Dentro do ciclo de palestras sobre "O Conceito Rosacruz do Cosmos"
Terceira Palestra
PARTE I I I – O MUNDO DO DESEJO E AS ATIVIDADES EM VIGÍLIA
- INTRODUÇÃO
O Mundo do Desejo tem sete divisões, como os demais, e é através das forças cósmicas nelas presentes que é proporcionado aos seres vivos o incentivo para a ação. Desejos, emoções, aspirações, paixões e sentimentos expressam-se na matéria das diferentes regiões do Mundo do Desejo, como as formas se expressam na Região Química do Mundo Físico. Só que no Mundo do Desejo não é fácil a distinção entre força e matéria. Se a lei que rege a matéria na região Química é a inércia, tal não ocorre no Mundo do Desejo, em que a matéria está em movimento incessante e fluídico. O Mundo do Desejo é luz e cores sempre cambiantes. As forças geradas pelos seres humanos e animais se misturam com as forças de inúmeras hierarquias que não aparecem no Mundo Físico.
O Mundo do Desejo está em constante movimento. Não seria diferente para o Corpo de Desejos humano, que se move incrivelmente rápido. A matéria de desejos que, em um momento, está na cabeça, encontrar-se-á nos pés no instante seguinte e continuará a mover-se sempre. O corpo de desejos humano, em virtude de seu tempo evolutivo, não possui órgãos como o corpo físico ou o vital. Há, no entanto, centros de percepção, que parecem vórtices e que permanecem sempre na mesma posição, embora a matéria de desejos esteja passando por eles em contínuo movimento. Na grande maioria da humanidade, esses centros não passam ainda de redemoinhos, sem utilidade ainda como meios de percepção. Esses centros são mais desenvolvidos nos clarividentes, voluntários ou involuntários, como os médiuns. É o sentido de rotação dos vórtices que diferencia os clarividentes voluntários dos involuntários. O corpo de desejos está radicado no fígado, assim como o corpo vital está radicado no baço. A matéria de desejos está continuamente fluindo em correntes que viajam ao longo de linhas curvas para todos os pontos da periferia do corpo de desejos, que forma um ovóide, e voltam ao fígado através de um certo número de vórtices. Isso ocorre para todos os seres de sangue quente, que possuem sentimentos, paixões e emoções. Essas linhas curvas formadas pela matéria de desejos em contínuo movimento se tingem de cores de acordo com a natureza das emoções, sentimentos ou paixões de seu possuidor. As emoções aquosas que comentamos na palestra anterior parecem-se a nuvens cheias, com cores de matizes delicados e cintilantes. As emoções inferiores se mostram com cores pesadas e obscuras, com relâmpagos de fogo no caso de cólera ou ódio. No caso de gratificação dos apetites o vermelho prevalece, em matizes que variam de acordo com a natureza desses apetites, podendo chegar ao escarlate. O sentimento que reduz as vibrações do corpo de desejos e pode congelá-lo, levando a criar uma espécie de paralisia, é o medo. Seus efeitos são sentidos imediatamente no corpo de desejos, criando linhas de cor cinza que ondulam través da aura da pessoa. Com a continuação do processo, a luz e a beleza das cores normais parecem ficar cobertas ou escondidas por uma névoa pesada e cinzenta. Em casos de pavor extremo, a matéria de desejos congela inteiramente, formando redemoinhos em torno dos vórtices. Max Heindel nos diz que o medo é um grande obstáculo ao crescimento anímico.
O Mundo do Desejo encontra-se sob o domínio de duas forças, a de Atração e a de Repulsão, que atuam, nas três regiões superiores, diferentemente do que atuam nas três regiões inferiores, sendo a quarta região, a central, uma região que pode ser considerada como neutra, a Região do Sentimento. Nessa região, o interesse ou a indiferença por alguma idéia ou objeto é que provoca ou não a inclinação para uma das forças mencionadas. O leitor pode visualizar as regiões do Mundo do Desejo no Diagrama 2 do CONCEITO.
