Segunda Palestra
Realizada em 25 de abril de 2009
PARTE I I – A REGIÃO ETÉREA DO MUNDO FÍSICO
I. INTRODUÇÃO
A Região Etérea é a responsável pela manutenção da vida nos reinos vegetal, animal e humano. O clarividente treinado pode ver que as forças que dão vida às formas minerais dos seres humanos, dos animais e das plantas, fluem através dessas formas, por meio dos éteres.
Os éteres são em número de quatro: o químico, o vital, o luminoso e o refletor, conforme descrito no Capítulo I do CONCEITO.
Resumidamente, o Éter Químico é o meio de assimilação e excreção dos seres vivos. É o único éter ativo nos minerais, sendo o meio de atuação das forças químicas nos minerais. O Éter de Vida é o meio de propagação das espécies. O Luminoso é o meio de percepção sensorial e o meio através do qual é gerado o calor nos animais de sangue quente e promovida a circulação do sangue nos animais de sangue frio. Por meio dele são também construídos e nutridos os olhos. O Éter Refletor é o meio através do qual funciona a memória e através do qual o pensamento é impresso no cérebro humano.
- A REGIÃO ETÉREA E OS ANJOS
A Região Etérea é considerada o lado interno da matéria. Os clarividentes voluntários percebem a região com a visão etérea, que é uma extensão da visão física e que funciona como se fosse um raio X. São capazes de ver o interior das coisas e como elas são constituídas. Os que têm essa visão são capazes de perceber também outros habitantes da região e que são grupos de seres no início de sua evolução, como as Fadas e os Espíritos da Natureza – os gnomos, as ondinas, os silfos e as salamandras. As fadas, na realidade, pertencem à ordem dos Gnomos, os Espíritos da Terra que trabalham sob a orientação da Hierarquia Angélica.
Os corpos dos gnomos são formados principalmente de éter químico e, portanto, são terrenos, podendo ser queimados no fogo e capazes de envelhecer de modo semelhante ao ser humano, embora vivam mais.
As ondinas que vivem na água, os silfos que vivem no ar e as salamandras que manipulam o fogo, os raios e os trovões, têm seus corpos formados por éter de vida, éter luminoso e éter refletor, respectivamente, e costumam viver mais que os gnomos.
Os Espíritos da natureza realizam importantes trabalhos na natureza, nas profundezas da Terra, em sua superfície, sobre as plantas e as flores, no ar e na água, no ciclo de evaporação da água e em sua liberação como chuva, de valor incomensurável para a economia da natureza.
A onda de vida dos Anjos tem como seu veículo mais denso o corpo vital, tendo atingido a individualidade em um período anterior ao atual Período Terrestre, ou seja, o Período Lunar, conforme descrito na Parte II do CONCEITO, em seu Capítulo VIII, “O Trabalho da Evolução”, quando o Sistema Solar se achava em uma condição equivalente à atual condição etérea. Eles trabalham com as forças etéreas sob a regência de Jeová, o mais alto Iniciado dessa onda de vida.
Eles são guardiões da família e de cada indivíduo, mas seu trabalho não é igual ao desenvolvido pelos Senhores de Vênus e de Mercúrio, que pertencem à nossa onda de vida humana. Os seres que habitam Vênus e Mercúrio são muito mais avançados que os humanos que vivem na Terra. Alguns dos habitantes desses planetas foram enviados à Terra para ajudar à nascente humanidade e são conhecidos como os “Senhores de Vênus” e os Senhores de Mercúrio”. Os Senhores de Vênus foram líderes das massas, ajudando a construir nossa civilização e os Senhores de Mercúrio trabalham com os indivíduos, quando alcançam um estágio mais avançado de seu desenvolvimento.
Os Anjos trabalham sobre todos os seres vivos. Trabalham sobre os vegetais, como guardiões dos campos e dos bosques, das flores, dos frutos e das plantas dos rios e oceanos. Cuidam também do reino animal, como guardiões das sementes da vida, mas não atuam como Espírito Grupo das espécies animais, trabalho que é feito pelos Arcanjos, mas agem como Espíritos Grupo do reino Vegetal.
Os Anjos estão em um degrau acima ao da humanidade no que diz respeito à sua evolução. Se no Período Lunar trabalharam sobre os éteres, no atual Período Terrestre estão aprendendo a funcionar no Mundo do Desejo, do mesmo modo que nós, no Período de Júpiter, aprenderemos a trabalhar com os éteres, já que a atual onda vida mineral terá chegado ao seu estágio vegetal. Os Anjos estão trabalhando, pois, como diz Max Heindel, com úmidas emoções, onde formosos e puros sentimentos estejam sendo experimentados por seres vivos conscientes. Eles intensificam os sentimentos puros e santos, as expressões de beleza e o gozo espiritual.
