terça-feira, 16 de agosto de 2011

O caipira na Maçonaria

Zé, priciso ti contá esta história.
Tava eu numa noite dessas procurando uma loja de coisas da tua profissão, prá comprá o seu presente de Natal, quando encontrei um predião que me apontaram, tudo aceso, cheio de gente... eta turma boa!!! Perguntei:
- Aqui é loja de pedreiros?
Invés de resposta, só foi abraço.
Descobriram logo que sou mecânico, porque todo mundo me perguntava onde ficava a minha oficina.
Lojona bonita aquela, com quadros, tapetes, ventiladores, até livro de visitas tinha que assiná. Gozado, com aquele calorão doido, queriam saber quantos graus estava fazendo e não tinha termômetro. Devia di tá mais de 30, então carquei lá no livrão: 33. Acho que acertei na mosca, porque todo mundo me abraçou bastante.
Depois todo mundo entrou pro salão onde tava as mercadorias: tinha cuié de pedreiro, prumo, nível, esquadro, alavanca, compasso, régua... até pedra tinha.
Tinha também mesas e cadeiras que não acabava mais. Acho que algumas dessas mesas tava com o tampo solto porque os caras pegaram uns martelinhos e começaram a batê.
Até a porta devia está emperrada, porque um sujeito começou a batê com o cabo de um espeto. Depois pensei que um indivíduo lá era cego. Perguntou onde sentava fulano..., onde sentava o sicrano..., queria saber que horas eram..., coitado!
Teve um espírito de porco que falou prá ele que era meio-dia em ponto. E não é que ele acreditou!
Depois outro sujeito foi perto dele e começaram a cochichar aqui e ali. Um deles reclamou de um tal de Arão que fez um estrago com óleo. Disse que derramou na cabeça, na barba e no vestido de uma tal de Dona Orla. Confirmei que o cara era cego porque ele falou que a loja tava aberta e então olhei e vi que tava fechada. Nessa hora notei que até lá você era conhecido. Sentiram sua falta e começaram a perguntar:
- E o Zé?, e o Zé?, e o Zé?.
Depois aguentei um tempão um sujeito falá umas baboseiras que não entendí nada e, até que enfim, mandaram fazer as propostas. Veio outro sujeito recolher elas com saquinho e então mandei a minha: dava cinqüenta mangos naquela corda pindurada em cima, toda enroscada.
Sabe, o cara tava só se fazendo mesmo de cego. Ele leu a minha proposta e não disse nada. Acho que fui munheca demais.
Aí inventaram que estava chovendo, que tinha goteira na loja e acabaram me pondo prá fora. Tá certo, Zé, era justo, era perfeito. Mas se acharam pouco o valor que eu escreví, bem que podiam fazer uma contraproposta, não acha?

Autor desconhecido

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