Só a Força de Atração atua na substância mais sutil das três regiões superiores do Mundo do Desejo. A Força de Atração também é encontrada nas regiões inferiores, para contrabalançar a ação destrutiva da Força de Repulsão ali presente. Na região mais densa do Mundo do Desejo a Força de Repulsão é mais forte. Na segunda região, a da Impressionabilidade, o efeito das forças de atração e repulsão é equilibrado. As impressões geradas por um fato são neutras e resultam das percepções sensoriais proporcionadas pelo Corpo Vital. Na terceira região, a Região dos Desejos, a Força de Atração supera a Força de Repulsão. Os desejos gerados na terceira região são de natureza egoísta.
Todas as formas do Mundo do Desejo tendem a atrair as de natureza semelhante e, desse modo, crescer. Nas regiões superiores do Mundo do Desejo, essa tendência encontra condições adequadas para que isso ocorra, já que só a Força de Atração ali atua e assim o Bem é fortalecido e cresce sem limites. Na primeira região, o mal tenderia a crescer sem limites não fosse a ação destrutiva da Força de Repulsão, que ali predomina e promove a desintegração das formas de mesma natureza mas que são intrinsecamente desarmônicas em suas vibrações. Um exemplo bem ilustrativo descrito no CONCEITO é a ação destrutiva provocada pela mentira. Tudo quanto sucede no Mundo Físico tem reflexos no Mundo de Desejo, em função dos sentimentos, emoções e desejos relacionados ao fato ocorrido. Se a descrição do fato não é correta, a forma construída no Mundo do Desejo desse mesmo fato não correspondente à forma que foi gerada pelo fato em si. Uma atrai a outra, mas como as vibrações são diferentes, cada uma age sobre a outra de modo mutuamente destruidor.
Por essa razão, o Mal não pode ser combatido se a intenção é de destruí-lo, pois outra forma é gerada nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, onde a Força de Repulsão irá atuar. O Mal deve ser combatido por meio de emoções formadas a partir de matéria das regiões superiores do Mundo do Desejo, onde a intenção é sempre a de buscar o bem em todas as coisas, onde só a Força de Atração atua. A intenção manifestada pela pessoa está intimamente ligada à matéria que é despertada na quarta região do Mundo do Desejo, a Região do Sentimento. Se o sentimento for de indiferença, nenhuma intenção é manifestada e o assunto desaparecerá de nossa consciência. Se for de interesse, a natureza de nossa intenção é que determinará a qualidade da matéria de desejos que irá intervir no processo. A intenção de destruir levará a uma forma de desejo das regiões inferiores. A intenção de construir e de buscar o bem levará a uma forma de desejo das regiões superiores.
Uma das características marcantes de nossa evolução é a forte presença da dualidade, fazendo com que, a cada momento, tenhamos que fazer escolhas. Não seria diferente com o sentimento da indiferença, que pode contribuir para nossa evolução, tanto de forma negativa como positiva. A indiferença pode ter efeito negativo, quando desperdiçamos oportunidades de fazer o bem e aí pecamos por omissão. Pode contribuir de forma positiva quando somos tentados e a indiferença se apresenta como a forma mais eficaz de não cedermos à tentação, em vez de lutarmos contra ela, conforme já comentamos no parágrafo anterior.
Diagrama 2 -Os Sete Mundos. Fonte: Conceito Rosacruz do Cosmos
- ATIVIDADES DA VIDA, MEMÓRIA E CRESCIMENTO ANÍMICO
As atividades do Ego Humano, em vigília, têm lugar de forma intensa no Mundo do Desejo, especialmente na atual fase da evolução humana, conforme está descrito no Capítulo III do CONCEITO, do qual extraímos os aspectos principais.
Nós, como Egos, observamos, através dos nossos sentidos, as impressões produzidas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital. Observamos também os sentimentos e emoções gerados por essas mesmas impressões no Corpo de Desejos. Todas essas impressões, sentimentos e emoções, refletidas através da mente, chegam à consciência do Ego.
Das imagens mentais assim produzidas e também com o auxílio da mente formamos as nossas conclusões. Tais conclusões são idéias. Pelo poder da vontade projetamos essas idéias através da mente. Revestidas da matéria mental extraída da Região do Pensamento Concreto, essas idéias concretizam-se como formas de pensamento.
A mente funciona, portanto, como as lentes de um projetor de cinema. A imagem é projetada em uma das três direções, de acordo com a vontade do pensador que anima o pensamento-forma.
