Sexta Palestra - Parte 1
PARTE VI – OS MUNDOS FÍSICO, DO DESEJO E DO PENSAMENTO E O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL DO SER HUMANO.
- INTRODUÇÃO
Em nossas palestras anteriores, visitamos os Mundos Físico, do Desejo e do Pensamento, identificamos suas características, seus habitantes e o relacionamento que estabeleceram com a nossa humanidade. Para completar essa descrição, cabe agora dirigir nosso foco para a evolução como um processo dinâmico envolvendo esses mesmos três mundos de forma integrada e interativa, especialmente durante o Período Terrestre, quando atingimos nossa individualidade e nos tornamos responsáveis por nossa própria evolução. Esse nosso aprendizado, como indivíduos, é orientado basicamente por duas Leis fundamentais, a Lei do Renascimento e a Lei de Causa e Efeito. A Lei do Renascimento nos leva a assumir uma nova personalidade a cada renascimento, contendo a essência da experiência pelas quais passamos em vidas anteriores, sob a forma de virtudes e de consciência. A Lei de Causa e Efeito nos dirige, a cada nascimento, para as condições mais adequadas e necessárias para esse nosso aprendizado. Renascemos para adquirir experiência, conquistar o mundo, sobrepormo-nos à personalidade e atingirmos o domínio próprio. Mas há uma terceira força, além das Leis mencionadas, que emana do próprio Espírito, a Epigênese, que é a capacidade de criar caminhos inteiramente novos e não a seleção entre alternativas já conhecidas.
Uma das características marcantes do Processo Evolutivo é a recapitulação de condições análogas àquelas já experimentadas pelo indivíduo, porém, em níveis crescentes de perfeição. Por essa razão, o símbolo do processo evolutivo é uma espiral, em que cada passo, apesar de repetir condições já experimentadas, se situa em níveis cada vez mais elevados. Essas espirais se repetem no tempo e nas diversas fases do processo, como espirais dentro de espirais. A seguir transcrevemos um trecho da mensagem enviada pelo Centro Autorizado do Rio de Janeiro aos participantes do Sexto Encontro Rosacruz, realizado em 8 e 9 de agosto de 2009 em Assunção, Paraguai, relacionado ao tema.
“Desde o Período de Saturno, quando recebemos o gérmen do corpo denso na primeira Revolução desse período, esse padrão de recorrência atua como suporte à Evolução. Cada primeira revolução de qualquer período é uma recapitulação do trabalho feito sobre o corpo denso. Analogamente, a segunda revolução recapitula o trabalho realizado sobre o corpo vital, cujo gérmen nos foi dado na segunda revolução do Período Solar. A terceira revolução recapitula o trabalho realizado sobre o corpo de desejo, cujo gérmen nos foi dado na terceira revolução do Período Lunar. Seguimos assim até a sétima revolução, que desenvolve algum trabalho relacionado com o Espírito Divino, já que esse espírito foi despertado na sétima revolução do Período de Saturno. Na realidade, esse padrão de recorrência pode ser observado nos níveis mais detalhados do processo evolutivo, reproduzindo-se nas espirais dentro de espirais. A primeira revolução de qualquer período, a permanência no Globo A e a primeira época de qualquer globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período de Saturno. A segunda revolução de qualquer período, o Globo B e a segunda época de qualquer globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período Solar. Analogamente, ocorre o mesmo para todas as revoluções, globos e épocas até a sétima. O trabalho novo de um período, globo e época só se inicia após essa fase de recapitulação do que já foi realizado. Estamos vivendo, no momento, a Época Ária do Globo D do Período Terrestre, que é a quinta época desse globo. Por ser a quinta época, um trabalho está sendo realizado sobre o Espírito Humano. Recordemos que, na quinta revolução do Período Lunar, os Serafins despertaram o terceiro aspecto de nossa triplicidade espiritual. E temos então que é na Região do Pensamento Abstrato que o Espírito Virginal se conhece a si mesmo como um Espírito separado dos demais. Essa noção de separatividade ainda está muito forte em nossa quinta época. Ainda vivemos todos os problemas da separatividade causada pelas religiões de raça e todos os outros problemas decorrentes dessa tendência. Somente na sexta época, quando o trabalho da evolução se deslocar para o Espírito de Vida, nosso sexto veículo, despertado na sexta revolução do Período Solar, é que a noção de unidade e de fraternidade se tornará muito mais intensa, pois o Mundo do Espírito de Vida é o primeiro Mundo Universal e o mundo da Consciência Crística. Acreditamos que esse permanente processo de recapitulação objetive a construção de uma base firme sobre a qual possam ser desenvolvidas as atividades novas, resultantes da expressão de nossa natureza divina, que é a Epigênese. Certamente erros são cometidos com a expressão de nossa criatividade, como toda nossa história nos mostra, mas sempre haverá oportunidades para avaliação e correção desses erros. O processo evolutivo, concebido pela Mente Divina, provê meios para essa avaliação e correção, como provê também meios para o gozo de todas as nossas retas ações, sentimentos e pensamentos. Sabemos que após vivermos no Purgatório a expiação de nossos maus atos e hábitos, voltamos em vidas posteriores para sermos testados nessas mesmas falhas e maus hábitos, para que provemos que aprendemos a lição. É uma repetição das mesmas condições nos ajudando a crescer. Uma coisa é reconhecermos que estávamos errados. Outra coisa é provarmos que não erramos mais”.
