terça-feira, 30 de agosto de 2011

O INDIVÍDUO E SEU DHARMA

I. K. Taimni
           
            (Destacado e erudito teósofo hindu, doutor em Química pela Universidade de Londres, foi professor de pós-graduação e pesquisador em Química na Universidade de Allahabad. Versado na filosofia indiana, na prática da Yoga e nos princípios da Teosofia.) 
            (Extraído do livro Estúdios sobre la Psicologia de la Yoga, de I.K. Taimni, editado pela Federación Teosófica Interamericana, Buenos Aires, 1982).

            O homem, em sua mais íntima natureza divina, é essencialmente Uno com a Realidade sustentadora do Universo e faz parte dela. Trataremos aqui da relação entre a Vontade Divina e a vontade humana. Posto que o homem é essencialmente divino, sua vontade é um fator importante no drama universal que está se desenvolvendo. É certo que o exercício de sua vontade está limitado pelo seu grau de evolução, mas sua vontade afeta em maior ou menor medida a corrente de sucessos vinculados com a vida humana.
            Ainda que os seres humanos não intervenham na elaboração do grandioso drama que está sendo representado em escala universal, parece que desempenham algum papel na determinação do curso dos sucessos relacionados com a evolução humana. O papel que desempenham por meio do exercício do seu livre-arbítrio, em sua limitada esfera, parece insignificante em comparação com a grandiosidade do Universo. Isto se deve ao fato de que olhamos o homem como um simples animal, com mente subdesenvolvida, e não como um ser divino que possui ilimitadas potencialidades.
            O curso do desenvolvimento do Universo está determinado pela interação da Vontade Divina com as vontades das Mônadas individuais associadas a um sistema em evolução. Talvez seja mais correto dizer que é o resultado desta interação. Nas primeiras etapas de evolução as Mônadas apenas são capazes de exercer uma influência insignificante neste drama universal, mas nas etapas mais adiantadas sua influência é enorme. De fato, à medida que ascendemos na escala da evolução e se faz mais perfeita a fusão da consciência, tanto mais difícil é localizar a linha divisória entre a Vontade Divina e a vontade monádica. Será tão correto dizer que a Vontade Divina se expressa sem impedimentos por meio das Mônadas, como dizer que a vontade das Mônadas se tornou livre e autodeterminada. Isto é inevitável porque as Mônadas derivam da diferenciação dessa Realidade Única a que chamamos o Absoluto, e, portanto não pode haver diferença essencial entre as duas vontades.
            Se há livre-arbítrio no indivíduo e no curso da evolução humana, coletiva e individual, é devido á interação da Vontade Divina com a vontade individual. Mas, em que lei se fundamenta esta interação? É evidente que nas etapas iniciais a lei que governa a evolução humana, permitindo que o indivíduo exerça seu livre-arbítrio, é a lei do Karma em seu aspecto mais amplo. O homem é um ser espiritual, e um ser espiritual pode desenvolver suas potencialidades divinas não pela imposição de um código de conduta exterior, mas aprendendo a fazer o que é justo e estando de acordo com a Vontade Divina por livre escolha, porque vê que isso promove o bem de todos, inclusive dele mesmo. O individuo, ao contemplar a própria natureza do Universo como uma expressão da Ideação Divina apoiada na Vontade Divina, deduz que a meta suprema da evolução e o despertar de sua natureza espiritual dependem de que ele viva e atue em perfeita harmonia com a Vontade Divina. Esta dedução o leva a corresponder-se com o Plano Divino, de maneira harmoniosa e perfeita, para cumprir bem seu próprio destino.
            Aqueles que entenderam bem a doutrina do Karma sabem que o homem aprende a agir bem, não por compulsão externa, mas por decisão interna. Quando pratica o mal tem experiências dolorosas que relaciona com o mal feito. Quando faz algo de bom recebe a recompensa em forma de experiências gratificantes e felizes. Assim, associa naturalmente o que é bom com o prazer e a felicidade, e o que é mau, com a dor e a infelicidade e, de maneira lenta, mas incontidamente, evita fazer o mal praticando sempre o bem, ainda que isto lhe cause dificuldades temporais. É certo que pode tomar-lhe centenas de vidas aprender a levar uma existência justa e ter fé cega na retidão; mas é tal a natureza desta Lei que terá de assimilar esta lição cedo ou tarde. E somente quando a tiver aprendido em plenitude e estiver firmemente estabelecido na retidão, estará preparado para embarcar na viagem da própria descoberta. A retidão é a base indispensável da vida espiritual.
            Isto nos leva à pergunta: "Como determinar o que é ação justa dentro do jogo das circunstâncias, ação que esteja em harmonia com a Vontade Divina ou Rta?" O homem ignora, no início de sua evolução, que existe uma Lei Divina e que só o viver em perfeita harmonia com essa Lei é que pode assegurar-lhe plenitude e verdadeira felicidade. Assim, vive de acordo com os ditames de seus desejos, resignado a colher os frutos doces e amargos que o Karma possa trazer como resultado. Como a má ação lhe acarreta dor e a boa, prazer, vai aprendendo a evitar a má ação e a evitar as tendências que o levam a fazer o mal. Deste modo, sua mente vai se libertando da carga de más tendências, o que aumenta sua cota de felicidade e permite, além disso, que a luz de Buddhi (intuição) se infiltre gradualmente em sua mente. Como fruto deste despertar de Viveka (discernimento) ele começa a perceber a natureza ilusória da vida nos planos inferiores e a futilidade em continuar aliado a interesses mundanos, de poder ou prazer temporais. Começa a intuir que até os prazeres e gozos da existência post-mortem serão temporais e ilusórios, e o manterão atado à roda de nascimentos e mortes com todas as suas limitações, ilusões e misérias.
