graal", nossa "pedra filosofal", e talvez por isso (por buscar uma Verdade racional e transcendente) tenhamos esse sentimento de que a Maçonaria é uma "religião laica", ou "uma racionalidade mística", ou a "religião natural" que atraiu antigos e modernos.
III
Nesta altura de nossa reflexão, chegamos à terceira, mas não menos importante, questão: se vincularmos a Maçonaria à questão sociológica de uma sociedade que se des-humaniza de forma tão evidente por razões morais, políticas e econômicas as mais diversas, a Maçonaria faz parte do problema ou da solução?
Encontramos a resposta na própria filosofia que se desenvolve a partir da busca da Verdade que a Ordem vem secularmente fazendo. O caráter dialético dessa filosofia, que se impõe em nossas Instruções, nas pesquisas e nas reflexões sobre a Ordem, deriva como conseqüência necessária do caráter dialético de sua base: o mito. Não é isso (só para não nos alongarmos em mais argumentos) para o que se alerta quando refletimos sobre "o perigo" do número Dois, ou sobre como o Um que se revela Dois tem sua síntese (e superação) no Três?
Se nos deixamos seduzir por um dos termos da proposição, o aspecto da satisfação de nossas necessidades psicossociais, sentindo-nos "justificados" e "satisfeitos", então estamos a um passo de nos tornarmos adeptos do "narcisismo coletivo" que acentua o quanto somos seres "especiais", detentores de uma verdade que os pobres profanos desconhecem. Aí, desconhecedores do conteúdo, nos satisfazemos com as formas, e idolatramos os símbolos (inclusive medalhas e diplomas) – isto é, tomamos a representação como se fosse o objeto que ela representa.
Cultivaremos a "alienação" – uma falsa explicação da realidade, falsa porque toma a imagem pelo objeto e confunde a essência com a aparência. Não percebemos que, entre os buscadores sinceros da Verdade, "nem todos os que estão são e nem todos os que são estão". Como conseqüência, dividimos o mundo de forma maniqueísta entre bons (nós) e maus (os profanos), entre puros (nós) e impuros (os profanos), e (heresia das heresias maçônicas) criamos um novo fundamentalismo.
Com essa opção, fazemos parte do problema, pois apenas acentuamos o mal que desejamos eliminar: a inconsciência da unidade do Humano, que não admite separações ideológicas, sejam elas econômicas, políticas ou religiosas. Isso talvez explique parte das "desilusões", do "absenteísmo", e do apego orgulhoso aos "feitos" e aos "heróis" de nosso passado – apego que pode ser legítimo, se não transformar esses feitos e esses heróis de "exemplos" em "medalhas".
Se, por outro lado, nos conduz à Verdade que o "segredo" do mito, com sua dialeticidade pretende nos transmitir: que somos parte d'A Verdade, por mais que a desconheçamos, e isso faz de nós uma Unidade (o que não exclui as diferenças naturais), seres com compromissos coletivos e universais (nossa filosofia tem resistido aos séculos porque transmite essa parcela da Verdade, não só nas linhas e entrelinhas das Instruções, como no Ritual, nas Iniciações e nos símbolos);
Que, como corolário dessa proposição, toda ideologia que pretenda romper com essa unidade é sectária e des-humana e, como tal, tem que ser combatida.
Que, como conseqüência dessas proposições, temos um compromisso de engajamento ao processo de re-humanização do mundo, compromisso que nos obriga a – mesmo que como indivíduos "estejamos" vinculados a uma religião ou a um partido – uma postura teleológica que nos faz adotar valores que estão sempre acima e além dos partidos e das religiões, nos unindo no respeito fraterno às diferenças individuais, culturais, políticas e religiosas;
Então estaremos contribuindo para o processo de desalienação do ser humano, para a realização (mesmo que utópica) da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, e aí, sim, faremos parte da solução e não do problema.
In "Pedra por Pedra"
Francisco Cezar de Luca Pucci
Página 14.