- A REGIÃO ETÉREA E OS ANJOS LUCÍFERES
Se a humanidade tivesse permanecido sob a liderança de Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar, e de seus Anjos, não teria havido a dor e o sofrimento que tem caracterizado a evolução humana. A vinda dos Senhores de Vênus e de Mercúrio tinha sido planejada para uma época determinada, de modo a os Mistérios serem estabelecidos e a humanidade ser ajudada a criar a civilização sobre a Terra. Os Lucíferes trouxeram a liberdade aos seres humanos antes dessa época determinada, o que fez com que fosse necessário chamar os Senhores de Mercúrio muito antes do planejado, de modo a se contraporem à influência dos Lucíferes.
Os Anjos, no Período Solar, ainda não tinham adquirido a individualidade, que conseguiram no Período seguinte. Nesse Período Solar, estavam juntos com os Arcanjos, que eram a “humanidade” desse período. Max Heindel nos diz, no CONCEITO, que os globos, no Período Solar, eram de um calor luminescente, enquanto que, no Período Lunar, a principal característica dos globos pode ser mais bem descrita pelo termo “umidade”. A dificuldade teve início quando a onda de vida dos Anjos, guiada por Jeová, desceu aos úmidos éteres do Período Lunar, em preparação para a descida ao frio e à escuridão do espaço material. Um grupo de Anjos, os Lucíferes, rebelou-se contra esse plano, pois tinham se acostumado ao fogo durante o Período Solar.
Essa duas classes de Anjos estão, portanto em posições opostas: os Anjos ligados ao elemento água, que seguiram a evolução dentro dos padrões estabelecidos pelo Plano Divino e que agora trabalham com as “úmidas emoções” no Período Terrestre e os Anjos Lucíferes, que trabalham com as “ígneas” paixões, sendo atraídos pelo elemento fogo.
Os Lucíferes rebelados contra Jeová, para poderem continuar em sua evolução, encontraram um meio caminho entre a evolução dos Anjos, que não tinham cérebro, porque a Sabedoria Divina fluía através deles, e a humana, que tinha desenvolvido um cérebro a partir da divisão das forças criadoras. Os Lucíferes necessitavam do conhecimento e usaram a humanidade para tal. Insinuaram-se junto às mulheres, de imaginação mais avançada e as induziram a fazer uso das forças criadoras para criar novos corpos quando quisessem, desobedecendo à orientação de Jeová e de seus Anjos, que regulavam a função criadora, unindo os sexos somente sob condições astrológicas adequadas.
Os Lucíferes estavam assim promovendo a auto-afirmação dos seres humanos e, a partir de suas expressões, podiam induzi-los às paixões, que eram mais fortes na infante humanidade que outras expressões auto-afirmativas. A atitude dos Lucíferes é desafiante e sua nota chave é a intensidade, tanto mental quanto emocional, de atividade extrema. Incitam à liberdade sem qualquer tipo de limitação e o impulso de ousar ou de realizar torna-se tão intenso que passa a ser irresistível.
Antes de os seres humanos serem iluminados pelos Anjos Lucíferes não conheciam as enfermidades, nem a dor e nem a morte, que foram o resultado do emprego ignorante das forças criadoras e de seu abuso na gratificação dos sentidos. Além de incitar o emprego das forças criadoras a seu bel-prazer, os Lucíferes instigaram também as atividades mentais humanas, já que as forças usadas para a criação do cérebro eram de mesma natureza das usadas para a procriação. Sendo instigadores das atividades mentais, o uso da razão foi estimulado, bem como o foco sobre a ação objetiva, levando os seres humanos ao domínio e ao poder sobre as forças da natureza. Assim, desenvolveram eles a Ciência e habilitaram-se nas Artes e Ofícios do mundo. Foi a compensação que recebemos, em contrapartida ao conhecimento da dor e da morte, causado pela aquisição prematura de nossa independência e de nossa consciência cerebral, resultantes da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferes, os “dadores da luz”, mesmo sendo uma falsa luz.
Max Heindel diz que, em sua opinião, um grande número de Lucíferes poderá não conseguir alcançar sua própria evolução e, possivelmente, terão de voltar ao Caos. Porém, segundo ele, há alguns que estão trabalhando com os Senhores de Mercúrio para ensinar lições de regeneração e assim poderem voltar posteriormente à sua onda de vida e prosseguir em sua evolução até o final.