            Gradualmente desperta em sua mente a compreensão de que existe um estado no campo da Realidade, acima do prazer e da dor. E assim nasce em seu coração o ideal de alcançar aquela consciência espiritual pela qual toma conhecimento de sua natureza divina, que está além das limitações e ilusões da vida inferior.
            É nesse momento que deve encarar o problema de saber o que é justo e o que está de acordo com a Vontade Divina. Já tem plena fé na necessidade e na eficácia da retidão; já está determinado a levar uma vida justa; mas ainda experimenta constante confusão entre o bem e o mal, e não sabe com certeza o que fazer em certas circunstâncias. Para este homem, uma vida justa não é a vida religiosa comum, que consiste em professar a fé em certos dogmas, mas sim a adoção de uma atitude completamente impessoal, e uma conduta que esteja em perfeita harmonia com a Vontade Divina a todo o momento. Elevou-se acima do campo da moral vigente; já não está seguindo um rígido código externo de conduta, mas obedece a lei de seu próprio ser baseado em seu Dharma.
            Esse tipo de ação, onde estão eliminados completamente o elemento pessoal e as preferências pessoais, é conhecido como Niskâma-Karma, que significa ação que se executa sem nenhum desejo pessoal senão o de cumprir o Plano Divino e de fazer o que for necessário, de acordo com a sua individualidade e as capacidades que possui. Pois no Cosmos nada ocorre por casualidade, e se nos encontramos em certas circunstâncias não é só porque temos que colher nosso Karma, mas também porque temos um Dharma, ou uma função a cumprir nessas tais circunstâncias. Essa função pode ser importante ou não, significativa ou não, do ponto de vista externo; mas existe, e impõe ao individuo uma obrigatoriedade em cumpri-la. Ele pode escolher não cumpri-la ou faze-lo inadequadamente, sendo que isto acarretará desvantagens e novas complicações para si mesmo e para outros.
            Não podemos intervir no cumprimento do Plano Divino com nossa ignorância, assim como um peixe não pode intervir na correnteza de um rio nadando contra ela. O Plano Divino se cumprirá de qualquer forma, ainda que seja por um caminho alternativo; mas o individuo que não colabora cria complicações para si mesmo e aumenta suas dificuldades no progresso espiritual. Na realidade, a vontade do indivíduo comum é tão débil e seu livre-arbítrio é tão limitado, que sua capacidade de opor-se á Vontade Divina pode ser considerada quase nula. Entrou na corrente da vida a irá desempenhar o pequeno papel que lhe foi designado, queira ou não, apropriada ou inadequadamente.
            Se todos nós estamos cumprindo o Plano Divino e, inconscientemente, estamos cumprindo a vontade de Deus, então que necessidade temos de adotar uma vida de retidão e de sermos agentes conscientes da Vontade Divina? Que vantagem tem o homem que está estabelecido no justo, sobre o homem comum que segue os ditames de seus desejos? A vantagem é enorme, mas necessitamos discernimento (Viveka) para vê-la. Enquanto o homem não estiver firmado na retidão, seu Buddhi (intuição) permanecerá nublado, seus olhos espirituais fechados, e nem sequer estará em condições de entrar para a senda do desenvolvimento espiritual que leva à realização de sua verdadeira natureza. Poderá até ser capaz de conquistar alguns dos poderes psíquicos inferiores, mas as portas do mundo da Realidade permanecerão absolutamente fechadas para ele. Nem sequer saberá que existe uma Realidade oculta por trás dos mundos inferiores nos quais sua consciência e seus poderes estão aprisionados.
            É de grande importância para o individuo levar uma vida de retidão, além do que, exercerá uma grande influência sobre a vida de toda a Humanidade. Um homem justo auxilia os que o rodeiam de duas maneiras: uma, criando um centro de harmonia através do qual podem fluir forças dos planos sutis aos mundos inferiores, e assim ajudar a Humanidade, ainda que ele não esteja sempre consciente disto; outra, tornando possível, para si mesmo, o transcender das limitações e ilusões dos mundos inferiores, e assim criar, com o tempo, um outro canal de comunicação entre o mundo Real e os irreais. Todo individuo que consegue criar este canal converte-se não só num agente da Vida Divina, mas também num guia dos que aspiram desenvolver sua natureza espiritual. E quando tiver alcançado a liberação, será capaz de atender às verdadeiras necessidades espirituais da Humanidade, ainda que passe desapercebido pelo mundo externo.
            Freqüentemente confundimos a espiritualidade verdadeira com a vida religiosa formal, e pensamos que seguindo as formas externas da religião e um código de ética artificial estamos levando uma vida espiritual. Mas aqueles que galgam o discernimento podem ver facilmente a vasta lacuna que separa as duas coisas, e não se deixam enganar com o palavreado e a roupagem imponente da religião com que a ortodoxia encobre sua pobreza de espírito.