16 ZIEMER, Roberto. Mitos Organizacionais. São Paulo: Atlas Editora, 1996.
17 A hipótese de que tal cisão se deve a Descartes ainda está por ser demonstrada.
18 CARREIRA, Alessandra Fernandes. O Mito Individual como Estrutura Subjetiva Básica. Revista Psicologia Ciência e Profissão, nº 3, 2001, p. 58.
19 LÉVI-STRAUS, C. (1970) Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro. In: CARREIRA, Alessandra Fernandes, op. cit.
20 ROCHA, E. (1991) O Que é Mito. São Paulo: Brasiliense. In: CARREIRA, Alessandra Fernandes, op. cit.
21 CAMPBELL, Joseph. (1991) O Poder do Mito. São Paulo: Editoria Palas Athena.
22 BOYER, P. (1977) O Mito no Texto. In: NASCIMENTO C.A.R. do. Atualidade do Mito. São Paulo: Livraria Duas Cidades. Citado em: CARREIRA, Alessandra Fernandes, op. cit.

segunda-feira, 17 de março de 2014

18 DE MARÇO - 700 ANOS

Dia 18 de março, ha exatamente 700 anos, nosso herói-martir Jacques du Bourgogne De Molay foi queimado vivo para satisfazer o desejo ambicioso de um rei por poder e dinheiroA Ordem dos Cavaleiros Templários foi uma organização sancionada pela Igreja Católica Romana em 1128 para proteger e guardar as estradas entre Jerusalém e Acre, um importante porto da cidade no Mar Mediterrâneo. A Ordem dos Cavaleiros Templários participou das Cruzadas e conquistou um nome de valor e heroísmo.

Nobres e príncipes enviavam seus filhos para serem Cavaleiros Templários e isso fez com que a Ordem passasse a ser muito rica e popular em toda a Europa.

Aos 21 anos de idade Jacques De Molay entrou para a Ordem. Em 1298, com 54 anos de idade, foi nomeado Grão Mestre dos Cavaleiros, uma posição de poder e prestígio. Jacques De Molay assumiu o cargo após a morte de seu antecessor, Teobaldo Gaudini, no mesmo ano (1298).

Como Grão Mestre, Jacques De Molay passou por uma difícil posição, pois as cruzadas não estavam atingindo seus objetivos. O anticristianismo sarraceno derrotou as Cruzadas em batalhas, capturando algumas cidades e portos vitais dos Cavaleiros Templários e dos Hospitalários (outra ordem de cavalaria), restando apenas um único grupo do confronto contra os Sarracenos.

Os Cavaleiros Templários resolveram se reorganizar e readquirir sua antiga força. Eles viajaram para a Ilha de Chipre, lá se reagrupando e esperando pelo público geral para levantar-se em apoio à outra Cruzada.

Em vez do apoio público que sempre tiveram, os Cavaleiros atraíram a atenção de poderosos Lordes. Em 1305, Filipe IV "o Belo", rei de França, resolveu obter o controle dos Templários para impedir uma ascensão no poder da Igreja. O Rei era amigo de Jacques DeMolay (um de seus filhos era afilhado de De Molay, o Delfim Carlos, que mais tarde se chamaria Carlos IV e seria rei da França). Mesmo sendo seu amigo, o rei de França, com toda a sua ganância, tentou juntar a ordem dos Templários e a ordem dos Hospitalários, pois sentiu que as duas ordens formavam uma grande potência econômica. Filipe IV sabia que a Ordem dos Templários possuía várias propriedades e outros tipos de riqueza, doados pelos que, um dia, haviam recebido a ajuda da Ordem em várias cruzadas pela Europa.

Sem obter o sucesso desejado, que era o de juntar as duas ordens e se transformar em seu líder absoluto, o rei da França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários. Usando um nobre francês de nome Esquin de Floyran, o rei deu-lhe como missão denegrir a imagem dos templários e de seu Grão Mestre, Jacques De Molay e, como recompensa, Esquin de Floyran receberia terras pertencentes aos Templários logo após derrubá-los.

O ano de 1307 foi o começo da perseguição aos Cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 mil homens, Jacques De Molay foi a França para o funeral de uma Princesa da casa Real levando consigo apenas poucos homens, sendo esses todos nobres. Na madrugada de 13 de outubro Jacques De Molay, juntamente com seus amigos, foram capturados e lançados nas masmorras pelo chefe real Guilherme de Nogaret (este era um de seus conselheiros).

Durante sete anos, Jacques De Molay e seus Cavaleiros sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto os Cavaleiros não se dobravam, Filipe IV articulava com o Papa Clemente V para condenar os Templários. Suas riquezas e propriedades foram confiscadas e dadas a proteção de Filipe.