Esse padrão de recorrência que mencionamos pode ser também observado no ciclo que o Espírito percorre a cada renascimento e morte, nos três mundos a que nos referimos acima, os Mundos do Pensamento, do Desejo e Físico. Esse ciclo é descrito no diagrama ao final do Capítulo 3 do CONCEITO ROSACRUZ, intitulado “UM CICLO DE VIDA”.
2. PREPARAÇÃO PARA O RENASCIMENTO
Após permanecer no Terceiro Céu por algum tempo, vem o desejo de novas experiências, seguido da contemplação de alternativas possíveis para o panorama de uma nova vida. São visões da futura vida em que as imagens são apresentadas na mesma ordem que poderão ocorrer nessa futura vida. O Ego escolhe então uma dessas alternativas e uma vez feita a escolha não poderá mudar de opinião.
Antes de submergir-se na matéria, o tríplice espírito está sem os veículos que formam sua personalidade, tendo somente as forças dos quatro átomos semente do tríplice corpo e da mente.
Iniciando sua submersão na matéria, são despertadas as forças da mente de sua última vida, latentes no respectivo átomo-semente. Esse átomo começa então a atrair matérias da Região do Pensamento Concreto com as quais tenha afinidade, formando-se então, com matéria das quatro regiões do Mundo do Pensamento Concreto, a nova mente daquele Ego.
O processo se repete quando o Ego chega à mais elevada região do Mundo do Desejo, em que o átomo semente do corpo de desejos começa a atrair materiais com os quais tenha afinidade, continuando o processo até alcançar a primeira região desse mundo.
A seguir entra em atividade o átomo-semente do corpo vital. O material da Região Etérea é atraído da mesma forma que nos mundos superiores pelos quais o Ego passou, ou seja, material com o qual o átomo-semente tenha afinidade. Mas a construção do novo corpo vital e sua colocação no meio conveniente são feitas pelos “Anjos do Destino”, já que o ser humano ainda não está capacitado a realizar essa tarefa. O éter refletor é incorporado no corpo vital em formação de modo a refletir as cenas da vida que o Ego irá viver. Embora ainda não possa ficar inteiramente responsável pela construção de seu corpo vital, há espaço, no entanto, para a participação do Ego, que incorpora a quintessência de seus corpos vitais anteriores e ainda realiza um pequeno trabalho original, como expressão de sua própria epigênese.
Nesse trabalho de preparação para o renascimento, ressalta como de grande importância a escolha do ambiente e da família em que o Ego irá renascer. O Ego traz, de vidas anteriores, inúmeros relacionamentos tidos em outras vidas que irão se manifestar na próxima vida, de acordo com a escolha feita por ele mesmo ao examinar o panorama dessa vida no Terceiro Céu. O Ego então é levado a renascer na família e no ambiente que respeite esses relacionamentos anteriores e a escolha por ele feita. É importante lembrar que parte de sua nova vida será constituída por eventos que irão necessariamente ocorrer, por se tratarem de eventos estabelecidos pela Lei de Conseqüência aos quais não poderá se furtar e que formam o chamado “Destino Maduro”.
O corpo vital, conforme modelado pelos Anjos do Destino, proporcionará a forma do corpo denso, órgão por órgão, e é colocado, como matriz, no útero da futura mãe. O átomo semente do corpo denso, por sua vez, é colocado na cabeça de um dos espermatozóides do pai.
O Ego que renasce executa algum trabalho sobre o átomo semente de seu corpo denso ao incorporar a quintessência das qualidades físicas obtidas em vidas passadas e, quando capaz disso, contribuir com algo de original para seu novo corpo. Nesse trabalho, o Ego é restringido a usar materiais tomados de seus genitores. Por essa razão, o Ego renasce de pais onde possa obter os materiais compatíveis com o arquétipo de sua nova vida.