            Tornando à pergunta do que vem a ser a reta ação sob todas as circunstâncias, a resposta é: fazer sempre o correto, no momento correto, do modo correto e por razões corretas, até onde saibamos. Pode ser que, apesar de todos os nossos esforços, não consigamos fazer sempre o correto, mas se houver a motivação e a determinação necessária, gradualmente a presença de Buddhi (intuição) nos capacitará para ver o procedimento correto, e para segui-lo sem vacilar. A habilidade para discernir e fazer o certo só pode ser adquirida fazendo, em cada circunstância, o que nos parece mais justo e observando seu resultado. Assim, se estabelece um círculo virtuoso, até nos firmarmos na retidão; então cessa todo esforço e luta, e a vida flui fácil e naturalmente do centro de nossa consciência espiritual, no cumprimento do Plano Divino.
            Mas é conveniente assinalar que somente o desejo vago e débil de fazer o correto não pode produzir semelhante transformação no caráter. Muitos aspirantes reconhecem, na teoria, a necessidade de adotar uma vida justa, e começam a fazer o correto, sempre que não interfira em seus interesses e tendências pessoais. Certamente, isto já representa uma melhora na atitude do homem comum, que nem sequer reconhece a necessidade de uma vida adequada e que atua corretamente por medo de cair nas mãos da justiça ou de criar complicações para si. Mas o indivíduo não pode estabelecer-se na retidão tendo fé no justo e fazendo o bem somente quando lhe convém ou lhe favoreça. Terá que aprender a fazer o bem em todas as circunstâncias, mesmo que possa causar-lhe perdas ou sofrimentos. Para isto, terá que estar constantemente alerta, com agudo discernimento e resolvido, serena e inflexivelmente, a fazer o correto em todas as ocasiões. Isto, provavelmente, implicará em dificuldades e angústias, porque tão logo decidimos viver com retidão, começam a surgir, como que a nos pôr à prova, todo tipo de tentações e obstáculos. Temos que suportar estas provações sem ceder, se realmente somos sérios. Somente parecerão assustadoras e dolorosas quando houver debilidade interna e tendência a vacilar, sinais de que o discernimento ainda está parcialmente nublado. O homem verdadeiramente justo entrega até a própria vida, se necessário, sem agitação ou pesar, como o testemunham mártires, santos e grandes homens.
            O que foi dito mostra ao estudante a relação entre Rta e o Dharma individual, cujas idéias fundamentais podem ser resumidas assim: Rta é a Grande Lei sustentadora do Universo que se desenvolve no tempo e no espaço. A forma Real e espiritual deste Universo existe na Mente Divina, e a forma irreal e temporal que temos segue e aproxima-se, como uma sombra, da forma Real e espiritual. Neste Universo em evolução, que se projeta a partir da Mente Divina, estão imersas incontáveis Mônadas, em diversas etapas de desenvolvimento. Cada uma dessas Mônadas é parte integrante da Realidade, e tem sua própria unicidade e papel individual no longuíssimo drama que se desenvolve no cenário do Universo. Tem uma personalidade e uma individualidade que opera nos mundos inferiores, a fim de desenvolver as potências divinas que trás em seu interior, e mostrar sua singularidade individual. A personalidade e a individualidade, por um lado, são meras sombras da Mônada e, por outro, são instrumentos para o seu desenvolvimento. Este aperfeiçoamento não é casual; está dirigido, num sentido, pela unicidade individual da Mônada, e noutro, pelo lugar que ocupa no Plano Divino. Estas duas forças que existem ocultas em sua natureza eterna guiam o processo de evolução e determinam em grande parte o modelo geral de suas vidas nos planos inferiores. Representam a Vontade Divina e o Plano Divino no tocante à Mônada.
            Nosso Dharma individual, no sentido mais amplo do termo, consiste em nos ajustar a este modelo e seguir a senda marcada para cada um de nós. Mas no decorrer deste desenvolvimento, desviamo-nos devido à nossa ignorância e aos nossos anseios egoístas, convertendo assim o Karma individual e coletivo num outro fator importante que deve ser considerado. Portanto, o Dharma básico de cada individuo fica condicionado sempre pelas necessidades e circunstâncias de cada encarnação, e pelo ambiente onde age, em razão do Karma vigente que deve exaurir em cada encarnação particular.
            Já dissemos que a Vontade Divina não atua de uma maneira determinante na evolução, mas deixa em liberdade as Mônadas para agirem e aprenderem, ainda que com os seus próprios erros. Portanto, é óbvio que o Dharma de um individuo, dentro de certas circunstâncias, é o resultado da interação de diferentes tipos de forças que atuam sobre ele. Daí não existir um conjunto de regras rígidas a cumprir mecanicamente para levar uma vida de retidão. O único método para conhecer nosso Dharma, e determinar a linha de ação que temos que seguir nas diferentes situações e circunstâncias é manter imaculada a luz interna da intuição (Buddhi). Mas não devemos confundir esta luz com o que nos pede a mente embotada pelos desejos e preconceitos religiosos, que a toma equivocadamente como a voz de Deus, e que os políticos inescrupulosos qualificam de "chamamentos do dever". O conhecimento do nosso verdadeiro Dharma vem pela percepção espiritual, é como uma clara compreensão e não um mero pensar. Resulta da purificação da mente de toda sorte de desejos inferiores, e da libertação do servilismo ao eu inferior.
            O estudante verá que esta retidão não difere muito de Niskâma-Karma. Em ambos os casos, o reto atuar é a base de todos os aspectos da vida. Niskâma-Karma também significa a ação livre de motivação e desejos pessoais; e o que a orienta é o Divino em nós, e não a personalidade. A personalidade cede à direção interna, e até se oferece prazerosa e inteligentemente para servir o Eu superior... e esta vida de retidão está aberta a todos!

