Como todo grupo humano, a Maçonaria utiliza sinais, linguagem e gestos com significações específicas. Esses sinais, essa linguagem e esses gestos necessitam ser reconhecidos por todos, num mesmo contexto, a fim de se tornarem compreensíveis.
Os símbolos maçônicos têm sido usados em todas as épocas e em todos os países com a intenção de produzir interpretações morais. Por isso se diz que a Maçonaria é uma instituição de formação moral que utiliza uma linguagem simbólica.
Em outras palavras: a finalidade da linguagem simbólica é poder ser compreendida por cada um com uma “imprecisão organizada”, isto é, permitindo um espaço onde haja liberdade de interpretação, embora sempre dentro da intenção moralizante.
O sistema educativo da Maçonaria é dúbio: ele se utiliza tanto da racionalidade – inteligência, saber, informação – quanto da “irracionalidade” – intuição e afetividade.
Mas qual a função do simbolismo na Maçonaria? O simbolismo maçônico responde a várias funções essenciais que fazem dele a infraestrutura indispensável à sobrevivência da Maçonaria.
Vejamos algumas dessas funções:
A função de distinção: externamente, o simbolismo serve para distinguir o iniciado do profano, provocando a separação dos dois mundos; internamente, serve para distinguir funções, graus e níveis hierárquicos.
A função moralizadora: os símbolos pretendem orientar o nosso comportamento. Esta função evolui no tempo: a moral maçônica se torna natural, laica, religiosa, racionalista, etc., conforme a época e os locais onde se situa.
A função social: o simbolismo desempenha um papel de organização na vida da Loja e da Ordem ao distinguir e coordenar as funções, os graus e os níveis hierárquicos.
A função unificadora: a prática de um simbolismo comum promove o sentimento de integração de todos os membros da Ordem espalhados no mundo.
A função reconciliadora: o símbolo reconcilia religião e ciência, espiritualismo e materialismo, pensamento lógico e intuição. A Iniciação maçônica é um exemplo claro dessa reconciliação.
A função metafísica: os símbolos permitem um contato com o absoluto, à medida que representam algo que não se restringe aos limites de tempo e espaço.
A função gnóstica: o símbolo pretende, através da intuição e da analogia, produzir um tipo de interpretação da realidade.
A função libertadora: o símbolo, na medida em que permite reunir coisas díspares – racionais e intuitivas, religiosas e científicas - concede um grau de liberdade ao iniciado que conduz ao desenvolvimento pessoal não dogmatizado.
A função orientadora: o simbolismo maçônico expressa um universo moral que estabelece uma escala de valores que orienta e justifica o comportamento do iniciado.
A função emotiva: falando ao coração, tanto quanto à razão, o símbolo consegue integrar emoções no processo de ultrapassar os impulsos egocêntricos.
Falar de Maçonaria, portanto, é falar de simbolismo. É este que a funda e a funde; que lhe
deu nascimento e a mantém viva.
Sem o simbolismo, a Maçonaria deixa de existir.
*Resenha do artigo de Luc Nefontaine da Universidade de Bruxelas, Bélgica em artigo traduzido pelo Ir.'.Mariano Moreira e publicado em O PRUMO, nº 134, pp. 22-23.
In "Pedra Por Pedra" - Francisco Cezar de Luca Pucci
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