O Grande Arquiteto Do Universo usa um
compasso misterioso, simples e complexo, paradoxal ao nosso entendimento, mas
perfeito em seu desenho. Já foi dito que “Deus é um círculo cujo centro está em toda a parte e a circunferência
em parte alguma”,
a partir da cada ínfima partícula e estendida ao infinito. E isso é justo e
perfeito, sem ou com a nossa compreensão. Vislumbramos essa exatidão sem erros,
onde o recolhimento, mesmo pela destruição, tem o seu porque, a escuridão que
nos reforça a Luz opera no equilíbrio do movimento constante e não para
obscurecer as almas.
A
falta de chão que nos dá a incapacidade de compreender o todo, isso é cegueira
nossa, humana, fraquezas que nos esforçamos em vencer utilizando as medidas das
nossas capacidades, e para a retidão da nossa conduta, para a doma dos impulsos
irracionais usamos o esquadro da ética e da moral. Temos uma batalha por dia,
iniciada no raiar do sol e uma guerra por vida, que é contra um dragão poderoso
que se chama ego e só dá trégua ao anoitecer de cada encarnação. E nessa
caminhada temos muita sorte quando encontramos irmãos do bem.
Do
primeiro passo vendado, onde me senti já vulnerável, vou lembrar para sempre de
duas vozes, uma masculina e uma feminina que me passaram uma paz e uma
confiança reconfortantes, uma segunda
caminhada no escuro e uma pausa para começar a refletir sobre o que estava
fazendo ali, senti meu coração batendo forte, ouvi a voz que oferecia ajuda e
conforto a uma irmã com frio, ia crescendo minha emoção, mista de bem estar e
expectativa aflita das provas que estavam por vir.
Primeiro
foi o testamento na Câmara da Reflexão, desvendar os olhos por um momento, que
seria um alívio, mas que exigiu mais olhar para dentro. Quais os meus deveres?
Devoção, obediência, gratidão, amor, respeito, honra, palavra. As advertências.
O juramento, afinado com os dizeres sobre o V.I.T.R.I.O.L., entrega
incondicional à verdade, ao que é certo, ao respeito e discrição, ao reverente
silencio e diligente trabalho em prol dos necessitados. Uma certeza de que não
é pequeno o esforço para entrar ali, ficar ali, mesmo por poucos instantes, a
pirâmide, o galo, o pão, a ampulheta, o sal e a água, a lâmina e a pena e o tinteiro,
o crânio, a vela, minha mão sobre a mesa, minha cabeça pesada, um espelho
invisível me mostrou a mim mesmo uma verdade dura, firme, irreversível. Meu
nome e minha assinatura. Tudo simbólico e tudo real, as rédeas das minhas
responsabilidades, só as minhas próprias mãos podem segurar, mas não estou
sozinho.
Veio
depois, a escuridão novamente, dessa vez total. Perdi a noção do tempo, encarei
alguns medos, orei e mentalizei tudo de mais importante que há na minha vida,
os verdadeiros motivos por buscar tudo aquilo. A certeza de que é para o meu
aprimoramento e a melhoria da minha atuação em todos os momentos.
As
vozes ao fundo questionavam, conduziam para um destino diferente, novo, um
renascer, que era pedido por mim e mais 3 irmãos futuros aprendizes, e testados
por quem tinha esse poder, os Mestres, Venerável, irmãs e irmãos maçons de
verdade preparavam o processo. Eram pessoas que eu já conhecia, em sua maioria,
pelo menos os seus rostos, reconheci suas vozes, mas estavam revestidos de
papéis atemporais, encarnações vivas da hierarquia da arte real.
Me
senti numa queda, pedi para estar ali, para ser aceito, jurar e honrar minha
palavra, poucas vezes na vida senti algo parecido. Epifania e catarse. As
provas, da água, sua limpeza e frescor, do fogo, seu símbolo de purificação do
espírito, o salto no desconhecido, de novo com uma confiança cega e absoluta em
quem me amparava, o calor no coração, as repetidas afirmativas, “Sim”, Sim,
“Sim”, a água doce e amarga na taça da verdade, o corpo no caixão, mais uma
advertência da punição à traição, a lembrança de São João Batista, as três
batidas nos altares, os três, os quatro degraus, tudo passou muito rápido. Os
sons, chaves, metais, portas e madeiras, a música, os aromas, de quem estava
perto, dos incensos.
Chegou a hora então, como Neófito, de receber
a luz, a nossa frente estava o Templo, reconheci a maioria dos símbolos. Entre
Colunas, vi todos encapuzados, espadas apontadas para nós não como ameaça, mas
como emissão de boas energias e bons votos. Logo em seguida, os rostos
iluminados, todos transmitiam satisfação e alegria em receber novos irmãos a quem
vão conceder aos poucos, nas doses e no tempo certo, fragmentos do grande
conhecimento que tem, de história, de ritos e rituais e da experiência de ser
Maçom. De joelhos , sob a espada, no altar dos juramentos, confirmei minha
iniciação.
Por fim, acompanhar a primeira sessão, receber a
palavra, a esquadria, os sinais, os gestos e o abraço fraternal. Começar a
polir a pedra bruta com a orientação do 2º vigilante, conhecer a hierarquia e a
ordem dos movimentos e admirar a arte, debaixo da abóboda celeste e sobre o
mosaico quadriculado, tudo belo e harmonioso. Ouvir as boas vindas do Orador,
acompanhar a condução perfeita do Venerável Mestre.
Irmãos
Maçons, sou o I.’. M.’. Luís, Aprendiz e daqui por diante estou à total
disposição da Augusta e Respeitável Loja
Maçônica Mista Triangulo da Fraternidade.
Or.’. de
Porto Alegre, 11 de Maio de 2016 da E.’. V.’.
Ir.’. Luís Fernando
Apr.’. M.’.
Bibliografia:BARRETO,
Edgar Mena. Manual de Instruções Maçônicas de Aprendiz. Porto Alegre, 1999, 2ª
edição
Ritual do Aprendiz Maçom; Loja Maçônica Mista
Triangulo da Fraternidade
http://www.noesquadro.com.br/
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