segunda-feira, 10 de junho de 2013

O SUFISMO

Enciclopédias e muitos autores definem o sufismo como uma seita mística muçulmana. Esse é o primeiro equívoco controverso que alimenta o mistério em torno dessa Irmandade tão enigmática. Fontes da Tradição afirmam que o sufismo é muitíssimo mais antigo que o Islã. Também afirmam que suas doutrinas e práticas estão infiltradas em muitas religiões, outras Irmandades, diferentes culturas e sua origem está situada milhares de anos no passado. Reivindicam um passado de 70 mil anos! Antes do Dilúvio sumério, do Noé-Gilgamesh.
Os membros da Irmandade Sufi foram ou são conhecidos por nomes outros: Amigos da Verdade, os Construtores, os Mestres, [como os maçons], Povo do Caminho [como os Essênios pré-Cristãos] e muitas outras denominações que circularam como sinônimas muito antes da religião muçulmana ser inventada pelas elites árabes de meados do primeiro milênio, necessitadas de uma força de coesão política que fizesse frente aos avanços territoriais e culturais da civilização cristã-ocidental. 

A Irmandade já existia em Medina quando Muhammad, precursor do Islã, apareceu com seu discurso... [no século VII d.C. anos 600]. Todavia, foi na época do alvorecer do Islã que os Irmãos Mestres Construtores adotaram a denominação Sufi, depois de um juramento de fidelidade à causa muçulmana em circunstâncias semelhantes àquelas  que constrangeram o mestre Galileu no Vaticano e se retratar e admitir que o globo é plano! Ou seja: Diga o que Eles querem e salve sua vida.

O significado de Sufi ─ [árabe: تصوف, tasawwuf; persa: صوفی‌گری Sufi gari] É uma questão tem sido discutida pelos lingüistas. A origem do termo é incerta, entre o persa e aramaico, o árabe e o grego.  São vários os significados atribuídos à palavra: uma túnica semelhante à de Jesus; puros; pela corruptela de shopiapara significar sábios; contração de Ain-Soph, da Cabala judaica - a Incognoscível Sabedoria que é compartilhada por todas as religiões. O problema dos filólogos ocidentais é compreender a face oculta escrita dos povos do Oriente Médio e Ásia Menor. Os árabes, assim como os judeus, associam seus fonemas a números permitindo uma complexa riqueza de significados em torno de uma só palavra.  Em O Sobrenatural Através dos Tempos, Keep esclarece:
A linguagem secreta dos antigos se baseava numa interessante correlação entre letras e números... No idioma árabe havia mil equivalentes números para diversos conjuntos de letras ou fonemas enquanto no idioma hebraico havia 400 números equivalentes. Sendo assim, os árabes e os hebreus transformavam letras em números e vice-versa, ocultando no texto determinada mensagens... [Em Os SufisIdries Shah Apud Keep ─ 1924-1996 indiano, descendente de afegãos, mestre da tradição Sufi, explica]:

[Analisemos] a misteriosa palavra Sufi... Decodificada [segundo a relação letras-números, obtemos]: S=90; W=6 F=80; Y=10, [swfy]. Estas são as consoantes usadas na grafia da palavra. [Os números somados totalizam 186. Decodificando temos centenas, dezenas e unidades: 100, 80, 6. Estes números, são, por sua vez, associados aos seus equivalentes: 100=Q, 80=F, 6=V]. Estas letras podem ser re-arrumadas de modos diversos para formar raízes de três letras[fonemas e monossílabos] em árabe, todas [os] indicativas [os] de algum aspecto do SufismoA principal interpretação é FUQ, que significa: Acima transcendente. Em conseqüência disso, chama-se ao sufismo filosofia transcendente. Os sufis também são chamados dervixes.

