Este trabalho visa entender o que seria o “Real Segredo”, parte do título dado àqueles investidos no grau 32 de Sublime Príncipe do Real Segredo. Trata-se de uma interpretação pessoal, baseada na mistura de diversas informações.
A primeira questão que se apresenta é: o que é o REAL?
Segundo o dicionário Aurélio, REAL diz-se daquilo que é uma coisa, ou que diz respeito a coisas. Opõe-se a aparente, fictício, ideal, ilusório, imaginário, possível, potencial, etc. Já COISA seria aquilo que existe ou pode existir. EXISTIR é ter existência real. Já vemos de início não tratar-se de uma conceituação simples.
Na escola aprendemos que real é tudo aquilo que é passível de comprovação, que pode ser percebido pelos nossos sentidos direta ou indiretamente. Também é real aquilo que, embora não tenha existência passível de ser comprovada materialmente, pode ser deduzido pela nossa razão, como decorrência das leis da natureza.
O que é cientificamente real, para a filosofia oriental é Maya. “Maya então é a natureza. Muitas vezes se traduz Maya por ilusão, mas não é propriamente ilusão. Maya não quer dizer engano ou erro. Maya é o físico, e os sentidos só vêem a parte física dos objetos, mas a parte física dos objetos não é a totalidade dos objetos, é apenas a aparência, porque os sentidos se enganam, mas a nossa inteligência não. Ela sabe que além do aspecto físico de uma coisa, existem as forças invisíveis que produziram a matéria visível, porque – segundo Eistein - toda matéria é energia congelada, e a energia é matéria descongelada. Então quando a matéria é congelada nós a vemos, ouvimos e tangemos, e quando é descongelada não a vemos e a chamamos de pura energia. Nós não vemos as energias que produzem as coisas materiais. Os sentidos só vêem as coisas materiais, mas a inteligência sabe conhecer o que está além do material. Aquilo que produziu a parte material é mais real do que a própria matéria. Real não é o que é material.”
“A nossa inteligência pode transcender os sentidos e dizer: esta parte material do objeto não é o objeto inteiro, é só um aspecto parcial do objeto. Então ela não está na ilusão. Os sentidos se iludem facilmente, porque não são os sentidos que pensam e sim a inteligência. Se a inteligência diz que o objeto é puramente material, ela se enganou e não os sentidos. É a inteligência que tirou uma conclusão errada sobre um objeto que os sentidos apresentaram. A inteligência deve saber que o imaterial produz o material.”
“Maya não é ilusão. Maya não é real nem irreal. A natureza não é real nem irreal. As coisas físicas são REALIZADAS. Real é o infinito. Somente a essência é REAL. Real é somente aquilo que subsiste por si mesmo. Não foi criado, não tem princípio e nem fim. É a própria REALIDADE. Quando a realidade age, o que se produz é o REALIZADO.”
Se o Real é o Infinito, qual seria o segredo?
Um dos símbolos mais conhecidos de segredo é a esfinge. Esfinge vem do grego e quer dizer segredo. Mas que segredo? O que se vê na figura da Esfinge é uma cabeça humana, indefinida quanto ao gênero, sobre um corpo de animal, com a face voltada para o nascer do sol. “Esfinge é um segredo, uma indagação: como pode o homem espiritual – cabeça humana – dominar, comandar e disciplinar os instintos animais e materiais – representados pelo corpo de animal?”
“Ao tempo de sua construção, a Esfinge estava à beira mar, já que não havia ainda se constituído o delta do Nilo, produto este de milhares de anos de depósito de terra de aluvião. Nascia o sol e projetava a sombra da Esfinge na face da pirâmide. Portanto, vamos buscar a resposta à indagação na Pirâmide.”
“A Pirâmide está rigorosamente no centro das terras emersas, com sua base alinhada corretamente aos quatro pontos cardeais. Tudo da pirâmide é uma orientação. A resposta primeira está aí: o espírito humano domina os instintos da matéria orientando-se. Mas orientando-se pelo que? Vamos entrar na Pirâmide para buscar a segunda parte da resposta: o canal de descida na Pirâmide, o chamado corredor descendente, tem uma inclinação de 23º e 27min, igual à inclinação do eixo da terra. Descendo esta galeria subterrânea estreita, caminha-se por um corredor estreito, longo debaixo da terra, até que chegamos a uma câmara, lá no fim do corredor: é a câmara funerária, onde simbolicamente se colocava uma múmia. Para entrar nesta câmara funerária tem-se que se curvar... o espírito humano domina os instintos da matéria orientando-se primeiro para o infinito... Por que infinito? O vértice da Pirâmide representa o infinito e o prolongamento da linha do infinito para baixo vai dar na câmara funerária, exatamente sobre a cabeça da múmia... o espírito humano domina os instintos da matéria orientando-se para o infinito, e o infinito se descobre na morte... que é representada pela múmia. E o que é a morte? Os herméticos dizem que morte é vida e vida é morte, pólos diferentes da mesma coisa.”
Então, poderia dizer que o Real Segredo é que devo seguir rumo ao oriente, em busca do infinito.
Oriente de Porto Alegre, 25 de abril de 2009 da E.'.V.'.
Milton Lopes Teixeira
Sublime Príncipe do Real Segredo
Bibliografia:
Ritual do Grau 32
Clay Hardmann Araújo – Palestra “Princípios Herméticos” - Loja Teosófica São Paulo
Huberto Hohden – Palestra “O Logos” – Loja Teosófica São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário