segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

OS NÚMEROS (2ª PARTE)

Geometricamente Um representa o ponto; dois a linha; Três, a superfície e Quatro, o sólido, cuja medida é o cubo.
Um, o ponto sem dimensões, é, porém, o gerador abstrato de todas as formas imagináveis. È o nada contendo o todo em potência, o criador.
Dois, a linha, nada mais é que Um, o ponto em movimento, portanto a ação, a irradiação, a expansão ou emanação criadora, o verbo ou o trabalho.
Três, a superfície, apresenta-se como o plano em que se precisam as intenções, em que o ideal se determina e se fixa.
O Número 4 (quatro), o sólido ou mais especialmente, o cubo, mostra a obra realizada.
O Círculo (unidade), a Cruz (o binário), o Triângulo (o ternário) e o quadrado (o quaternário), produzem uma série de ideogramas, cujo sentido se revela pela análise elementos componentes.
Quatro representa a terra, ela foi criada no quarto dia. A figura de um quadrado significa solidez.
Pitágoras ensinava que Dez engendra Quatro, pois que ... 1+2+3+4=10, graficamente figurado pelo triângulo encerrando dez pontos dispostos por 1, 2, 3, 4.
O grande nome da Trindade Divina de Deus, o Ser dos Seres, o Ser em si, Aquele que é, encontra-se representado na Bíblia por Quatro letras, que formam a Palavra Sagrada, cuja pronúncia é proibida (Yod, He, Vau, He).
Yod, a primeira dessas letras, é a menor do alfabeto sagrado. É apenas uma vírgula, na qual se quis ver o gerador masculino, ou melhor, o sêmen paterno que engendra a criança. Simboliza o fogo realizador (Archeu).
He, segunda letra do Tetragrama, corresponde ao sopro que, saindo do interior, se espalha em derredor. Simboliza a vida emanando de Yod.
Vau, cuja função em hebraico é a mesma de nossa consoante e. É o símbolo que liga o abstrato ao concreto, o indivíduo ao coletivo geral ou universal. É a relação da causa e efeito.
He, que se repete no final do Tetragrama, para exprimir o resultado final da atividade. É a criação em via de realização.
Os espíritos superficiais só se interessam pela obra realizada, pois são incapazes da cogitação do efeito e da causa que, naturalmente, implica na manifestação do quaternário, resultante de toda e qualquer ação:
1º - Princípio ativo (Sujeito);
2º - Atividade desenvolvida por esse princípio (Verbo);
3º - Aplicação da atividade, que se regula e se adapta conforme o objetivo;
4º - Resultado produzido (Objeto).
Há Quatro graus na natureza: ser, viver, sentir e compreender.
Há Quatro movimentos na natureza: ascendente, descendente, circular e para frente.
Há Quatro elementos sob o céu: fogo, ar, água e terra.
Há Quatro estações no ano: verão, inverno, primavera e outono.
Há Quatro virtudes morais: prudência, justiça, fortaleza e temperança.
Há Quatro animais consagrados: o leão, a águia, o homem e o bezerro.
O Número 5 (cinco) representa a quintessência, que é quando existe o triunfo do homem propriamente dito, domina o animal dentro de si. Cinco se impõe a Quatro; A Quintessência prevalece sobre o quaternário dos elementos (terra, água, ar e fogo).
Chegado à perfeição, o homem-tipo será exaltado sobre a cruz, para realizar o mistério da redenção. A Razão (Logos ou Verbo) resplandece nele, remediando o obscurecimento do instinto causado pela queda. O estado de espiritualidade, de iluminação, é atingido; as trevas interiores são dissipadas e é, então, que o Astro Humano, a Estrela Flamejante, a estrela de cinco pontas brilha em todo seu esplendor.
A Estrela Flamejante, o Pentagrama, não possui o poder iluminativo igual ao Sol, sua luz é suave, não tem irradiações resplandecentes e é facilmente suportada. A Estrela Flamejante corresponde ao Microcosmo humano, isto é, ao homem considerado como um mundo em miniatura. Ela se condensa numa espécie de nimbo que foi comparado a uma flor desabrochada, representada por uma rosa de cinco pétalas.
Símbolo da quintessência, portanto, daquilo que o homem tem de mais puro e elevado, a rosa é unida à Cruz, num ambiente de pura espiritualidade, a respeito do qual é muito cedo, ainda, para se explanar aqui.
Cinco é o número do jovem, é exatamente, o meio do número universal que é Dez. è chamado pelos Pitagóricos de número da justiça, porque divide, exata e igualmente, o número Dez.
Há cinco sentidos no homem: (visão, audição, olfato, gustação e tato).
O nome de Deus no mundo padrão é expresso com cinco letras (Eloim).
O nome do filho de Deus possui cinco letras (Jesus).
O Número 6 (seis) compõe-se sob o ponto de vista hermético, de Água vaporizada pelo Fogo, ou de Água ígnea, isto é, o fluido vital carregado energias ativas.
Essa união do Fogo e da Água é representada graficamente por uma figura muito conhecida por Signo de Salomão. Dos dois triângulos entrelaçados, um é masculino-ativo e o outro é feminino-passivo. O primeiro representa a energia individual, o ardor que se eleva da própria personalidade; o segundo, representado por um triângulo invertido, em forma de taça, é destinado a receber o orvalho depositado pela unidade através do espaço.
A estrela entrelaçada de seis pontas corresponde ao Macrocosmo, isto é, do mundo em toda a sua extensão infinita.
O número Seis é também chamado o número do homem, porque o homem foi criado no sexto dia.
Há seis diferenças de posição: acima, abaixo, à frente, atrás, direito e esquerdo.
Uma figura sólida, de uma coisa quadrada, tem Seis superfícies.   

PEDRO NEVES .’.
M.’. I.’. 33.’. MRA.’.
PRECEPTOR DA SUPREMA ORDEM CIVIL E MILITAR DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS

SITES:
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

CALENDÁRIO DE ATIVIDADES 2012-1

domingo, 5 de fevereiro de 2012

CONHECIMENTO E SABEDORIA

Dois discípulos procuraram um mestre para saber a diferença entre Conhecimento e Sabedoria.
O mestre disse-lhes:
Amanhã, bem cedo, coloquem dentro dos sapatos vinte grãos de feijão, dez em cada pé.
Subam, em seguida, a montanha que se encontra junto a esta aldeia, até o ponto mais elevado, com os grãos dentro dos sapatos.
No dia seguinte os jovens discípulos começaram a subir o monte.
Lá pela metade um deles estava padecendo de grande sofrimento: seus pés estavam doloridos e ele reclamava muito.
O outro subia naturalmente a montanha.
Quando chegaram ao topo, um estava com o semblante marcado pela dor; o outro, sorridente.
Então, o que mais sofreu durante a subida perguntou ao colega:
- Como você conseguiu realizar a tarefa do mestre com alegria, enquanto para mim foi uma verdadeira tortura?
O companheiro respondeu:
- Meu caro colega: ontem à noite cozinhei os vinte grãos de feijão.
É comum que se confunda Conhecimento com Sabedoria, mas essas são coisas bem diferentes.
Se prestarmos atenção, podemos verificar que a diferença é clara e visível.
O Conhecimento é o somatório das informações que adquirimos, é a base daquilo que chamamos de Cultura.
Podemos adquirir Conhecimento sem sequer vivermos uma experiência fora dos livros e das aulas teóricas.
Podemos nos tornar Cultos sem sairmos da reclusão de uma biblioteca.
Já a Sabedoria, por outro lado, é o reflexo da vivência, na prática, quer pela experimentação, quer pela observação, da utilização dos conhecimentos previamente adquiridos.
Para ser Sábio é preciso viver, experimentar, ousar, ponderar, amar, respeitar, ver e ouvir a própria vida.
É preciso buscar, sim, o conhecimento, a informação.
Deve-se atentar para não se tornar alguém fechado em si mesmo e no próprio processo de aprendizado.
Fazer isso é o mesmo que iniciar uma viagem e se encantar tanto com a estrada a ponto de se esquecer para onde se está indo.
E isso não parece ser uma atitude muito sábia.
Então, sejamos Sábios: vivamos, amemos e compartilhemos o que há em nossos corações!
E que saibamos cozinhar nossos feijões!...
(Desculpem-me: não anotei o autor)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

OS NÚMEROS (1ª PARTE)