Tradição Árabe de Origem Desconhecida  Porém, os Sufis conseguem ser mais misteriosos que a metafísica Fraternidade Branca, com a qual, dizem, os sufis também mantêm ligações. Como mencionado acima, os Sufis são quase sempre associados ao Islã, mas isso decorre do fato de que o encontro da mística árabe mais antiga com a nova religião do profeta Maomé ou Muhammad  [570-632 d.C] exigiu dos Adeptos o supra-sumo da sabedoria diplomática para manter suas tradições debaixo dos olhos repressivos do fanatismo muçulmano.
Embora a maioria das fontes insistam em datar o Sufismo como contemporâneo ao Islã, a tradição registrada pelos estudiosos sempre negou esta relação. OSufismo jamais foi uma corrente mística do Islã e tanto é assim que os adeptos do sufismo foram, inúmeras vezes e em diferentes países perseguidos [e não raro, presos, castigados ou mortos] pelas autoridades islâmicas. Sobre a sabedoria dos Sufis, Keep escreve:
A coletânea de contos árabes chamada As Mil e Uma Noites escondem por trás de sua aparência ingênua uma sabedoria milenar. Esta sabedoria é conhecida pelo nome de sufismo, tradição de origem árabe desconhecida, mas que reconhece em Hermes Trimegisto e Zoroastro alguns de seus primeiros mestres. O sufismo não é uma religião, mas é o conhecimento existente em todas as religiões. Por isso, seus praticantes, os Sufis, aceitam ler os textos sagrados de qualquer religião do passado que considerem verdadeira. Os Sufis constituem um grupo de estudiosos, que não tem ritual ou dogma, cuja tradição remonta a uma época bem anterior à de Cristo. [KEEP]
Voltando ao mestre Idres Shah, ainda em Os Sufis, chama a atenção para a influência do pensamento e das técnicas sufistas, pouco notadas, no desenvolvimento da civilização Ocidental ao longo dos séculos através de pensadores como Roger Bacon [1204-1294 ─ inglês, frade franciscano] e ocultistas, como Raimundo Lullo [Raymond Lully ─ 1232-1315 ─ espanhol da ilha de Maiorca], São João da Cruz [1542-1591 ─ frade carmelita, místico espanhol].
As Ordens Sufistas
Târiqas ─ Na prática o Sufismo abriga diferentes Irmandades ou Ordens, chamadas Târiqas. São inúmeras essas Tariqas, consta que são 97 ordens ─ e estão espalhadas em diferentes países do norte e do leste da África, como Somália, Etiópia, Mauritânia e, ainda, na Indonésia e Malásia, Afeganistão, Paquistão, Bangladesh, Índia, Curdistão, Rússia, Turquemenistão e nos Bálcãs. São algumas destas ordens mais destacadas:
Ordem Chishti ─ [do mestre Khaja Mu´in al-Din Chishti, afegão radicado na Índia]

Ordem Mevlevi ─ atua na Turquia e Bálcãs [região sudeste da Europa que inclui Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Bulgária, Grécia, República da Macedônia, Montenegro, Sérvia]. Em seus exercícios de dhikr [meditação] utilizam intensamente a música e a dança. São os conhecidos Dervixes Rodopiantes.


Ordem Rifa'i [Rifaiyyah] ─ presente no Egito, na Síria, em Kosovo e Albânia mas, também, em países do Ocidente: EUA, Austrália, Venezuela, Itália além de Marrocos, África do Sul, Algéria, Paquistão.


Ordem Naqshbandi  ─ muito atuante nos EUA, Europa ocidental, Ásia Central, Índia e Sudoeste Asiático. 

Mas as Târiqas não foram sempre uma regra na história do Sufismo. Inspiradores de muitas Sociedades Secretas, durante milênios, os sufistas foram indiferentes à instituição de Confrarias, templos ou qualquer outra referência de identidade social, religiosa, civil. Eram simplesmente sábios, místicos envoltos na aura mística dos personagens das lendas árabes. Respeitados por uma sabedoria publicamente reconhecida.
Alguns, vivendo o dia-a-dia da sociedade, emprenhados em profissões das mais variadas, porém sem jamais deixarem de ser buscadores da Verdade, do conhecimento de si mesmos, do mundo, do Cosmos, de Deus. Outros, completamente desapegados das vertigens mundanas, optam pela solidão, reclusão, afastamento das confusões dos tempos.
A organização dos Sufistas em  Ordens ou Târiqas foi uma necessidade e uma concessão aos avanços da civilização. As primeiras Târiqas conhecidas surgiram entre os séculos XII e XIII [anos 1200 e 1300]. Entre elas, destacam-se a Shadhiliya, de origem marroquina, especialmente dedicada à meditação. Mevlevi, que desenvolveu o ritual da dança girante.  A Isawiya, também do Marrocos, tem fama de dotar seus adeptos de total insensibilidade ao fogo e às brancas.
Sufi é aquele que está morto para o Si-mesmo e vive da Verdade.
Tendo transcendido as limitações humanas, sufi é aquele que alcançou Deus. 
[A. Hujwiri, 1936]