             Tradução:Cláudia Bozza

domingo, 28 de agosto de 2011

BLOG MUITO INTERESSANTE

http://www.noesquadro.com.br/

INICIAÇÃO

Sobre   a   iniciação   tem-se   geralmente   a   idéia   de que   é   apenas   uma   cerimônia   pela   qual alguém se converte em membro de uma sociedade secreta e que, na maioria dos casos, pode ser conferida a qualquer um disposto a pagar certo preço ou soma em dinheiro.
Se   é   verdade   que   seja   assim   a   chamada   iniciação em   ordens   fraternais   e   também   na maioria das ordens pseudo-ocultistas, a opinião é completamente errônea quando aplicada às iniciações nos vários graus das verdadeiras Fraternidades Ocultas, conforme uma rápida compreensão dos verdadeiros requisitos exigidos e de sua razoabilidade, logo esclarecerão.
Em  primeiro   lugar,   o   ouro   não   serve   como   chave para o Templo. Toma-se em conta o mérito, não o dinheiro, pois o mérito não se adquire num dia: é o produto acumulado das boas ações passadas. De modo geral, o candidato à iniciação é totalmente inconsciente de que é candidato. Quase sempre vive sua vida na comunidade, servindo   ao   seu   próximo durante dias e anos, sem outro pensamento para o futuro, até que um dia aparece em sua vida o instrutor,   um   Hierofante   dos Mistérios   Menores, apropriado   ao   país   em   que   ele reside.   Até   esse momento   o   candidato   esteve cultivando   internamente certas   faculdades, acumulando certos poderes para servir e ajudar, dos quais é quase sempre inconsciente ou não sabe como usar corretamente. A tarefa do iniciador é então muito simples: mostra ao candidato as faculdades latentes, os poderes adormecidos, e inicia-o no seu uso: explica-lhe ou demonstra-lhe pela primeira vez como o candidato pode despertar essa energia estática, convertendo-a em poder dinâmico.

