quarta-feira, 26 de outubro de 2011

SEXTA PALESTRA - PARTE 2

Finalizando o ciclo de palestras sobre "O Conceito Rosacruz do Cosmos"



Sexta Palestra - 2ª Parte

PARTE  VI – OS MUNDOS FÍSICO, DO DESEJO E  DO PENSAMENTO E O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL DO SER HUMANO.


  1. O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL.
A descrição do processo de preparação e nascimento de nossos veículos mostra a grandiosidade e a sabedoria do Plano Divino, proporcionando a todos os indivíduos em evolução as ferramentas de que necessitam para transformar os poderes latentes que dispunham no alvorecer do Dia de Manifestação em poderes dinâmicos. Essas ferramentas são os veículos que formam sua personalidade (os corpos físico, vital, de desejos e a mente), que foram dados aos seres vivos pelas Hierarquias Divinas ao longo dos quatro primeiros períodos evolutivos. Conforme vimos na descrição acima, o produto da utilização dos corpos e a mente aperfeiçoada serão absorvidos pelo Espírito ao final do Dia de Manifestação como Poder Anímico e Mente Criadora.
O Ego tem a sua existência física para adquirir experiência através desses seus instrumentos. Ele é ajudado ao longo de todo seu caminho. Uma das principais ajudas são as religiões, que procuram desenvolver o lado devocional do ser humano, procurando dar condições para que o ser possa estar sempre em harmonia com o seu Eu Superior, a parte divina que nele habita. Esse tema sobre as religiões será desenvolvido em palestra futura.
Outro tipo de ajuda é dirigido àqueles que buscam compreender o universo e os seus mistérios por via intelectual. Esse é o campo de atuação particular das escolas de ocultismo. As escolas de ocultismo são sete, como são os Raios da Vida, os Espíritos Virginais, e cada escola pertence a um desses raios. A Escola Rosacruz é uma dessas escolas, criada especialmente para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual os faz esquecer o coração e a buscar, às vezes de maneira muito fria, uma explicação lógica para todas as coisas. Mas o objetivo final de todas as ajudas é o mesmo, a união da personalidade com o Eu Superior, estando este no comando de todas as ações.
No Evangelho de Lucas (7:1-10), que trata da cura do servo de um centurião, é feito referência ao tipo de aspirante caracterizado como o ocultista. Cristo se surpreende com a fé demonstrada pelo centurião que, na parábola, representa a mente, pelo comando que tem sobre os soldados (faculdades) sob a sua autoridade. Ele não esperava que uma pessoa que não fosse do tipo místico pudesse ter tanta fé, ao dizer que “nem mesmo em Israel achei fé como esta”.
O objetivo das escolas de ocultismo é o treinamento dos diferentes veículos do homem e que deve ser feito sincronicamente, pois as mudanças em cada veículo visando seu aperfeiçoamento não podem ser feitas sem que os demais veículos também se modifiquem. Por essa razão, uma preocupação maior do aspirante à vida superior com a higiene e a dieta, por reconhecer que seu corpo é o templo do Espírito não terá maiores resultados se a mesma preocupação não for observada em relação às suas emoções e aos seus pensamentos.
Hoje em dia é crescente o número de pessoas que buscam uma dieta equilibrada, sendo crescente também o número daqueles que seguem uma dieta vegetariana, não somente pelos benefícios que traz à saúde como também por amor aos animais.
Mas se cuidamos de nosso corpo físico pela dieta e pela higiene por ser o corpo um templo do espírito, preocupação maior deve ser dada ao que vibra e ressoa dentro desse templo, através de nossas palavras, sentimentos e pensamentos. A utilização freqüente da oração pode dar ao interior de nosso corpo o nível vibratório adequado para que a harmonia e a paz estejam sempre presentes. E a oração que o Senhor nos deixou, o Pai Nosso, é a oração ideal para ser proferida, pois ela é dirigida a todos os nossos veículos, conforme nos ensina o CONCEITO em seu capítulo XVII, subtítulo A ORAÇÃO DO SENHOR, texto que recomendamos ao leitor ler e sobre ele meditar.
O ser humano moderno está praticamente todo voltado para o mundo exterior, com o qual se comunica por meio dos sentidos. Mas em um passado remoto, o ser humano estava em contato com os mundos internos, sendo o corpo pituitário ou hipófise e a glândula pineal ou epífise os órgãos que permitiam esse contato. Estavam relacionados ao sistema nervoso simpático. Essa capacidade de ver os mundos internos foi manifesta no Período Lunar, na última parte da Época Lemúrica e na primeira parte da Atlante. Em nossa palestra anterior, dissemos que, quando houve a recapitulação do Período de Saturno na primeira revolução do Período Terrestre, os Senhores da Forma trabalharam sobre o sistema nervoso simpático herdado do Período Lunar com o objetivo de dividir esse sistema em duas partes. Assim o sistema nervoso voluntário com o cérebro frontal pôde ser criado. Desde a Época Lemúrica, a humanidade passou a trabalhar sobre o sistema nervoso cérebro espinhal, para adaptá-lo às suas necessidades e torná-lo suscetível ao controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, o sistema estava tão desenvolvido que foi possível ao Ego tomar posse plena do corpo denso.  Isto se deu quando  o ponto do corpo vital se pôs em correspondência com o ponto da raiz do nariz do corpo denso. Desde esse tempo, a conexão entre a glândula pineal, o corpo pituitário e o sistema nervoso cérebro espinhal foi se realizando lentamente e está quase completa. Para voltar a ter contato com os mundos internos essas duas glândulas citadas deverão ser despertadas, porém em um ciclo superior da espiral, porque estará em conexão com o sistema nervoso voluntário e, portanto, sob o domínio da vontade do Ego. 