Doutrina e Práticas
É muito possível que o denso mistério da origem dos Sufis seja o resultado dessa tradição ser, de fato, antiga demais para que um ponto de partida possa ser rastreado. A sabedoria desses Iniciados é um patrimônio de milênios; um acervo de saberes de culturas que floresceram em um tempo muito remoto; tão remoto que os nomes e fontes originais se perderam, porém a essência do Conhecimento, cuidadosamente preservada por discípulos zelosos, resistiu e resiste ainda instruindo a Humanidade até hoje. Tanto é assim que os Sufis incorporam ensinamentos clássicos de Ioga, teologia de Zoroastro e ciência hermética entre outras fontes de aperfeiçoamento do homem integral.
O primeiro passo da Iniciação do sufista é a submissão à disciplina imposta pelos mestres. Seja qual for a classe social ou poder econômico do candidato, começara provando sua humildade e fortalecendo sua capacidade para a disciplina, cuidando de tarefas domésticas, fazendo trabalhos pesados, peregrinando nas ruas com sua  kashkul [utensílio para conter os donativos] louvando a Deus e recebendo donativos, que jamais pede, somente aceita e entrega à Irmandade. Esse homem e circula nas ruas colhendo moedas de transeuntes não é um mendigo; poderá ser até mesmo um rico comerciante. Esse homem é um Sufi, um Dervixe exercitando sua humildade.
O Sufi, assim como aconselham os mestres da magia ocidental, começa seu treinamento submetendo as vontade/desejos do corpo e das emoções [astral] à Vontade e poder da Mente Inteligente. O Ego Superior, que transcende o tempo e o e espaço deve se converter no verdadeiro Senhor do Ser Humano; o Ego ou Eu Superior deve comandar inteiramente o Ego inferior, que é mera personalidade condicionada e que serve de referência identitária para uma só e mera vida, um piscar de olhos na Eternidade.
O Sufi é um bêbado sem vinho; saciado sem comida;
tresloucado; sem alimento e sem sono; um rei sob um manto humilde;
um tesouro dentro de uma ruína; não é feito de ar, terra ou fogo; um mar sem limites.
Yalal al-Din Rumi [1207-1273]
As Práticas voluntárias, [chamadas nawa'fil] gerais e pessoais [dos sufis], que fazem parte da disciplina pessoal do discípulo ou Adepto, incluem: orações durante a noite [Layla al-qiyam], como em uma vigília; a lembrança de Deus em todas as suas manifestações e em todos os momentos, o jejum, a busca do conhecimento e assim por diante.
Ao mesmo tempo, é importante que esses atos sejam realizados com absoluta sinceridade [ijlas]; um trabalho interior constante de meditação, de recitação dos nomes de Deus e de permanente vigilância sobre si mesmo e toda a realidade à sua volta. Este estado de vigília, alerta, é a prática da muraqaba, forma de devoção a Deus [tawakkul]. Consiste em se lembrar de estar contente [Rida], porque consciente da presença de Deus [Hadur], avançando no trabalho progressivo de purificação da alma [safs] e da consciência da realidade divina [Haqiqa].
Práticas Específicas ou Coletivas  Dhikr ou Maylis. É a lembrança de Deus. Uma ação devocional que consiste em se manter desperto, consciente da Onipresença do Criador. As cerimônias Dhikr têm uma liturgia que, conforme a regra da Ordem Sufista consiste em: meditação, recitação [de textos sagrados, audição de parábolas, aforismo de todos os tempos e culturas], canto, execução música instrumental, o ritual do incenso, a dança, o êxtase e o transe.
Eu morri como um mineral, uma pedra, e me tornei uma planta
Eu morri como planta e renasci animal
Eu morri como um animal e depois eu era um Homem
E muitas vezes eu morri e vivi como homem
Por quê eu deveria temer me perder na morte?
Todas as vidas passam, até mesmo a vida dos Anjos
Somente Deus é imperecível
Quando deixei de ser uma alma angelical
Eu passei a Ser algo que a mente nem pode conceber
Oh, deixe-me Não-existir; deixe Estar na Não-existência
Deixe-me voltar para Ele


Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī



A Iniciação

A Iniciação de um Sufista demanda humildade e trabalho, muito trabalho. Mas não se trata de trabalho intelectual; de estudos ou meditações profundas. Em um mosteiro ou Centro Sufista, o noviço começa mesmo é com o balde a vassoura na mão. Não importa a que classe social pertença, se tem tradição familiar ou uma gorda conta bancária.
A Iniciação, igual para todos e que pode parecer sem sentido para as mentes mais rasteiras é, na verdade, um método praticamente infalível de ─ 1. tomar posse do Si-mesmo, da personalidade ou Eu inferior; 2. Fortalecer a Vontade Inteligente para que o Homem Inteligente possa prevalecer sobre o Homem-pedra [o mineral], o Homem-planta, vegetal e, finalmente o Homem-bicho, o instintivo, a apaixonado, o animal.
A metodologia dessa Iniciação é simples: são os mil e um dias de provas [ou três anos em calendário lunar]: O jovem noviço deverá se conformar às ordens de seus superiores e realizar um grande número de tarefas [em geral, consideradas] desagradáveis: lavar roupa, limpar as latrinas, manter a casa etc.. [SIGNIER/THOMAZO, 2008]
Analisando esse método de Iniciação, o estudioso do ocultismo reconhece imediatamente as orientações prescritas pelos mestres da Magia Ocidental, que vieram muito depois das Ordens Sufistas. Também identifica-se facilmente a influência dos 1. iogues orientais da Índia e da Ásia central; 2. do sistema de disciplina adotado no dia-a-dia dos mosteiros budistas onde uma das regras é: Quem não trabalha não come. Essas referências parecem confirmar a antiguidade dos Sufistas na teoria e na prática das ciências ocultas. Não é necessário revirar bibliotecas centenárias para achar esses indícios. Eliphas Levi escreve em seu Dogma e Ritual:
Sois pedinte e quereis fazer ouro: ponde-vos à obra e não cesseis mais... O que é preciso fazer primeiramente? Agir como? Levantar-vos todos os dias à mesma hora e cedo; lavar-vos em qualquer estação... nunca trazer roupas sujas e, para isso, lavá-las vós mesmos, se for preciso; submeter--se a privações voluntárias para melhor suportar as involuntárias; impor silêncio a todo desejo. ...Um preguiçoso nunca será mago. A magia é o exercício de todas as horas e de todos os instantes. É preciso que o operador das grandes obras seja senhor absoluto de si mesmo; que saiba vencer as atrações do prazer, do apetite e do sono; que seja insensível tanto ao sucesso quanto à afronta... Toda sujeira atesta uma negligência e, em magia, a negligência é mortal.[LEVI, 1993 ─ p 42]
Depois dos três anos de noviciado o discípulo é participa de uma cerimônia de iniciação. Depois, ficará recluso em sua cela por 18 dias ao fim dos quais recebe o chapéu cônico vermelho, o sikke, significando que o o Iniciado alcançou a estágio de Dervixe e poderá participar dos ritos de danças sagradas.
Sufis & A Lenda dos Nove Desconhecidos
Em 1999 Lynn Picknett e Clive Prince publicaram The Stargate Conspiracy. O livro [assim como muitos outros] afirma a existência de um culto espantosamente poderoso e que se mantém oculto em plena era das revelações da cultura New Age, há mais de 50 anos. Rumores sobre esse culto começaram a aparecer na década de 1950. ...Segundo diferentes escolas de pensamento estes seres, provenientes [de algum lugar não terreno] preparam-se para retornar ao planeta depois de um longo período de ausência.
Nem todos os defensores dessa idéia acreditam que esses seres sejam extraterrestres que se locomovem em naves espaciais; antes, seriam criaturas de natureza divina cuja lembrança a Tradição conservou  na Lenda dos Nove Desconhecidos ou, simplesmente, Os Nove.
Os postulantes dessa hipótese acrescentam que estes Nove, em uma época muito remota, foram os governantes da mítica civilização Atlante. A uma certa altura da evolução humana, recolheram-se em uma existência transcendental, habitando outro plano ontológico [um plano espiritual de ser e estar]. Atualmente, estudiosos acreditam que é chegado o momento do retorno dos Nove a este plano, material, a fim de tomar medidas efetivas capazes de minimizar o sofrimento da Humanidade.