Uma vez impregnado o óvulo, o corpo de desejos da mãe trabalha sobre esse óvulo de dezoito a vinte e um dias, quando o Ego permanece de fora da matriz materna. Terminado esse período, o Ego entra no corpo da mãe e incuba seu futuro corpo até o nascimento do novo ser. Nas anotações deixadas por Max Heindel e publicadas em 1928 na revista Rays from the Rose Cross nos é dito que durante os primeiros vinte dias do período de gestação, o sangue do feto é nucleado pela vida da mãe, que regula o processo de construção do corpo. Em seguida, o Ego começa a trabalhar, de fora, sobre o feto. Então, a parte inferior do Cordão Prateado, de matéria etérea, começa a surgir do átomo semente do corpo denso, no coração. Paralelamente, a parte do cordão de matéria de desejos começa a surgir do vórtice central do corpo de desejos, aquele que está radicado no fígado, nos momentos em que o Ego está em consciência de vigília. Max Heindel nos diz também que é no quarto mês que o espírito interpenetra os veículos do feto, do mesmo modo que foi na quarta época, a Atlante, que o Ego penetrou seus veículos tornado-se ativo. Essa interpenetração do Ego é simultânea à união das partes etérea e de desejos do cordão prateado, que se dá no plexo solar, na junção dos dois seis. É nesse local do corpo vital que está localizado, durante o período de vigília, o átomo-semente do corpo vital.
- O NASCIMENTO DOS CORPOS
O corpo físico é o primeiro a nascer. Os veículos do recém-nascido não se fazem ativos imediatamente e a criança depende inteiramente dos adultos que dela cuidam. Os corpos além do físico, não nascem imediatamente, conforme iremos descrever. Cabe lembrar que o corpo físico está em seu quarto período evolutivo, onde alcançou a maturidade. No período seguinte, o Período de Júpiter, a alma consciente, que é o extrato das experiências obtidas com a utilização do corpo físico, será absorvida por sua contraparte espiritual, o Espírito Divino, durante a sétima revolução desse período.
Esse mesmo padrão prevalece para os demais corpos, o de serem necessários quatro períodos para um veículo chegar à sua maturidade. Assim, o próximo corpo a nascer é o corpo vital, aos sete anos de idade da criança. É interessante notar que o padrão representado pelo número sete é observado para o nascimento do corpo vital e dos demais veículos superiores. Observe-se que esse número de anos é o período em que a Terra percorre, por sete vezes, sua órbita em torno do Sol, à semelhança das sete revoluções de cada Período Evolutivo. Durante o período dos primeiros sete anos da criança, ela funciona com seu corpo vital ainda dentro da envoltória do corpo vital macrocósmico, a mãe natureza. Nesse período até os sete anos de idade, os pólos negativos dos éteres são os mais ativos. Aos sete anos, o corpo vital da criança se libera da envoltória do corpo vital macrocósmico e passa a atuar independentemente. O corpo vital terá sua maturidade no Período de Júpiter e a alma intelectual, o extrato das experiências com o corpo vital, será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta revolução do Período de Venus.
Dos sete aos quatorze anos, se dá o amadurecimento do corpo de desejos, seguindo o mesmo padrão estabelecido pelo número sete. O Corpo de desejos está em seu segundo período evolutivo e precisa de mais dois períodos evolutivos para chegar à maturidade. Em relação ao nascimento do corpo de desejos da criança, a liberação desse corpo do de desejos macrocósmico se dá aos quatorze anos, ou seja, mais dois períodos de sete anos após o nascimento do corpo físico. É durante esse período dos sete aos quatorze anos que se dá o amadurecimento da parte do Éter de Vida do cordão prateado, como preparação para a adolescência, sendo seu crescimento sincrônico com o amadurecimento do segmento de desejos do cordão. Aos quatorze anos nasce o corpo de desejos e, com ele, o Éter de Luz amadurece, o que ocasiona o período de “sangue quente” da adolescência, pois é através do calor do sangue, função do Éter Luminoso, que o Ego faz sentir sua presença no corpo. A criança se reconhece então como um indivíduo. A alma emocional, o extrato das experiências obtidas através do corpo de desejos, será absorvida pelo Espírito Divino, durante a quinta revolução do período de Vulcano.
Depois dos quatorze anos, a mente nutrida pela mente macrocósmica, começa a desenvolver suas possibilidades latentes para permitir a criação de pensamentos originais. O nascimento da mente dar-se-á quando o jovem ser completar vinte e um anos, após três períodos de sete anos. O Éter Luminoso estará então plenamente desenvolvido, o que permitirá a produção de sangue individual e na temperatura adequada, dando condições para que o Ego tome posse completa de seus veículos. Em paralelo ao desenvolvimento da mente individual durante o terceiro período de sete anos, observa-se o crescimento do terceiro segmento do cordão prateado, feito de matéria mental e que liga o átomo semente da mente ao átomo semente do corpo de desejos. Observa-se também, além do amadurecimento da parte de éter luminoso do segmento etéreo do cordão, o crescimento da parte de éter refletor desse mesmo segmento, crescimento esse que, segundo notas de Max Heindel, poderá continuar até a idade de vinte e oito anos. O crescimento da parte do cordão formada por éter refletor, segundo essas notas, acompanha aparentemente o crescimento do segmento mental do cordão, possivelmente pela importância do éter refletor para o processo do pensamento. A mente aperfeiçoada, encerrando tudo o que foi adquirido nos períodos evolutivos, será absorvida pelo Espírito Divino ao final do Período de Vulcano.
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