domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal: Jesus ou Mitra?

Bom, final de ano está por aí e todo mundo, ou a maioria dele, está entrando no clima dos festejos natalinos e do reveillon. Claro, existem pessoas, e muitas, que não vêem na data motivos para comemoração. Outros, pela própria religião, não celebram o nascimento de Mitra. Quem?!?!? Mitra? Mas não é Jesus o homenageado? Originalmente não, mas, mesmo assim, o significado é o mesmo.
A crença em Mitra começa na Índia, chega na Pérsia e, postariormente, no mundo romano. Na religião védica indiana, Mitra, cujos primeiros relatos vem de 1400 a.C., era o deus que mantinha o equilíbrio entre o bem e o Mal. Ele passa a integrar o panteão Zoroastra Persa como o Deus Solar.
Quando Alexandre, o Grande venceu os exércitos de Dário III, rei da Pérsia, o mundo helenístico adota Mitra em sua mitologia. Mas quem era realmente esse deus que conquistou culturas tão diferentes?
Mitra era o deus do Bem, criador da Luz, em sua eterna luta contra o mal e as trevas. O culto ao deus, conhecido como Mitraísmo, acreditava em uma existência futura absolutamente espiritual e liberta da matéria. Seu símbolo era o touro*, usado em sacrifícios para a divindade.
Mas o que ele tem a ver com o Natal? A celebração do Natal cristão surgiu em paralelo com as solenidades ao deus Mitra, cujo nascimento era comemorado no Solstício (inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul). No calendário romano, esse evento acontecia exatamente em 25 de dezembro. Os romanos celebravam, na madrugada do dia 24, o "Nascimento do Invicto" como alusão ao alvorecer de um novo sol. Em cidades como Traveris, na Itália, foram encontradas figuras do pequeno Mitra e a semelhança com as representações cristãs do menino Jesus são incontestáveis. E, mais ainda: ele nasceu de uma virgem.
Ainda podemos associar o natal ao Yule, festa Wicca/Celta que retratava o nascimento da Criança-Sol.
Durante a primeira grande expansão cristã, logo após a adesão do imperador Constantino, o catolicismo passa a adotar uma série de símbolos que já eram conhecidos por toda Europa e os adapta à sua crença nascente. A concepção virginal de longe é uma exclusividade dos cristãos: Ganesha, deus indú nascido assexuadamente a partir da poeira de Parvati, esposa de Shiva e o próprio Mitra, filho de Anahira.
Como era mais fácil adotar uma festa pagã já pronta do que idealizar toda uma simbologia para celebrar o Natal, os primeiros cristãos resolveram sincretizar essa festividade, transformando a data em uma celebração genuinamente cristã. Mas o Natal perde a sua validade só porque não é o real nascimento de Jesus, o Cristo?
Não perde. O leitor mais atento já notou que o 25 de dezembro, em todas as religiões aqui citadas, celebra o nascimento de uma figura que simboliza o sol(luz) e combate as trevas. O Jesus cristão, o Mitra zoroastra, a Criança-Sol celta, seja qual for a figura, nos traz um simbolismo muito forte: a vitória da Luz sobre as Trevas.
E como podemos interpretar essa dicotomia?
O Sol é a Luz central que ilumina nosso sistema. Ele sempre simbolizou o que existe de melhor no ser humano, sua sabedoria interna, seus sentimentos de amor ao próximo, de caridade, de perdão e elevação espiritual. A luz solar nos revela o mundo, nos deixa visualizar os caminhos que se abrem à nossa frente, nos acalenta através do seu calor e permite que a vida cresça e se mantenha.
As trevas representam o contrário: a ignorância, o ódio, a raiva, o rancor, a morte. Pergunte para qualquer pessoa na rua como ela imagina a morte em si e, provavelmente, ela vai associar ao frio, à escuridão, ao medo, etc.
O nascimento de Mitra, Jesus ou da Criança-Sol não é algo que tem de ser pensado como externo, como uma concepção material de uma entidade física. Muito pelo contrário.
Quando praticamos um ato de caridade, estamos fazendo nascer dentro de nós o ideal que Jesus cristo nos deixou: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Quando aprendemos a respeitar a vida, em qualquer forma, estamos deixando nascer a simbologia de Mitra: "Uma luz que se acende dentro de nossos corações". Quando trocamos presentes, seja em família ou entre amigos e colegas de trabalho, estamos deixando nascer novamente dentro de nós a Criança-Sol (ou você não se emociona quando ganha uma lembrança?).
E qual época do ano estamos mais propensos à caridade, mudanças e amar ao próximo?
O Natal não é uma data apenas para se trocar presentes, ou se comer até não aguentar mais. Muito pelo contrário, é uma época de reflexão, quando os humanos, encarnados ou desencarnados, recebem as mais elevadas vibrações espirituais vindas dos Espíritos que guiam nossa evolução. Os festejos de natal dão início às celebrações do fim e início de um novo ciclo, onde renascem nossas esperanças em um mundo melhor, mais justo e fraterno.
Nesta época, nem que seja apenas em pensamento, nos obrigamos a refletir sobre os caminhos e descaminhos que a vida nos mostra durante todos os 365 dias do ano. A partir do início de dezembro, quando as ruas e casas começam a se enfeitar para o Natal, uma energia renovada toma conta do nosso Planeta. E é justamente essa energia que vai limpar e harmonizar o astral tão conturbado da terra.
Aproveitem essa data. Mais do que dar e receber presentes materiais, presenteiem todas as pessoas com um sorriso, com um abraço, um carinho. Não se importem se o dinheiro foi curto para comprar algo caro: amor é a palavra dessa época. Ou será que o homenageado principal do natal estava errado quando disse que os principais mandamentos são: "Amai ao teu Deus sobre toda as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Jesus, nosso mestre, conseguiu botar isso em prática. E será que você não quer aproveitar essa energia que está nos banhando para tentar também?
* A Astrologia prega que passamos por diversas eras, cada uma delas regida por um signo zodiacal. A passagem acontece de trás para frente. A Mitra estava associado ao Touro, signo regente da era. Logo depois, judeus passam ter como símbolo o cordeiro, que simboliza Áries. No entanto, há 2000 anos atrás, o cordeiro "morre" e dá espaço ao Peixe, dentro da era de peixes. Agora, todos falam na Nova Era, de Aquário, que vai renovar as mentalidades do ser humano.
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Rafael Limberger é radialista, mestre em Reiki e integrante do Movimento Umbandista.

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