 
A iniciação pode efetuar-se por meio de   uma cerimônia ou não. Mas observe-se particularmente que ela é a culminação inevitável de prolongados esforços espirituais do candidato, sejam conscientes ou não, e positivamente nunca pode realizar-se até que, no requerido desenvolvimento interno, tenham sido acumulados os poderes latentes que a Iniciação ensina a empregar dinamicamente, assim como apertar o gatilho de uma arma descarregada não produz nenhuma explosão. 
Não se deve temer tampouco que o instrutor deixe de reparar em alguém que alcançou o desenvolvimento requerido. Toda ação boa e desinteressada aumenta enormemente a luminosidade e o poder vibratório da aura do   candidato,   de   modo   que, tão seguramente como o ímã atrai a agulha, assim também o brilho da aura luminosa atrairá o instrutor.
Naturalmente é impossível   descrever   num   livro dado ao público   em   geral   os   estágios   de Iniciação Rosacruz. Fazer   isso   seria  um    abuso    de confiança, o  que, ademais, seria impossível por falta de palavras adequadas para expressar os fatos.  Não obstante, é permitido fazer um esboço geral e mostrar o propósito da iniciação.
Os Mistérios Menores dizem respeito somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre. Nas primeiras três e meia Revoluções da onda de vida em torno dos sete globos, os Espíritos Virginais não haviam ainda adquirido consciência. Por isso ignoramos como chegamos a ser o que somos hoje. O candidato precisa, pois, ser esclarecido  pelos Hierofantes sobre o assunto durante o período de iniciação.   No primeiro grau, sua consciência é dirigida à página da Memória da Natureza que contém os registros da primeira revolução, na qual recapitula-se o desenvolvimento do Período de Saturno. Aí ele permanece em plena posse da sua consciência diária, sabe e recorda os fatos da vida do século XX, mas está agora observando conscientemente os progressos da evolucionante hoste de espíritos virginais, da qual era uma unidade na Revolução de Saturno. Desse modo aprende como no Período   Terrestre   foram   dados   os   primeiros   passos para   a   meta   da   realização,   que   será revelada num grau posterior.
Tendo aprendido a  lição, tal como praticamente descrita no  Capitulo    X   do Conceito Rosacruz do Cosmos, o candidato adquiriu conhecimento direto sobre este assunto, e pôs-se em contato direto com as Hierarquias Criadoras em sua atividade com e sobre o homem.Tornou-se assim capaz de apreciar seus esforços benéficos no mundo e, até certo ponto, de pôr-se em linha com eles, convertendo-se de fato num colaborador.
Quando chega o tempo de passar ao segundo grau, ele é semelhantemente levado a dirigir sua atenção às condições da segunda Revolução do Período Terrestre, conforme registradas na Memória da Natureza. Então, em plena consciência, observa os progressos alcançados nesse tempo    pelos   Espíritos   Virginais, tal como Peter Ibbetson (o  herói  da   obra   "Peter Ibbetson", de Jorge du Maurier, cuja leitura recomendamos por ser uma descrição gráfica de   certas   fases   de subconsciência)   observava sua   vida   infantil   durante   as   noites   em   que "sonhava de verdade". No terceiro grau o discípulo segue a evolução da terceira Revolução, ou Lunar, e no quarto grau vê os progressos feitos na metade da quarta Revolução, metade acabada de passar.
Há   porém   outro   passo   a   mais   em   cada   grau:   o discípulo   vê   também,   além   do   trabalho executado em cada revolução, a obra realizada na época correspondente durante a nossa estada no Globo D, a Terra. Durante o primeiro grau ele segue a obra da Revolução de Saturno e  sua última consumação na Época Polar. No segundo grau ele acompanha o trabalho da  Revolução Solar   e   sua réplica, a   Época Hiperbórea.
Durante o terceiro grau, ele observa a obra realizada na Revolução Lunar e vê como esta foi a base da vida na Época Lemúrica. Durante o quarto grau, ele vê a evolução da última meia-Revolução com seu correspondente período de tempo em nossa estada sobre a Terra, a primeira metade da Época Atlante, que terminou   quando  a atmosfera densa e nebulosa  precipitou-se e o sol começou a brilhar pela primeira vez sobre a terra e o mar. Então terminou a  noite de inconsciência, os olhos do Ego interno abriram-se por completo e pôde dirigir a Luz da razão para o problema da conquista   do   Mundo.   Foi   aí   que   nasceu   o   homem tal   como   hoje   o conhecemos.
Quando, nos antigos sistemas de iniciação, dizia-se que o candidato era mergulhado em transe durante um período de três dias e meio, isso era apenas uma referência a essa parte da iniciação que acabamos de descrever: os três dias e meio referem-se a estágios passados, não sendo absolutamente dias de vinte e quatro horas. O tempo empregado varia de um para    outro    candidato,    mas em todos   os   casos   ele   é sempre onduzido     através   do desenvolvimento inconsciente da humanidade durante as Revoluções passadas. Quando se diz que ele é despertado ao nascer do sol do quarto dia, usa-se a forma mística de expressar que   sua   iniciação,   na   obra   da   carreira involucionária   do   homem,   cessou   quando   o   sol elevou-se     sobre   a   clara  atmosfera     da   Atlântida. Então    o  candidato     é  saudado     como "primogênito".
Tendo-se familiarizado com   o  caminho percorrido no passado,    o  quinto    grau   leva   o candidato ao final  do Período Terrestre, no qual uma humanidade gloriosa   estará recolhendo os  frutos  deste   Período,   levando-os consigo dos   sete  globos   sobre   os  quais evolucionamos em cada Dia de Manifestação, ao primeiro dos cinco globos obscuros que são nossa habitação durante as Noites Cósmicas. O mais denso deles está situado na Região do Pensamento Abstrato, e é em realidade o "Caos" de que se fala nas páginas anteriores. Este globo é também o Terceiro Céu. Quando Paulo fala de ter sido levado ao Terceiro Céu, onde viu coisas que não podia revelar , referia-se a experiências equivalentes às do quinto grau dos Mistérios Rosacruzes atuais.
Uma vez mostrada a finalidade do quinto grau, em que o candidato familiariza-se com os meios pelos quais essa finalidade há de ser atingida durante as três Revoluções e meia restantes do Período Terrestre, os quatro graus restantes são dedicados a seu esclarecimento sobre o assunto.
Por meio da percepção assim adquirida ele é capaz de cooperar inteligentemente com os Poderes que trabalham para   o  Bem,    tornando -se  apto para   apressar o  dia  da nossa emancipação. Para evitar más interpretações desejamos esclarecer    aos   estudantes     que   não   somos Rosacruzes pelo fato de estudarmos seus ensinamentos, nem tampouco nossa admissão ao templo qualifica-nos a adotarmos esse título. O  autor, por exemplo, é somente um irmão leigo, um discípulo, e sob nenhuma circunstância denominar-se-ia a si próprio Rosacruz.
Ao concluir o curso primário um rapaz não está, por isso, capacitado para ministrar esse curso. Deve primeiro freqüentar o curso ginasial e a universidade, podendo ainda acontecer que não se sinta inclinado a ser um professor. De modo semelhante, na escola da vida, o fato   de   um homem ter-se   graduado na  Escola de Mistérios Rosacruzes não significa necessariamente que ele já seja um Rosacruz. Os graduados nas várias escolas de mistérios menores escalam as cinco escolas de mistérios maiores onde, nas quatro primeiras passam pelas Quatro Grandes Iniciações. Por último alcançam o Libertador, recebendo conhecimentos   relativos   a   outras   evoluções.   Então, é-lhes dado escolher entre ficar aqui para ajudar seus irmãos ou entrar noutra evolução como Auxiliares. Aos que escolhem ficar aqui como Auxiliares são dadas diversas tarefas, de acordo com seus gostos e inclinações naturais. Os Irmãos da Rosacruz estão entre estes compassivos seres, de modo que é um sacrilégio arrastar o nome Rosacruz no lodo, usando-o como titulo próprio, quando nada mais somos do que estudantes de suas elevadas doutrinas.
Durante os últimos séculos os Irmãos têm trabalhado pela humanidade ocultamente. Cada noite, à meia-noite, há um serviço no Templo. Os Irmãos Maiores, assistidos pelos irmãos leigos que podem deixar seu trabalho no mundo (pois muitos deles moram em lugares em que   ainda   é dia quando   no   local   do   Templo   Rosacruz   é   meia-noite), colhem de todas as partes do Mundo Ocidental os pensamentos de sensualidade, avareza, egoísmo e materialismo. Então procuram transmutá-los em puro amor,   benevolência,   altruísmo   e aspirações espirituais, enviando-os   de   volta   ao   mundo   para   elevação   e fortalecimento   do Bem. Não fora esse potente manancial de vibrações espirituais o materialismo já teria esmagado totalmente todo esforço espiritual, pois nunca houve idade mais obscura, do ponto de vista espiritual, do que os últimos trezentos anos de materialismo.
Agora, entretanto, chegado o tempo dos esforços secretos serem suplementados por um esforço mais direto, promulga-se um ensinamento definido, lógico e conseqüente, relativo à origem, à evolução e ao desenvolvimento futuro do mundo e do homem, apresentando-se ao mesmo tempo os aspectos espiritual e científico: um ensino que não faz afirmação alguma irreconciliável com a razão ou a lógica; que satisfaz à mente, pois apresenta uma solução razoável   a   todos   os mistérios; que não pede nem evita perguntas, oferecendo explicações lúcidas e profundas ao mesmo tempo.
Mas, e este é um "Mas" muito importante, os Rosacruzes não consideram a compreensão intelectual de Deus e do Universo como um fim em si mesma. Longe disso! Quanto maior o intelecto  tanto maior o perigo de empregá-lo mal. Portanto, este ensino científico, lógico e completo, é dado para que o homem possa crer em seu coração naquilo que sua cabeça tenha sancionado, e para que comece a viver uma vida religiosa.
Nota do editor: Este texto faz parte do compendio “Conceito Rosacruz do Cosmos”, de Max Heindel, onde é explicitamente explicado os conceitos supracitados.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DICA DO DIA

