quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A CABALA E O MISTICISMO MAÇÔNICO


A  palavra Cabala  tem  origem  no  vocábulo  hebraico  “kibbel”,  significando  lição, tradição,  ensino.  A Cabala  é  a tradição esotérica e o conjunto das doutrinas secretas do judaísmo. Esta ciência oculta foi recolhida nas Escrituras e devia ser transmitida oralmente e nunca ser escrita, visando evitar que o texto caísse sob as vistas dos profanos.
Os  cabalistas datam as  concepções primordiais da Cabala de  tempos primitivos  - que remetem a Moisés e até Abraão  e  Adão. Quanto  aos  verdadeiros  fundadores  da Cabala, entretanto, são mencionados três talmudistas: Rabino Ismael ben Ehsa (cerca de 130  d.C.); Rabino Nechunjah  ben Hakana  (cerca  de  75  d.C.)  e, sobretudo, Simeon ben Yohai (cerca de 150 d.C.), sendo este último apontado como autor do famoso Zohar.
Acredita-se que os ensinamentos da Cabala começaram de  forma oral, que  foi transmitida por Enoque aos seus descendentes, sendo que, posteriormente, Moisés, para evitar que seus ensinamentos se perdessem, comunicou-os aos setenta anciãos escolhidos, e daí para frente de forma escrita.
Mas, ao serem escritos os ensinamentos cabalísticos, foi utilizada a maneira mais simbólica possível, com o intuito da não compreensão profana, mas  tão somente dos iniciados. Dois são os  livros fundamentais da Cabala: 1º o Sefer Yetsirah, ou Livro da Criação, e o Zohar, ou Livro dos Esplendores.
A Cabala apareceu, na sua  forma atual, por volta do século XII,  repetindo, continuando e completando o ensino esotérico do Talmude. Na Bíblia  temos os  livros cabalísticos de Ezequiel e do Apocalipse, que  foram escritos de forma velada, simbólica. A chave do seu ocultismo  repousa, como a do Talmude, sobre o valor dos números, a combinação das 22 letras do alfabeto hebraico e a força oculta do Tetragrama.
O ensino da Cabala esmera-se em dar com precisão a definição da divindade vulgarmente denominada Deus, em fixar-lhe os atributos e em estabelecer o processo das manifestações do seu poder. A particularidade da Cabala é de repudiar toda idéia de antropoformismo na definição da divindade, de afastar toda possibilidade de figuração de Deus  que  é  Infinito, inacessível,  incompreensível... O Ser por excelência, o Verbo eterno conjugando-se, simultaneamente ao presente, ao passado, ao futuro:Jeová, Aquele que  foi, que é, que será, Aquele cujo nome nunca  deve  ser  pronunciado porque o profano não compreenderia que o Deus Todo-Poderoso, o Deus dos Exércitos não pudesse ter nenhum outro nome a não ser o verbo Ser.
A Cabala descobre todos os mistérios da criação neste simples nome, ao estudar o simbolismo representado pelas quatro letras formando este nome assim dividido: IOD, HE, VAV~ HE (IHVH).
Este nome é aquele que encontramos no cume de  todas as  iniciações, aquele que  irradia no centro do  triângulo flamejante da Maçonaria.
A primeira letra, o IOD, figurada por uma vírgula ou um ponto, representa o princípio original das coisas, o ponto de partida da criação. Esta letra que ocupa o décimo lugar no alfabeto hebraico, é representada pelo número 10, ele mesmo composto do número um, unidade, princípio, e do zero, representando o nada, por seu significado e o Todo por sua forma. No IOD ou número 10, a unidade, origem do Todo, alia-se ao Nada para formar o princípio inicial da Criação, princípio gerador, princípio masculino.