O emprego dos números, sobretudo, de alguns números, em todos os monumentos conhecidos, é muito freqüente, para que se creia que só o acaso os tenha produzido. E, nesse ponto, a História vem em nosso auxílio.
Todos os povos da antiguidade fizeram uso emblemático dos números e das fórmulas, e, em geral, do número e da medida. Todos os povos tiveram um sistema numérico, ligado intimamente à religião e ao culto. E este fato é o resultado da idéia que, então, se fazia do mundo, idéia segundo a qual a matéria é inseparável do espírito, do qual exprime a imagem e a revelação.
Enquanto a matéria for necessária à forma e à dimensão; enquanto o mundo for uma soma de dimensões.
Há, entretanto, números que parecem predominar na estrutura do mundo, no tempo e no espaço, e que formam, mais ou menos, a base fundamental de todos os fenômenos da natureza. Esses números foram tidos, sempre, como sagrados, pelos antigos, como representando a expressão da ordem e da inteligência das coisas, como exprimindo, mesmo, a própria divindade.
Se, com efeito, supusermos que as coisas materiais são, apenas, um invólucro que cobre o invisível, o imaterial; se as considerarmos, somente, como símbolos dessa imaterialidade, com mais forte razão, os números, concepção, puramente abstrata, poderão ser considerados sagrados, pois que eles representam, até certo ponto, a expressão mais imediata das Leis Divinas (que são as leis da natureza), compreendidas e estudadas neste mundo.
A China, a Índia, a Grécia, mesmo antes de Pitágoras, conheceu e empregou a “Ciência dos Números”, e seu simbolismo é em grande parte baseado nesta ciência.
Vemos, pois, que os números se prestam, facilmente, a tornarem-se símbolos, figuras das idéias simples e de suas relações. E toda a doutrina das relações morais e de ligação indestrutível com o mundo material, isto é, a filosofia, foi, sempre, exposta por um sistema numérico e representada por números.
O número 1 (um), a unidade é o princípio dos números, mas a unidade só existe pelos outros números. Todos os sistemas religiosos orientais começaram por um ser primitivo. Conquanto esta abstração não tenha, positivamente, uma existência real, tem, contudo, um lado positivo, que o torna suscetível de uma existência definida: é que os antigos denominavam “Pothos”, isto é, - o desejo ou ação de sair do absoluto, a fim de entrar no real, - considerado por nós, concreto.
Nos sistemas panteístas, nos quais a divindade é confundida, como unidade, com o todo, ela tem o nome de “unidade”.
“Um” é o número do Grande Arquiteto do Universo, a unidade é uma medida comum; fonte e origem de todos os números é o começo de cada conjunto e indivisível, é o começo e o fim de todas as coisas. Existe somente “um” Deus, nos esportes e nas ciências ser o número “um” é o máximo, entre os animais existe apenas um líder em cada bando. Adão foi o primeiro homem, do qual, todos os homens procederam. De um “homem”, Jesus Cristo, existe a regeneração. O nome Divino pode ser expresso por apenas uma letra, “Yod”.  
No primeiro dia, Deus criou os céus e a terra, criou a luz e a separou das trevas.  
O número 2 (dois) é um número terrível, um número fatídico.
É o símbolo dos contrários e, portanto, da dúvida, do desequilíbrio e da contradição. Como prova disso, temos o exemplo concreto de uma das sete ciências maçônicas, - Aritmética, em que 2 + 2 = 2 x 2.
O número “dois” produz confusão, pois ao vermos o número 4 (quatro), ficamos na dúvida se é o resultado da combinação de dois números dois pela soma, ou pela multiplicação, o que não se dá, em absoluto, com outro qualquer número.
Ele representa: o Bem e o Mal; A Verdade e a Falsidade; a Luz e as Trevas; a Inércia e o Movimento, enfim, todos os princípios antagônicos, adversos. Por isso, representava, na antiguidade, o “inimigo”, símbolo da dúvida, quando nos assalta o espírito.
Existiram duas tábuas da lei, que foram passadas a Moisés, que viu a manifestação de Deus por duas vezes.
Cristo possuía duas naturezas, a divina e a humana.
“Dois” é o número da união do espírito com a matéria.
No segundo dia, Deus fez a expansão no meio das águas e separou as que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão.
O número 3 (três) é uma nova unidade, porém, não é uma unidade vaga, indeterminada, na qual não houve intervenção alguma; não é uma unidade idêntica com o próprio número como se dá com a unidade primitiva, é uma unidade que absorveu e eliminou a unidade primitiva, verdadeira, definida e perfeita. Foi, assim, que se formou o número três, que se tornou a unidade da vida, do que existe por si próprio, do que é perfeito.
No terceiro dia, Deus juntou as águas debaixo dos céus num lugar e apareceu a porção seca, que ele chamou de Terra e ao ajuntamento das águas chamou Mares. Ele fez a terra produzir erva verde que dava sementes, árvores frutíferas que dava frutos segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra.
A Terra é composta de três elementos: Os minerais, os vegetais e todos os corpos terrestres, que contém os três princípios alquímicos: sal, enxofre e mercúrio.
Há três pessoas em Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), existem três virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade).
Para tudo existem três etapas: começo, meio e fim.  
O tempo é medido como: passado, presente e futuro.
A grandeza é medida por: altura, comprimento e largura.
Por três dias Jonas esteve, no ventre de uma baleia, e três dias Cristo ficou na sepultura.
O triângulo é a primeira figura geométrica, ele constituído de três ângulos.
Três é o número da Luz (Fogo, Chama e Calor).
Três são as qualidades indispensáveis e inseparáveis para os maçons: amor ou sabedoria, vontade e inteligência.
São inseparáveis, pois, o ser dotado, unicamente de “vontade”, sem o sentimento de “amor ou sabedoria” e desprovido de “inteligência” e teremos um bruto.
O ser dotado de “inteligência” e com ausência de “vontade” e “sabedoria ou amor” e teremos o pior dos egoístas.
O ser dotado apenas de “amor ou sabedoria” e com ausência de “vontade e “inteligência” e teremos uma pessoa bondosa e inútil, pois, suas melhores aspirações serão condenadas à esterilidade.
O ternário pode ser sobre:
O movimento diurno do Sol: nascer, zênite e ocaso.
Da Vida: nascimento, existência e morte; mocidade, madureza e velhice.
De Família: pai, mãe e filho.
Da Constituição do Ser: espírito, alma e corpo.
Do Hermetismo: archêo, azoth e hylo.
Da Gnose: princípio, verbo e substância.
Da Cabala Hebraica: keter (coroa), Hockma (sabedoria) e Bin ah (inteligência).
Da Trindade Cristã: Pai, Filho e Espírito Santo.
Da Trimurti: Brama, Vishnu e Siva; Sat, Chit e Amanda.
Dos “Três Gounas”, ou qualidades inerentes à substância eterna (Maia), na Índia: Tamas (inércia), Rajas (movimento) e Sattya (harmonia).
Do Budismo: Buda (iluminado), Dharma (lei) e Sanga (assembléia de fiéis).
Do Egito: Osíris, Isis e Hórus; Ammon, Mouth e Khons.
Do Sol, no Egito: Hórus (nascer), Rá (zênite) e Osíris (ocaso).
Da Caldéia: Ulomus (luz), Olosurus (fogo) e Elium (chama).
Na Maçonaria: Sabedoria, Força e Beleza (três grandes luzes); três portas do Templo de Salomão, três janelas, o Tetragrama Sagrado IOD-HE-VAU-HE, apesar de ser composto de quatro letras, tem, somente, três diferentes.

PEDRO NEVES .’.
M.’. I.’. 33.’. MRA.’.
PRECEPTOR DA SUPREMA ORDEM CIVIL E MILITAR DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIO
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domingo, 15 de janeiro de 2012

ELEMENTO AR

Este elemento é o mais perfeito exemplo maçônico das mil interpretações de um mesmo símbolo, da possibilidade da interação com elementos diversos e opostos. É o símbolo da vitalidade, porque sabemos que o ar genericamente representa o oxigênio. Bioquimicamente falando sem a ajuda do oxigênio os corpos não produzem energia, nos sistemas aeróbios, ele age no final do processo ajundando-se aos hidrogênios que são liberados durante a produção da energia. Expressões do tipo: - Falta-me ar, estou sem vida. Não são apenas românticas, são reais e concretas. Ao mesmo tempo temos o mítico da relação matéria e espírito. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se ALMA vivente” (Gênesis 2:7). Para os que gostam de numerologia, peço que observem que o oxigênio na sua formula molecular O2 é que da vida ao homem, mas é a molécula O3 (ozônio) que protege a vida no planeta do homem. Dos quatro elementos básicos (terra, fogo, água e ar), ele é o único que não podemos ver, mas sentimos sua presença e força, assim sendo naturalmente o associamos com o lado espiritual. A primeira parte do ato respiratório é chamado de INSPIRAÇÃO (quando o ar penetra nos pulmões), mas também é o estado da alma quando influenciada por uma potência sobrenatural. A mitologia sempre associou os elementais do ar (silfos, elfos e fadas) as influencias artísticas e a pratica do bem, mas ao mesmo tempo o elemento ar, também é emblema da vida humana, com suas paixões, tumultos e dificuldades, é o que chamamos de “mudança de tempo”. Quem de nós não viveu um momento em que os céu da vida estava claro e tranquilo e de repente no horizonte surgem  nuvens tenebrosas. A tempestade desaba sobre nós e temos que continuar a viagem da existência sob intensos ruídos (trovões) e vencendo os obstáculos desse fluxos e refluxos da maré da vida. Os furacões e tornados são os ódios e as traições que ferem o homem virtuoso. Mas, em menor escala de intensidade, é o deslocamento do ar que impulsiona as velas dos barcos, é preciso então reconhecer neste elemento a dose certa. No homem representa a necessidade de avaliar seus rumos. Não adianta bons ventos, se você não sabe onde quer chegar. A vida é uma luta, mas não se luta contra a vida, cuidado com seus interesses e ambições. Em uma caminhada natural, o ar que o circula, se manifesta em forma de brisa que refresca. O “melhor ar” está no nível do seus pés e não no topo das altas montanhas. Não perca o “fôlego de Deus” em grandes escaladas que podem levá-lo a ter uma vida cheia de embaraços. A segunda parte do ato respiratório é chamado de EXPIRAÇÃO, que é a ação de expulsar pelos pulmões o ar inspirado, no figurativo é o prazo em que termina um tempo estabelecido. Respire este elemento conscientemente, ele faz parte do elemento água, mantém o elemento terra saudável e o elemento fogo ativo. O Homem como ALMA vivente, deve saber inspirar e expirar espiritualmente, evitando assim longas EXPIAÇÕES.
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Grato pela atenção
TFA
Quirino
Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt 025
quirino@roosevelt.org.br
Ano 06 - artigo 02- número sequencial 336

Sinto muito. Me perdoe. Te amo. Sou grato. Quatro frases que transformam qualquer realidade negativa. Pratique!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal: Jesus ou Mitra?