Os Evangelhos fazem menção ao despertar da glândula pineal por meio de linguagem simbólica. Em Mateus (27:57-60), nos é dito que José depositou o corpo de Jesus em um túmulo novo que fizera abrir na rocha. O novo túmulo aberto na rocha representa a glândula pineal, cujo processo de espiritualização representa a construção da pedra filosofal. No Capítulo seguinte desse Evangelho é dito que um Anjo do Senhor desceu do Céu e removeu a pedra, sentando-se sobre ela, indicando que a glândula pineal, através do Poder Divino, tornou-se ativa. É importante notar que nessa descrição bíblica o despertar da glândula pineal se dá no contexto da morte e da ressurreição, que é o símbolo esotérico para o processo de Iniciação. Há uma grande analogia entre o processo de morte e  ressurreição e o processo da Iniciação. Em ambos o Espírito deixa o corpo e tem a consciência dos mundos superiores. A diferença é que, na morte, não há o retorno para o corpo. Também em Mateus (16:13-20), Jesus diz a Pedro que “tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei minha Igreja”, simbolizando o despertar da epífise.  
O despertar dos órgãos do conhecimento se dá por meio da educação ou treinamento esotérico. Mas antes de o aspirante receber instruções específicas com essa finalidade, terá que ter vivido uma vida de elevado padrão moral, dedicada a pensamentos espirituais e a serviço de seus irmãos. As forças com que o aspirante conta para seu desenvolvimento espiritual são as forças criadoras que ele não utiliza, economizando-a para seu crescimento espiritual. As forças criadoras devem ser usadas unicamente para permitir o renascimento de um ser e, nesse aspecto, aqueles que estão em melhores condições para gerar corpos densos apropriados às necessidades de seres que aguardam essa oportunidade têm o dever de fazê-lo. Muitos Egos elevados não podem nascer, por não encontrarem pais suficientemente puros para proporcionar-lhes os veículos físicos adequados. José e Maria deram o mais belo dos exemplos ao prepararem o mais puro corpo denso que era possível gerar para ser usado por um Arcanjo, o Cristo, conforme iremos tratar em palestra vindoura.
A força sexual economizada forma uma corrente que sobe pela coluna espinhal e a laringe ou pelo coração e a laringe, conforme o caminho que é seguido pelo aspirante, o de um ocultista ou de um místico. O diagrama 17 do CONCEITO mostra os caminhos seguidos pelas forças criadoras nos dois casos e também no caso de um adepto, onde se dá o equilíbrio perfeito. Sob orientação superior, exercícios são realizados pelo aspirante para por em vibração a hipófise, o que faz com que as linhas de força que constituem a corrente ascendente das forças criadoras alcancem a epífise, estabelecendo assim uma ponte entre esses órgãos. Desse modo, a percepção do Mundo Físico é ampliada para incluir a percepção do Mundo do Desejo, tornando a pessoa clarividente voluntária. Mas ver os Mundos Internos não garante agir dentro deles. Para isso, o aspirante necessita de um veículo capaz de permitir sua atuação nos Mundos Internos.
Dos veículos superiores do ser humano, apenas o corpo vital (os éteres superiores) está pronto para funcionar nos Mundos Internos, porque o corpo de desejos e a mente não estão ainda organizados para tal. Sabemos da Filosofia Rosacruz que os éteres superiores são meios para a percepção pelos sentidos e para a memorização. Isso torna possível que as recordações das experiências suprafísicas possam chegar até a memória consciente. Os éteres superiores são também a sede da Alma Intelectual, que o aspirante constrói vida após vida. Daí, sua denominação de corpo alma, ou seja, o corpo que abriga a alma. Dessa forma, os éteres superiores podem ser o suporte para o Ego nos Mundos Invisíveis enquanto os éteres inferiores permanecem junto ao corpo durante o repouso. Assim, durante o sono, o aspirante tem a oportunidade de funcionar conscientemente nos Mundos Internos, quando deixa de lado a consciência do mundo externo, ao levar consigo os éteres superiores. Recomendamos ao leitor ler o Capítulo XVII do CONCEITO, para compreender melhor o método que permite esse funcionamento. Ao final desse capítulo são descritos os exercícios que dão condições para um funcionamento adequado nos Mundos Internos. Os exercícios são a concentração, a meditação, a observação, o discernimento, a contemplação e a adoração. A esses podemos acrescentar o exercício de retrospecção, ao qual já nos referimos em palestra anterior.
O funcionamento nos Mundos Internos deve sempre objetivar a realização de serviços que estejam de acordo com as leis Divinas. Deve ser lembrado que o corpo vital é a contraparte do Espírito de Vida, o veículo inferior do Cristo. A força Crística, uma vez elevada em nosso interior, deve ser continuamente alimentada. E o alimento dessa força e que leva ao crescimento do corpo vital é o serviço realizado por amor. Max Heindel enfatiza muito que só o serviço leva a esse crescimento e que a leitura e a realização de exercícios, por eles mesmos, nada acrescentam ao corpo alma. Essa mesma mensagem nos é transmitida no Evangelho de João, no Capítulo 4, na parábola de Cristo e a samaritana. Cristo senta-se junto à fonte, no alto do poço de Jacó, demonstrando que a Força Crística chegou ao topo do canal espinhal. Pede à samaritana para dar-lhe de beber, significando que essa força deve ser continuamente levantada de forma a alimentar a Consciência Crística permanentemente. Quando cessamos de alimentar o Cristo Interno, voltamos à condição anterior, voltamos à vida comum.