Após três julgamentos, Jacques De Molay continuou sendo leal para com seus amigos e Cavaleiros. Ele se recusou a revelar o local das riquezas da Ordem e a denunciar seus companheiros. Em 18 de Março de 1314, ele foi levado à Corte Especial. Como evidências, a Corte dependia de confissões forjadas, supostamente assinadas por Jacques De Molay. Ele desmentiu as confissões forjadas. Sob as leis da época, a pena por desmentir uma confissão era a morte. O Papa Clemente presidiu o julgamento de Jacques De Moaly e, assim como ele, outro Cavaleiro, Guy D'Auvergne, também desmentiu sua confissão e ambos foram condenados. O Rei Filipe ordenou que ambos fossem queimados naquele mesmo dia, e deste modo a história de Jacques De Molay se tornou um testemunho de lealdade e companheirismo. De Molay veio a falecer aos seus 70 anos de idade no dia 18 de Março de 1314.

Jacques De Molay durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do Rei da França, Filipe o Belo. 

A Última Prece de Jacques De Molay :

"Senhor, permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniqüidade e a crueldade nos fazem suportar. Perdoai, oh meu Deus, as calúnias que trouxeram a destruição à Ordem da qual Vossa Providência me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para Vós. Nós esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para gozar da Vossa Divina Presença nas moradas bem-aventuradas. Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência. Intimo o papa Clemente V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a comparecerem diante do legítimo e terrível trono de Deus para prestarem conta do sangue que injusta e cruelmente derramaram".

O primeiro a morrer foi o Papa Clemente V, em 20 de abril de 1314. Logo em seguida o Chefe da guarda e conselheiro real Guilherme de Nogaret e, no dia 29 de novembro de 1314, devido a um derrame cerebral, morreu o rei Filipe IV com seus 46 anos de idade, ou seja, os três algozes de De Molay morreram no mesmo ano da sua morte.

Essa é a nossa homenagem a este grande herói, que para sempre ficará em nossas lembranças como exemplo de companheirismo e lealdade

domingo, 9 de março de 2014

CARTA PROTESTO

Fazemos nossas também as palavras da carta protesto abaixo:

… “para que fortaleça a voz dos brasileiros gritando por dias melhores e mais justos" 

CARTA DA LOJA MAÇÔNICA ACÁCIA DAS NEVES Nº 22 
ORIENTE DE SÃO JOAQUIM 
Filiada ao Grande Oriente de Santa Catarina GOSC


Vivemos um dos momentos mais difíceis de nossa história pátria. O povo está sendo mantido na ignorância e sustentado por um esquema que alimenta com migalhas a miséria gerada por essa mesma ignorância. 

A tirania mudou sua face. Já não encontramos os tiranos do passado, que com sua brutalidade aniquilavam as cabeças pensantes, cortando o pescoço. Os tiranos de hoje saqueiem a Pátria e degolam as cabeças de outra forma. A tirania se mostra pela corrupção que impera em todos os níveis. Encontramos mais viva do nunca as palavras do Imperador Romano Vespasiano que na construção do Grande Coliseu disse: “DAÍ PÃO E CIRCO PARA POVO”. 

Esse grande circo acontece todos os dias diante de nossos olhos, especialmente sob a influência da televisão, que dá ao povo essa fartura de “pão” e de “circo”. 

Quando pensamos que a fartura acaba, surgem mais opções. Agora vemos a Pátria sendo saqueada para a construção de monumentais estádios de futebol, atualmente chamados de arenas, nos moldes do que era o Coliseu, uma arena. Enquanto isso os hospitais estão falidos, arruinados, caindo aos pedaços. Brasileiros morrem nas filas e nos corredores desses hospitais; já, outros filhos da Pátria morrem pelas mãos de bandidos inescrupulosos que se sentem impunes diante de um Estado inoperoso, ineficiente e absolutamente corrompido. Saúde não existe, educação não há, segurança, muito menos. Porém, a construção dos “circos”, continua ! 