A segunda letra, o HE, quinta letra do alfabeto hebraico, representa o número 5, equivalente à metade do valor da primeira  letra, 10. E o princípio  inicial  IOD ou 10 que se  fraciona em dois, e que se desdobra. Tal é a origem do binário: masculino-feminino, ativo-passivo, positivo-negativo, homem -mulher. A energia criadora masculina  junta-se à matéria fecunda feminina.
A  terceira  letra, VAV, ocupa o sexto  lugar no alfabeto. Resulta da ação geradora do  IOD sobre o HE, ao princípio masculino sobre o princípio feminino. E o filho, a resultante: um mais cinco igual a seis.
A quarta letra representa um segundo HE, novo elemento feminino, indispensável ao filho para possuir a faculdade de se  reproduzir e de perpetuar o Ser. E o grão que contém em potência a geração  futura e a possibilidade de garantir a Eternidade.
JEHOVA, portanto, não é um nome, mas o símbolo da Criação e da Eternidade, do SER PERFEITO. Este nome não pode ser pronunciado a não ser uma vez por ano, e soletrado letra por letra no Santo dos Santos, pelo Sumo Sacerdote, Grão-Mestre da Arte Sacerdotal, no meio do ruído das preces do povo profano. Diz-nos Elifas Levi:  “Todas as  religiões dogmáticas saíram da Cabala e para ela  voltam. Tudo quanto existe de científico e de grandioso nos sonhos religiosos de todos os iluminados é tirado da Cabala. Todas as associações maçônicas lhe devem os seus segredos e os seus símbolos”.
Paul Naudon assim escreveu:
“Nada permite de resto de situar, no tempo, a adoção, pela Maçonaria dos sinais e símbolos que a Cabala utiliza. A instituição não foi uma criação espontânea; deriva em grande parte das associações arquitetônicas que a precederam ou inspiraram, como os colégios romanos, as associações monásticas, as guildas etc. Sofreu, igualmente, largas influências dos maçons aceitos cujo papel tornou-se progressivamente primordial com o declínio do elemento profissional.
As preocupações filosóficas desses maçons especulativos alquimistas, hermetistas, cabalistas, rosa-cruzes e seus subsídios esotéricos vieram  juntar-se e completar os da Maçonaria. O fundamento de suas doutrinas repousava sobre o mesmo princípio da Maçonaria: o da imanência divina. O papel desses hermetistas foi  importante na transição entre a Maçonaria operativa e a Maçonaria  especulativa moderna. Mas a sua contribuição com  um simbolismo egípcio, hebraico e siríaco  não  era  mais  que uma síntese que vinha integrar-se em um meio amplamente preparado pelos mais eminentes pensadores da Idade Média e da Renascença”.
O programa do grau de Aprendiz compreende os números um, dois, três e quatro, donde os conceitos de unidade, de binário, de ternário e de quaternário. O do grau de Companheiro compreende quatro, cinco, seis e sete (tétrada sagrada, quintessência, rosa mística, hexagrama, setenário). O grau de Mestre estuda os números sete, oito, nove e dez (tri-unidade setenária, ogdoada solar, Eneada ou árvore dos Sefirot). Os dez Sefirot são dez emanações do Deus único: dez reconduz a um...
Assim, a Cabala passa à Maçonaria seus ensinamentos mais expressivos.
Ir.·. José Geraldo da Silva
Fonte: http://www.solbrilhando.com.br/Sociedade/Maconaria/Artigos/A_Cabala_e_o_misticismo_maconico.htm