Bibliografia
Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, São Paulo, Brasil
Temas Rosacruzes, Tomo II, Recopilacion de seis libros, Editorial Kier, Buenos Aires, Argentina.
The Four Gospels Esoterically Interpreted, John P. Scott, The Langford Press, Oceanside, CA, USA.

domingo, 23 de outubro de 2011

O CAMINHO DOS QUE DESEJAM COMUNGAR COM DEUS

Texto interessante de Paulo Coelho, para reflexão:
 
Todos os mestres dizem que o tesouro espiritual é uma descoberta solitária.
 
“Então por que estamos juntos?”, perguntou um dos discípulos.
 
“Vocês estão juntos porque um bosque é sempre mais forte que uma árvore solitária”, respondeu o mestre.
 
O bosque mantém a umidade, resiste melhor a um furacão, ajuda o solo a ser fértil.
 
Mas o que faz a árvore forte é sua raiz. E a raiz de uma planta não pode ajudar outra planta a crescer.
 
“Estar junto no mesmo propósito, e deixar que cada um cresça à sua maneira, este é o caminho dos que desejam comungar com Deus”.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

USO DA PALAVRA EM LOJA


Este assunto é uma unanimidade em todas as Oficinas:
- Quem fala muito atrapalha a reunião! Mas por que isto acontece?
Por dois motivos: vaidade e ingenuidade.
A vaidade é facilmente notada quando o locutor coloca  os verbos na primeira pessoa, suas manifestações parecem testemunhos, ele julga que em todos os assuntos da Loja os Irmãos devem escutar sua opinião e tem a capacidade de ocupar mais tempo do que o ritualizado para o Quarto de Hora e Estudos.
A ingenuidade é aparente naqueles que saúdam as autoridades, visitantes e ainda dá as conclusões sobre a Sessão (funções do Orador). Também sempre se manifestam sobre as Instruções (função das Luzes ou daqueles que o Venerável indicar); após a leitura do Balaústre pede a palavra, saúda nominalmente todos os presentes e questiona o Secretário sobre qualquer questiúncula que deveria fazê-lo após a Sessão, às vezes por questões mínimas.
Nós devemos entender que qualquer reunião que ultrapassa duas horas é cansativa e se torna improdutiva; temos Irmãos que trabalharam o dia inteiro e desejam à noite encontrar com o grupo para serenar os ânimos e harmonizar-se com o Criador.
Vivemos num tempo onde o perigo é uma constante e abrirmos a porta de nosso lar após as 23:00 é um risco para toda a família.
Observem que quando o Irmão falador pede a palavra, toda a Oficina "trava", e assim há uma quebra na Egrégora Espiritual da Sessão. Por outro lado, quando aquele Irmão que pouco se manifesta pede a palavra, todos se voltam para ele com atenção e RESPEITO.
Devemos nos conscientizar que se queremos contribuir na formação dos Irmãos, devemos fazê-lo pelo EXEMPLO e não pela palavra!
A verborréia é uma deficiência, um vício que avilta o homem!
Quando formos visitar uma Loja, estaremos lá para aprender e não para ensinar, então o silêncio torna-se uma prece; nas Sessões Magnas (compreensivelmente mais longas) e sempre com a presença de visitantes, deixemos que o Orador nos apresente e fiquemos com o Sinal de Ordem, para dizer à toda Oficina que somos o nominado e estamos de P.: e a O.:.
Dar os parabéns pelos trabalhos só é necessário para os que têm necessidade de lustro na vaidade.
Se o Irmão quiser ocupar mais de 3 minutos (tempo mais que salutar) ele pode agendar com o Secretário sua participação no Quarto de Hora de Estudo ou na Ordem do Dia.
No período destinado à Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular, devemos priorizar trazendo notícias dos Irmãos ausentes (não vale justificar a falta, pois deve ser feito por escrito pelo mesmo acompanhado obrigatoriamente do óbulo) e louvarmos os feitos da Ordem.
O Livro da Lei nos ensina: Pois o Reino de Deus não consiste em palavras, mas na virtude (1 Coríntios 4,20).
Lembrem-se que todos nós independente do Grau ou de Cargos, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

TFA a todos.
Ir.`. Mauro Alves de Oliveira

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

METÁFORA DO DIA

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui.Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída – o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela…

domingo, 2 de outubro de 2011

SOIS MAÇOM?

Sois Maçom?* 
Ir.'. Francisco Geraldo Fernandes De Almeida
08/11/2005 - Rito: REAA - Guia do Maçom