Mas o pão e o circo também vem dos “Big Brothers” das “Fazendas”, das novelas que de tudo mostram, menos verdadeiros valores e virtudes pessoais. Quanto mais circo, mais pão ao povo. E o mais triste é que o povo mantido na ignorância, é disso que mais gosta. Nas tardes, manhãs e noites, não faltam essas opções de “lazer”. O Coliseu está entre nós. O circo está entre nós. Já o pão, esse vem do bolsa isto, do bolsa aquilo, mantendo o povo dependente do esquema, subtraindo-lhe a dignidade e a capacidade de conquistar melhores condições de vida com base em suas qualidades, em seus méritos, em suas virtudes. 

Agora, o circo se arma em torno do absurdo que se coloca à população de que o problema de saúde é culpa dos médicos. Iludem e enganam o povo, pois fazem cair no esquecimento o fato de que o problema de saúde no Brasil é estrutural, pois o cidadão peregrina sem encontrar um lugar digno, nem mesmo parar morrer. 

Então, absurdamente, em desrespeito aos filhos da Pátria, são capazes de abrir as portas para profissionais estrangeiros, alguns poucos, não cubanos. Os tiranos tem a audácia de repassar R$ 40.000.000,00 mensais que são sangrados dos cofres públicos para sustentar um outro governo falido e também tirano, o cubano; um dinheiro sem controle e sem fiscalização. Os pobres profissionais que de lá vêm, não têm culpa. É um povo sem liberdade, sem direito de expressão, escravo da tirania. Esses médicos recebem migalhas daquele governo. Mal conseguem sustentar a si e a seus familiares. 

Os R$ 40.000.000,00 que serão mensalmente enviados para Cuba, solucionaria o problema de inúmeros de pequenos hospitais pelo interior deste País. Mas não é a isto que ele servirá. Nós estamos a financiar um trabalho explorado, escravizado, de profissionais que não tem asseguradas as mínimas condições de dignidade de pessoa humana, porque simplesmente não são homens livres. E nós brasileiros, devemos nos envergonhar de tudo isto, porque estamos sendo responsáveis e coniventes por sustentarmos todo esse esquema, todos esses vícios, comportando-nos de maneira absolutamente inerte. 

Esses governantes, que tanto criticam o trabalho escravo, também não esclarecem à população o fato de um médico brasileiro receber o mísero valor de R$ 2,00 por uma consulta pelo SUS. Do valor global anual que recebem, ainda é descontado o Imposto de Renda, através de uma escorchante tributação sobre o serviço prestado, que pode achegar ao percentual de 27,5%. Em atitude oposta, remuneram aqueles que não são filhos da Pátria, os estrangeiros, com o valor de R$ 10.000,00 mensais por cada profissional, cabos eleitorais desses governantes. Profissionais da saúde no Brasil, servidores públicos de carreira, à beira da aposentadoria, com dedicação de uma vida inteira, receberão quando da aposentadoria metade do valor pago ao estrangeiro. 

Não podemos aceitar a armação desse circo, em cujo picadeiro, povo brasileiro é o palhaço !! 

A Maçonaria foi a grande responsável por movimentos históricos e por gritos de liberdade em defesa da dignidade do homem. Foi por mãos de Maçons que se deu o grito de Independência do Brasil, da Proclamação da República, da Abolição da Escravatura. Foi pelas mãos de Maçons que se deu o brado da Revolução Farroupilha. 

E o que está fazendo a Maçonaria de hoje ao ver o circo armado, com a distribuição de um pão arruinado pelo vício que sustenta essa miséria intelectual !! 

Não podemos ficar calados e inertes !! A Maçonaria, guardiã da liberdade, da igualdade e da fraternidade, valores que devem imperar entre todos os povos, precisa reagir, precisa revitalizar seu grito, seu brado para a libertação do povo. Esse é o nosso dever, pois do contrário não passaremos de semente estéril, jogada na terra apenas para apodrecer e não para germinar. 

A Loja Maçônica Acácia das Neves, incita a todos os Irmãos: para que desencadeemos um movimento de mudança, de inconformismo, fazendo ecoar de forma organizada a todas Lojas e Maçons desta Pátria, o nosso dever de cumprir e fazer cumprir a nossa missão de levantar Templos à virtude e de cavar masmorras aos vícios !!  

Loja Maçônica Acácia das Neves 
São Joaquim - SC
Fonte: http://www.gob-sc.org.br/gobsc/wp-content/uploads/2013/08/JB-News-Informativo-nr.-1.114.pdf