domingo, 17 de setembro de 2017

INICIAÇÃO AO GRAU DE APRENDIZ (IMPRESSÕES)

À GL.'. do G.'. A.'. D.'. U.'.

Augusta e Respeitável Loja Maçônica Simbólica Mista
Triângulo da Fraternidade


   S.'.


                                                            F.'.             U.'.

Primeira peça de arquitetura do grau de Aprendiz Maçom.

Tema solicitado pelo Ir.'. 2º Vig.'. - Iniciação ao Grau de Aprendiz (Impressões)


          Durante o momento em que fui vendado e comecei minha jornada, pensei na Criação Divina, que eu considero um magnífico espetáculo, e na capacidade humana de representar nossa jornada evolutiva por intermédio de símbolos contidos nas iniciações e nos estudos das organizações iniciáticas.  Caminhei imaginando como se estivesse percorrendo túneis. Ao terminar minha jornada, sentei-me e Meditei a respeito da iniciação que eu estava realizando, e a respeito da geometria que iria me cercar, que está muito presente e oculta através dos símbolos maçônicos, numa tentativa de buscar uma razão para explicar por que eu estava ali, naquele lugar, naquele momento específico. Quando eu permaneci na câmara da Reflexão para assinar os papéis, e me deparei com a caveira, comecei a relembrar minha trajetória de vida, das inúmeras iniciações que eu já realizei, tentando buscar respostas para a minha existência. Pensei que este não é um novo momento, mas um velho momento, onde espaço e tempo se tornam inexistentes. Pensei que aquele, era apenas mais uma etapa em minha vida, uma etapa que eu ainda não sei o motivo, ou o por que de eu estar ali, pois já estive em tantos lugares, em tantos momentos, e todos serviram para algo, para me transformar no que hoje eu sou, ou penso ser, ou no que ainda vou me transformar. Ainda não sei o verdadeiro motivo que me impeliu para que eu  adentra-se neste templo, nesta antiga ordem iniciática e filosófica. Mas sei, tenho plena certeza, por razão de experiências neste campo, que nada acontece por acaso, que tudo tem sua razão de ser. Vivenciei este momento iniciático, tendo a certeza, de que, o que realmente importa não são as letras ou as palavras, mas, sim, a vivência pessoal que cada um experimenta nesses locais iniciáticos. Sei que, todos os livros são as janelas do conhecimento, mas não são as portas, apontam coisas aos homens, mas não as dão de fato, (SanMartin). E, é desse modo, que eu ha muito tempo encaro o auto conhecimento, ou seja, não busco em livros ou em homens, mas sim em meu ser interior, onde todas as resposta se encontram já em sua plenitude máxima. Mas, também, sei que os livros, os símbolos e as alegorias, os rituais, nos trazem um caminho a ser seguido, nos fornecem um princípio simbólico de entendimento das coisas vivenciadas por todos os iniciados.
Meditando durante a iniciação, eu pensava, que, o que realmente importa numa iniciação, ou em toda iniciação, seja onde for, é que a egrégora é o ponto culminante de toda forma de iniciação, desde as mais primitivas e simples, até as mais elaboradas e refinadas, pois todos as iniciações possuem uma finalidade em comum, ou seja, a finalidade de nos ligar a outras almas que buscam um objetivo comum para todos, embora a forma de entendimento de cada um seja individual e pessoal. São diversos rios, diversos entendimentos, diversas formas de pensar Deus, mas devemos ter sempre em mente, que todos os rios deságuam num único e imenso oceano. Este oceano, representa a união de todas as almas. Antes da queda, todas as almas eram interligadas numa única fonte e modo de existir, mas após a queda, houve a confusão, os véus baixaram em frente aos olhos de cada alma individualmente, e cada uma começou uma jornada pessoal e diferente, numa busca ininterrupta, através de inúmeras encarnações no mundo das multiplicidades terrenas. Mas, no decorrer dos tempos, no suceder das encarnações, estas almas começaram novamente a se reagrupar, e desse modo, começaram as inúmeras egrégoras, iniciações, ordens, religiões, filosofias, etc. Por que, no final, tudo retornará ao começo. Lembrando que todas as almas apenas poderão retornar ao paraíso, ao seu local de origem, juntas, nada chega ao pai individualizado, a não ser por intermédio de Ostes cósmicos, ou das Ostes terrenas, e mesmo assim, estas Ostes Cósmicas e terrenas formam egrégoras para poderem acessar ao Criador. Enquanto isto não acontece, enquanto não retornamos ao nosso local de origem, onde a evolução acontece pela vida, e não mais pela morte como ocorre em nosso mundo terreno, nós humanos, aprendizes, eternamente aprendizes, independente do grau de consciência ou das iniciações que temos, nos unimos em egrégoras por intermédio dessas iniciações realizadas nas ordens iniciáticas, em religiões ou filosofias. Tudo isto, de algum modo, se passou em minha cabeça no momento da minha iniciação ao grau de Aprendiz, grau este, que eu pretendo nunca esquecer, de que, "sempre serei um eterno Aprendiz", pois este é um dos objetivos do trabalho maçônico, lembrar de que sempre seremos aprendizes neste mundo, e que devemos utilizar estes momentos de estudos para despertar na busca do conhecimento oculto que aparentemente parece estar distante, mas que pode estar ao nosso lado, ou dentro de cada um de nós.
          Tudo isto, eu expresso, em nome do Nosso Senhor, Criador de todas as coisas, do Grande Arquiteto do Universo.   

         Or.'. de Porto Alegre, 21 de setembro de 2013. da E.'. V.'.

Vinicius dos Santos
Apr.'. M.'.


Bibliografia:

Sanmartin, Louis Claude de - Monografia Martinista.