Dica:

Você pode fazer com que seu navegador (neste caso, o Firefox) lhe avise quando tiver novos textos postados.
Para tanto, basta você fazer o seguinte:
·         Criar  uma conta google (entrar no google e se cadastrar, escolhendo um login e senha)
·         Acessar o google, usando a sua conta
·         Acessar a opção Reader no  menu (em vermelho, destacado) ou direto pelo link http://www.google.com.br/reader/view/?hl=pt-BR&tab=wy#overview-page
·         Adicionar uma subscrição (Add a subscription, ou adicionar inscrição, em vermelho), colando no campo o link da loja e escolhendo o botão “Add” logo abaixo.

Desta forma, toda a vez que entrar com o navegador (neste caso, o firefox)  aparecerá a tela abaixo, mostrando número de itens não lidos

Fica a dica do Carlos!!!
Valeu Carlos....








quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A OBRA DO TRÍPLICE LOGOS

MUITO INTERESSANTE ESTA PALESTRA. CONFIRA: http://www.teosofia-liberdade.org.br/index.php/arquivos/artigos/44-artigos/80-a-obra-do-triplice-logos.html

QUARTA PALESTRA


Quarta Palestra
Realizada em 27 de junho de 2009



PARTE  IV – O MUNDO DO DESEJO E AS ATIVIDADES POST-MORTEM
  1. INTRODUÇÃO
No mundo ocidental a morte é um fato que traumatiza, pois um grande número de pessoas vêem a morte como o fim de tudo, diferentemente de um número bem menor de pessoas que vêem a morte como uma transição e como parte de um processo culminando no renascimento. Em um bom número de religiões, especialmente as orientais, há crença no renascimento. No mundo ocidental, que tem se mantido na liderança do desenvolvimento tecnológico, essa crença está longe de ser majoritária, especialmente no próprio cristianismo, o que sugere que haja uma possível correlação entre a não aceitação das leis do renascimento e conseqüência e o desenvolvimento material. O CONCEITO nos fornece a chave para essa questão, em seu Capítulo IV, quando fala do vinho como fator da Evolução. Quando a humanidade atingiu a presente época da evolução da Terra, a Época Ária, e teve de enfrentar conscientemente a existência no Mundo Físico, encontrou condições muito adversas, especialmente se essas condições forem comparadas com as que prevalecem hoje. O progresso material tem crescido exponencialmente e as condições de vida se tornado muito mais amenas que as que prevaleciam em um passado remoto. Além disso, a aquisição de consciência no Mundo Físico tinha sido prematura, conforme mostramos na palestra anterior, quando falamos dos Lucíleres. E, mais ainda,  estava recente na memória da humanidade a sua condição de um habitante dos mundos superiores. Para conseguir que os seres humanos fizessem a devida apreciação da existência física concreta foi necessário privá-los, durante alguns renascimentos, da recordação da existência espiritual superior. O conhecimento das Leis do Renascimento e de Conseqüência não convinha, naquele momento, ao desenvolvimento do homem, pois este não poderia se dedicar inteiramente à conquista do mundo material. Um novo produto foi adicionado à alimentação humana, o vinho, por seu efeito restritivo sobre o princípio espiritual do ser humano. Essa medida teve a aprovação de Cristo, sendo significativo que seu primeiro ato tenha sido o de transformar a água em vinho, conforme nos relata o Evangelho de João.
As necessidades evolutivas agora são outras. A humanidade já atingiu elevado nível de desenvolvimento material, embora sua utilização ainda esteja restrita às classes de maior poder aquisitivo e a distribuição da riqueza não seja equitativa. A prevalência do material sobre o espiritual é uma das principais razões para essas distorções e torna-se cada vez mais necessário que a humanidade se reconcilie com o conhecimento daquelas leis de renascimento e conseqüência. Desse modo poderá compreender melhor o processo evolutivo, cooperar com ele e se libertar de um materialismo acérrimo que obstaculiza seu progresso espiritual.
  1. A MORTE
Quando ocorre a morte, o corpo vital, o corpo de desejos e a mente podem ser vistos abandonando o corpo denso com um movimento em espiral, levando com eles a essência de um átomo denso, que permanece com o Ego durante toda a sua evolução, desde seu início no Período de Saturno. É o chamado átomo semente, que serve de núcleo para um novo corpo denso na aurora de uma nova vida na Terra. Durante a vida, esse átomo semente está situado no ventrículo esquerdo do coração, próximo do ápice.
Cada um dos quatro corpos do ser humano possui um átomo semente. O átomo semente do corpo vital situa-se, quando o ser está em consciência de vigília, no plexo solar. O do corpo de desejos situa-se no vórtice do corpo de desejos que, em vigília, radica-se no fígado. O da mente, também no estado de vigília, encontra-se no seio frontal. Os quatro átomos semente são unidos por um cordão, chamado de cordão prateado, composto de três segmentos: um de matéria mental, unindo o átomo semente da mente ao átomo semente do corpo de desejos; outro de matéria de desejos, unindo o átomo semente do corpo de desejos ao átomo semente do corpo vital e um de matéria etérea, unindo o átomo semente do corpo vital ao átomo semente do corpo denso (consultar o Dicionário Rosacruz e o livro Temas Rosacruzes, vol II). Os animais também possuem um cordão prateado, mas o segmento de matéria mental está ligado a um Arcanjo, o Espírito Grupo,  a ele pertencendo.
No que diz respeito ao envolvimento do cordão prateado no processo, há uma grande semelhança entre o sono e a morte. Pois em ambos os casos, o Ego é visto saindo de seu corpo levando os veículos superiores, a mente e o corpo de desejos, saindo também o cordão prateado com os átomos semente do corpo vital, de desejos e mental. Durante o sono, o corpo vital permanece junto ao corpo denso. No caso de um Auxiliar Invisível, seus éteres superiores saem com o Ego e assim o Auxiliar pode estar consciente e atuar nos Mundos Invisíveis. O cordão prateado permanece íntegro.
