Sem saber o que fazer, vagava o Mestre despreocupado por entre a obra quando se deparou com um
Aprendiz que, concentrado, examinava uma pedra ainda não totalmente desbastada.
Querendo mostrar sua força e sua autoridade, dirigiu-se ao obreiro:
- Aprendiz, a tua pedra
não está devidamente desbastada. Acaso pensas em dá-la como acabada?
- Mas, Mestre esta
pedra...
- Não será
negligenciando nas tuas tarefas que um dia pretendes chegar onde hoje estou.
Não penses que o mestrado é conseguido sem sacrifícios e pouco trabalho.
- Mas, Mestre, eu...
- Não me parece que os
ensinamentos tenham sido por ti bem assimilados. Vede o estado em que se
encontra esta pedra. Toda disforme e cheia de imperfeições. Já imaginastes as
conseqüências que acarretaria o seu assentamento na obra? Por certo não iria se
encaixar convenientemente e, além disso, colocaria em risco o próprio andamento
da construção
- Mas, Mestre, eu
gostaria de...
- Não me interrompas
enquanto falo. Um aprendiz deve saber comportar-se diante de seu Mestre. Não
estou gostando do teu comportamento nem de teu jeito desleixado de trabalhar.
Olha só esse avental, todo sujo, e essas ferramentas em péssimo estado de
conservação. Agora olha para mim. Vê meus paramentos, imaculados, e meus
utensílios de trabalho perfeitamente conservados, como novos. Não te serve de
lição ver tão gritante comparação? Acaso não te sirvo de exemplo? E vamos
deixar de conversa; trata de trabalhar que o tempo é curto. Como castigo, para
que não sejas tão negligente, deverás terminar o desbaste desta pedra, mesmo no
teu horário de descanso.
- Mas, Mestre, eu
gostaria de explicar que...
- Não irei perder mais
meu tempo contigo! Faze o que determinei e estamos conversados!
Afastando-se, o Mestre
sai satisfeito e orgulhoso por ter sido severo e demonstrado sua autoridade,
deixando o aprendiz matutando:
- Puxa vida! Eu queria
explicar ao Mestre que esta pedra está aqui desde quando ELE ERA APRENDIZ E, NA
PRESSA DE AUMENTAR O SEU SALÁRIO, NÃO A DESBASTOU CONVENIENTEMENTE.
Todas as minhas pedras
foram aproveitadas na obra, razão pela qual meu avental está sujo e minhas
ferramentas desgastadas pelo uso. Além disso, estou no meu horário de descanso
e aproveitava o tempo para concluir o desbaste desta pedra que está aqui desde
a promoção do Mestre.
O Mestre deve ter razão
e deve estar muito preocupado com seus afazeres para se importar com uma
simples pedra bruta. O melhor mesmo é terminar esta pedra e deixá-la pronta
para o polimento.
Pensando melhor, não
seria mais conveniente eu deixar esta pedra, que não é minha, de lado e
preocupar-me em aumentar meu salário e ser igual ao Meu Mestre?
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