Sabe-se que os Arcanjos habitam o Sol e os Anjos têm a seu cargo as luas, mas os Espíritos Lucíferes não podem habitar nenhuma das Luminárias, porque não foram capazes de ajudar o processo de geração de forma pura e inegoísta. Foram então transferidos para outro planeta, o planeta Marte. Astrologicamente, esse planeta tem a regência de Áries, que rege por sua vez a cabeça e sobre Escorpião, que rege por sua vez os órgãos reprodutores. É bom lembrar que a força criadora original foi dividida em duas partes, sendo que a parte que ascendeu foi usada para a construção do cérebro e da laringe. Há, portanto, um forte vínculo entre esses dois signos, estando ambos relacionados às forças criadoras, com a influência do planeta Marte sobre as duas formas de expressão dessas forças. O signo de Escorpião é um mistério, mas parece bastante significativo que, além de reger um signo de fogo (Áries), Marte tenha regência sobre o signo aquoso de Escorpião, que rege os órgãos reprodutores. Essa regência de Marte sobre um signo aquoso, na realidade, aponta para um caminho de volta, abrindo a oportunidade de que precisavam os Lucíferes para retornar ao seu processo evolutivo, por meio da transmutação da geração em regeneração.
Há outro fato significativo relacionado à Hierarquia de Escorpião – os Senhores da Forma, fato esse registrado de forma quase imperceptível no CONCEITO, talvez para seguir a tradição de mistério que envolve aquele signo. No índice alfabético do CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, no tópico “Senhores da Forma” é dito que “eles reconstruíram o corpo denso, dando o gérmen do cérebro” (pg 550 da Edição do CONCEITO em língua inglesa). Seria mais um ponto de identificação entre as forças criadoras e o cérebro, a de que ambos tenham estreita ligação com a Hierarquia de Escorpião. Essa Hierarquia não só é responsável pela evolução no Período Terrestre, como também corresponde ao signo da regeneração, o aspecto primordial para fazer o processo evolutivo de a humanidade retornar do desvio ao qual foi induzido pelos Anjos Caídos.
O Plano Evolutivo sempre apresenta novas oportunidades aos perdidos, para recuperarem o estado evolutivo que teriam alcançado se não tivessem se desviado do caminho e há mais júbilo nos Céus quando um perdido volta a trilhar o verdadeiro caminho que quando noventa e nove justos percorrem esse caminho.
É o que nos diz a parábola do filho pródigo, em que o filho mais moço, a quem o Pai deu sua parte dos bens, representa a onda de vida humana. A saída do filho mais moço da casa de seu Pai representa a queda da humanidade do Jardim do Éden, ou estado espiritual da humanidade no início de sua evolução na Terra, para o mundo físico. Em sua jornada no mundo material a humanidade, ou o filho pródigo, desperdiçou a Força Vital em uma vida dissoluta, ou seja, usou a força criadora a seu bel prazer.
Diz a parábola que depois de ter consumido tudo, o filho pródigo começou a passar necessidades. A fome que sobreveio era de natureza espiritual, que resultou da perda de contato da humanidade com o mundo espiritual.
Então, o filho pródigo se arrependeu e foi ao encontro de seu Pai. Vinha ele ainda longe, quando seu Pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e o beijou. Ele finalmente reconhece a miséria de tal existência e resolve retornar à casa do Pai, os mundos celestiais. O Pai naturalmente corre a seu encontro. Deus sempre percorre mais de metade do caminho para nos buscar quando resolvemos voltar a trilhá-lo.
O Pai disse a seus servos que trouxessem a melhor roupa, que representa o traje dourado de bodas, o veículo espiritual que todos construiremos com os éteres superiores e usaremos no futuro para retornar à casa do Pai.
O filho mais velho, ao saber do ocorrido, se indignou. O Pai procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu Pai que há anos que ele servia ao Pai sem jamais transgredir uma ordem dele e nunca dele recebeu um agrado. O irmão mais velho representa a onda de vida angélica. Ela se queixa que o Pai nunca se regozijou por ela. O Pai responde que assim procedeu porque o filho mais velho (a hierarquia dos Anjos) sempre esteve junto a Ele. Isto significa que os Anjos sempre estiveram junto ao Pai nos mundos espirituais. Nunca desceram ao mundo material como fez a humanidade com sua queda. Naturalmente assim, tudo o que era do Pai pertencia também a eles.
Acreditamos que a parábola possa se aplicar, por extensão, aos Anjos Caídos, se vistos como filhos pródigos também. Assim, esse trabalho que estão fazendo na regeneração, além da ajuda que é proporcionada aos seres humanos, é o caminho de volta para prosseguirem em sua evolução.
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