Os Nove teriam estado sempre ativos em seu interesse pelo destino da Humanidade. Mantendo-se deliberadamente escondidos, esses Mestres estariam, há anos, orquestrando a disseminação de uma religiosidade mais elevada, práticas de devoção e outros ensinamentos que são transmitidos por agentes, muitos deles, hoje, conhecidos como poderosos gurus da literatura alternativa [e de auto-ajuda] ocidental.
Enéade ─ Apesar de conseguirem se manter desconhecidos; ainda que alguns considerem Os Nove como uma metáfora para os nove princípios do Ser, algumas especulações pretendem identificar os Mestres: seriam a Enéade [palavra grega] ou, entre os egípcios, a Psedjet, as nove Divindades primordiais que simbolizam os nove aspectos da manifestação do Um [Deus-enquanto-Um].
A Enéade atua em dois planos: espiritual e material; cósmico e mundano. Significa que aos Nove mestres divinos e metafísicos, correspondem nove mestres terrenos, ou que habitam entre os homens. Na mitologia egípcia, esses nove deuses ou, metafisicamente, aspectos de Deus são assim nomeados: Atum, o Criador, deus dos deuses, o Um; Shu [Ar], Tefnet [ou Tefnut, personificação da água], Geb [a terra], Nut [o céu, como abóbada celeste e o céu, como destino dos justos], Osíris [os campos e o post-mortem], Isis [o amor e as ciências ocultas], Seth [representa violência, desordem, paixões] e Neftis [representante da aridez do deserto e da morte].
No mundo dos homens, o deus Hórus lidera a Enéade Inferior, sendo uma conexão entre as duas Irmandades. Assim como Atum governa o plano espiritual, Horus governa o reino material; e tem governado durante Eras através da renovação da linhagem real dos reis-Horus.
Colégio de Iniciados Heru Shemsu  ─ [Egito] Assim como cuidava das coisas da matéria, o Príncipe Falcão também era um guardião supremo de Conhecimento científico e sabedoria existencial. Junto com seus discípulos e seguidores, organizou um Colégio de Iniciados Heru Shemsu, mais uma ancestral mitológica das Sociedades Secretas de Iniciação Mística. Diz a tradição que esses semi-deuses pertenciam a uma raça estelar; eram muito altos e tinham os crânios mais largos, o que os diferenciava do povo que habitava as margens do Nilo. Seu status de semi-deuses devia-se ao fato de que eram possuidores de conhecimentos secretos e grandes poderes mágicos. Os Heru Shemsu consideravam-se reflexos inferiores da Grande Enéade, os nove Deuses em Um, os verdadeiros governantes da Terra.
Ashoka ─ O diplomata francês Louis Jacolliot [1837-1890] foi o primeiro a divulgar no Ocidente a Lenda dos Nove Desconhecidos. Segundo Jacolliot, o imperador Ashoka [304-232 a.C - Asok Bindusara Maurya], imperador indiano da dinastia Maurya que dominou todo subcontinente indiano III e II antes de Cristo. Diz a lenda que este imperador, implacável guerreiro, tendo se convertido ao budismo [e ao pacifismo] em 250 a.C., formou um Conselho secreto reunindo nove homens sábios aos quais encarregou de cumprir importante missão: compilar todo o conhecimento acumulado pela Humanidade e ocultá-lo, preservá-lo e somente usar tais conhecimentos seguindo critérios de justiça e compaixão.
Jacolliot afirmou que os Nove ainda viviam e atuavam nas sombras auxiliando a evolução humana e socorrendo povos e nações em momentos de aflição. Outro francês, o místico Saint-Ives d'Alvedre [1824-1909] afirma que a lenda é muito anterior ao tempo do imperador Ashoka. Os Nove Desconhecidos seriam viajantes cósmicos provenientes da estrela Sirius que chegaram na Terra e se estabeleceram na Ásia Central 34 mil anos antes de Cristo.
Nove Livros ─ Seja como for, ainda segundo a lenda, cada um dos Nove escreveu um livro sobre nove diferentes áreas do conhecimento. Nestes livros estariam, registradas as mais preciosas ciências, para o bem e para o mal. São os temas desses livros:
1. Psicologia, propaganda, Guerra psicológica
2. Fisiologia, tratando especialmente na maneira de matar um homem ao tocar-lhe, provocando a morte pela inversão do influxo nervoso. Diz-se que o judô deriva de certos trechos dessa obra.
3. Microbiologia
4. Transmutação dos metais
5. Os meios de comunicação terrenos e extraterrenos
6. Os segredos da gravitação
7. Cosmogênese
8. Um tratado sobre a Luz
9. o último, dedicado à Sociologia

