domingo, 2 de outubro de 2011

SOIS MAÇOM?

Sois Maçom?* 
Ir.'. Francisco Geraldo Fernandes De Almeida
08/11/2005 - Rito: REAA - Guia do Maçom

Sois Maçom ?
Lembrava daquela forte dor no peito.
Como viera eu parar aqui?
O ambiente me era familiar.
Já estivera aqui, mas quando?
Caminhava sem rumo.
Pessoas desconhecidas passavam por mim, contudo, não
tinha coragem de abordá-las.
Mas, espere, que grupo seria aquele reunido e de terno preto?
Lógico! não estariam indo ou vindo de um enterro; hoje em dia não é tão comum pessoas irem a velório com roupa preta.
É claro! são irmãos!
Aproximei-me do grupo.
Ao me verem chegar interromperam a conversa.
Discretamente executei o sinal de aprendiz, obtendo resposta.
A alegria tomou conta de mim, estava entre amigos.
Identifiquei-me, perguntei ansioso o que estava acontecendo  comigo.
Responderam-me com muito cuidado e fraternalmente.
Havia desencarnado.
Não tive mais dúvidas estava no oriente eterno.
Fiquei assustado; e a minha família, os meus amigos, como estavam?
- Estão bem, não se preocupe; no devido tempo você os verá, responderam.
Ainda assustado, indaguei do motivo de suas vestes.
- Estamos nos encaminhando ao nosso Templo Maçônico (foi a resposta).
- Templo Maçônico?
Vocês tem um?
- Sim claro, por que não?
Senti-me mais à vontade, afinal, sou um Grande Inspetor Geral e com certeza receberei as honras devidas a meu grau.
Pedi para acompanhá-los, no que fui atendido.
Ao fim de pequena caminhada avistei  o templo.
Confesso que fiquei abismado, sua imponência era enorme.
As colunas do pórtico eram majestosas, nunca vira nada igual.
Imaginei como deveria ser seu interior e como me sentiria
tomando parte nos trabalhos.
Caminhamos em silêncio, ao chegar ao salão de entrada verifiquei grupos de irmãos conversando animadamente, porém, em tom respeitoso.
O que parecia o líder do grupo que me acompanhava chamou um irmão que estava  adiante:
- Irmão Experto! acompanhai o irmão recém chegado e com ele aguarde.
Não entendi bem. Afinal, tendo mostrado meus documentos, esperava, no mínimo, uma recepção mais calorosa. Talvez estejam preparando uma surpresa à minha entrada; para um 33 não poderia se esperar nada diferente.
Verifiquei que os irmãos formavam o cortejo para entrada no templo.
À distância, não pude ouvir o que diziam, contudo, uma luminosidade esplendorosa cercou a todos. A
Adentraram silenciosamente no templo.
Comigo ficou o irmão Experto.
 De tanta emoção não conseguia dizer nada.
O tempo passou... não pude medir quanto.
A porta do templo se entreabriu e o irmão Mestre de Cerimônias
encaminhando-se a mim comunicou que seria recebido.
Ajeitei o paletó, estufei o peito, verifiquei se minhas comendas não estavam desleixadas e caminhei com ele.
Tremia um pouco, mas quem não o faria em tal circunstância?
Respirei fundo e adentrei ritualisticamente no Templo.
Estranho... Esperava encontrar luxuosidade esplendorosa, muito ouro e riqueza.
Verifiquei, rapidamente, no entanto, uma simplicidade muito grande.
Uma luz brilhante, vindo não sei de onde iluminava o ambiente.
Cumprimentei o Venerável Mestre e os vigilantes na forma usual.
Ninguém se levantou à minha entrada. mantinham-se calados e respeitosos.
Não sabia o que fazer... aguardava ordens... e elas vieram na voz firme do
Vem. Mestre:
- Sois Maçom ?
Reconhecendo a necessidade do Trolhamento em tais circunstâncias, aceitei respondê-lo.
Estufei o peito, estiquei o corpo e respondi:
-MM.'.II.'.C.'.T.'.M.'.R
Aguardei, seguro, a pergunta seguinte.
De seu lugar o Ven Mestre dirigindo-se aos presentes, perguntou:
- Os irmãos aqui presentes o reconhecem como Maçom?
Assustei-me, o que era isso? Por que tal pergunta? O silêncio foi total.
Dirigindo-se à mim, o Venerável emendou:
- Meu caro Irmão visitante, os irmãos aqui presentes não o reconhecem como Maçom.
- Como não? Disse eu.
Não vêem as minhas insígnias?
Não verificaram os meus documentos?
- Sim, caro irmão, retrucou solenemente o Venerável.
Contudo não basta ter ingressado na Ordem, ter diplomas ou insígnias, para ser um Maçom é preciso, antes de tudo, ter construído o "Seu Templo".
E verificamos que tal não ocorreu com o Irmão.
Observamos, ainda, que apesar de ter tido todas as oportunidades de estudo e de ter galgado ao maior dos graus, não absorveu seus ensinamentos.
 Sua passagem pela arte real foi efêmera.
Não pude agüentar mais.
Retruquei:
- Como efêmera?
Vocês que tudo sabem não observaram minhas atitudes fraternas?
Fui interrompido.
-Irmão,  vejamos então sua defesa...
Automaticamente desenhou-se na parede algo parecido com uma tela imensa de televisão e na imagem reconheci-me junto a um grupo de irmãos tecendo comentários desairosos contra a administração de minha Loja.
Era verdade.
Envergonhei-me. 
Tentei justificar, mas não encontrava argumentos.
Lembrei-me então, de minhas ações beneficentes.
Indaguei-os sobre tal.
E mudando a imagem como se trocassem de canal, vi-me colocando a mão vazia no Tronco de Beneficência. Era fato e, costumeiramente, o fazia por achar que o óbolo não seria bem usado.
Por não ter o que argumentar, calei-me e lágrimas de remorso brotaram-me nos olhos, iniciei a retirar-me cabisbaixo e estanquei ao ouvir a voz autoritária e ao mesmo tempo fraterna do Venerável:
-Meu irmão, reconhecemos suas falhas quando na orbe terrestre e na Maçonaria, contudo, reconhecemos, também, que o irmão foi iniciado em nossos  Augustos Mistérios.
Prometemos em suas iniciações protegê-lo e o faremos.
O irmão terá a oportunidade de consertar seus erros, afinal, todos nós aqui presentes já os cometemos um dia.
Descanse neste plano o tempo necessário e, ao voltar à matéria para novas experiências, nós o encaminharemos novamente para a ordem maçônica. sua nova caminhada com certeza será mais promissora e útil.
Saí decepcionado  mas estranhamente aliviado.
Aquelas palavras parecem ter me tirado um grande peso.
Com certeza ali eu desbastara um pedaço de minha pedra bruta.
Acordei, sobressaltado e suando.
Meu coração disparado.
Levantei-me assustado com certa alegria no peito.
Havia sonhado!
Dirigi-me ao guarda-roupa.  meu terno preto ali estava, instintivamente retirei do paletó as medalhas e insígnias e as guardei em uma caixa, para nunca mais usar.
Ainda emocionado e com os olhos molhados de lágrimas dirigi-me à minha mesa e com as  mãos trêmulas e cheio de uma alegria em levante, indescritível, retirei o ritual de aprendiz Maçom E DECIDI COMEÇAR TUDO DE NOVO

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