Bom, final de ano está por aí e todo mundo, ou a maioria dele, está entrando no clima dos festejos natalinos e do reveillon. Claro, existem pessoas, e muitas, que não vêem na data motivos para comemoração. Outros, pela própria religião, não celebram o nascimento de Mitra. Quem?!?!? Mitra? Mas não é Jesus o homenageado? Originalmente não, mas, mesmo assim, o significado é o mesmo.
A crença em Mitra começa na Índia, chega na Pérsia e, postariormente, no mundo romano. Na religião védica indiana, Mitra, cujos primeiros relatos vem de 1400 a.C., era o deus que mantinha o equilíbrio entre o bem e o Mal. Ele passa a integrar o panteão Zoroastra Persa como o Deus Solar.
Quando Alexandre, o Grande venceu os exércitos de Dário III, rei da Pérsia, o mundo helenístico adota Mitra em sua mitologia. Mas quem era realmente esse deus que conquistou culturas tão diferentes?
Mitra era o deus do Bem, criador da Luz, em sua eterna luta contra o mal e as trevas. O culto ao deus, conhecido como Mitraísmo, acreditava em uma existência futura absolutamente espiritual e liberta da matéria. Seu símbolo era o touro*, usado em sacrifícios para a divindade.
Mas o que ele tem a ver com o Natal? A celebração do Natal cristão surgiu em paralelo com as solenidades ao deus Mitra, cujo nascimento era comemorado no Solstício (inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul). No calendário romano, esse evento acontecia exatamente em 25 de dezembro. Os romanos celebravam, na madrugada do dia 24, o "Nascimento do Invicto" como alusão ao alvorecer de um novo sol. Em cidades como Traveris, na Itália, foram encontradas figuras do pequeno Mitra e a semelhança com as representações cristãs do menino Jesus são incontestáveis. E, mais ainda: ele nasceu de uma virgem.
Ainda podemos associar o natal ao Yule, festa Wicca/Celta que retratava o nascimento da Criança-Sol.
Durante a primeira grande expansão cristã, logo após a adesão do imperador Constantino, o catolicismo passa a adotar uma série de símbolos que já eram conhecidos por toda Europa e os adapta à sua crença nascente. A concepção virginal de longe é uma exclusividade dos cristãos: Ganesha, deus indú nascido assexuadamente a partir da poeira de Parvati, esposa de Shiva e o próprio Mitra, filho de Anahira.
Como era mais fácil adotar uma festa pagã já pronta do que idealizar toda uma simbologia para celebrar o Natal, os primeiros cristãos resolveram sincretizar essa festividade, transformando a data em uma celebração genuinamente cristã. Mas o Natal perde a sua validade só porque não é o real nascimento de Jesus, o Cristo?
Não perde. O leitor mais atento já notou que o 25 de dezembro, em todas as religiões aqui citadas, celebra o nascimento de uma figura que simboliza o sol(luz) e combate as trevas. O Jesus cristão, o Mitra zoroastra, a Criança-Sol celta, seja qual for a figura, nos traz um simbolismo muito forte: a vitória da Luz sobre as Trevas.
E como podemos interpretar essa dicotomia?
O Sol é a Luz central que ilumina nosso sistema. Ele sempre simbolizou o que existe de melhor no ser humano, sua sabedoria interna, seus sentimentos de amor ao próximo, de caridade, de perdão e elevação espiritual. A luz solar nos revela o mundo, nos deixa visualizar os caminhos que se abrem à nossa frente, nos acalenta através do seu calor e permite que a vida cresça e se mantenha.
As trevas representam o contrário: a ignorância, o ódio, a raiva, o rancor, a morte. Pergunte para qualquer pessoa na rua como ela imagina a morte em si e, provavelmente, ela vai associar ao frio, à escuridão, ao medo, etc.
O nascimento de Mitra, Jesus ou da Criança-Sol não é algo que tem de ser pensado como externo, como uma concepção material de uma entidade física. Muito pelo contrário.
Quando praticamos um ato de caridade, estamos fazendo nascer dentro de nós o ideal que Jesus cristo nos deixou: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Quando aprendemos a respeitar a vida, em qualquer forma, estamos deixando nascer a simbologia de Mitra: "Uma luz que se acende dentro de nossos corações". Quando trocamos presentes, seja em família ou entre amigos e colegas de trabalho, estamos deixando nascer novamente dentro de nós a Criança-Sol (ou você não se emociona quando ganha uma lembrança?).
E qual época do ano estamos mais propensos à caridade, mudanças e amar ao próximo?
O Natal não é uma data apenas para se trocar presentes, ou se comer até não aguentar mais. Muito pelo contrário, é uma época de reflexão, quando os humanos, encarnados ou desencarnados, recebem as mais elevadas vibrações espirituais vindas dos Espíritos que guiam nossa evolução. Os festejos de natal dão início às celebrações do fim e início de um novo ciclo, onde renascem nossas esperanças em um mundo melhor, mais justo e fraterno.
Nesta época, nem que seja apenas em pensamento, nos obrigamos a refletir sobre os caminhos e descaminhos que a vida nos mostra durante todos os 365 dias do ano. A partir do início de dezembro, quando as ruas e casas começam a se enfeitar para o Natal, uma energia renovada toma conta do nosso Planeta. E é justamente essa energia que vai limpar e harmonizar o astral tão conturbado da terra.
Aproveitem essa data. Mais do que dar e receber presentes materiais, presenteiem todas as pessoas com um sorriso, com um abraço, um carinho. Não se importem se o dinheiro foi curto para comprar algo caro: amor é a palavra dessa época. Ou será que o homenageado principal do natal estava errado quando disse que os principais mandamentos são: "Amai ao teu Deus sobre toda as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Jesus, nosso mestre, conseguiu botar isso em prática. E será que você não quer aproveitar essa energia que está nos banhando para tentar também?
* A Astrologia prega que passamos por diversas eras, cada uma delas regida por um signo zodiacal. A passagem acontece de trás para frente. A Mitra estava associado ao Touro, signo regente da era. Logo depois, judeus passam ter como símbolo o cordeiro, que simboliza Áries. No entanto, há 2000 anos atrás, o cordeiro "morre" e dá espaço ao Peixe, dentro da era de peixes. Agora, todos falam na Nova Era, de Aquário, que vai renovar as mentalidades do ser humano.
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Rafael Limberger é radialista, mestre em Reiki e integrante do Movimento Umbandista.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Interpretação mística do natal

* *
*INTERPRETAÇÃO MÍSTICA DO NATAL*
*
Max Heindel

SUMÁRIO

PREFÁCIO
CAPÍTULO I
O Significado Cósmico do Natal
CAPÍTULO II
O Novo Elemento e a Nova Substância
CAPÍTULO III
O Sacrifício Anual de Cristo
CAPÍTULO IV
O Místíco Sol da Meia-Noite
CAPÍTULO V
A Missão de Cristo e o Festival das Fadas
CAPÍTULO VI
O Cristo Recém-Nascido

PREFÁCIO
O conteúdo deste livro foi enviado periodicamente pelo autor, em forma de lições, aos estudantes. Abrange seis das suas noventa e nove cartas. A principal característica dessas lições refere-se ao nascimento místicoe à morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um vidente. O autor recebeu estas jóias raras da verdade através de iluminação divina. O mais positivo materialista deverá convencer-se da divindade do homem após ler as revelações do autor sobre o significado oculto do Cristo e os princípios por Ele proclamados.
Dezessete das noventa e nove lições foram editadas em forma de livro sob o título "A Teia do Destino"; nove foram publicadas sob o título "Maçonaria e Catolicismo"; dezenove no livro "Os Mistérios das Grandes Óperas"; vinte e quatro sob o título "Coletâneas de Um Místico"; e as restantes publicaremos no segundo volume da coletânea.
Esperamos que a leitura atenta deste volume sobre a sagrada vida de Cristo incentive uma veneração maior pela religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão através da obra inspirada do seu autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de transmitir o ideal de Cristo, na humilde tarefa de servir mais perto dos corações dos homens.
Mrs. Max Heindel - 28 de outubro de 1920.
CAPÍTULO I - O Significado Cósmico do Natal
Mais uma vez, no decorrer do ano, estamos às vésperas de Natal. A visão de cada um de nós sobre esta festividade difere uma da outra. Para o religioso devoto é um período reverenciado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão.
Nas igrejas narra-se a história de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é dada; o assunto é deixado a critério do ouvinte que o aceita ou rejeita, de acordo com o seu temperamento. Se a mente e a razão levam-no a excluir a fé, se ele vê apenas o que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis leis da natureza.
Interpretações diferentes têm sido dadas para satisfazerem a mente, principalmente as de natureza astronômica. Diz-se que na noite de 24 para 25 de dezembro, o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a "Luz do Mundo". O frio e a fome exterminariam inevitavelmente a raça humana se o Sol permanecesse sempre no sul. Por isso, é motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte, pelo que é então aclamado "Salvador", pois vem "salvar o mundo", vem para dar o "pão da vida" quando amadurece o grão e a uva. Assim, "Ele dá sua vida na cruz (cificação) do equador (no equinócio da primavera) e começa sua ascensão no céu (norte). Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o signo Virgo, a Virgem Celestial, a "Rainha do Céu", está no horizonte astrologicamente, "seu signo Ascendente". Portanto Ele "nasce de uma virgem", sem intermediários, sendo daí "concebido imaculadamente".
Esta interpretação pode satisfazer a mente quanto à origem da suposta superstição, mas o lamentável vazio que existe no coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deve permanecer até que a iluminação espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao coração como à mente. Derramar tal luz sobre este mistério sublime será nosso empenho neste livro. A concepção imaculada será o assunto da lição seguinte. Por enquanto, queremos mostrar como as forças materiais e espirituais fluem e refluem alternadamente no decurso do ano, e por que no Natal é realmente um "dia santo".
Digamos que concordamos com a interpretação astronômica, assim como é verdadeiro o que se segue quando contemplamos o nascimento místico sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. Os Cristos Salvadores do mundo nascem também quando as trevas espirituais da humanidade são maiores. Há um terceiro aspecto de suprema importância, isto é, não há nenhuma futilidade nas palavras de Paulo quando ele fala do Cristo sendo "formado em vós". É um fato sublime que todos somos Cristos-em-formação, de modo que quando compreendemos que temos de cultivar o Cristo interno antes que possamos perceber o Cristo externo, mais apressaremos o dia da nossa iluminação espiritual.
Citamos novamente nosso aforismo preferido, de Angelus Silesius, cuja sublime percepção espiritual fê-lo proferir:
"Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida.
Em vão olharás a Cruz do Gólgota
A menos que dentro de ti, ela seja
novamente erguida. "
No solstício de verão, em junho, a Terra está mais distante do Sol, mas o raio solar atinge-a quase em ângulo reto em relação ao seu eixo no Hemisfério Norte, resultando daí o alto grau de atividade física. Nessa ocasião, as irradiações espirituais do Sol são oblíquas a essa parte da Terra e são tão fracas como os raios físicos quando são oblíquos.
Porém, no solstício de inverno, a Terra está mais perto do Sol. Os raios espirituais caem em ângulos retos na superfície da Terra no Hemisfério Norte, estimulando a espiritualidade, enquanto as atividades físicas diminuem em razão do ângulo oblíquo em que o raio solar atinge a superfície de nosso planeta. Por este princípio, na noite entre 24 e 25 de dezembro, as atividades físicas estão no seu mais baixo nível e as forças espirituais no seu mais elevado fluxo, por isso, ela é chamada a "noite mais santa do ano". Por sua vez, o pleno verão é a época de divertimento para duendes e entidades semelhantes interessadas no desenvolvimento material do nosso planeta, conforme demonstrado por Shakespeare no seu "Sonho de Uma Noite de Verão".
Se nadarmos quando a maré está mais forte, alcançaremos uma distância maior com menos esforço do que em qualquer outra ocasião. É de grande importância para o estudante esotérico saber e compreender as condições especialmente favoráveis que prevalecem na época do Natal. Sigamos a exortação de Paulo, Cap. 12 aos Hebreus, tirando à distância toda carga embaraçante, como fazem os indivíduos que correm numa competição. Batamos no ferro enquanto ele está quente. Isso significa que devemos nessa época do ano concentrar todas as nossas energias em esforços espirituais para colher o que não conseguiríamos obter em nenhuma outra ocasião.
Lembremo-nos também que o aperfeiçoamento próprio não deve ser a nossa única consideração. Somos discípulos de Cristo. Se aspiramos ser distinguidos, lembremo-nos do que Ele disse: "Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o SERVO de todos". Existe muita aflição e sofrimento à nossa volta; há muitos corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano serão mais sensíveis aos nossos desvelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Desse modo ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido por qualquer outro modo.
CAPÍTULO II - O Novo Elemento e a Nova Substância
No ano passado, nosso Curso de Cristianismo Místico por correspondência começou com uma lição sobre o Natal, do ponto de vista cósmico. Explicamos então que os solstícios de verão e inverno, juntamente com os equinócios de primavera e outono, constituem os pontos decisivos na vida do Grande Espírito da Terra, assim como a concepção assinala o início da descida do Espírito Humano ao corpo físico, resultando em nascimento, o qual inaugura o período de crescimento até que a maturidade seja alcançada. Neste ponto começa uma época de sobriedade e amadurecimento, juntamente com o declínio das energias físicas que terminam em morte. Este acontecimento liberta o homem dos obstáculos da matéria e conduz a um período de metabolismo espiritual, por meio do qual nossa colheita de experiências terrenas é transmutada em poderes anímicos, talentos e tendências. Estes serão postos a render juros nas vidas futuras, para que possamos crescer mais rica e abundantemente com a posse de tais tesouros e sermos considerados dignos, como "administradores fiéis", para assumirmos postos cada vez mais elevados entre os servos da Casa do Pai.
Esta ilustração apoia-se sobre o firme alicerce da grande Lei de Analogia, tão sucintamente expressa pelo axioma hermético: "Assim como é em cima, assim é em baixo". Baseados nisto, que é uma chave-mestra para todos os problemas espirituais, dependemos também de um "abre-te-sésamo" para as nossas lições do Natal deste ano. Assim, esperemos poder corrigir, confirmar ou completar pontos de vista dos nossos estudantes, conforme requeira cada caso.
Os corpos, originalmente cristalizados na terrível temperatura da Lemúria, eram demasiado quentes para conter umidade suficiente que permitisse ao espírito acesso livre e irrestrito a todas as partes da anatomia, conforme ele agora o consegue através do sangue circulante. Mais tarde, no começo da Época Atlante, os corpos possuíam sangue, mas moviam-se com dificuldade, e teriam secado rapidamente, em razão da alta temperatura interna, não fora o fato de prevalecer naquela atmosfera aquosa uma farta umidade. A inalação desse solvente atenuava grandemente o calor e abrandava o corpo, até que uma quantidade suficiente de umidade pôde ser retida nele, permitindo a respiração na atmosfera relativamente seca que aconteceu mais tarde.
Os corpos dos primitivos Atlantes eram de uma substância granulosa e fibrosa, não diferentes dos nossos atuais tendões, lembrando também madeira. Porém, com o tempo, o hábito adquirido de comer carne, capacitou o homem a assimilar albumina suficiente para construir tecido elástico necessário à formação dos pulmões e artérias, permitindo assim a livre circulação do sangue, conforme se verifica agora em todo o sistema. Na época em que aconteceram essas mudanças internas e externas, o grande e glorioso arco de sete cores surgiu no céu carregado de nuvens para assinalar o advento do Reino do Homem, onde as condições viriam a ser tão variadas como os matizes que colorem a atmosfera ao refratar a luz solar de uma só cor. Portanto, o primeiro aparecimento do arco-íris nas nuvens marcou o início da era de Noé, com suas estações e períodos alternantes, dos quais o Natal é um deles.
Contudo, as condições prevalecentes neste período não são tão estáveis, como não o eram as dos períodos anteriores. O processo de condensação que transformou o nevoeiro ardente da Lemúria em atmosfera de umidade densa da Época Atlante, e mais tarde se liquifez em água que inundou as cavidades da terra e impeliu a humanidade para as montanhas, ainda continua. Ambas, a atmosfera e nossa condição fisiológica estão mudando, anunciando, aos que sabem ver e compreender, a aurora de um novo dia no horizonte, a época de unificação mencionada na Bíblia como O Reino de Deus.
A Bíblia não nos deixa dúvidas a respeito das mudanças. Cristo disse que, como nos dias de Noé, assim deverá ser nos dias vindouros. Ciência e invenção encontram agora condições que não existiam anteriormente. É fato científico que o oxigênio está sendo consumido em quantidades alarmantes, alimentando as fogueiras das indústrias. Incêndios nas florestas também sorvem em grande escala o nosso estoque desse elemento importante, além de aumentar o processo secante a que a atmosfera está naturalmente submetida. Eminentes cientistas afirmam que chegará o dia em que o globo não poderá sustentar a vida que depende da água e do ar para existir. Suas idéias não nos afligem tanto, pois a data que apontam ainda está muito distante. Mas, mesmo que seja assim, o destino da Época Ária é tão inevitável quanto o da Atlântida inundada.
Pudesse um Atlante ser transferido para nossa atmosfera, seria asfixiado como um peixe fora de seu elemento natural. Quadros vistos na Memória da Natureza provam que os aviadores pioneiros daquela época, desmaiavam realmente quando encontravam essas correntes de ar que desciam gradualmente sobre a terra que habitavam. Tais experiências suscitavam muitos comentários e especulações. Os aviadores de hoje já estão encontrando o novo elemento e experimentando a sensação de asfixia, conforme experimentaram os seus ancestrais Atlantes e, por razões análogas, encontraram o novo elemento descendo do alto. Este elemento tomará o lugar do oxigênio da nossa atmosfera. Existe também uma nova substância introduzindo-se na constituição humana e que substituirá a albumina. Ademais, assim como os aviadores da Época Atlante desmaiavam e eram impedidos pela corrente descendente de ar de penetrar antecipadamente na Ária, a terra prometida, assim também o novo elemento desafia os aviadores de hoje e a humanidade em geral, até que todos tenham aprendido a assimilar seus aspectos materiais. Tal como os Atlantes, cujos pulmões são estavam desenvolvidos e sucumbiram na inundação, assim também a nova era encontrará alguns sem o "Manto Nupcial", e, portanto, incapacitados para entrar nela, até que se qualifiquem num período posterior. Por isso, é da maior importância para todos saber a respeito do novo elemento e da nova substância. A Bíblia e a Ciência, unidas, fornecem ampla informação a respeito do assunto.
Na Grécia antiga, conforme mencionamos antes, religião e ciência eramensinadas nos templos de mistério, juntamente com a arte superior e o artesanato, como uma doutrina única de vida e de ser. Contudo, essa condição foi temporariamente suspensa para facilitar determinadas fases do desenvolvimento. A união das linguagens religiosa e científica na Grécia antiga facilitava a compreensão dessas matérias. No entanto, hoje em dia, as dificuldades repousam no fato de que a religião traduziu e a ciência simplesmente transferiu seus termos do Grego original, o que tem causado muitas divergências e a perda do elo entre as descobertas da ciência e os ensinamentos da religião.
Para chegarmos a uma desejada compreensão das mudanças fisiológicas que prosseguem agora em nosso sistema, podemos lembrar que, segundo a ciência, os lóbulos frontais do cérebro estão entre as estruturas humanas de mais recente desenvolvimento e que, proporcionalmente, este órgão é muito maior no homem do que em qualquer outra criatura. Agora, a pergunta: "Existe no cérebro alguma substância peculiar, e se existe, qual pode ser seu significado? "
A primeira parte da pergunta pode ser respondida por qualquer obra científica relativa ao assunto, mas o livro /O Conceito Rosacruz do Cosmos/ fornece mais subsídios, conforme transcrevemos abaixo:
"O cérebro... é formado das mesmas substâncias que compõem todas as outras partes do corpo, acrescidas de fósforo, que é peculiar somente ao cérebro. A conclusão lógica é que o fósforo é o elemento particular por meio do qual o Ego capacita-se a expressar pensamento... Descobriu-se que a proporção e variação dessa substância correspondem ao estado e fase de inteligência do indivíduo. Assim, os idiotas possuem pouquíssimo fósforo, enquanto o pensador arguto tem-no em abundância... É pois de grande importância que o aspirante, cujo veículo físico vai se utilizado no trabalho mental e espiritual, supra seu cérebro da substância necessária a esse propósito".
A indiscutível religiosidade dos Católicos é verificável na prática de comer peixe, alimento rico em fósforo, às Sextas-Feiras e na Quaresma. Ainda que o peixe pertença a uma ordem de vida inferior, O Conceito Rosacruz do Cosmos não aprova a sua matança, indicando ao estudante certas verduras através das quais pode conseguir fisicamente abundância dessa desejável substância. Existem outros e melhores meios para essa obtenção, embora não mencionados em O Conceito.
Não foi por acaso que os Mestres da Escola de Mistério Grega denominaram assim essa substância luminosa que conhecemos por fósforo. Para eles era patente que "Deus é Luz"- a palavra grega designativa de luz é phos. Portanto, muito apropriadamente, eles denominaram a substância do cérebro, que é a avenida de ingresso do impulso divino, phos-phorus, literalmente "portador da luz". Na medida em que formos capazes de assimilar essa substância, enchemo-nos de luz e começamos a brilhar a partir de dentro, circundando-nos, então, um halo como uma marca de santidade. O fósforo, contudo, é apenas um meio físico que possibilita a luz espiritual expressar-se através do cérebro físico, sendo a luz, em si mesma, um produto do crescimento anímico. Mas o crescimento anímico capacita o cérebro a assimilar quantidades crescentes de fósforo, pelo que o método para a aquisição dessa substância em maiores quantidades não deve ser pelo metabolismo químico e sim pelo processo alquímico do crescimento anímico, o que foi totalmente esclarecido por Cristo quando Ele disse a Nicodemus:
"Deus não enviou Seu Filho ao mundo para condenar o mundo... Aquele que n´Ele crê não é condenado, mas aquele que não crê já está condenado. ...E esta é a condenação, que a luz veio ao mundo e o homem amou mais as trevas do que a luz...
...Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem reprovadas as suas obras. Mas aquele que pratica a verdade aproxima-se da luz a fim de que as suas obras sejam manifestadas, porque são feitas em Deus". (João 3:17-21).
O Natal é a época do ano de maior luz espiritual. Durante esta era de ciclos alternantes há marés altas e baixas de luz espiritual, como acontece com as águas do oceano. A primitiva Igreja Cristã marcou a concepção no outono do ano (no Hemisfério Norte), de modo que até hoje o evento é celebrado pela Igreja Católica quando a grande onda de vida e luz espirituais começam a sua descida à Terra. O ponto máximo de maré é alcançado no Natal, sendo esta verdadeiramente a época santa do ano, a ocasião em que esta luz espiritual é mais facilmente contatada e especializada pelo aspirante através de atos de compaixão, gentileza e amor. Oportunidades para esses atos não faltam, nem mesmo para os mais pobres, porque conforme enfatizam freqüentemente os Ensinamentos Rosacruzes, o serviço conta mais que o auxílio financeiro, que pode até ser prejudicial a quem o recebe. Todavia, "a quem muito é dado, muito será exigido" e, se alguém foi abençoado com abundância de bens do mundo, uma cuidadosa distribuição dos mesmos deve necessariamente ser observada em qualquer oportunidade de servir. Recordemos ainda as palavras de Cristo: "Em verdade vos digo, sempre que fizerdes isto a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fazeis"(Mat. 25:40). Sigamo-Lo, pois, como luzes ardentes e brilhantes, mostrando o caminho para a Nova Era.
CAPÍTULO III - O Sacrifício Anual de Cristo
Você já esteve ao lado do leito de um amigo ou parente que se encontrasse prestes a passar deste mundo para o além? Muitos de nós já tivemos essa experiência, pois qual o lar que não foi visitado pelo Pai Tempo? Nem é incomum a fase que se segue ao ocorrido, à qual devemos prestar atenção especial. A pessoa ao transpor os umbrais do invisível, muitas vezes fica em estado de torpor. Então acorda, e vê não apenas este mundo, mas também o mundo em que está prestes a entrar. É muito significativo que nesses momentos ela vê pessoas que foram suas amigas ou parentes nesta vida física - filhos, filhas, esposa ou qualquer pessoa que lhe tenha sido realmente muito próxima ou muito querida - postadas ao redor do seu leito e aguardando o momento da transição. A mãe pode estender os braços: "Oh! é o João e como ele cresceu! Que esplêndido rapaz está!". Deste modo ela pode reconhecer, um após outro, todos os filhos já falecidos. Estes estão reunidos em volta da sua cama à espera que ela vá unir-se a eles, invadidos pela mesma sensação que assalta as pessoas quando uma criança está para nascer neste mundo: o regozijo pela chegada de alguém que eles sentem, instintivamente, ser um amigo que regressa a eles.
O mesmo se dá com as pessoas que, tendo passado antes ao além, reúnem-se para receber um amigo que está prestes a cruzar a fronteira e juntar-se a eles do outro lado do véu. Vemos assim que o nascimento em um mundo é morte, sob o ponto de vista do outro mundo, isto é, a criança que vem a nós morre para o mundo espiritual, e a pessoa que sai do alcance dos nossos olhos ao transpor o véu pela morte, nasce em novo mundo e junta-se a seus amigos.
"Como é em cima, assim é em baixo". A Lei da Analogia, que é a mesma para o microcosmo e para o macrocosmo, diz-nos que aquilo que acontece ao ser humano sob determinadas condições, deve também aplicar-se ao sobre-humano em circunstâncias análogas. Estamos nos aproximando do solstício de inverno (no Hemisfério Norte), dos dias mais escuros do ano, época em que a luz brilha com menos intensidade quando o Hemisfério Norte se torna frio e melancólico. Porém, na noite mais longa e mais escura do ano, quando o Sol retoma o seu caminho ascendente, a luz de Cristo nasce de novo na Terra e o mundo inteiro rejubila. No entanto, conforme nossa analogia, quando Cristo nasce na Terra, Ele morre no céu. Assim como o espírito, livre ao nascer, fica fortemente enclausurado no véu da carne, que o restringe por toda a vida física, assim também o Espírito de Cristo é agrilhoado e tolhido toda vez que nasce na Terra. Este grande Sacrifício Anual - começa quando soam os nossos sinos de Natal, quando os alegres sons do nosso louvor e gratidão ascendem aos céus. No mais literal sentido da palavra, Cristo é aprisionado desde o Natal até a Páscoa.
O homem pode zombar da idéia de que existe nessa época do ano um influxo de vida e luz espirituais. Não obstante, isso é um fato, creiamos ou não. Nesta época do ano, no mundo inteiro, todos se sentem mais leves, diferentes, algo como se um fardo fosse tirado dos seus ombros. O espírito de paz na terra e boa vontade entre os homens prevalecem, e o espírito de que nós também devemos dar algo expressa-se nos presentes de Natal. Este espírito não pode ser negado, já que é evidente a qualquer observador e é um reflexo da grande onda de dádiva divina. Deus amou o mundo de tal maneira, que lhe deu Seu Filho único ou Unigênito. O Natal é a época das dádivas, mesmo que a consumação do sacrifício aconteça apenas na Páscoa. Aqui situa-se o ponto crucial, o ponto crítico, quando sentimos ter ocorrido algo que garante a prosperidade e a continuidade do mundo.
Quão diferente é o sentimento do Natal daquele que se manifesta na Páscoa! Neste último há uma expressão de desejo, uma energia que se expressa em amor sexual visando a perpetuação de si mesmo como nota-chave. Quão diferente é o amor que se expressa no espírito de dar ao invés de receber, que sentimos no Natal.
Agora, observe as igrejas. Nunca suas luzes brilham tanto quanto neste dia e nesta noite do ano. Em nenhuma outra ocasião os sinos ressoam tão festivos do que quando proclamam para o mundo a mensagem: "O Cristo nasceu!".
"Deus é Luz", diz o inspirado apóstolo e nenhuma outra descrição é capaz de transmitir tanto da natureza de Deus quanto essas três pequenas palavras. A luz invisível, que se encontra envolvida pela chama sobre o altar, é uma representação cabal de Deus, o Pai. Nos sinos, temos um símbolo muito apropriado de Cristo, a Palavra, pois suas línguas metálicas proclamam a mensagem evangélica de paz e boa vontade, enquanto o incenso, simbolizando maior fervor espiritual, representa o poder do Espírito Santo. Por conseguinte, a Trindade é simbolicamente parte da celebração que faz do Natal a época do ano de maior regozijo espiritual, sob o ponto de vista da raça humana que está atualmente na matéria.
Todavia, não se deve esquecer, conforme dissemos no terceiro parágrafo deste capítulo, que o nascimento de Cristo na Terra significa Sua morte para a glória dos céus, e que, quando nos rejubilamos pelo seu regresso anual a nós, Ele de fato toma novamente sobre Si o pesado fardo físico que cristalizamos ao nosso redor, e que é agora a nossa habitação – a Terra. Neste pesado corpo, Ele é incrustado e espera ansiosamente pelo dia da libertação. Podemos compreender, naturalmente, que existem dias e noites tanto para os maiores espíritos quanto para os seres humanos; que, do mesmo modo que vivemos em nossos corpos durante o dia, cumprindo o destino que nós mesmos criamos no mundo físico e somos liberados à noite para nos recuperarmos nos mundos superiores, assim também existe essa alternância para o Espírito de Cristo. Parte do ano Ele habita o interior do nosso globo, e depois se retira para os mundos superiores. Assim, o Natal é para Cristo o começo de um dia de vida física, o início de um período de limitação.
Qual deve ser, portanto, a aspiração do místico devotado e iluminado, que compreende a grandeza da dádiva de Deus à humanidade nesta época do ano; que compreende este grande sacrifício de Cristo por nossa causa; essa dádiva de Si mesmo sujeitando-se a uma virtual morte para que pudéssemos viver esse maravilhoso amor que se derrama sobre a Terra nessa época? Unicamente a de imitar, mesmo em pequeníssima escala, as maravilhosas obras de Deus. Ele deve aspirar fazer de si mesmo um servo da Cruz como jamais o fora antes; mais disposto a seguir o Cristo em todas as coisas, sacrificando-se a si mesmo pelos seus irmãos e irmãs; colaborando, dentro de sua esfera imediata de trabalho, para a elevação da humanidade, de modo a apressar o dia da libertação pela qual o Espírito de Cristo está esperando, gemendo e labutando. Falamos de uma libertação permanente, do dia e do advento de Cristo.
Para concretizarmos essa aspiração na medida mais ampla, avancemos pelo ano entrante plenos de auto-confiança e fé. Se até aqui temos descrido de nossa capacidade de trabalhar para Cristo, ponhamos de lado essa descrença lembrando o que Ele disse: "Maiores obras que estas vós o fareis!" Teria Ele, que era a Palavra da verdade, dito tais coisas se elas não fossem possíveis? Todas as coisas são possíveis àqueles que amam a Deus. Se de fato trabalharmos em nossa própria pequena esfera, não buscando coisas maiores até havermos feito aquelas que estão à mão, então descobriremos que um maravilhoso crescimento anímico pode ser alcançado, de forma que as pessoas que nos rodeiam possam ver em nós algo que não saberão definir, mas que, não obstante, ser-lhes-á evidente - verão a luz natalina, a luz do Cristo recém-nascido brilhando dentro da nossa esfera de ação. Isto pode ser conseguido; depende apenas de nós mesmos aceitá-Lo por Sua palavra, cumprindo o que Ele ordenou: "Sêde perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus". A perfeição pode parecer uma longa caminhada. E quanto mais consideramos Cristo, mais nos apercebemos como estamos longe de viver à altura dos nossos ideais. Não obstante, é pela luta diária, hora após hora, que finalmente chegaremos lá. E a cada dia algum progresso pode ser feito, algo pode ser realizado. Podemos deixar a nossa luz brilhar de tal maneira, que os homens a vejam como faróis na escuridão do mundo. Que Deus nos ajude durante o próximo ano a alcançar maior semelhança com Cristo do que jamais conseguimos antes. Vivamos a vida de tal modo que, quando outro ano tiver passado, quando contemplarmos novamente as luzes do Natal e ouvirmos os sinos chamando para as cerimônias da Noite Santa, possamos sentir que não temos vivido em vão.
Cada vez que nos damos completamente ao serviço em benefício dos outros, acrescentamos brilho aos nossos corpos-alma feito de éter. É o éter de Cristo que permite este nosso globo flutuar, e recordemos que, se quisermos trabalhar por sua libertação, devemos todos desenvolver nossos corpos-alma até ao ponto em que eles é que façam flutuar a Terra. Deste modo tomamos o Seu fardo e livramo-Lo da dor da existência física.
CAPÍTULO IV - O Místico Sol da Meia-Noite
Esotericamente e desde épocas imemoriais, o Sol tem sido reverenciado como o dador de vida, porque a multidão era incapaz de ver além do símbolo material de uma grande verdade espiritual. Mas, além daqueles que adoravam a órbita celeste que é vista com o olho físico, sempre houve e continua a haver uma pequena mas crescente minoria, um sacerdócio consagrado pela virtude mais do que por rituais, que viu e vê as eternas verdades espirituais por trás das formas temporais e efêmeras que revestem essas verdades, nas mudanças de cerimonial consoante à época e aos povos a que foram destinadas originalmente. Para estes, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Místico Sol da Meia-Noite, o qual penetra em nosso planeta no solstício de inverno os três atributos divinos: Vida, Luz e Amor. Estes raios de esplendor e poder espirituais inundam o nosso globo com uma luz sobrenatural que envolve todos sobre a Terra, do mais insignificante ao mais importante, sem distinção. Mas nem todos podem participar desse maravilhoso dom na mesma medida. Alguns conseguem mais, outros menos. Alguns nem participam da grande oferta de amor que o Pai preparou para nós em Seu Filho Unigênito, porque ainda não desenvolveram o imã espiritual, o Cristo menino interno, que unicamente pode guiar-nos ao Caminho, à Verdade e à Vida.
“Se não tiver olhos para ver? Se o Cristo é meu, como posso saber a não ser através do Cristo em mim? A voz silenciosa dentro do meu peito é o penhor do pacto entre Cristo e eu, e enfim Ela confere a fé, a força do Feito.”
Esta é, sem dúvida, uma experiência mística que soa verdadeira para muitos de nossos estudantes, tão verdadeira como a noite segue-se ao dia e o inverno segue-se ao verão. A menos que tenhamos Cristo dentro de nós, e que um maravilhoso pacto fraternal de sangue tenha sido consumado, não podemos ter parte no Salvador, embora os sinos de Natal nunca parem de soar. Mas, quando Cristo formar-se em nós, quando a imaculada concepção tornar-se uma realidade em nossos próprios corações, quando nos tenhamos postado aos pés do Cristo recém-nascido para oferecer-Lhe os nossos presentes, dedicando a natureza inferior ao serviço do Eu Superior, então, e só então, as festividades natalinas são compartilhadas por nós, ano após ano. E, quanto mais arduamente tenhamos labutado na vinha do Mestre, mais clara e distintamente poderemos ouvir a voz silenciosa em nossos corações, sussurrando o convite: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo... porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve". Então, ouviremos uma nova nota nos sinos de Natal como nunca ouvimos antes. porque não há dia mais alegre do que o do nascimento de Cristo, quando Ele renasce na Terra, trazendo consigo presentes para os filhos dos homens - presentes que significam a continuação da vida física, porque sem essa vitalizante e enérgica influência do Espírito de Cristo, a Terra permaneceria fria e árida; não haveria uma nova canção da primavera, nem os pequeninos coristas da floresta para alegrar os nossos corações à chegada do verão. A pressão gélida dos pólos Boreais manteria a Terra agrilhoada e muda para sempre, impossibilitando-nos de prosseguir em nossa evolução material, tão necessária para aprendermos a usar a força do pensamento através de canais criativos apropriados.
O espírito de Natal é, pois, uma realidade viva para todo aquele que já desenvolveu o Cristo interno. O homem e a mulher comum sentem esse espírito somente nas proximidades das festas natalinas, mas o místico iluminado pode vê-lo e senti-lo meses antes e meses depois do seu ponto culminante na Noite Santa. Em setembro ocorre uma mudança na atmosfera terrestre; uma luz começa a brilhar nos céus. Essa luz parece permear todo o universo solar e, gradualmente, vai crescendo em intensidade, parecendo envolver o nosso globo. Então, ela penetra a superfície do planeta e, pouca a pouco, concentra-se no seu centro, onde os espíritos-grupo das plantas têm o seu lar. Na Noite Santa ela alcança o mínimo de seu tamanho e o máximo de seu fulgor. Então, passa a irradiar luz concentrada, dando nova vida à Terra para que esta prossiga com as atividades da Natureza no ano entrante.
Isso é o começo do grande drama cósmico ‘Do Berço à Cruz", que acontece anualmente durante os meses de inverno (no Hemisfério Norte).