Para os Sufis, os Nove Desconhecidos são um assunto sério, uma tradição expressa no No-Koonja, o Eneagrama, também conhecido como Naqsh - Selo.
O misterioso místico, o armênio-grego-russo Georges Ivanovitch Gurdjieff refere-se a esses mestres como sendo sete indivíduos; e não nove. Todavia, em ocultismo sabe-se que de todos os princípios do homem, sete já foram revelados pelos esotéricos porém, dois, permanecem secretos. Os sete [ou nove] Desconhecidos segundo Gurdjieff foram e são remanescentes da civilização Atlante que fundaram o Egito, chegando ao território em uma barca solar depois da submersão de algumas das terras da Atlântida.
Citando como fonte de informação hieróglifos gravados na paredes das ruínas de Gizé, Tebas e Edfu [ou Behedet, atualmente Tell Edfu] além das canções tradicionais dos bardos de sua terra natal e de toda a Asia Central, Gurdjieff conta que 70 mil anos antes do Dilúvio de Noé, uma grande civilização floresceu em uma ilha chamada Hannin, que hoje seria identificada como a ilha de Creta, a maior das ilhas localizadas nas vizinhanças da Grécia. Hannin teria abrigado uma sociedade secreta arcana: a Imastun Brotherhood, elite de sábios que se ocupavam de ciências transcendentais como a astrologia e a telepatia. Os Sufis, seriam os herdeiros dessa irmandade.
Sufismo: Anotações de Pesquisa
Os sufis acreditam que para obter um estado de contemplação mística é necessário fechar os portões dos sentidos físicos de modo que o sentido espiritual ou o sentido oculto possa operar. A contemplação ou o êxtase é a Noite Mítica, quando o adepto se ausenta de todas as impressões oriundas dos mundo exterior, transcendendo a esperança, o medo, a consciência de si mesmo e de toda emoção humana, para que a luz interior possa ser nitidamente percebida.
SPENCE, Lewis. An Encyclopaedia of Occultism. Courier Dover Publications, 2003 - p 127. In Google Books.

George Gurdjieff [1860/1877?-1949], místico armênio-grego-russo, é considerado o único estranho a quem foi permitido penetrar no círculo externo dos centros Sufistas onde teria sido pupilo do mestre Bahaudin Nakshband. Entre os afegãos, os Sufis são chamados Povo da Tradição. Entre as lendas que envolvem sua mística, existem rumores de que os Sufis têm contato com inteligências não-terrenas e que são guardiões de segredos arcanos que são o fundamento de todas as religiões e de todo o desenvolvimento humano.
Todas as escolas Sufistas acreditam na existência de uma Hierarquia espiritual que se mantém a centenas de anos em nebuloso mistério. Seus monastérios, santuários e retiros estão situados na Ásia Central. Sobre esta hierarquia, John Bennet escreveu:
[Os místicos da região e pesquisadores/exploradores estrangeiros] afirmam que a hierarquia perpétua é liderada por [uma personagem chamada] Kuth-i-Zaman, o Eixo das Erasque recebe revelações do Divino Propósito e as transmite à Humanidade por meio de seus seguidores.
Segundo Gurdjieff, esta Hierarquia atua produzindo um tipo de energia de vibração elevada destinada manter o fluxo harmônico do desenvolvimento e história humanas: Existe um agente invisível de alta energia que torna o trabalho da evolução possível. este é um tema presente na maior parte da literatura sufista.

Para os Sufis, nada na História acontece por acaso; novas verdades [conhecimentos] são semeadas, novas energias [forças], introduzidas nas sociedades em ações planejadas nos mais elevados níveis de existência espiritual. Ernest Scott comenta: Nada acontece, simplesmente. O roteiro da longa História humana foi escrito por inteligências superiores.

