A assistência que
frequenta este templo é bem diversa, assim como todos os trabalhadores. Uns buscam
um emprego, uma promoção, um aumento de salário, um automóvel, uma casa,
inspiração e segurança para a abertura de um negócio próprio. Outros vêm em busca
de um amor, da paz para as relações familiares, do perdão de um filho, do
carinho do esposo, do sorriso de um irmão. Há também os que estão com
depressão, com câncer ou outra doença grave, com algum transtorno psíquico, com
dor na coluna, nas pernas. Mas não podemos esquecer daqueles que são médiuns e
passam por dificuldades na vida por fugirem ou por não terem consciência deste
compromisso cármico, tornando-se pessoas física, emocional e psiquicamente
desequilibradas; ou os que ainda não acharam ainda um lugar apropriado para o
trabalho, ou, achando-o, a ele não tem acesso. Não podemos esquecer aqueles que
encontraram aqui um caminho que lhes ajuda na sua evolução espiritual, na busca
do entendimento do que somos, de onde viemos e para onde estamos indo e do nosso
papel nesta realidade. Teríamos muito mais motivos a relacionar, pois mui
diversa é a humanidade, graças a Deus.
Mas, será que
poderíamos dizer que uns são melhores ou mais evoluídos que os outros em função
destas diferenças? Será que algum de nós pode dizer quem tem mais ou menos
direito a encontrar o que está buscando? Sei que poderíamos responder que sim e
que não, todos com suas razões. Mas eu diria sinceramente que não. Ninguém é
melhor perante Deus. Todos somos espíritos em evolução, portanto com muita
coisa por fazer. Mas a circunstância de convivermos obrigatoriamente com nossas
diferenças faz a principal dificuldade de nossas vidas. Como é difícil aceitar
estas diferenças. Como é difícil o dia-a-dia, o trânsito, o trabalho, o ônibus,
a família, o salário, a doença, a sogra, o colorado ou o gremista. Mesmo entre
aqueles intelectualizados que sabem tudo, conhecem as doutrinas, os ritos, os
elementos, as fases, os níveis, as definições e conceitos sobre tudo, os
símbolos, as magias; que são teósofos, maçons, teólogos, sacerdotes, magos,
iniciados, bruxas, xamãs, como é difícil lidar com a vaidade, o orgulho, o
preconceito, a intolerância, a empáfia.
Então, já que
diferenças não nos faltam e a dificuldade de lidar com elas é tamanha, resolvi
falar brevemente sobre algumas coisas simples do cotidiano que podem realmente
nos ajudar enquanto espíritos em evolução, evolução pé no chão eu diria.
Em primeiríssimo
lugar, vamos falar um pouco sobre o nosso corpo físico. Nós temos a nossa
consciência em vigília no plano físico e para este plano temos que voltar
primeiramente nossa atenção.
O que estamos comendo?
Nós brasileiros estamos comendo muito mal. Importamos a cultura do fast food, da batata frita, do
hambúrguer, do refrigerante, da bolachinha recheada, do leite com cacau, da
batata palha. Comemos a qualquer hora e em qualquer lugar. E o que estamos
recebendo em troca? Obesidade, pressão alta, diabetes, problemas
cardiovasculares. Nós gaúchos exageramos na carne, nas gorduras e estamos na
dianteira no Brasil em vários tipos de câncer. 2+2=4, eu diria. E daí? Bom, daí
que nós sabemos que isto nos faz mal e ainda assim continuamos com este
suicídio diário. É preciso dizer o que fazer? Simples: mais frutas, verduras,
legumes, grãos, sucos, como era há bem pouco tempo atrás.
E o cuidado com nossa
higiene pessoal? Basicamente o básico: corpo limpo, roupas limpas, casa limpa,
carro limpo. E a higiene social? Lixo devidamente separado e destinado, ruas
limpas, calçadas conservadas, pátio bem cuidado, casa pintada, um jardim
florido.
E a saúde? O básico:
cuidado com o corpo e com o que nele aparece; sempre que possível, consultar o
médico antes de fazer uso de medicamentos; fazer as vacinas; exames preventivos
periódicos de praxe conforme a idade: ginecológico, mamografia, próstata,
sangue, urina. Infelizmente, não é tão simples quando se depende do SUS, mas
quando se age preventivamente, pode-se até ter prazos mais longos de espera.
Não esquecendo também que o mínimo de atividade física é excelente.