Cosmicamente, o Sol nasce na mais longa e escura noite do ano, quando o signo zodiacal Virgo - a Virgem Celestial - situa-se no horizonte oriental a meia-noite para dar à luz o Filho Imaculado. Durante os meses que se seguem, o Sol transita pelo Violento signo de Capricornus onde, segundo a mitologia, todos os poderes das trevas concentram-se em frenético esforço para matar o Portador-da-Luz, fase do drama solar que é apresentado misticamente no episódio da perseguição movida pelo rei Herodes, e a fuga de Jesus para o Egito a fim de escapar à morte.
Quando em fevereiro o Sol entra no signo de Aquarius – o Portador-da-Água - temos a época das chuvas e tempestades e, do mesmo modo que o batismo consagra misticamente o Salvador à sua obra de serviço, assim também a abundância de umidade que desce sobre a Terra torna-a de tal maneira branda e rica, que pode produzir frutos para preservar a vida de todos os que nela habitam.
A seguir, o Sol transita pelo signo de Pisces - os Peixes. Nesta altura, os estoques de alimentos do ano anterior já foram quase totalmente consumidos, de forma que as provisões do homem ficam escassas. Temos, por conseguinte, o longo jejum da Quaresma, que representa misticamente para o aspirante o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Neste momento do ano ocorre o carne-vale (carnaval), o adeus à carne, pois todo aquele que aspira a vida superior precisa algum dia despedir-se para a Páscoa que, então, aproxima-se.
Em abril, quando o Sol cruza o equador celestial e entra no signo de Áries - o Cordeiro - a cruz se ergue como um símbolo místico que o candidato à vida superior precisa entender e, em seguida, aprender a abandonar o veículo mortal e começar a escalada para o Gólgota, o lugar na caveira e daí cruzar o limiar do mundo invisível. Finalmente, imitando a subida do Sol para os céus do norte, ele precisa aprender que o seu lugar é com o Pai e, com todo fervor, deve elevar-se até aquele exaltado lugar. Assim como o Sol não permanece naquele alto grau de declinação, mas ciclicamente desce para o equinócio de outono e solstício de inverno a fim de completar muitas vezes o círculo para benefício da humanidade, do mesmo modo todo aquele que aspira tornar-se um Caráter Cósmico, um salvador da humanidade, precisa preparar-se para oferecer-se muitas vezes como um sacrifício em benefício de seus semelhantes.
Este é o grande destino colocado diante de nós. Cada um é um Cristo-em-formação, se o quiser ser, porque como disse Cristo aos Seus discípulos: "Aquele que crer em Mim fará também as obras que faço, e maiores ainda". Além disso e de acordo com a máxima: "A necessidade do homem é a oportunidade de Deus", nunca houve tão grande oportunidade de imitar o Cristo, de fazer as obras que Ele fez, como nos dias que correm, quando todo o continente europeu vive sob o paroxismo de uma guerra mundial e quando o maior de todos os cânticos de Natal - "Paz na Terra e boa vontade entre os homens"(Lucas 2:14) parece mais longe de concretizar-se do que nunca. Temos em nós o poder de apressar o dia da paz ao falar, pensar e viver em PAZ, pois a ação conjunta de milhares de pessoas transmite impressões ao Espírito de Raça quando a ele enviadas, especialmente quando a Lua está em Cancer, Scorpio ou Pisces, que são os três grandes signos psíquicos mais apropriados para trabalhos ocultos dessa natureza. Usemos os dois dias e meio que a Lua transita por cada um desses signos para propósito de meditar sobre a paz - Paz na Terra e boa vontade entre os homens. Mas, ao fazê-lo, estejamos certos de não tomar partido, a favor ou contra, por quaisquer das nações conflitantes. Lembremos a todo instante que cada um dos seus membros é nosso irmão. Cada um merece o nosso amor tanto quanto o outro. Tenhamos em mente que o que queremos ver é a Fraternidade Universal sobre a Terra, ou seja, a paz na Terra e boa vontade entre os homens, a despeito de terem os combatentes nascido de um lado ou de outro das linhas traçadas nos mapas, ou como eles se expressam neste, naquele ou em qualquer outro idioma. Oremos para que a paz possa reinar sobre a Terra. Uma paz duradoura e uma boa vontade entre todos os homens, não importando quaisquer diferenças de raça, cor ou religião. Na medida em que tenhamos êxito em formular com os nossos corações e não apenas com os nossos lábios essa prece impessoal a favor da paz, estaremos antecipando a chegada do Reinado de Cristo para recordar que é a Ele que estamos todos destinados na época oportuna - o reino dos céus, onde Cristo é "Rei dos reis e Senhor dos senhores".
CAPÍTULO V - A Missão de Cristo e o Festival das Fadas
Sempre que nos defrontamos com um dos mistérios da natureza que não compreendemos, simplesmente acrescentamos um novo termo ao nosso vocabulário, uma espécie de truque para ocultar a nossa ignorância a respeito do assunto. O exemplo temos em relação à palavra "ampére" que utilizamos para medir o volume da corrente elétrica e a voltagem que empregamos para medir a força da corrente, e o "ohm" que empregamos para assinalar o grau de resistência que um dado condutor oferece à passagem da corrente. Dessa maneira, depois de muito estudar a respeito de termos e figuras, as mentes mestras da ciência elétrica tentam persuadir-se e aos demais que compreenderam e penetraram no mistério dessa força ilusória que desempenha um papel tão importante no trabalho do mundo. Mas, depois de tudo dito, esses homens iminentes admitem que as mais brilhantes luzes da ciência elétrica não conhecem senão um pouquinho mais do que uma criança da escola primária quando começa a experiência com pilhas e baterias.
O mesmo se passa com as outras ciências. Os anatomistas não podem distinguir o embrião de um cão do de um ser humano durante um longo período, e enquanto o fisiologista discorre com autoridade sobre o metabolismo, não pode deixar de admitir que as experiências de laboratório, pelas quais se esforça para imitar nosso processo digestivo, devem ser e são muito diferentes das transmutações que se operam no laboratório químico do corpo, pela alimentação que ingerimos. Isto não é dito para desacreditar ou menosprezar as maravilhosas descobertas da ciência, mas para demonstrar que existem fatores por detrás de todas as manifestações da natureza - inteligências de diversos graus de consciência, construtivas e destrutivas, que desempenham parte importante na economia da natureza - e até que esses agentes sejam identificados e seu trabalho estudado, nós mão podemos ter um conceito adequado do modo como atuam essas forças da natureza, as quais chamamos calor, eletricidade, gravidade, ação química, etc.. Para os que cultivam a visão espiritual, é evidente que os chamados mortos empregam parte de seu tempo em aprender a construir corpos sob a direção de certas hierarquias espirituais. Eles são os processos metabólicos e anabólicos; eles são os fatores invisíveis na assimilação e é, portanto, literalmente exato que seriamos incapazes de viver sem a importante ajuda daqueles que chamamos mortos.
Para conceber a idéia de como esses agentes trabalham e da sua relação conosco, podemos citar um exemplo mencionado no Conceito Rosacruz do Cosmos. Suponhamos que um carpinteiro está construindo uma mesa, e um cachorro, que é um espírito em evolução pertencente a uma outra onda de vida, está observando-o. Ele vê o processo de cortar tábuas; gradualmente a mesa é formada desse material e finalmente fica pronta. Mas, ainda que o cão esteja atento ao trabalho do homem, ele não tem um conceito claro de como esse trabalho foi feito, nem do uso final da mesa. Suponhamos ainda mais, que o cachorro estivesse dotado somente de uma limitada visão e incapaz de perceber o carpinteiro e suas ferramentas; veria somente as tábuas de madeira sendo divididas em partes, depois juntarem-se e ficarem dispostas de outra maneira até a mesa tomar forma e ficar pronta. Ele teria visto o processo da formação e o objeto terminado, mas não teria idéia que a ativa ação do trabalhador foi necessária para transformar a madeira em mesa. Se o cachorro pudesse falar, explicaria a origem da mesa como Topsy1 (personagem do romance "A Cabana do Pai Tomás") referiu-se a si mesma dizendo: "simplesmente cresceu".
Nossa relação com as forças da natureza é semelhante àquela do cachorro com o invisível carpinteiro, e nós somos tão capazes de explicar os mistérios da natureza, como o fez Topsy. Eruditamente, narramos às crianças como o calor do Sol evapora a água dos rios e oceanos, fazendo que este vapor ascenda às regiões mais frias do ar onde se condensa em nuvens, que tornam-se, finalmente, tão saturadas de umidade que elas gravitam em direção à Terra em forma de chuva para preencher os rios e oceanos, e novamente a água ser evaporada. É tudo muito simples, um belo processo automático de movimento contínuo. Mas, é só isso? Não há nesta teoria um número de omissões? Sabemos que sim, embora não possamos desviar-nos muito do nosso assunto para discuti-lo. Falta explicar totalmente uma coisa, a saber, a ação semi-inteligente das sílfides que levantam as delicadas partículas da água volatizada em vapor, e que são separadas da superfície do mar pelas ondinas, que as levam o mais alto possível antes que aconteça a condensação parcial e as nuvens até que as ondinas as forcem a libertá-las. Quando dizemos que há tempestades, na verdade, batalhas estão sendo travadas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das salamandras, para acender a tocha do relâmpago dos separados hidrogênio e enviar seu aterrorizante zig-zag através da negra escuridão, seguida do poderoso troar do trovão na atmosfera transparente, enquanto as ondinas triunfalmente lançam as resgatadas gotas de água sobre a Terra para que elas possam novamente unir-se ao seu elemento materno.
Os pequenos gnomos são necessários para construir as plantas e as flores. Seu trabalho é pintá-las com matizes inumeráveis de cor, que deleitam os nossos olhos. Eles também cortam os cristais em todos os minerais e elaboram as gemas valiosas que cintilam nos diademas preciosos.
Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas e nem ouro com que pagá-las. Eles estão em todas as partes e a proverbial abelha não é tão atarefada como eles. Enquanto para a abelha é dado todo o crédito pelo trabalho que ela faz, os pequenos espíritos da natureza, que desempenham uma parte imensamente importante no trabalho do mundo, são desconhecidos, salvo por alguns que são chamados de sonhadores ou loucos.