1 - Pode projetar-se sobre o corpo de desejos a fim de despertar o sentimento que impele à ação imediata. O sentimento despertado pode ser de interesse ou de indiferença. Se for de indiferença, a energia espiritual que o pensador imprimiu através de sua vontade tende a se enfraquecer, até que essa energia se dissipe, e duas coisas podem ocorrer: a vontade do pensador se cumpre, apesar do desinteresse ou apenas um registro do fato é gravado no corpo vital.
Se o pensamento desperta Interesse, uma das forças gêmeas - Atração ou Repulsão - deverá atuar.
Se a Atração for a força despertada, ela toma o pensamento, impele-o para o corpo de desejos, acrescenta vida à imagem e envolve-a em matéria de desejos. Então o pensamento está apto a atuar sobre o cérebro etéreo impelindo, através dos centros cerebrais apropriados e dos nervos, força vital aos músculos voluntários, os quais executarão a ação necessária.
Se a Repulsão for a força despertada pelo pensamento, haverá uma luta entre a força espiritual (a vontade do homem) e o corpo de desejos. Essa batalha trava-se entre a consciência e o desejo, entre a natureza superior e a inferior. Apesar da resistência, a força espiritual procurará envolver a forma de pensamento na matéria de desejos necessária para manipular o cérebro e os músculos. A força de Repulsão tentará dispersar essa matéria e expulsar o pensamento. Mas, se a energia espiritual é forte, pode romper caminho através dos centros cerebrais e envolver o pensamento com matéria de desejos enquanto põe em movimento a força vital, compelindo-a desse modo à ação. Então deixará na memória uma impressão bem vivida da batalha e da vitória. Se a energia espiritual se esgotar antes de produzir a ação, a força de Repulsão prevalecerá. Então será arquivada na memória, como todas as demais formas de pensamentos quando esgotam sua energia.
O domínio do corpo de desejos pela vontade humana é tratado na parábola da cura do paralítico, no Cap. 5 do Evangelho de João, de grande interesse para os que seguem preferencialmente o caminho do misticismo, mas igualmente importante para todos.
Na parábola existia um tanque, chamado em hebraico de Betesda, com 5 pavilhões. Em intervalos, um anjo vinha agitar suas águas. A primeira pessoa que entrava no tanque, uma vez agitadas suas águas, curava-se de qualquer doença. Havia ali um homem enfermo há 38 anos, que nunca tinha sido capaz de ser o primeiro a entrar no tanque. Sempre outro homem entrava no tanque antes dele. Cristo curou o homem e disse para seguir seu caminho e não pecar mais, para que coisas piores não lhe acontecessem.
Os 5 pavilhões representam os 5 sentidos através dos quais há o contato com o Mundo Físico e, conseqüentemente, são despertadas emoções, como resultado desse contato. O anjo que agita a água representa a força espiritual superior que, enquanto fizer parte de nossa natureza emocional, nos cura de todos os males. Assim, enquanto nosso tanque interior de Betesda estiver sendo agitado com altas vibrações ou emoções superiores, nossos males gradualmente desaparecem. Mas o homem na parábola não consegue chegar ao tanque cedo o suficiente. Ele tem momentos de atividade emocional superior, mas antes que disso possa se beneficiar, uma emoção mundana, ligada à sua personalidade, simbolizada por outro homem, chega antes dele ao tanque. Isso é comum de ocorrer conosco. Temos um elevado ideal, uma emoção sublime, mas gradualmente uma emoção inferior, relacionada a esse ideal, mas vinculada à nossa personalidade, toma seu lugar e assim voltamos à nossa condição original de esperar que novamente o anjo agite o tanque. Daí, a importância de analisarmos sempre a natureza e a intenção real de nossos desejos. Max Heindel representou essa situação como a de pensarmos que temos ouro puro, mas na realidade temos muitas vezes uma liga de menor valor. Quando, entretanto, o Cristo interno se forma em nós, Ele cura nossos pecados, como na parábola, mas nos adverte que, se não cessarmos de cometê-los, coisas piores poderão ocorrer, fazendo referência à Lei de Causa e Efeito, que diz que colhemos tudo o que semeamos, pois devemos caminhar em harmonia com as leis de Deus.