Sois Maçom ?
Lembrava daquela forte dor no peito.
Como viera eu parar aqui?
O ambiente me era familiar.
Já estivera aqui, mas quando?
Caminhava sem rumo.
Pessoas desconhecidas passavam por mim, contudo, não
tinha coragem de abordá-las.
Mas, espere, que grupo seria aquele reunido e de terno preto?
Lógico! não estariam indo ou vindo de um enterro; hoje em dia não é tão comum pessoas irem a velório com roupa preta.
É claro! são irmãos!
Aproximei-me do grupo.
Ao me verem chegar interromperam a conversa.
Discretamente executei o sinal de aprendiz, obtendo resposta.
A alegria tomou conta de mim, estava entre amigos.
Identifiquei-me, perguntei ansioso o que estava acontecendo  comigo.
Responderam-me com muito cuidado e fraternalmente.
Havia desencarnado.
Não tive mais dúvidas estava no oriente eterno.
Fiquei assustado; e a minha família, os meus amigos, como estavam?
- Estão bem, não se preocupe; no devido tempo você os verá, responderam.
Ainda assustado, indaguei do motivo de suas vestes.
- Estamos nos encaminhando ao nosso Templo Maçônico (foi a resposta).
- Templo Maçônico?
Vocês tem um?
- Sim claro, por que não?
Senti-me mais à vontade, afinal, sou um Grande Inspetor Geral e com certeza receberei as honras devidas a meu grau.
Pedi para acompanhá-los, no que fui atendido.
Ao fim de pequena caminhada avistei  o templo.
Confesso que fiquei abismado, sua imponência era enorme.
As colunas do pórtico eram majestosas, nunca vira nada igual.
Imaginei como deveria ser seu interior e como me sentiria
tomando parte nos trabalhos.
Caminhamos em silêncio, ao chegar ao salão de entrada verifiquei grupos de irmãos conversando animadamente, porém, em tom respeitoso.
O que parecia o líder do grupo que me acompanhava chamou um irmão que estava  adiante:
- Irmão Experto! acompanhai o irmão recém chegado e com ele aguarde.
Não entendi bem. Afinal, tendo mostrado meus documentos, esperava, no mínimo, uma recepção mais calorosa. Talvez estejam preparando uma surpresa à minha entrada; para um 33 não poderia se esperar nada diferente.
Verifiquei que os irmãos formavam o cortejo para entrada no templo.
À distância, não pude ouvir o que diziam, contudo, uma luminosidade esplendorosa cercou a todos. A
Adentraram silenciosamente no templo.
Comigo ficou o irmão Experto.
 De tanta emoção não conseguia dizer nada.
O tempo passou... não pude medir quanto.
A porta do templo se entreabriu e o irmão Mestre de Cerimônias
encaminhando-se a mim comunicou que seria recebido.
Ajeitei o paletó, estufei o peito, verifiquei se minhas comendas não estavam desleixadas e caminhei com ele.
Tremia um pouco, mas quem não o faria em tal circunstância?
Respirei fundo e adentrei ritualisticamente no Templo.
Estranho... Esperava encontrar luxuosidade esplendorosa, muito ouro e riqueza.
Verifiquei, rapidamente, no entanto, uma simplicidade muito grande.
Uma luz brilhante, vindo não sei de onde iluminava o ambiente.
Cumprimentei o Venerável Mestre e os vigilantes na forma usual.
Ninguém se levantou à minha entrada. mantinham-se calados e respeitosos.
Não sabia o que fazer... aguardava ordens... e elas vieram na voz firme do
Vem. Mestre:
