Senhor!
Quando me
deres
O privilégio
do renascimento
No berçário
do mundo,
Ante as
necessidades que apresento
E aquelas que
não vejo,
Eis, Senhor,
o desejo
Em que dia
por dia me aprofundo:
Deixa-me
renascer em qualquer parte,
Entretanto,
que eu possa acompanhar-te
Onde
constantemente continuas
Trabalhando e
servindo em todas as estradas
Para que eu
também tenha as mãos marcadas
Como trazes
as tuas...
Quanta ilusão
me debatia
Crendo que o
desespero fosse prece,
A rogar-te
alegria e segurança
Sem que eu
nada fizesse!
Imitava na
terra o lavrador
A temer pedra
e lama, vento e bruma,
Aguardando
milhares de colheita
Sem plantar
coisa alguma.
Entretanto,
Senhor, agora sei
Que o
trabalho é divino compromisso,
Estímulo do
Céu guiando-nos os passos
E que,
atendendo à semelhante lei
Puseste ambas
as mãos em nossos braços
Por estrelas
de amor e de serviço.
Assim, quando
efetues
As esperanças
em que me agasalho
E estiver
entre os homens, meus irmãos,
Que eu me
esqueça em trabalho
E me lembre
das mãos...
Não me dês
tempo para lastimar-me,
Que eu busque
tão-somente a luz que me acenas...
No anseio de
seguir-te
Quero o
trabalho apenas.
Dá que eu
seja contigo, onde estiveres,
Uma réstea de
paz... Que eu seja alguém
Sem destaque
e sem nome
Que se olvide
no bem.
E se um dia
uma cruz de provas e de agravos
Reclamar-me a
tarefa e o coração,
Não me
largues ao susto a que me enleie,
Ajuda a
entregar as próprias mãos aos cravos
Da
incompreensão que me rodeie,
Entre bênçãos
de fé e preces de perdão!
Não consintas
que eu volte ao tempo morto
Da ilusão
convertida em desconforto,
Dá-me os
calos da paz nas tarefas do bem...
A servir e
servir sem perguntar a quem...
Ouve, Celeste
Amigo,
Aspiro a
estar contigo,
Longe de
minhas horas desregradas,
Onde sempre
estiveste e sempre continuas
Plantando o
amor em todas as estradas,
Para que eu
também tenha as mãos marcadas
Como trazes
as tuas...
Maria Dolores
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