No solstício de verão, as atividades físicas da natureza estão no apogeu ou zênite, portanto, é no "Solstício do Verão" que se realiza o grande festival das fadas que trabalharam para construir o universo material. Nutriram o gado, cultivaram o grão e estão saudando com alegria e dando graças à onda de força, que é a sua ferramenta, para colorir as flores, na assombrosa variedade de delicados matizes requeridos por seus arquétipos, pintando-as em inúmeras tonalidades que são o prazer e o desespero do artista.
Na maior de todas as noites da alegre estação do verão, as fadas se reúnem vindas dos pântanos e das florestas, dos estreitos e pequenos vales para o Festival das Fadas. Elas realmente cozem e preparam seus alimentos etéricos e, mais tarde, dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem realizado o seu trabalho e desempenhado importante papel na economia da natureza.
É um axioma científico que a natureza não tolera o que é inútil; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se torna supérfluo atrofia-se, assim também acontece com o membro ou o olho que não é usado. A natureza tem um trabalho a fazer e necessita da colaboração de todos que se propuseram a justificar suas existências, pois todos são parte dele. Isto se aplica à planta, ao planeta, ao homem, ao animal e também às fadas. Elas têm seu trabalho a cumprir; elas são hostes ativas e suas atividades são a solução para muitos mistérios da natureza, como já foi explicado.
Nós estamos agora no outro pólo do ciclo anual, quando os dias são curtos e as noites mais longas. Fisicamente falando, a escuridão cai sobre o Hemisfério Norte, mas a onda espiritual de luz e vida, que será a base do crescimento e progresso do próximo ano, está agora na maior altura e força. Na Noite de Natal, no solstício de inverno, quando o celestial signo da Virgem Imaculada está no horizonte oriental à meia noite, o sol do novo ano nasce para salvar a humanidade do frio e da fome, que continuariam se a manifestação dessa luz fosse suprimida. Nessa ocasião, o Espírito Cristo nasce na Terra e começa a fermentar e fertilizar os milhões de sementes que as fadas prepararam e regaram para que possamos ter alimento físico. Mas "o homem não vive somente de pão". Importante como é o trabalho das fadas, torna-se insignificante comparado com a missão de Cristo, que nos traz a cada ano o alimento espiritual necessário para que avancemos no caminho do progresso, para que possamos alcançar a perfeição no amor com tudo o que ele implica.
É o advento desta maravilhosa luz de amor que nós simbolizamos pelas lamparinas acesas no altar e pelo soar dos sinos do Natal que, a cada ano, anunciam as alegres novas do nascimento do Salvador, pois para o sentido espiritual, luz e som são inseparáveis. A luz do Natal que brilha sobre a Terra é dourada, induzindo os sentimentos de altruísmo, amor e paz, os quais nem mesmo a grande guerra consegue obscurecer.
A guerra passou e como normalmente damos mais valor ao que perdemos, esperemos que toda a humanidade se una neste Natal para o canto dos cantos "Paz na Terra e Boa Vontade entre os homens".
CAPÍTULO VI - O Cristo Recém-Nascido
Temos repetido com freqüência em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que teve lugar no Gólgota, nem foi consumado de uma vez por todas em poucas horas, mas que os nascimentos e mortes místicas do Redentor são contínuas ocorrências cósmicas. Concluímos que esse sacrifício é necessário à nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. Como se aproxima a época do nascimento anual de Cristo, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo. Podemos tirar muito proveito refletindo sobre ele e dedicando-lhe uma oração, para que faça nascer em nossos corações uma nova luz que nos guie no caminho da regeneração.
O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse: "Deus é Luz", pelo que a "Luz" tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. As Sagradas Escrituras de todos os tempos ensinam claramente que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que, do mesmo modo que a luz branca una refrata-se nas três cores primárias - vermelho, amarelo e azul - Deus também revela-Se em papel tríplice durante a manifestação pelo exercício de três funções divinas: criação, preservação e dissolução.
Quando Ele exercita o atributo criação, Deus revela-se como Jeová, o Espírito Santo, Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando a fertilidade solar indiferentemente através dos satélites lunares de todo planeta em que seja necessário fornecer corpos para seus seres evoluintes.
Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os corpos gerados por Jeová sob as leis da Natureza, Deus, revela-se como Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a todo planeta, onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para libertarem-se das malhas da morte e do egoísmo, e alcançarem o altruísmo e a vida infinita.
Quando do exercício do divino atributo dissolução, Deus aparece como o Pai. Chama-nos de volta ao lar celestial para assimilarmos os fruto das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Este Solvente Universal, o raio do Pai, emana então do Invisível Sol Espiritual.
Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, dissolução, morte e retorno ao autor de nosso ser, nós os vemos em toda parte, em tudo o que nos cerca. Então, reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação. Porventura já nos demos conta de que no mundo espiritual não existem acontecimentos definidos, nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as eras estão presentes no eterno "tempo" e "espaço"? Gradativamente, tudo se cristaliza e torna-se inerte, precisando dissolver-se para dar lugar a outras coisas e outros eventos.
Não há como escapar dessa lei cósmica, que se aplica a tudo no reino do "tempo" e do "espaço", inclusive ao raio Crístico. Como o lago que se derrama no oceano volta a encher-se quando a água que o abandonou evapora-se e a ele retorna em forma de chuva, para tornar novamente a correr incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor que nasce eternamente do Pai derrama-se incessantemente, dia após dia, hora após hora, no universo solar para libertar-nos do mundo material que nos prende em seus grilhões mortais. Portanto, onda após onda partem do Sol em direção a todos os planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem.
No sentido mais verdadeiro e literal, é um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa natalina, e o Natal é o mais importante acontecimento anual para a humanidade, quer tenhamos consciência disso ou não. Não se trata meramente de comemorar o aniversário de nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada da rejuvenescente vida-amor do nosso Pai Celestial, por Ele enviada para libertar o mundo do glacial abraço da morte. Sem esta nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustando o nosso progresso no que tange às atuais linhas de desenvolvimento. Precisamos esforçar-nos por compreender muito bem este ponto, a fim de que possamos aprender a apreciar o Natal da maneira mais profunda possível.
A este respeito, como em muitos outros, podemos aprender uma lição observando nossos filhos ou recordando a nossa própria infância. Como eram fortes nossas expectativas à aproximação dos festejos natalinos! Como ansiosamente esperávamos pela hora de receber os presentes que pensávamos serem deixados pelo Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que distribuía os brinquedos! Como nos sentiremos se nossos pais nos dessem apenas as bonecas estragadas e os tamborzinhos já gastos do ano passado? A sensação seria certamente de infelicidade total, além de uma profunda quebra de confiança em tudo, sentimentos que os pais achariam cada vez mais difícil restaurar. Isso nada seria, comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a humanidade, se o nosso Pai Celestial deixasse de enviar como Presente Cósmico de Natal, o Cristo recém-nascido.
O Cristo do ano anterior não nos pode livrar da fome física, como as chuvas daquele ano não podem agora encharcar o solo e desenvolver os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera de que as atividades germinadoras da vida do Pai as façam crescer. Assim como o calor do último verão já não nos pode aquecer, o Cristo do ano passado não pode acender de novo em nossos corações as aspirações espirituais que nos impelem para cima em busca de algo mais. O Cristo do ano passado deu-nos seu amor e sua vida sem restrições ou medidas. Quando Ele renasceu na Terra no Natal anterior, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física. O amor que o Pai Lhe deu, Ele o derramou profusamente sobre nós, e do mesmo modo que a água do rio volta para o céu pela evaporação, assim também Ele eleva-se outra vez ao seio do Pai, após esgotar toda a sua vida e morrer na Páscoa.
Mas, o amor divino jorra infinitamente. Como um pai apieda-se de seus filhos, assim também nosso Pai Celeste compadece-se de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e dependências física e espiritual. Por conseguinte, esperamos mais uma vez, confiantemente, o nascimento místico do Cristo que virá com renovada vida e renovado amor. O Pai no-Lo envia acudindo à fome física e espiritual que sofreríamos se não tivéssemos d’Ele essa amorosa oferenda anual.
As almas jovens, via de regra, acham difícil separar em suas mentes as personalidades de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas podem amar apenas a Jesus, o homem. Esquecem Cristo, o Grande Espírito, que introduziu uma nova era na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, a fim de que a sublime estrutura da Fraternidade Universal possa ser edificada sobre as suas ruínas. No devido tempo, o mundo inteiro saberá que "Deus" é espírito, para ser adorado em "espírito e em verdade". É bom que amemos Jesus e O imitemos; desconhecemos ideal mais nobre e alguém mais digno. Se pudesse ter sido encontrado alguém mais nobre, não teria sido Ele o escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que reside a Divindade. Fazemos bem em seguir "Seus passos".
Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é espírito e que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo. Mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, este só pode ser visto pelos maiores clarividentes e apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Mas nós não precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa sensação nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.
FIM