- Sois Maçom ?
Reconhecendo a necessidade do Trolhamento em tais circunstâncias, aceitei respondê-lo.
Estufei o peito, estiquei o corpo e respondi:
-MM.'.II.'.C.'.T.'.M.'.R
Aguardei, seguro, a pergunta seguinte.
De seu lugar o Ven Mestre dirigindo-se aos presentes, perguntou:
- Os irmãos aqui presentes o reconhecem como Maçom?
Assustei-me, o que era isso? Por que tal pergunta? O silêncio foi total.
Dirigindo-se à mim, o Venerável emendou:
- Meu caro Irmão visitante, os irmãos aqui presentes não o reconhecem como Maçom.
- Como não? Disse eu.
Não vêem as minhas insígnias?
Não verificaram os meus documentos?
- Sim, caro irmão, retrucou solenemente o Venerável.
Contudo não basta ter ingressado na Ordem, ter diplomas ou insígnias, para ser um Maçom é preciso, antes de tudo, ter construído o "Seu Templo".
E verificamos que tal não ocorreu com o Irmão.
Observamos, ainda, que apesar de ter tido todas as oportunidades de estudo e de ter galgado ao maior dos graus, não absorveu seus ensinamentos.
 Sua passagem pela arte real foi efêmera.
Não pude agüentar mais.
Retruquei:
- Como efêmera?
Vocês que tudo sabem não observaram minhas atitudes fraternas?
Fui interrompido.
-Irmão,  vejamos então sua defesa...
Automaticamente desenhou-se na parede algo parecido com uma tela imensa de televisão e na imagem reconheci-me junto a um grupo de irmãos tecendo comentários desairosos contra a administração de minha Loja.
Era verdade.
Envergonhei-me. 
Tentei justificar, mas não encontrava argumentos.
Lembrei-me então, de minhas ações beneficentes.
Indaguei-os sobre tal.
E mudando a imagem como se trocassem de canal, vi-me colocando a mão vazia no Tronco de Beneficência. Era fato e, costumeiramente, o fazia por achar que o óbolo não seria bem usado.
Por não ter o que argumentar, calei-me e lágrimas de remorso brotaram-me nos olhos, iniciei a retirar-me cabisbaixo e estanquei ao ouvir a voz autoritária e ao mesmo tempo fraterna do Venerável:
-Meu irmão, reconhecemos suas falhas quando na orbe terrestre e na Maçonaria, contudo, reconhecemos, também, que o irmão foi iniciado em nossos  Augustos Mistérios.
Prometemos em suas iniciações protegê-lo e o faremos.
O irmão terá a oportunidade de consertar seus erros, afinal, todos nós aqui presentes já os cometemos um dia.
Descanse neste plano o tempo necessário e, ao voltar à matéria para novas experiências, nós o encaminharemos novamente para a ordem maçônica. sua nova caminhada com certeza será mais promissora e útil.
Saí decepcionado  mas estranhamente aliviado.
Aquelas palavras parecem ter me tirado um grande peso.
Com certeza ali eu desbastara um pedaço de minha pedra bruta.
Acordei, sobressaltado e suando.
Meu coração disparado.
Levantei-me assustado com certa alegria no peito.
Havia sonhado!
Dirigi-me ao guarda-roupa.  meu terno preto ali estava, instintivamente retirei do paletó as medalhas e insígnias e as guardei em uma caixa, para nunca mais usar.
Ainda emocionado e com os olhos molhados de lágrimas dirigi-me à minha mesa e com as  mãos trêmulas e cheio de uma alegria em levante, indescritível, retirei o ritual de aprendiz Maçom E DECIDI COMEÇAR TUDO DE NOVO