E o ânimo? Sem essa de
trancafiar-se em casa e ver o mundo de longe. Vamos sair por aí. Não interessa
se você só pode ir para perto, pra pracinha, pro parque, de ônibus, à pé. Saia
e veja o mundo. Aprecie a natureza, o por do sol, a chuva no telhado, o sol
amarelo da tarde, o frescor da manhã. Dance, vá ao cinema, ao teatro, à
biblioteca, ao museu. Namore, ame, se entregue à sua paixão de adolescente,
ande de mãos dadas com sua esposa, beije seus filhos, abrace seus pais, seus
amigos. Expresse seu amor. Amor não expresso não se realiza. O carinho dá
segurança às pessoas. Não tenha vergonha. Nós somos apenas humanos.
Mas, como diz o
gaúcho, tenha tino e razão. Procure sempre atividades sadias. Evite a
bagacerice que reina em nossa televisão, nas propagandas, nas músicas. A
erotização do nosso cotidiano tornou muitas coisas rasteiras, vulgares, nojentas.
E, em função disto, por exemplo, para muitos o sexo deixou de ser algo sadio.
Não caia nessa: o sexo é uma das formas de expressão do amor humano, sem exageros,
sem excessos.
E a educação de seus
filhos? Não é responsabilidade da escola ou do mundo a educação de seus filhos.
É sua. Assuma. Tenha certeza que isto exige participação e vai lhe trazer
dissabores. Por vezes terá que ser duro e inflexível, para logo depois poder
ser meigo e doce. Não tenha medo de estabelecer as margens seguras por onde a
água da vida de seus filhos escoa. Isto lhes dá segurança. Seja sempre um
exemplo positivo. Seu filho deve saber em qualquer situação como seus pais
agiriam. Crie neles desde cedo o hábito da leitura, da boa música, da
curiosidade por um instrumento musical, um hobby. Instigue a imaginação e o
sonho.
E o seu trabalho? Não
é exatamente o que você queria fazer de sua vida? Mude ou mude-se. Se você não
pode sair e se dedicar a algo que lhe dê mais prazer e alegria, que tem mais a
ver com você, faça então esta atividade ser melhor para você. Dedique-se, faça
melhor, dê o melhor, faça com amor. O seu trabalho faz parte do que você deixa
para a realidade. Demonstre para a vida que você merece o melhor, pois você faz
melhor. Não interessa o que você faz. Seja positivo, interessado, pró-ativo,
trabalhador, honesto, pois você na verdade não faz nada para ninguém além de
você.
Por fim, o que você
acha de dedicar um pouco de si para os outros? Para aqueles que, por incrível
que lhe possa parecer, necessitam de uma ajuda, que pode ser sua. Mas o que se
pode fazer? Qualquer ajuda serve. Grupos de ajuda a dependentes de qualquer
espécie; a escola do seu filho; hospitais; albergues; instituições de ajuda a
excepcionais, idosos; creches; a religião com a qual você mais se identifica;
grupos filosóficos e de estudo; penitenciárias e instituições que abrigam
jovens transgressores. Em fim, não falta o que fazer.
Mas, ao final das contas,
o que todas estas coisas têm a ver com evolução? Tudo. Todas estas atividades e
cuidados se refletem positivamente nos nossos corpos físico, etérico, astral e
mental. Todas estas coisas são capazes de diminuir a carga que trazemos de
outras encarnações e que levaremos para outras.
Tá certo: mas então,
fazendo tudo isto já podemos nos considerar seres evoluídos? Bem, mas o que é
um ser evoluído? A resposta quem dá é Ramatis, por intermédio de Norberto
Peixoto, no livro "Aos pés do preto velho", editora do conhecimento,
página 22: "A Consciência, quanto mais ascenciona no longo e interminável
percurso da evolução, mais vibra amor pela coletividade, "anulando"
completamente o seu ego e os resquícios das personalidades que viveu no
passado. Os restos egoísticos de antigas personagens humanas não existem mais
no espírito plenamente cristificado. Quem alcançou a maestria interior do
Cristo, venceu suas paixões e desejos mundanos. Já não mais se pertence e faz
parte do Todo Universal, como partícula integrante da Mente do Criador. Assim
sendo, quem ouve o chamamento do Cristo interno e o põe em prática é como o
sábio que edificou sua casa numa rocha. A diferença entre o ser cristificado e
o que ainda galga os degraus da insensatez egoística está em que um ouviu e
atendeu ao chamamento do Cristo, praticando o Seu evangelho, e o outro só
intelectualiza e nada realiza".
Não
sei quanto a vocês, mas penso que a maioria de nós ainda está bem longe disto,
principalmente eu.
Palestra realizada em 18-01-2012 no Templo de Umbanda Triângulo da Fraternidade
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