Os avanços e conquistas da Humanidade não são caprichos do acaso; são metas alcançadas dentro do contexto de um determinado ciclo, o Tempo da Terra. Esses avanços transcendem a esfera de interesse da Humanidade; antes, são essenciais para o equilíbrio e desenvolvimento [evolução, dinâmica] deste sistema Solar do qual a Terra faz parte.; e o próprio sistema Solar não é uma engrenagem isolada, ao contrário, interage com as forças mantenedoras da Galáxia à qual pertence [Via Láctea].
Mestre Imortal: Uma lenda Sufi diz que a Irmandade Sufista tem um guia invisível, o imortal El-Khidr, que usa uma capa verde flamejante e que muitos muçulmanos identificam como o profeta Elias, o profeta judeu que nunca morreu, mas subiu aos céus sem deixar cadáver. LE PAGE, Vitoria. Shamballa
Glossário do Sufismo
Fara'id ─ Atos de adoração, práticas obrigatórias.
Hirka  ─ peça de vestuário dos dançarinos da Sema; é um manto amplo e negro, símbolo da sepultura.
Kashkul ─ São tigelas, cumbucas, cuias, enfim, recipientes para recolher as moedas que os dervixes mendigam nesta atividade que desenvolvem unicamente para superar avaidade pessoal e a arrogância. Aliás, essas cumbucas sufis não são objetos vagabundos, de mendigo, ao contrário, são belas obras artesanais algumas feitas de metais preciosos.
Kemal ─ perfeição.
Nawa'fil ─ Práticas voluntárias relacionadas à disciplina pessoal.
Murid  noviço
Sema  ─ Ou Samá, dos termos árabes, سَمْع = sam‘un e اِسْتِمَاع = ’istimā‘un significando ouvir a tradição.É a dança girante dos Sufis-dervixes. O balé celeste[SIGNIER/TOMAZO, 2008]. A maioria das fontes refere-se à Samá com termo que designa a famosa Dança dos Dervixes; porém, há controvérsias. Alguns autores definem o Samá como a recitação de textos espiritualistas ou trechos de Escrituras sagradas de diferentes religiões. Ainda que, em algumas Tariqas a Samá seja acompanhada por um ritmo percussivo, a fator mais importante dessas sessões é o recitar utilizando todas as virtudes da voz humana que, nessa cerimônia, funcionada como um elemento de sutilezas acústicas que promovem a revelação dos diferentes sentidos/significados de um mesmo texto. Para estes autores, a Dança Sagrada é chamada Hadras ou Imara
Quanto à Dança, eles realmente giram, em torno de si mesmos, apoiados no pé direito e em torno do eixo que é o mestre, em uma coreografia que evoca os movimentos dos astros no céu, com seus duplos giros: rotação e translação. O objetivo é alcançar um estado alterado de consciência, transe, que permitiria ao Adepto o conhecimento subjetivo da Divindade. Todavia, nem todos os Dervixes são girantes ou seja, nem todas as formas de Sema incluem os movimentos giratórios. Essa é uma característica destacana das Ordens Mevlevi e Chishti.

Rumi & Ordem Mevlevi ─ A Ordem Mevlevi ou Mawlawiyya fundada em Konya, cidade da região central da Anatólia, hoje, território da Turquia, em 1273, dando continuação à confraria criada pelo mestre Jalal ad-Din Muhammad Balkhi-Rumi [1207-1273] ou, simplesmente Rumi, jurista islâmico [ou seja, era um Sheik], teólogo, místico e poeta]. Em 1244 Rumi, que já era um mestre sufista de tradição familiar, encontrou em dervixe Sham-e Tabrizi [?-1248 iraniano, místico sufista], em Damasco [Síria]. No convívio com Sham, Rumi experimentou a comunhão com Deus através da música, da dança, da poesia. Os sufistas Mevlevi tornaram-se grandes mestres da girante Dança Sagrada dos dervixes.
Semahane ─ salão ritual para a prática da Semá.
Sikke ou Kûlah  ─ Chapéu típico dos sufis-dervixes, símbolo da pedra tumular.
Târiqas  ─ Denominação das Ordens Sufistas. A palavra significa caminho.

Tekke ou Zawiya ─ monastério de Dervixes-sufistas

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