Quando se dá a morte, resultante do colapso do arquétipo que mantém a vida, o corpo vital abandona o corpo denso junto com os veículos superiores. O cordão prateado se rompe na junção com o coração e abandona também o corpo denso. Quando trata da velhice, em seu Capítulo 12, o Eclesiastes faz referência ao cordão prateado, dizendo: “antes que se rompa o fio de prata”, ou seja, antes que se dê a morte. A junção do segmento etéreo do cordão prateado com o segmento de matéria de desejos é mantida, após a morte, por cerca de três dias e meio, para permitir a leitura do panorama da vida anterior pelo Ego. Essa junção tem a aparência de dois seis invertidos, como nos relata o CONCEITO. As imagens da vida que ora termina estão gravadas nos éteres luminoso e refletor, que se encontram ligados ao átomo semente do corpo denso. É a leitura desse panorama que é feita pelo Ego, enquanto as imagens são gravadas no corpo de desejos, em ordem inversa à sua ocorrência, isto é, da velhice para a infância. Nesse momento, o Ego nada sente em relação às imagens que passam diante de si, sendo apenas um espectador. Essas imagens formarão a base para as atividades que o Ego irá desenvolver no Purgatório e no Primeiro Céu, onde colherá e incorporará ao seu patrimônio espiritual a essência de toda a experiência que obteve na vida que terminou. Quando a resistência do corpo vital chega ao limite, paralisa-se e o cordão prateado rompe-se agora na junção dos dois seis invertidos. O corpo vital volta a ficar junto com o corpo denso, para desagregarem-se sincronicamente.
Os ocultistas recomendam que, durante esses três dias e meio, o finado corpo deve ser mantido em um lugar silencioso e harmonioso, evitando-se lamentações e barulho, onde o Ego possa fazer a retrospecção de toda a sua vida, tranquilamente. Quando despertar, sempre terá amigos  e auxiliares angélicos a seu lado. Não estará só. Após esse período de três dia e meio, recomenda-se que o corpo seja cremado.
Se barulho e lamentações devem ser evitados, o que não dizer da prática hoje crescente, pelo avanço das técnicas da medicina, da remoção de órgãos para doação. Os médicos dizem que, para um transplante ter sucesso, o coração precisa estar ainda batendo normalmente o que, para os ocultistas, caracteriza que aquele ser, um possível doador, ainda está vivo. Para tornar viável a doação, os médicos definiram a chamada morte encefálica, que ocorre quando o cérebro, privado do sangue que oxigenaria suas células, para de funcionar e, em conseqüência, paralisa-se o coração, horas depois. A prática de coleta de órgãos vitais de pacientes determinados como mortos por morte encefálica foi colocada em questão por um número de médicos católicos  especialistas, em um encontro patrocinado pelo Vaticano, em fevereiro de 2005. Alguns críticos do procedimento advertiram que a completa cessação da atividade cerebral pode não indicar a morte real da pessoa, o que está de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes. Além disso, pacientes com a dita morte encefálica podem ainda sentir dor quando têm seus órgãos removidos para doação. Em maio de 2000, a Revista dos Anestesistas do Royal College of Anaesthetics recomendou em seu editorial a realização de anestesia geral nos doadores de órgãos para eles não sentirem dor, devido à arbitrariedade dos critérios declaratórios de morte encefálica.
Acreditamos que o átomo semente original do receptor de um coração transplantado permaneça com a contraparte etérea do coração original desse receptor, que continua fazendo parte de seu corpo vital. Acreditamos também que, uma vez que o coração seja transplantado, os seres angélicos que têm a seu cargo a manutenção da vida coloquem o átomo semente do receptor no ápice do coração transplantado. Antes do coração do doador ser colocado no peito do receptor, ele é cheio com o sangue do receptor, sangue esse que é o campo de atuação do Ego do receptor, o que é importante para o sucesso do transplante.
Em geral, a dita morte encefálica é resultante de um acidente que priva o ser daquela sua vida, antes que se desse a morte natural. Na morte natural, o arquétipo deixa de vibrar, mas na morte provocada, ele continua vibrando, o que é também o caso dos suicidas e das pessoas que são assassinadas. No caso da morte provocada, os veículos superiores continuam a existir, mas não há corpo denso para realizar as atividades no Mundo Físico e o arquétipo criador do corpo, na Região do Pensamento Concreto, persiste como um molde vazio.
Os seguidores da Filosofia Rosacruz, baseados em seus Ensinamentos, não aprovam os transplantes para os quais o coração ainda deva estar pulsando no momento de sua retirada, pelas razões que se seguem.
Do ponto de vista do doador, como vimos, a necessidade de ter o coração retirado ainda pulsando caracteriza uma morte provocada, muito embora se diga que ela seria inevitável em decorrência da morte encefálica. É que o falecido recente necessita de tranqüilidade para se concentrar no panorama da vida anterior e sente ainda quando seu corpo é perturbado, pois o cordão prateado ainda não se rompeu na junção dos dois seis, onde está o átomo semente do corpo vital. O procedimento cirúrgico necessário para a retirada do coração afasta, de forma violenta, o Ego de sua concentração no panorama, sendo impedido de se beneficiar inteiramente dessa experiência.
Para o receptor, o uso de um órgão transplantado não ajuda essa pessoa a construir um arquétipo de um órgão melhor para uso na próxima vida. A capacidade de fazer isso resultaria do progresso espiritual que seria capaz de desenvolver na vida presente. Se ele não corrige a causa espiritual da debilidade no órgão que é substituído, deve-se esperar que problemas similares ou piores surjam na vida vindoura. É fato conhecido que há uma mudança na personalidade do receptor após o transplante. Acreditamos que isso possa ser explicado pelo fato de que o arquétipo daquela vida continua vibrando até o momento em que se daria a morte natural. Essas vibrações devem chegar possivelmente até o receptor, influenciando sua personalidade.
Por outro lado, o fator motivador de amor e serviço, que leva um doador a sê-lo voluntariamente ainda em vida, agregará por certo crescimento anímico a esse ser, que poderá ter suas compensações no Banco Universal que é construído nos Céus. A forma usual dessas compensações, conforme nos diz o CONCEITO,  é a de que esses Egos que tiveram dificuldade ou impossibilidade de se concentrarem no panorama de sua vida passada, ao renascerem em sua próxima vida, venham a morrer ainda como crianças. Desse modo, poderão subir imediatamente ao Primeiro Céu e ali serem ensinados por seres amigos mais avançados, que irão compensar a não absorção da essência da experiência  de sua vida anterior causada  pela perda parcial ou total de seu panorama.




