2 - Quando as imagens mentais dos impactos externos não provocam uma ação imediata, podem projetar-se diretamente sobre o éter refletor, junto com os pensamentos por elas originados, para serem utilizadas no futuro.
3 - A terceira maneira de empregar o pensamento-forma é quando o pensador o projeta na direção de outra mente, para atuar como sugestão, proporcionar informações, etc., como na telepatia.
Quando o trabalho projetado para uma forma de pensamento foi realizado ou sua energia foi exaurida em tentativas vãs de alcançar seu objetivo, ele gravita em torno de seu criador, deixando com ele um registro indelével de sua jornada. O sucesso ou insucesso é impresso nos átomos negativos do éter refletor, onde passa a fazer parte dos registros da vida do pensador, a chamada memória subconsciente. Essa memória serve de árbitro do destino do homem em seu estado post-mortem, no qual as Forças de Atração e de Repulsão têm também um papel preponderante, conforme será analisado na palestra a seguir.
As memórias, tanto a consciente quanto à subconsciente, dizem respeito às experiências de uma dada vida. Há também uma memória super-consciente que reúne todas as faculdades adquiridas e os conhecimentos ganhos em vidas prévias. Essa memória é gravada indelevelmente no Espírito de Vida. Ela se manifesta em nossa vida como consciência e caráter.
Das experiências vividas pelo ser humano decorre a construção de uma alma tríplice:
Alma Emocional – extrato do Corpo de Desejos - alimenta o Espírito Humano.
Alma Intelectual – extrato do Corpo Vital – alimenta o Espírito de Vida.
Alma Consciente – extrato do Corpo Físico – alimenta o Espírito Divino.
Fonte: Conceito Rosacruz do Cosmos de Max Heindel
- O MUNDO DO DESEJO E OS ARCANJOS
Os Arcanjos são a Hierarquia que atua predominantemente no Mundo do Desejo, onde atuam também os Anjos, conforme já comentado na palestra anterior, sobre a Região Etérea, bem como a própria humanidade, que se encontra ali à noite, durante o sono do corpo, e no intervalo entre renascimentos, em sua existência post-mortem.
Os Arcanjos são a humanidade do período Solar, o segundo Dia Cósmico da Evolução do nosso Sistema Solar. Como em toda onda de vida, há alguns mais avançados em sua evolução, outros menos, a todos sendo dadas oportunidades para completarem sua evolução. Alguns Arcanjos se tornaram Espíritos de Raça guiando e aperfeiçoando povos ou nações humanas, outros trabalham como Espíritos Grupo, encarregados das várias espécies animais em evolução.
Os Arcanjos que guiam os povos o fazem tanto em dias de paz como na guerra e a literatura sagrada registra casos em que um Arcanjo leva seu povo a lutar com outro povo guiado por um Arcanjo diferente e um deles permite que o outro seja vencedor porque essa é uma lição necessária para esses povos. Sempre, em última instância, se procura o bem.
O grupamento da humanidade em nações e povos, necessária para formar grupos evolutivos mais homogêneos, trouxe o inconveniente de promover divisões entre a humanidade e fomentar as lutas, a inveja e o ódio. Cabe registrar que, no passado, as Regiões de Vida, Luz e Poder Anímicos estavam muito pouco povoadas por seres humanos, pois raramente o ser humano cometia uma boa ação.
Cristo é o mais alto Iniciado entre os Arcanjos e foi encarregado de uma missão especial em relação à nossa humanidade, o que será tratado em nossa última palestra. O tremendo impacto espiritual ocasionado por Cristo, que difundiu Seu próprio Corpo de Desejos por todo nosso planeta, purificou a Terra de todas as más influências desenvolvidas até Sua vinda. Ao serem impulsionados por Ele ao longo dos caminhos do amor e do serviço, os seres humanos tornaram-se capazes de funcionar conscientemente nas regiões superiores do Mundo do Desejo depois da morte e de vez em quando durante o sono. Cristo deixou um mandamento, essencial para a redenção humana e capaz de permitir, de forma abrangente, a união entre todos os seres humanos: pregar o Evangelho e Curar os enfermos, que simbolizam os dois pólos de desenvolvimento que a humanidade poderá seguir, respectivamente: o racional, através da mente e o devocional, pelo coração.
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