  
Diagramas representando o Cordão Prateado e sua suptura
Fonte: Conceito Rosacruz do Cosmos e Temas Rosacruzes Vol. 2, de Max Heindel

 Diagrama representando um Ciclo de Vida 
Fonte: Conceito Rosacruz do Cosmos, de Max Heindel


  1. O PURGATÓRIO
O Purgatório ocupa as três regiões inferiores do Mundo do Desejo. Sua missão  é erradicar os maus hábitos tornando impossível sua gratificação. Além de lidar com esses hábitos que se tornaram natureza nessa pessoa, a experiência do Purgatório lida também com ações específicas de natureza má praticada pelo Ego em sua vida anterior. As imagens do panorama de sua vida anterior foram impressas no corpo de desejos. Esse panorama se desenrola então ante o Ego, do fim para o princípio, de modo a que fique claro para ele qual foi a causa que produziu o efeito. A pessoa sofre exatamente o que fez as outras pessoas sofrerem com sua desonestidade, crueldade, tolerância e outros atos maus. Com isso, aprende a agir bondosamente, honestamente e com tolerância para com os demais. É preciso que se observe que, quando mais nítidas forem as imagens gravadas em seu corpo de desejos, mais eficaz será o processo de formação de consciência. Daí a importância de se respeitar um ambiente de paz e tranqüilidade durante os três dias e meio em que as imagens de sua vida anterior são gravadas em seu corpo de desejos. Ninguém deveria temer o Purgatório, já que ele é realmente um hospital para a alma, em que as pessoas moralmente enfermas recebem os cuidados necessários para restaurar sua saúde. O tratamento pode ser muito doloroso quando as pessoas continuam apegadas aos seus vícios e maus hábitos e resistem à ação da força centrífuga que procura liberar seu corpo de desejos das matérias inferiores que acompanham esses maus hábitos. Mas há auxiliares angélicos e humanos que procuram confortar o Ego em seu sofrimento. À medida que o Ego se descarta das matérias inferiores de seu corpo de desejos e começa a pensar de forma construtiva e espiritual, seus sonhos, desejos e esperanças se tornam melhores. São essas condições que o habilitam a elevar-se ao primeiro Céu, onde a lei de Atração predomina e é possível a construção de um mundo de beleza e de ordem.
A experiência do purgatório é gravada no átomo semente do corpo de desejos, como fruto de sua vida passada, servindo ao Ego para contar, em vidas futuras, com uma consciência mais ativa e que o permita agir com mais justiça e misericórdia.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, em sua ânsia de ajudar a humanidade, idealizaram um exercício que permite realizar o processo de absorção da essência das experiências obtidas por um Ego em uma vida nessa própria vida, sem a necessidade de se esperar pela passagem pelo Purgatório e pelo Primeiro Céu. É o exercício de Retrospecção, cujo procedimento recomendamos ser lido com muita atenção no CONCEITO. No exercício de Retrospecção, a ser feito deitado, antes de dormir, com o corpo relaxado, procura-se reproduzir o que a Natureza faria após a perda do corpo físico: a revisão das cenas do dia, em ordem inversa, com a maior fidelidade possível, com o propósito de serem julgadas as ações realizadas nesse dia, arrependendo-se quando forem más e louvando-se quando forem merecedoras de louvores. Tendo absorvido ainda em vida a essência da experiência dessa vida, ao Ego sobrará tempo para dedicar-se às oportunidades de serviço, quando estiver habitando o Mundo do Desejo após sua partida deste mundo, já contando com o crescimento de consciência obtido em vida. Adianta-se assim o Ego em seu progresso espiritual, realizando em um ciclo de vida o que iria realizar em dois. 
  1. A REGIÃO LIMÍTROFE
Há uma classe de pessoas para as quais a existência post-mortem é particularmente vazia e monótona: o homem de negócios que estava tão absorvido em suas atividades empresariais que nunca dedicou um pensamento para as ações que levam ao crescimento anímico, aquelas envolvendo serviço para seus semelhantes. Essas pessoas podem levar uma vida seguindo padrões morais e honestos que os afastem dos vícios e maus hábitos que fazem sofrer as pessoas no Purgatório, mas se não fizerem o bem, não fruirão dos sentimentos de alegria no Primeiro Céu. Eles não são tão maus para sofrerem no purgatório, mas também não são bons para gozar o Primeiro Céu. Eles vão então para a Quarta Região do Mundo do Desejo, onde o sentimento é o mais intenso. Desprovidos de interesse, a não ser quanto aos desejos que ali não podem ser gratificados, sua permanência nessa região é de uma inevitável monotonia, mas que os leva a aprender que eles precisam preencher sua vida na Terra com algo de real valor. O materialista, que nega a Deus e acha que a morte é a aniquilação de tudo, está nas piores condições. Percebe o seu erro, mas como sempre negou a espiritualidade, pensa que está sofrendo uma grande alucinação e assim permanece até que o sofrimento lhe tenha trazido alguma iluminação.
  1. O PRIMEIRO CÉU
Após passar pelo Purgatório e pela região limítrofe, o Ego ascende às três regiões superiores do Mundo do Desejo, já tendo incorporado ao átomo semente do Corpo de Desejos, como consciência, os resultados do sofrimento por que passou nas regiões inferiores. Revê então no Primeiro Céu o panorama da vida passada que contém suas boas ações, também em ordem inversa. Viveremos então de novo toda a alegria do bem agir e sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos, do mesmo modo que sentiremos de novo toda a gratidão que sentimos quando fomos ajudados. O Primeiro Céu é um lugar de alegria, sem dor nem amargura alguma. Todos ali têm a oportunidade de poder construir, com seu pensamento, aquilo que não pôde construir na Terra que fosse para o bem.
Os seres que morreram como crianças têm, no Primeiro Céu, uma vida formosíssima. A extrema plasticidade da matéria de desejos e o fato de que o Mundo do Desejo é o mundo da cor permitem a construção de maravilhosos brinquedos vivos para as crianças. Ao mesmo tempo, cuida-se de sua educação, sendo as crianças agrupadas em classes, de acordo com os temperamentos. Como seu corpo de desejos ainda não nasceu, o Ego vai diretamente ao Primeiro Céu, para então retornar à Terra em uma outra vida, com os mesmos corpos de desejos e mental. Se o Ego, na vida anterior àquela em que morreu como criança, veio a falecer em condições tais que a leitura do panorama da vida passada foi prejudicada, então o Ego terá, no Primeiro Céu, a sua compensação. Ele será ajudado por amigos ou pessoas com vínculo familiar a recuperar a essência da experiência perdida naquela vida passada.
Em todos os mundos a Justiça de Deus está sempre presente, nutrida por Seu Infinito Amor.
Roberto Gomes da Costa

Palestrante e Diretor-presidente da Fraternidade Rosacruz Max Heindel, Centro Autorizado do Rio de Janeiro

BIBLIOGRAFIA
Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, São Paulo, Brasil
Temas Rosacruzes, Tomo II, Recopilacion de seis libros, Editorial Kier, Buenos Aires, Argentina.
The Four Gospels Esoterically Interpreted, John P. Scott, The Langford Press, Oceanside, CA, USA.